O VERDADEIRO EVANGELHO É A NOSSA CARTA DE LIBERTAÇÃO
Paulo conclui a seção
anterior (Cl 1.23 - ...se é que permaneceis na fé, alicerçados e
firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que
foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei
ministro) apresentando-se como ministro do evangelho. E o que é o
ministério evangélico, do ponto de vista de Paulo? O que um ministro do
evangelho tem a oferecer? O que o evangelho traz para aqueles que,
anteriormente, eram alheios às promessas, alheios à aliança de Deus, sem Deus
no mundo?
Os colossenses foram chamados
à fé pelo evangelho que lhes foi pregado por Epafras. Paulo lhes diz que eles
são concidadãos dos santos (Ef 2:19 - Assim, já não sois estrangeiros e
peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus),
herdeiros das promessas, reconciliados com Deus na medida em que perseveram no
evangelho. Epafras ofereceu aos colossenses o que ele possuía de melhor – as
boas novas da salvação em Jesus Cristo, o genuíno evangelho de Cristo. Qualquer
pregador que ofereça algo diferente disso é como um garimpeiro mal intencionado
que oferece pirita aos incautos. Pirita é uma espécie de mineral também conhecida
como ouro de tolo e de nenhum valor. Pode até parecer com um ministro do
evangelho, mas é ministro de satanás de quem segue os passos e manhas (II Co 11.14-15 - E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de
luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em
ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras).
Ninguém é capaz de oferecer
mais do que o evangelho – pode até ir além nas suas promessas, mas será como
alguém que oferece uma grande soma por algum objeto mas entrega apenas dinheiro
falso ou um cheque sem fundo. Mas, afinal, que evangelho é esse que foi
recebido pelos colossenses, pregado por Epafras e a respeito do qual Paulo diz
que nem ele tinha direito de acrescentar absolutamente nada por que qualquer
acréscimo seria absolutamente inútil (Gl
1:8 - Mas, ainda que nós ou mesmo um
anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado,
seja anátema)?
QUALQUER DOS FALSOS EVANGELHOS PRODUZEM
FALSA LIBERDADE
Paulo já lutava contra outro
evangelho. E mais tarde a Igreja teria que enfrentar outros “evangelhos” que
surgiriam – gnósticos, docéticos e muitos outros. A Escritura nos diz que, nos
dias de Paulo, havia outra mensagem que também se apresentava como evangelho –
mas não era o evangelho de Cristo. Era uma novidade que, ao invés de trazer
novidade de vida, fazia o homem mergulhar ainda mais na escravidão. Era uma
novidade semelhante à pregação dos fariseus – rodeavam o mar para fazer um
prosélito e dele faziam duas vezes mais filho do inferno do que eles próprios (Mt 23:15 - Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a
terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno
duas vezes mais do que vós!).
Que evangelho era esse que
levou homens medrosos a se tornarem ousados? (At 5:29 - Então, Pedro e os
demais apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens).
Que evangelho era esse que transformava homens tidos como de pouca ou nenhuma
cultura em pessoas reconhecidamente portadores de um conhecimento diferenciado
(At 4:13 - Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens
iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com
Jesus).
Que evangelho era esse que
levava Paulo a pregar, e a continuar pregando mesmo sob ameaça de morte (At 23:21 - Tu, pois, não te deixes persuadir, porque mais de quarenta entre
eles estão pactuados entre si, sob anátema, de não comer, nem beber, enquanto
não o matarem; e, agora, estão prontos, esperando a tua promessa) e, ainda
mais, mesmo quando perseguição e a morte se fizeram presentes, como no caso de
Tiago e de Estevão (At 7.60-8.1 - Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz:
Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu. E Saulo
consentia na sua morte. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a
igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas
regiões da Judéia e Samaria)?
Que diferença tem este
evangelho dos falsos evangelhos que surgiram e desapareceram? Que diferença tem
este evangelho dos falsos evangelhos que continuam surgindo o tempo inteiro
como se fossem pragas em jardim? A resposta é: este é o evangelho do Senhor
Jesus, é o evangelho da salvação (Rm
1:16 - Pois não me envergonho do
evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê,
primeiro do judeu e também do grego), este é o evangelho que é,
simplesmente, a Palavra eterna de Deus (Mt
24:35 - Passará o céu e a terra,
porém as minhas palavras não passarão). Somente este evangelho produz a
verdadeira liberdade (Jo 8:32 - ...e
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará). Vamos conhecê-lo melhor?
I.
É O EVANGELHO DO
SENHOR ABSOLUTO (24)
24
Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das
aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja.
O evangelho do qual estamos
falando é o evangelho que foi confiado aos discípulos do Senhor – e eles deveriam
pregá-lo. Foram enviados para o mundo todo – poucos, para uma missão grandiosa:
ir por todo o mundo, anunciar o evangelho a toda criatura (Mc 16:15 - E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai
o evangelho a toda criatura).
Por este evangelho, no cumprimento
do mandato do Senhor, Paulo já havia experimentado vários tipos de sofrimento (II Co 11.23-27 - São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em
trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em
perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de
açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em
naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar; em
jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em
perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em
perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em
trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns,
muitas vezes; em frio e nudez) – mas o que realmente importava era que
sobre ele pesava a obrigação de cuidar do rebanho em obediência ao mandato do
Senhor do evangelho (II Co 11:28 - Além das coisas exteriores, há o que pesa
sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas).
Estes sofrimentos não eram
motivo de tristeza, mas de regozijo por saber que, em meio a eles o Senhor
estava abençoando as Igrejas por onde o evangelho estava chegando. As aflições
do corpo de Cristo eram uma realidade na vida do apóstolo Paulo – a ponto de
ele afirmar ter as marcas de Cristo e suportar as angústias que o Senhor avisou
que seriam experimentadas pelos seus discípulos.
Em sua limitação e fraqueza,
em seu sofrimento e tribulações as Igrejas eram beneficiadas – e era isto o que
Paulo considerava quando se tratava de seu ministério. Ele desejava estar com
Cristo, mas sabia também que, enquanto não fosse chamado pelo Senhor, as
Igrejas seriam beneficiadas com seu trabalho (Fp 1.23-25 - Ora, de um e
outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o
que é incomparavelmente melhor. Mas, por vossa causa, é mais necessário
permanecer na carne. E, convencido disto, estou certo de que ficarei e
permanecerei com todos vós, para o vosso progresso e gozo da fé). Não
importava a que custo, não importava o preço, o que importava era que o
evangelho continuasse a ser proclamado (Fp
2:17 - Entretanto, mesmo que seja eu oferecido por libação sobre o sacrifício
e serviço da vossa fé, alegro-me e, com todos vós, me congratulo).
II. É O EVANGELHO QUE CUMPRE AS PROFECIAS (25)
25
da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me
foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus:
O evangelho do qual estamos
falando é aquele que confirma tudo quanto foi anunciado anteriormente através
das páginas das Escrituras e que informa que tudo quanto foi revelado
anteriormente apontava para Cristo, a plenitude da revelação de Deus (Hb 1.1 - Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos
pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem
constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo).
Paulo se tornou um ministro
(ele não usa a palavra doulos - escravo, para indicar servidão, como faz em
outras ocasiões), alguém que de bom grado zela para que o serviço seja bem
feito, seja organizado e agrade ao seu senhor. O papel do ministro do evangelho
é seguir os passos de Cristo, apontar para o que dizem as Escrituras (Lc 24:27 - E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas,
expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras) que
testificam a respeito do messias, do Senhor Jesus (Jo 5:39 - Examinais as
Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que
testificam de mim).
O evangelho do Senhor que
Paulo servia era simplesmente a consumação de um plano anunciado primariamente
no Éden e que foi sendo, progressivamente, revelado ao longo de toda a história
da redenção – desde os patriarcas, profetas, reis até chegar ao cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1:29
- No dia seguinte, viu João a Jesus,
que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo!), Jesus, aquele que obteve o testemunho do próprio Deus de que tinha
a sua inteira aprovação (Mt 3:17 - E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é
o meu Filho amado, em quem me comprazo).
Este evangelho reflete a
programação de Deus, a sua vontade sendo executada cuja pregação foi confiada
aos apóstolos, a Paulo e aos que creem no evangelho que salva pecadores
anteriormente inexoravelmente condenados à morte. Deus, em sua infinita
sabedoria, dispôs todas as coisas para que os colossenses tivessem pleno
conhecimento da palavra de Deus – Deus, em sua infinita sabedoria, dispôs todas
as coisas para que você tivesse o conhecimento necessário da palavra de Deus
nesta noite. Deus dispôs tudo para que você viesse aqui e ouvisse nesta noite
que o evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, e isto
independe de sua nacionalidade ou qualquer outro fator (Rm 1:16 - Pois não me
envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo
aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego). É deste evangelho que
estamos falando – o evangelho que cumpre a promessa de salvação feita desde os
portões do Éden.
III. É O EVANGELHO QUE É A PLENA REVELAÇÃO DA VONTADE DE
DEUS (26)
26
o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se
manifestou aos seus santos;
Este evangelho que anunciamos
revela a vontade de Deus que, muitas vezes, era apenas sugerida, prefigurada,
nas páginas do Antigo Testamento. Sabemos que os homens sempre quiseram
conhecer a vontade de Deus – ou dos deuses, no caso da história de uma
humanidade que preferiu adorar as criaturas ao invés de dar ao criador a glória
que lhe é devida (Rm 1.22-23 - Inculcando-se por sábios, tornaram-se
loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de
homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis).
A humanidade já tentou
conhecer a vontade da divindade através de alucinógenos, entranhas de animais,
pedras, ossos, búzios, oráculos – nada tão antigo, nada tão novo, como adverte
o sábio (Ec 1:9 - O que foi é o que há de ser; e o que se fez,
isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol). Mesmo com
todo este aparato continua sem conhecer a vontade de Deus se não for busca-la
no único lugar onde ela pode ser encontrada – na auto revelação de Deus, nas
páginas das Escrituras e na pessoa bendita de Jesus Cristo.
É o evangelho que revela a vontade de Deus que
muitas vezes era apenas prefigurada, mostrada como uma sombra e que ainda
permanece oculto para os incrédulos, ainda permanece oculto para todos aqueles
que se prendem a preconceitos religiosos ou filosóficos, como aconteceu com os
fariseus que, diante de Jesus, vendo suas obras, ouvindo seus ensinos, ainda
assim se negavam a admitir que
diante deles estava o messias (Jo 10:24
- Rodearam-no, pois, os judeus e o
interpelaram: Até quando nos deixarás a mente em suspenso? Se tu és o Cristo,
dize-o francamente), e, mesmo Jesus dizendo claramente ser o autor da vida,
o doador da vida eterna, o pai da eternidade, o filho de Deus e ser uno com o
pai, ainda continuaram incrédulos (Jo
10.28-30 - Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará
da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai
ninguém pode arrebatar. Eu e o Pai somos um).
Não é falta de conhecimento –
é falta de discernimento – que leva à rejeição da revelação do mistério que foi
revelado. Mistério, nas palavras do Novo Testamento, não é algo sinistro ou
impossível de ser conhecido, mas algo que esteve oculto por muito tempo mas
finalmente foi mostrado, no tempo exato, na plenitude dos tempos, de maneira
plena, clara e definitiva (Tt 2:11 - Porquanto a graça de Deus se manifestou
salvadora a todos os homens) e é percebido pelos que recebem a Jesus como
seu salvador (Mt 13:11 - Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado
conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido).
IV. É O EVANGELHO QUE GLORIFICA A DEUS (27)
27
aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério
entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória;
É o evangelho que traz o conhecimento
da glória de Deus. Os atributos de Deus podem ser percebidos na criação, mas
ela não diz quem ele é. Diz que há um criador grandioso, um sustentador sábio,
um governador sempre atuante, mas não tem o propósito de dizer, para o homem
caído e com o entendimento obscurecido pelo pecado, quem ele é – e é o
evangelho quem traz este conhecimento. Os gregos adoravam vários deuses, eram
acentuadamente supersticiosos embora já houvessem a muito abandonado seus
escrúpulos religiosos – e neste ambiente o evangelho revela-lhes o Deus que
eles não conheciam (At 17:22-23 - Então, Paulo, levantando-se no meio do
Areópago, disse: Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente
religiosos; porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei
também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que
adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio).
Por causa da incapacidade do
homem em conhece-lo Deus designou fazer-se conhecido de maneira definitiva,
revelando o esplendor da sua glória diante dos homens – e o fez na pessoa de
Jesus Cristo. Esta revelação não se limitou aos judeus (Jo 1:11 - Veio para o que era
seu, e os seus não o receberam) mas foi também designada para os gentios,
para todas as nações da terra, como havia sido preanunciado a Abraão e repetido
inúmeras vezes nas páginas do Antigo Testamento (Is 55:5 - Eis que chamarás a
uma nação que não conheces, e uma nação que nunca te conheceu correrá para
junto de ti, por amor do SENHOR, teu Deus, e do Santo de Israel, porque este te
glorificou).
É verdade que Deus preferiu
restringir a sua revelação pessoal aos hebreus durante um tempo (Êx 19:6 - ...vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as
palavras que falarás aos filhos de Israel) mas, mesmo neste período membros
de outras nações puderam reconhece-lo como Deus, como Naamã (II Rs 5.15) e Dario (Dn 6.26) até que chegasse o momento
certo, ao qual Paulo chama de plenitude dos gentios (Rm 11:25 - Porque não quero,
irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós
mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a
plenitude dos gentios) e estes pudessem, então, invocar livremente o nome
do Senhor para que fossem salvos (At
2:21 - E acontecerá que todo aquele
que invocar o nome do Senhor será salvo) e obtivessem, também eles, a
esperança de, mediante a fé, fazer parte desta nação de sacerdotes (I Pe 2:9 - Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que
vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz).
V. É O EVANGELHO QUE ELEVA O HOMEM AO PADRÃO DE DEUS (28)
28
o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda
a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo;
A Escritura afirma que o
padrão de Deus para o homem é nada menos que a perfeição (Mt 5:48 - Portanto, sede vós
perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste). Ela também afirma que
nenhum homem jamais alcançou, alcança ou alcançará este padrão (Ec 7:20 - Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque).
É somente pelo conhecimento
do evangelho, pelo nascer de novo que o homem pode, enfim, ser tornado
apresentável diante do criador. E é este evangelho que Paulo pregava – o
evangelho que transforma vidas, que leva pecadores a, convertidos, viverem não
mais segundo as inclinações da sua própria carne e buscarem agradar ao Senhor
em tudo quanto fizerem (I Co 10:31 - Portanto, quer comais, quer bebais ou
façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus). O evangelho
é nada menos que a admoestação de Deus através de palavras humanas ao pecador
para que ele se reconcilie com Deus (II
Co 5:20 - De sorte que somos
embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em
nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus).
É somente mediante o evangelho
de Jesus Cristo – e Jesus Cristo é o próprio evangelho, que o homem pode chegar
a Deus (Jo 14:6 - Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém
vem ao Pai senão por mim) e ser colocado diante dele, sendo, diante do pai,
apresentado pelo próprio Cristo, tendo Cristo como mediador e fiador de uma
nova e superior aliança (Hb 7:22 - ...por isso mesmo, Jesus se tem tornado
fiador de superior aliança).
Somente em Cristo o pecador é
finalizado, isto é, atinge o padrão que Deus estabeleceu. Somente em Cristo o
homem pode ser considerado aperfeiçoado, não necessitando mais de complemento
algum (II Co 5:17 - E, assim, se alguém está em Cristo, é nova
criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas). Embora
pecadores, somos apresentados a Deus como regenerados, lavados pelo Espírito no
precioso sangue de Cristo (Tt 3:5 - ...não por obras de justiça praticadas por
nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador
e renovador do Espírito Santo).
Cristo, na sua morte, faz de
todos aqueles que nele creem seu povo, sua Igreja, sua noiva – e a apresenta,
orgulhosamente, ao seu pai como seus discípulos amados que se empenham em se
manterem no caminho, andando com Cristo, aguardando, ansiosamente, o momento de
seu retorno (II Pe 3:14 - Por essa razão, pois, amados, esperando
estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e
irrepreensíveis).
VI. É O EVANGELHO QUE DEVE SER ANUNCIADO PODEROSAMENTE (29)
29
para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a
sua eficácia que opera eficientemente em mim.
O evangelho não pertence a
homem algum, nem a Igreja alguma. O evangelho pertence ao Senhor e somos apenas
embaixadores que ele mesmo escolheu para proclamá-lo (I Co 9:16 - Se anuncio o
evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação;
porque ai de mim se não pregar o evangelho!). Assim como o evangelho não
nos pertence, embora seja nosso no sentido de que a verdade nos foi dada, não
temos o direito de guardá-lo ou escondê-lo – ele deve ser pregado
perseverantemente.
Este evangelho não pode ser
falseado porque não nos pertence – ele é o evangelho da verdade, e a verdade
não pode ser temperada com mentiras (Ef
1:13 - ...em quem também vós, depois
que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele
também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa).
O evangelho é a pura palavra
de Deus, e não deve ser misturado com impressões humanas como se isso fosse dar
maior credibilidade ou eficácia à palavra pregada (I Co 2:4 - A minha palavra e
a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em
demonstração do Espírito e de poder) porque uma pregação humanizada só vai
produzir adesões e nunca verdadeiras conversões, porque estas são frutos da
atuação do Espírito (Jo 1:13 - ...os quais não nasceram do sangue, nem da
vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus).
Para que o homem seja
aperfeiçoado, para que o cego veja, para que o coxo salte, para que o que está morto
tenha vida – para isso o evangelho é anunciado. Para que o incrédulo creia.
Para que a tristeza e desespero ceda o lugar à fé e à alegria – para isso o
evangelho é anunciado. Para que você se converta e seja salvo – eis o motivo
para este evangelho estar sendo pregado agora (Ez 18:32 - Porque não tenho
prazer na morte de ninguém, diz o SENHOR Deus. Portanto, convertei-vos e vivei).
Perigos e provas não devem
desanimar ninguém em relação ao evangelho. Não sofremos o mesmo que os
apóstolos sofreram ou que os primeiros cristãos sofreram. Não estamos sofrendo
o que muitos irmãos nossos estão sofrendo na África e na Ásia. O máximo a que
estamos sujeitos é à zombaria, desprezo e descaso dos amigos, dos sábios e
poderosos deste mundo – mas nada disso deve ser suficiente para desanimar da
proclamação incessante do evangelho – a nós cabe anunciar, a eficiência da
proclamação está confiada ao poder do Senhor. Era o poder de Deus, e não a
eloquência paulina, que transtornava o mundo antigo (At 17:6 - Porém, não os
encontrando, arrastaram Jasom e alguns irmãos perante as autoridades, clamando:
Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui).
O PERIGO DE SEGUIR OUTRO EVANGELHO
Cuidado com pirita – cuidado
com o ouro de tolo. Cuidado com o que tem apenas aparência de piedade mas que,
na verdade, é apenas uma luminosa armadilha para apanhar os incautos – se
possível, até mesmo manter nas prisões do erro eleitos que desconhecem o
verdadeiro evangelho (Mt 24:24 -
...porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e
prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos).
Cuidado com a aparência de
piedade, com o uso constante do nome do Senhor e até com a realização de prodígios
pela operação do erro (II Ts 2:11 - É por este motivo, pois, que Deus lhes
manda a operação do erro, para darem crédito à mentira) sem, todavia,
guardar os mandamentos do próprio Senhor – estes serão rejeitados pelo Senhor
no dia do juízo (Mt 7:21 - Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!
entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está
nos céus).
E o que acontecerá com
aqueles que seguirem a tais pregadores de falsidades, ministros de satanás (II Co 11:15 - Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em
ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras)? Mesmo que
alguém afirme que eram inocentes e que não conheciam o verdadeiro evangelho,
mesmo que alguém afirme que estavam enganados, a verdade é que seguiram a
mentira ao invés de adorarem ao criador, e serão tornados semelhantes aos guias
cegos que os guiavam (Sl 115:8 - Tornem-se semelhantes a eles os que os
fazem e quantos neles confiam).
COMO RECONHECER UM FALSO EVANGELHO
Temos exemplos nas Escrituras
de algumas pessoas que receberam o apostolo Paulo e, ouvindo o que ele
ensinava, tomaram uma atitude bastante sábia, que é aconselhavam para nós
também, mesmo vinte séculos passados: eles conferiam o que Paulo dizia com o
que as Escrituras afirmavam. Vamos ver o que eles faziam:
Ora, estes de Beréia eram mais nobres
que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando
as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim (At
17:11).
i.
Em primeiro lugar,
eles receberam a Palavra de Deus com avidez, com desejo de conhecer, afinal,
eram as tão aguardadas boas novas do evangelho;
ii.
Em segundo lugar
eles examinaram as Escrituras, conferiam as afirmações de Paulo com o que as
Escrituras afirmavam a respeito do messias;
iii.
Em terceiro lugar
eles procediam a este exame diariamente, porque assim como o alimento para o
corpo é diário, também é a necessidade da alma em relação à Palavra de Deus.
Certamente os bereanos, após
perceberem que o evangelho era o que haviam esperado, era o mistério que
estivera oculto, eles certamente deram um quarto passo: eles abandonaram a vã
esperança que depositavam em qualquer outra coisa e abraçaram a fé no Senhor
Jesus Cristo, com todas as mudanças que isto poderia significar para suas
vidas. Poderiam perder reconhecimento social, como Paulo, que, de enviado pelo
sinédrio para perseguir cristãos, passa a ser perseguido por causa do nome de
Cristo; poderiam ter dificuldades no emprego, como o cego que é curado por
Jesus (Jo 9:8 - Então, os vizinhos e os que dantes o conheciam de vista, como
mendigo, perguntavam: Não é este o que estava assentado pedindo esmolas?).
O QUE FAZER COM UM FALSO EVANGELHO
A mesma coisa que você faz
quando lhe dão uma nota falsa de dinheiro, seja ade R$ 10,00 ou R$ 100,00 –
considere-a inútil, sem proveito. Não a guarde, nem a passe adiante. Se você o
fizer, se guardar, se tentar depositá-la no banco será envergonhado. Como Paulo
adverte, considere-a sem proveito, inútil, anátema.
Não dê crédito a quem intenta
lhe passar um falso evangelho – o fim do erro é a perdição. Não aceite seu
veneno, não abra a sua casa.
O QUE VOCÊ DEVE FAZER
O que você deve fazer ao
conhecer o verdadeiro evangelho? A mesma coisa que você faz com algo real, com
algo verdadeiro, com algo que tem valor. O Senhor Jesus ilustra isso ao falar
sobre a pérola de grande valor. O comerciante de perolas vende tudo o que
possuía para adquirir algo que valia incomensuravelmente mais do que o que
estava disposto a abrir mão (Mt 13:46
- ...e, tendo achado uma pérola de grande
valor, vende tudo o que possui e a compra).
O que você deve fazer se já
conhece o evangelho – viver de modo digno do evangelho (Fp 1:27 - Vivei, acima de
tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos ou
estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes em um só
espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica) e proclamar
o evangelho da salvação por onde for (Mc
16:15 - E disse-lhes: Ide por todo o
mundo e pregai o evangelho a toda criatura). Ser embaixador do ministério
da reconciliação (II Co 5:18 - Ora, tudo provém de Deus, que nos
reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da
reconciliação). Ser sal e luz. Fazer a diferença num mundo que jaz no maligno.
O que nós todos nós, que
sabemos qual o verdadeiro evangelho, devemos fazer? Sair daqui esta noite e
dizer em alto e bom som hoje e sempre, em todo e qualquer lugar, que somos
discípulos de Cristo – e que não nos envergonhamos de servir ao crucificado.
Não nos envergonhamos do evangelho – somos embaixadores, não agentes secretos
de Jesus (Rm 1:16 - Pois não me envergonho do evangelho,
porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do
judeu e também do grego). Embaixadores no trabalho, na escola, no lazer, em
casa, na rua. Embaixadores entre amigos e entre opositores, mas sempre
embaixadores (II Tm 1:12 - ...e, por isso, estou sofrendo estas
coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou
certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia).
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