IV. O AGIR DE DEUS SURPREENDE ATÉ A IGREJA
26 Tendo chegado a
Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não
acreditando que ele fosse discípulo. 27 Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o
aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe
falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus. 28 Estava com
eles em Jerusalém, entrando e saindo, pregando ousadamente em nome do Senhor. 29
Falava e discutia com os helenistas; mas eles procuravam tirar-lhe a vida. 30 Tendo,
porém, isto chegado ao conhecimento dos irmãos, levaram-no até Cesaréia e dali
o enviaram para Tarso.
A
Igreja também não acreditava que esta transformação aconteceria – ela demorou
para acreditar mesmo com evidentes sinais que esta transformação efetivamente
aconteceu. A chegada de Saulo em Jerusalém alvoroçou toda a cidade. De um lado,
os cristãos temiam uma armadilha ou uma recaída. Tinham medo de receber em seu
meio o antigo perseguidor, o flagelo da Igreja em seus primeiros dias.
A
Escritura registra a falha, o medo da Igreja, que o temia, não acreditando que
ele fosse discípulo. Não é incomum a Igreja ter dificuldade em receber de
braços abertos novos membros, especialmente com um histórico tão complicado
como o de Saulo, e numa conversão tão recente e tão radical quanto esta.
Como,
em semanas, a Igreja iria aceitar como evangelista, mestre e apóstolo quem
havia participado do parecer jurídico que permitiu a morte de Estevão? Durante
todo o seu ministério Paulo teve que lidar com esta desconfiança (I Co
9:1) e, apesar do trabalho
muito bem feito em seu abundante ministério entre os gentios (I Co 9:2) se sustentava com sua confiança em Deus mais
do que em seu trabalho realizado (I Co 15:10).
Sim,
a conversão de Saulo foi inesperada, foi surpreendente, não foi pedida (e
provavelmente nunca seria) pela Igreja. Provavelmente se perguntássemos qual o
fim que gostariam que ele tivesse após ter ficado cego, dificilmente alguém
iria responder que gostaria que ele recuperasse a visão e continuasse viajando
por todo o mundo. Foi exatamente o que Deus fez – surpreendeu a Igreja, não a
tirou do mundo, não evitou que houvesse perseguição, mas usou o maior dos
perseguidores para fazer dele o maior dos seus propagadores.
O
perseguidor logo passou a ser perseguido porque o mundo não mudou, o ambiente
não mudou. O mundo continuava o mesmo – os apoiadores de Paulo continuavam
agindo como filhos do diabo, continuavam odiando os filhos da luz, continuavam
respirando ameaças de morte e logo um grupo de religiosos se uniu com o
propósito de matá-lo – e, agora sim, a Igreja o abraçou como irmão, como uma
parte do seu corpo (I Co 12:26).
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