Mensagem pregada na Igreja Presbiteriana de Xinguara, Pará, 10 de maio de 2015
INTRODUÇÃO
Não
é incomum encontrar pessoas argumentando que, no passado, ser cristão era, ou
mais difícil por rejeição social, zombaria, escárnio popular, ou,
paradoxalmente, entendem que era mais fácil ser verdadeiramente cristão lembrando que os crentes eram mais fiéis, mais coerentes com a
fé que professavam, porque esta exigia algum tipo de separação do mundo. Qual
deles está certo? Quem está com a razão? Eu acredito que isto deva ser encarado
de uma maneira diferente, pois creio que o propósito do Senhor com sua Igreja é
diferente – ele não quer tirá-la do mundo (Jo 17:15), ele quer, e efetivamente
faz, é tirar o mundo dela (I Jo 2:15).
Onde
os crentes podem ser mais facilmente fiéis a Deus? No Oriente Médio, sob a
ameaça constante dos fuzis do ISIS, sendo ameaçados de morte e, muitas vezes,
cruelmente assassinados simplesmente pelo fato de serem cristãos, ou no Brasil,
onde ser evangélico é, ao mesmo tempo, uma fonte de status e cada vez mais
depreciada por causa dos que se dizem Igreja de Cristo sem sê-lo, sendo, na
verdade, sinagogas de satanás (Ap 3:9). É bem comum vermos o
envolvimento de cristãos na política com o objetivo de conseguir facilidades –
como se os cristãos dependessem de ações políticas para anunciar a uma geração
má e adúltera (Mt 16:4) um reino que não é deste
mundo (Jo 18:36).
Será
que a Igreja deve pedir a Deus para mudar as circunstâncias? Será que a Igreja
ainda não aprendeu a ser crente mesmo quando todas as circunstâncias chamam ao
desespero, ao abandono da fé (Hc 3:17). Será que já não é tempo de a Igreja entender que deve andar olhando
firmemente para o autor e consumador da fé (Hb 12:2) sem se importar com os ventos e vagalhões que
insistem em arrostar contra ela (Mt 14:30) mas com a firme convicção
de que nem mesmo as portas do inferno poderão prevalecer contra ela (Mt
16:18)?
O AMBIENTE NO QUAL A IGREJA VIVIA
1 Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os
discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote 2 e lhe pediu cartas para as
sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho,
assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém.
Já
dissemos que o propósito do Senhor não é tirar a Igreja do mundo – se fosse,
ele o faria porque tem pleno poder para isso. Seu propósito não é criar uma
nação ou reino neste mundo – se fosse, ele poderia fazer. Seu propósito é
estabelecer em todos os cantos deste mundo uma nação de sacerdotes, uma nação
santa, um povo não limitado por aquilo que separa as nações – sem fronteiras,
sem barreiras de língua, de raça (I Pe 2:9).
O problema
é que este povo foi enviado para ser sal e luz, para agir de um modo bem
diferente do que o mundo age em nações onde estas barreiras possuem grande
valor e, ao invés de se alegrarem com as boas novas da salvação, da
reconciliação, do fim das barreiras de todas as espécies (Gl
3:28) eles se revoltam com a
promessa de igualdade perante Deus.
Os
judeus estavam presos à lei, escravizados por costumes e regras e agindo como
filhos do diabo (Mt 23:15) e quando Jesus lhes
ofereceu a liberdade (Jo 8:32) eles quiseram matá-lo, demonstrando com suas atitudes que, realmente,
eram filhos do diabo (Jo 8:44).
O
ambiente para Jesus era de hostilidade – e ele afirma que para seus discípulos
o ambiente seria de igual hostil (Lc 15.18-20). Percebam que a promessa de Jesus aos seus discípulos era de hostilidade do
mundo – e os discípulos de Jesus, de fato, foram odiados no mundo, a ponto de
muitos deles serem presos, perseguidos e mortos.
O
que mudou no mundo? Acredito que nada. O mundo continua odiando as coisas de
Deus, continua odiando a Jesus e sua mensagem, e continua odiando os
mensageiros. Saulo era um mundano, um religioso, mas, entretanto, um mundano
que odiava as coisas de Deus – até ser transformado no caminho de Damasco.
Experimente assumir uma atitude semelhante à de Pedro perante o sinédrio, de
Estevão perante a população para ver como o mundo ama as coisas de Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário