UMA RADIOGRAFIA DA IGREJA DE DEUS
20 Também sabemos que o Filho
de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e
estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a
vida eterna. 21 Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.
I
Jo 5.20-21
O que é a Igreja? No início desta carta João a descreve como
aqueles que estão em comunhão uns com os outros por intermédio do Espírito, e,
também, por meio deste mesmo espírito, estão em comunhão com o Pai e com Filho.
Para João só é possível ser membro desta Igreja se crer naquilo que ele, como
testemunha ocular, afirma – que Jesus Cristo é o Filho de Deus, o verbo da vida
que irradiou a glória do Pai sobre os homens que estavam alheios à sua glória.
João afirma que só pode ser membro desta Igreja aquele que,
arrependido, confessou o seu pecado e, em consequência disto, recebeu o perdão
gracioso da parte de Deus, perdão que se estende a todos os pecados e a toda
injustiça.
Para João ser membro desta Igreja significa uma luta
constante contra ameaças de todas as espécies, ameaças que envolvem o
entendimento e o espírito, mas ameaças que podem ser vencidas pela fé no Filho
de Deus.
João apresenta algumas evidências na vida da Igreja que
demonstram se ela é, de fato, a Igreja de Deus: alicerçada no amor verdadeiro,
desarraigada do mundo e, principalmente, a firme confissão de Jesus como Senhor
e salvador. Esta fé no Senhor Jesus é o firme fundamento da nossa esperança de
vida eterna, e este fundamento está no fato de que todo aquele que crê no Filho
tem a vida, passou da morte para a vida, foi, graciosa e maravilhosamente,
tornado, de filho da ir, em Filhos de Deus.
Estes filhos de Deus, por quem Jesus morreu, nascidos de
novo, podem chamar Deus de pai. E João, que anunciou a chegada do verbo em seu
evangelho, agora relembra que este verbo deve ser crido e termina esta carta
apresentando três características desta Igreja que merecem ser observadas por
nós nesta noite.
ELES SABEM QUE O FILHO DE DEUS VEIO
Sim, os filhos de Deus sabem que Jesus veio. Do ponto de
vista da fé saber que Jesus veio é mais do que ter ouvido falar que Jesus veio.
Estamos acostumados a ouvir muitas coisas, vamos às salas de aula e ouvimos
muitas coisas, mas só sabemos algo quando o que ouvimos se torna parte de nós.
Só pode realmente saber que Jesus veio quem, efetivamente e pelo Espírito de
Deus, o recebeu como seu Senhor e salvador.
Fariseus tiveram abundantes informações sobre Jesus –
certamente souberam mais do que sabemos que eles souberam, e muito mais ainda
mais informações do que eles queriam saber – e nem por isso o amaram.
Saduceus também ouviram muitas coisas sobre Jesus,
interrogaram pessoas e eram testemunhas de numerosos atos de misericórdia de
Jesus, mas, mesmo assim, resolveram matá-lo.
Os escribas e doutores da lei tiveram muitas oportunidades
para aprender com Jesus mas desperdiçaram estas oportunidades testando,
experimentando-o para ver se incorria em erro.
O jovem rico, nove leprosos, os amigos de Lázaro, os
criadores de porcos e até mesmo um discípulo de Jesus. Tiveram todas as
oportunidades, ouviram e viram, mas, por sua dureza de coração e por seus
interesses, não creram nele.
Os cristãos tem verdadeiro conhecimento, experimentam-no
como seu Senhor, podem afirmar que já não são mais eles quem vivem, mas Cristo
quem vive neles. Os cristãos podem afirmar possuírem uma nova natureza, uma
nova vida em Cristo, uma nova perspectiva e uma esperança de glória baseada
unicamente na certeza de que o mesmo Deus que deu seu único filho os ama agora
como a filhos, e que jamais os abandonará, e esta é uma esperança que não pode
ser encontrada em nenhum lugar.
RECONHECEM JESUS COMO O VERDADEIRO DEUS E A VIDA ETERNA
João adverte que muitos falsos profetas, muitos falsos
cristos tem saído por ai. Quando vemos uma multidão de gente falando sobre
coisas que não conhecem, que não entendem, percebemos mais claramente o que
Jesus queria dizer quando adverte a Igreja que muitos apareceriam dizendo que
Cristo está em determinado lugar e que faria determinada coisa – e no dia do
julgamento Jesus dirá que nunca os conheceu, isto é, nunca os teve como suas
ovelhas.
Mas os filhos de Deus reconhecem Jesus – rejeitam estes
chamados estranhos, rejeitam as vozes estranhas, por mais maviosas que elas
sejam. Enquanto a crença sem Jesus é fonte de um olhar apenas para esta vida –
e o olhar da Igreja não pode ser de amor pelas coisas deste mundo, mas
amorosamente pelas pessoas que estão morrendo neste mundo – a fé dos filhos de
Deus é uma alegre expectativa que vai além desta vida, pois, se nos
limitássemos a esta vida, se não tivéssemos a esperança da vida eterna,
seriamos simplesmente os mais infelizes de todos os homens porque, sem usufruir
dos prazeres desta vida, também não usufruiríamos do gozo da vida eterna.
Mas cremos em Jesus, confiamos em Jesus, temos a Jesus como
o nosso vivo caminho até o pai, cremos nas palavras de Jesus que diz, de si
mesmo, ser a ressurreição e a vida, provando isto ao ressuscitar a filha de
Jairo, o servo do centurião, o filho da viúva, Lázaro e, mais importante que tudo, a si mesmo após três
dias, aparecendo a pelo menos 500 pessoas de uma vez.
Sim, a Igreja de Cristo reconhece que Cristo é o Filho de
Deus – reconhece que ele é a vida eterna, e faz isso porque já tem
experimentado desta vida, e sabe que nada nem ninguém poderá afastá-la do
cuidado gracioso e poderoso da mão do Deus todo poderoso, que afirmou que
salvou todos os que o pai lhe deu, e que nenhum se perdeu por que da sua mão
ninguém pode nos tomar.
ESTÃO NO DEUS VERDADEIRO E NÃO NOS INÚTEIS
Na mentalidade hebraica um ídolo era um monte de coisas
inúteis – fosse madeira ou ouro, ainda assim, era inútil. A bíblia afirma que
os deuses das nações são nada – são inúteis, são como um monte de coisas que só
servem para serem atiradas no chão e servirem de adubo.
Ao chegar em Atenas Paulo afirmou, de maneira indireta, que
os deuses que os gregos adoravam não eram nada, mas que deus de quem eles
tinham medo era o único Deus digno de adoração – eles o chamavam de deus
desconhecido, e Paulo lhes apresentou porque foi chamado para levar o nome do
Senhor perante reis, filhos de Israel e gentios.
Os filósofos atenienses e de outros lugares buscavam
verdades sobre todas as coisas, e, ao ser indagado sobre a verdade de um ponto
de vista filosófico Jesus respondeu que a verdade não pode ser encontrada
filosoficamente porque ele não é uma filosofia. Jesus afirma que ele é a
verdade – a única verdade, a verdade absoluta, e ninguém, em tempo ou lugar
algum, pode conhecer a Deus se não for por intermédio dele.
Ninguém pode ter vida sem ele, porque ele é a vida eterna,
porque a vida eterna é conhecer a Deus por intermédio de Jesus, a quem ele
enviou. Nós não apenas sabemos sobre um Deus, não temos apenas informações
sobre ele e muito menos o colocamos em um pedestal – estamos nele. A expressão
“em Cristo” é usada 90 vezes no novo testamento. “Em Jesus” é usada outras 13 e
“em Deus” mais 47.
Estar em Cristo, e não saber sobre Cristo, é a essência da
vida cristã. É estando em Cristo que somos mais que vencedores. É estando em
Cristo que temos vida. É em Cristo que produzimos frutos.
Que Igreja é essa, afinal? Que povo é esse afinal? É o povo
que está em Cristo, é o povo pelo qual Cristo se deu, para cria-lo para si
mesmo, para estabelece-lo como um povo exclusivamente seu, um povo zeloso, uma
nação santa, um sacerdócio real. É a família de Deus, a família dos filhos de
Deus.
QUE FAMÍLIA É ESSA?
João diz que esta família é especial, usando algumas
palavras 22, termos familiares para descrever a Igreja. Porque? Porque a Igreja
é uma família, é a família da fé, e, como família da fé, seus membros estão
totalmente interligados e nunca podem deixar de fazer parte, essencialmente
desta família. Agregados podem deixar de ser parte de uma família, mas aqueles
que nasceram de novo, que nasceram de Deus, não. Você faz parte desta família,
e você tem desempenhado ou tem um papel a desempenhar nela:
OS PAIS
Os pais tem
desempenhado ou tem um papel a desempenhar na Igreja. São os mais experientes,
os mais experimentados, aqueles que já amadureceram a sua fé e podem, por isso,
abençoar a vida da Igreja de Deus, podem abençoar os que precisam de suporte em
suas fraquezas, podem mostrar o caminho e amparar os que em algum momento
fraquejarem. João diz duas vezes que os pais conhecem aquele que existem deste
o principio – e este conhecimento deve ser transmitido, como Paulo, como pai,
orienta a seu filho na fé, Timóteo (II Tm 2:2 - E o que de minha parte ouviste
através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também
idôneos para instruir a outros).
FILHINHOS
Para alguém ser pai, eles devem gerar filhos. E João chama
seus leitores de filhinhos – não filhos crescidos, mas filhos que precisam de
cuidados, de orientação, de proteção. Os filhinhos precisam ser protegidos do
pecado e orientados quanto ao perdão (I Jo 2.1]; precisam ser confortados com a
certeza do perdão por causa do nome de Cristo (2.12), confiando em Deus não
como um Deus distante, mas como um Pai amoroso (2.14). Os filhinhos devem ser
protegidos do anticristo (2.18) e a única proteção é permanecerem em Cristo até
que ele se manifeste (2.28). Haverá muitos enganadores, mas os filhinhos devem
ser orientados a observarem aqueles que praticam a justiça (3.7), praticando o
amor verdadeiro (3.18) na certeza de que são do Deus de amor (4.4) e não dos
falsos deuses (5.21).
JOVENS
Os jovens são cristãos em processo de amadurecimento, em
pleno vigor, cheio de ideais. Os jovens aparecem duas vezes, na primeira, me
conexão com os pais, como se a instrução dos pais lhes desse vigor para vencer
o maligno (2.13). Na segunda, aparecem juntos com os filhinhos, mas novamente
em conexão com os pais, mostrando que a sua força não é fruto da idade, mas da
permanência da Palavra de Deus neles (2.14).
É em Deus que está a força, não no interior do homem, não no
seu vigor físico, nem em qualquer outro atributo humano – em Deus fazemos
proezas, em Deus somos mais que vencedores.
IRMÃOS
Pais, filhinhos e jovens, todos são, aos olhos de Deus, uma
só coisa: irmãos. São filhos do mesmo pai, gerados pelo mesmo Espírito,
comprados pelo mesmo preco, habitarão na mesma casa. Sabiamente, conduzido pelo
Espírito de Deus João afiram que os irmãos não devem se maravilhar de que o
mundo os odeia (3.13). Isso era esperado e foi anunciado pelo próprio Senhor
Jesus porque o odiaram e odiariam o que fosse dele. Mas, diferente dos que
pertencem ao mundo que só sabe odiar e matar, os filhos de Deus devem amar-se
uns aos outros (3.14), de fato e de verdade, e não meramente de palavras, um
amor de pessoas que já passaram da morte para a vida, e, portanto, tendo
recebido a vida de Cristo, amam-se a tal ponto de darem sua própria vida uns
pelos outros (3;16).
AMADOS
Por fim, por cinco vezes João insiste numa característica
fundamental dos cristãos, sem a qual ninguém pode realmente demonstrar sua fé:
o amor. Ele os chama de amados seis vezes, afirmando que os filhos de Deus amam
porque são amados por Deus, são obedientes ao seu mandamento (2.7), são
expressão do amor de Deus uns para com os outros até que todos possam
experimentar a plenitude deste amor (3.2) porque amaram de fato e de verdade
(3.21) conduzidos pelo Espírito de Deus, rejeitando os falsos profetas (4.1). O
amor que tem uns pelos outros é expressão do amor de Deus, porque nasceram de
Deus e foram capacitados a amar (4.7) da mesma maneira que Deus amou nos amou
(4.11).
O PODER DO AMOR
Quanto poder para
testemunhar o amor de uma Igreja assim possui? Quanto poder os filhos de Deus
terão para testemunha quando experimentarem tal comunhão como família da fé.
Quanto cuidado os feridos e caídos encontrarão quando chegarem às portas desta
casa de Deus e encontrarem uma família acolhedora.
Como fazer parte
desta família? Do mesmo jeito que cada um que já faz parte fez – não é por ser
filho de crente nem amigo de crente, mas por crer no Senhor desta Igreja,
naquele que morreu para que pudéssemos nascer de novo. Só tem um jeito de ser
feito filho de Deus – crer no Filho de Deus, crer em Jesus como seu Senhor,
como seu salvador, como a razão da nossa esperança e a garantia do perdão dos
pecados – de todos os pecados. Há quem pense que não adianta mais, que já é
tarde demais.
Se você ainda
respira, não é tarde demais não. A Escritura afirma que todo ser que respira
louve ao Senhor. Se você ainda consegue pensar uma frase sequer, então pense a
frase certa, dizendo, como Pedro quando se afundava: “Senhor, salva-me”, porque
a Escritura diz que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Faça
isso agora, hoje é o dia oportuno, o dia do oferecimento da salvação do Senhor
para seu coração, do oferecimento da comunhão com o Pai, com o Filho e com a
Igreja do Senhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário