quinta-feira, 2 de julho de 2015

A IGREJA DEVE SE MANTER VIGILANTE DIANTE DAS ARMADILHAS DO MUNDO - Cl 2.8-15

A IGREJA DEVE SE MANTER VIGILANTE DIANTE DAS ARMADILHAS DO MUNDO
8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; 9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.
10 Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e potestade.
11 Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo, 12 tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.
13 E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; 14 tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente, encravando-o na cruz; 15 e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.
Cl 2.8-15

A IGREJA VIVE SOB CONSTANTE AMEAÇA

8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo;
A Igreja tem enfrentado ameaças de todos os tipos, em todos os momentos da sua história. Mesmo antes da encarnação de Cristo a Igreja do Senhor enfrentou numerosas ameaças, como o império egípcio, persa, babilônico, e sobreviveu a todos eles. A Igreja sobreviveu a reis ímpios que esqueceram-se do Senhor e andaram em caminhos maus. Quando Cristo falou sobre os caminhos da Igreja não deixou de afirmar que ela enfrentaria obstáculos, mas que ela prevaleceria (Mt 16:18).
O inimigo principal da Igreja sempre soube que o ponto central do cristianismo precisava ser combatido, e, mesmo nos primeiros dias do nascimento do messias, já labutava contra ele, buscando eliminá-lo (Mt 2:16). Não tendo conseguido através de Herodes tentou diretamente ao Senhor para demovê-lo de sua missão (Lc 4:7), usou Pedro (Mc 8:32), enviou falsas testemunhas (Mt 26.60), cooptou um traidor (Jo 6:71) e, mesmo depois de terem conseguido crucifica-lo, ainda precisaram subornar guardas (Mt 28.12) e tentaram proibir que o nome de Cristo fosse anunciado como o salvador (At 5:28).
Já que a força não funcionou, a nova estratégia adotada era a da filosofia – e esta logo se fez presente na Igreja tanto com a negação da ressurreição, e, indiretamente, da ressurreição do próprio de Cristo (I Co 15:13-17) como também com a negação da real encarnação de Cristo, combatida veementemente por João (II Jo 1:7). Por fim, alguns pretendiam ter encontrado um meio termo – Cristo teria de fato sido o Deus encarnado, mas, ressurreto, teria voltado ao estado de pura divindade, sem nenhum resquício de sua encarnação. E é esta perigosa doutrina que ameaçava a fé e a existência da igreja colossense. E contra ela Paulo lutava, como pode ser visto nos versos anteriores a este texto que estamos analisando (Cl 2.1-7).
E é contra este perigo que Paulo adverte aos colossenses e demais crentes em Cristo. É necessário ter discernimento, ter cuidado e interpretar os sinais de apostasia que, pouco a pouco, vão buscando encontrar um lugar no coração dos crentes. E os crentes, que foram libertos por Cristo, que estavam cativos do império das trevas e foram libertos para o reino de Cristo não podem, outra vez, se deixar cativar e levar para longe da verdade por aqueles que querem espolia-los, usando de filosofias que parecem grandiosas e sábias mas que, na verdade, estão sem conteúdo algum, cheias de engano e não passam de preceitos humanos. Tudo isto é coisa rudimentar, primitiva, ultrapassada, mundana e apenas reflete o fato de que são naturais aos homens naturais, que não conhecem a Cristo.

A GARANTIA DE VITÓRIA SOBRE AS AMEAÇAS

Como a Igreja pode se manter de pé diante das constantes ameaças a que é submetida, das quais a principal, a mais perigosa é a apostasia? Só temos uma garantia: andarmos segundo Cristo, vivermos em Cristo e para Cristo. Quero apresentar algumas razões persentes neste texto de Paulo para provar esta afirmação.

A IGREJA NÃO PRECISA TEMER A APOSTASIA SE CRER QUE CRISTO É DEUS VERDADEIRO

9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.
Enquanto as mitologias greco-romanas dos dias de Paulo apontavam para deuses que eram pouco mais que humanos, com paixões carnais e limitações, a ponto de dividirem e rivalizarem no governo do universo entre si (um cuidava do céu, outro das águas, outro do inferno); enquanto nesta mesma mitologia os homens que deixavam de se parecer com humanos e agiam com algum grau de heroísmo eram colocados num patamar quase divino, mas, ainda, com limitações; enquanto as religiões de todas as eras tem fundadores que nada mais são que homens que, d´alguma forma, conseguiram alguma iluminação especial, nada disso se aplica a Cristo, desde o seu nascimento até sua glorificação.
Cristo é, desde o inicio, aquele que estava destinado a esmagar a cabeça da serpente (Gn 3:15), foi anunciado como ente santo (Lc 1:35) sempre teve consciência de sua missão (Jo 18:37) e identidade (Jo 13:13), compartilhou da nossa natureza mas não da nossa queda (Hb 4:15) e, numa diferença essencial para com todos os homens, experimentou a morte não porque a merecia, mas para que a vida pudesse ser dada a quem devia morrer (Jo 10:18). Enquanto os homens são, todos, mortais (Rm 6:23) ele é a própria vida (I Jo 1:2).
É possível que cristãos gentios tentassem fazer uma ligação entre Jesus e as divindades greco-romanas, assim como há hoje aqueles que, se dizendo cristãos, afirmam que Jesus era apenas um anjo de luz, ou um homem perfeito, ou se tornou um anjo por sua obediência – mas a verdade é que Jesus é aquele mediante quem Deus estabeleceu graciosa e gloriosamente sua morada entre os homens (Jo 1:14) e que, mesmo depois da sua ressurreição, ainda possui todos os atributos da humanidade que assumiu de uma vez para sempre. Paulo escreve quase três décadas depois da ascensão de Jesus, e, mesmo de pois de tanto tempo, ele continua afirmando que, em Cristo habita corporalmente a plenitude da divindade. Cristo não se tornou menos humano – nem se tornou mais divino. Ele é Deus, sempre e eternamente. Nele habita com poder, completamente, a totalidade da divindade que se fez carne.
Heróis greco-romanos falhavam – e morriam. Aliás, muitos só eram tidos como heróis por causa e após suas mortes. O imperador, que queria ser divino, falhava, e muitos eram mortos por seus próprios familiares. Enquanto os filósofos gregos não conseguiam idealizar um Deus todo poderoso e por isso dividiam sua crença e tríades, depois dezenas de deuses e centenas e milhares de semideuses, Jesus é apresentado como aquele que tem todo o poder em suas mãos, aquele que é o primeiro e o ultimo, o principio e o fim. A vitória sobre as adversidades nos é garantida porque é a vitória de Cristo (Jo 16:33),e Cristo não falha – ele é o Senhor de tudo e de todos, somente ele pode, efetivamente, dizer que tinha em suas mãos toda a autoridade, tanto nos céus quanto na terra (Mt 28:18).

A IGREJA NÃO PRECISA TEMER A APOSTASIA SE CRER QUE CRISTO É PERFEITO

10 Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e potestade.
De novo voltamos os nossos olhos para os deuses criados pelos homens – e nenhum encontramos a perfeição e, na pior das hipóteses, quando uma filosofia religiosa afirma buscara a perfeição ela está no niilismo, no nada, como é o caso do budismo.
Os heróis gregos se tornavam semideuses porque faziam coisas grandiosas, mas jamais atingiam a perfeição. Os deuses olímpicos também não passavam de uma projeção daquilo que os próprios homens eram – imperfeitos, e quanto maior o poder, maior a imperfeição, especialmente moral.
Os filósofos buscavam a perfeição através da reflexão ou da negação de satisfação aos seus próprios desejos, mas nenhum deles pode, jamais, afirmar que a atingiu.
A perfeição pessoal é um ideal inatingível, e podemos ver isso, por exemplo, ao estudar os grandes homens e mulheres da história da fé – todos eles tiveram seus momentos de fraqueza, como Abraão, que se acovardou e mentiu; Isaque, que agiu como o pai; ou Jacó, o enganador; ou Moisés, vacilante a princípio e que acabou tentando usurpar para si a atenção e glória que só a Deus era devida; ou Davi, o homem segundo o coração de Deus que se torna adúltero e assassino; ou Salomão, o sábio com o coração corrompido. Pedro é o impetuoso que se acovarda; Paulo é o angustiado porque não consegue fazer o bem que deveria. E como Paulo temos que admitir – ainda não atingimos a perfeição pessoal (Fp 3:12) mas nem por isso devemos usar a desculpa de que, como Paulo não conseguia, também não conseguimos, porque o que devemos fazer é seguir o exemplo de Paulo (I Co 11:1) e prosseguir para o alvo, deixando de carregar o peso dos erros do passado e buscando sempre servir mais e melhor a Cristo (Fp 3.13-14).
Ao mesmo tempo que Paulo diz que não é perfeito, ele fala aos que se julgam perfeitos mas que a. possuem divergências no pensar; b. precisam ser esclarecidos e c. devem andar somente de acordo com o que já foi alcançado, indicando que ainda há algo a ser alcançado (Fp 3.15-16).
Se o alvo é a perfeição pessoal para se obter o favor de Deus, então, este é um alvo inalcançável e tolo. Por outro lado, do ponto de vista das Escrituras, a perfeição pode, sim, ser obtida de uma maneira muito diferente – não pelas obras, mas pela fé (Rm 4:13).
E é deste ponto de vista que entendemos o verso que estamos analisando – os que estão em Cristo, os que podem afirmar que vivem em Cristo e que Cristo vive em si mesmos (Gl 2:20) podem, sim, almejar algo mais do que o desespero de estar abaixo do padrão de Deus (Rm 3:23) e serem julgados segundo a lei (Rm 8:3).
Os que estão em Cristo, os que receberam Cristo já foram, aos olhos de Deus, transformados naquilo que deveriam ser (II Co 5:17). Estando ligados a Cristo, o cabeça de tudo e todos, aquele que tem poder acima de todo principado e potestade. Como pode alguém que tem o perfeito e está ligado ao perfeito, sendo, portanto, aperfeiçoado, voltar a desejar as coisas primárias e rudimentares do mundo?

A IGREJA NÃO PRECISA TEMER A APOSTASIA SE CRER QUE CRISTO É A GARANTIA DE QUE PERTENCEMOS A DEUS

11 Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo,
Não é a perfeição que o homem possa obter que o faz ser aceitável diante de Deus. Sempre há quem afirme que vai, primeiro, resolver a sua vida para depois se aproximar de Deus, mas o fato é que quem está longe de Deus, quem está sem Deus, nunca vai conseguir resolver a sua vida porque o pendor da carne é para a morte (Rm 8:6), para as coisas da carne, e a carne não pode e não vai desejar as coisas espirituais porque ela é inimiga irreconciliável destas mesmas coisas (Rm 8:7) que só podem ser discernidas espiritualmente, isto é, só vai saber qual é a vontade de Deus e como praticá-la quem for nascido do Espírito (I Co 2:14).
Paulo apela para uma das práticas que os inimigos da cruz estavam tentando obrigar a Igreja a adotar, a circuncisão. E, a partir do ponto de vista de que a perfeição pessoal não pode ser alcançada, nem mesmo a circuncisão física serviria mais de símbolo de um relacionamento com Deus, como era sob a antiga aliança, embora a própria circuncisão jamais tivesse garantido que os circuncidados temessem a Deus, pelo contrário, sempre houve apostasia em Israel, mesmo com a circuncisão e todos os demais ritos. Aliás, a menção a circuncisão remete a todas as demais práticas da lei, tais como o sábado, as datas festivas, comidas e costumes essencialmente judaicos.
A circuncisão física, sob a nova aliança, não tem mais valor algum (Gl 6:15) se não estiver em Cristo – os judaizantes diziam que sem a circuncisão não adiantava estar em Cristo, sendo prontamente rebatidos por Paulo (Gl 5:2).
Somente em Cristo há a verdadeira circuncisão, não a feita por mãos humanas, mas a do coração. De nada adianta circuncidar a carne e manter o coração distante do Senhor, desobediente e rebelde. Circuncisão da carne sem receber de Deus um novo coração é mera mutilação, é apenas retirar um pedaço do corpo sem proveito espiritual algum.
O que faz, de fato, alguém estar ligado a Deus é o largar, o abandonar, deixar de lado o pecado por causa de Cristo.        É em Cristo, o cabeça, aquele que está acima de principados e potestades, aquele que é o primeiro e que detém a primazia, que os crentes estão ligados e circuncidados. Não há outra maneira de estar ligado a Deus – somente por intermédio de Cristo (Jo 14:6).
Se a circuncisão, na antiga aliança, indicava que alguém pertencia ao povo de Deus, agora, na nova aliança, somente estando em Cristo alguém pode pertencer a este mesmo povo (Tt 2:11-14).

A IGREJA NÃO PRECISA TEMER A APOSTASIA SE CRER QUE CRISTO É A GARANTIA DA NOSSA RESSURREIÇÃO

12 tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.
Qual o beneficio de se pertencer a Deus? Qual o beneficio de estar em Cristo? O principal beneficio é ser reconciliado com Deus mediante a morte de Cristo (Rm 5:10), deixar de ser filho da ira e tornar-se filho de Deus (Ef 2:3) e, neste novo relacionamento com Deus, receber de Deus a certeza de que Cristo veio para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna (Jo 3:36).
Circuncidar sem Cristo você até pode, viver sem Cristo também, e, certamente, morrer sem Cristo – mas, e ressuscitar, sem Cristo? Você não sabe quanto tempo vai viver, mas pode até viver muitos anos, mas, e quanto a vida eterna? Você pode alcançar a vida eterna por si mesmo? É impossível ter vida eterna sem conhecer a Cristo, sem estar em Cristo (Jo 17:3).
Crer em Cristo, por mais paradoxal que seja, para ter a vida eterna significa morrer para si mesmo e para o mundo (Lc 9:24). O cristão é aquele que morreu para o mundo, em Cristo Jesus (II Co 4:10) sobre quem o mundo não tem controle.
Observe que ninguém morre um pouquinho só... e, quando alguém morre, é estranho e absurdo enterrar um pouquinho de cada vez. Quem é morto é sepultado inteiramente, de uma vez por todas. Os cristãos foram sepultados – e o modo verbal indica uma ação completa, com efeitos permanentes – com Cristo no batismo, isto é, no momento em que se confessa a Cristo com Senhor e passa-se a integrar a Igreja, o corpo de Cristo, também nele o crente é ressuscitado, passa da morte para a vida (Jo 5:24).
Mas não pense que esta nova vida não pode ser vista imediatamente. É verdade que ela é espiritual; é verdade que ela só será experimentada completamente a eternidade. Mas em Cristo a eternidade invadiu a história – e a vida eterna também invadiu a vida cotidiana, e os que creem em Cristo, sendo tornados discípulos de Cristo, vivendo como discípulos de Cristo, também evidenciam o caráter e a vida de Cristo (I Jo 3:14) e por isso Paulo podia afirmar que já não era ele quem vivia, mas Cristo vivia nele, e, mesmo se considerando que ele vivia, era um viver em Cristo pela fé (Gl 2:20).
A nova vida não é uma vida segundo a carne, mas é viver pelo poder de Deus, o mesmo poder que levantou a Cristo dentre os mortos e que garante que os que nele creem também serão, por meio dele, ressuscitados (Jo 11:25).

A IGREJA NÃO PRECISA TEMER A APOSTASIA SE CRER QUE CRISTO É A GARANTIA DO NOSSO PERDÃO

13 E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; 14 tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente, encravando-o na cruz;
Para quem é a vida? Para quem Deus tem dado a vida eterna em seu Filho Jesus Cristo? Para os que estavam mortos em delitos e pecados (Ef 2:1). A mensagem de Paulo é absolutamente direta – ele não fala de humanidade pecadora, nem de homens hipotéticos em pecados hipotéticos – ele aponta destemidamente para os colossenses, como o faz em relação aos efésios mais de uma vez (Ef 2:12), e lhes diz: vocês são, sim, pecadores. Vocês, sim, vocês e não outros, estavam mortos porque praticavam delitos, porque pecavam, porque transgrediam a lei do Senhor Deus.
É uma tolice politicamente correta e biblicamente herética dizer que não se deve chamar a atenção do pecador – pelo contrário, é quando ele mais precisa ser chamado a atenção. Ninguém precisa ser exortado quando está fazendo o que é justo e reto. Precisamos de exortação quando estamos pecado, quando estamos cometendo delitos, quando nos desviamos da verdade e da retidão, quando não fazemos o que agrada o bondoso coração de Deus. Os leitores de Paulo eram – e nós também o somos – o “vocês” a que ele se refere: vocês estavam mortos, alheios à vida de Deus porque vocês mesmos queriam (Ef 4:18).
Nós estávamos mortos, alheios à vida de Deus porque nós mesmos queríamos, por causa da carnalidade, da verdadeira incircuncisão. Assim como não era possível ser judeu sem a circuncisão, assim como não era possível entrar no antigo pacto sem ela, assim, também, não é possível entrar no novo pacto sem arrependimento, sem confissão de pecados, sem receber a Cristo como seu Senhor e salvador (Jo 1:12).
O que um morto pode fazer para mudar seu estado? O que um morto pode fazer para ter vida? A única resposta inteligente e possível é: nada. Mas um morto pode ser ressuscitado. Existem milhares de casos de pessoas que cujos corações param e são reanimados – não por eles mesmos, mas por terceiros, por médicos, paramédicos e até por pessoas que não são profissionais mais conseguem fazer uma massagem cardíaca de emergência. Mas é sempre uma ação extra morbius, de fora, em favor do morto. Como a morte é fruto do pecado, a vida só pode ser experimentada após o perdão – imerecido, gracioso – que é dado por Cristo aos que o recebem. Este perdão tem que ser pleno e completo, do contrário o pecador continua sendo pecador (I Jo 1:9).
Perdão não é apenas dizer “não te punirei mais”, não é apenas a decisão de não cobrar um débito, e, apagar completamente, é colocar uma camada de tinta nova, na verdade, o sangue de Cristo (Rm 3:25) sobre um escrito que atestava o débito causado pela quebra dos mandamentos, pelo descumprimento das ordenanças deixadas por Deus para evidenciar o nosso pecado e a nossa necessidade de um salvador.
Para que não restasse nenhuma dúvida, Cristo não apenas paga o preço, apaga a dívida e ainda coloca o recibo em um lugar totalmente visível – a cruz. Ele, Cristo, foi o preço. Ele, Cristo, foi o pagamento. Ele, Cristo, foi o recibo encravado, com pregos, na cruz. Ele bradou “está pago”... não resta mais dívida para os que estão em Cristo. Ninguém pode acusa-los. Ninguém pode condená-los porque Cristo os justificou (Rm 8:33).

A IGREJA NÃO PRECISA TEMER A APOSTASIA SE CRER QUE CRISTO É O VENCEDOR INVICTO

15 e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.
Antes que alguém pergunte: “quem me garante que estas coisas são assim mesmo? Quem me garante que eu estou realmente perdoado”? deixe-me oferecer-te uma resposta mais que satisfatória: Cristo garante, ele é a garantia, ele, o filho de Deus, ele, a verdade e a vida, ele, o Senhor e salvador, ele garante que todo aquele que nele crê não está mais sob condenação, já passou da morte para a vida (Jo 5:24).
Ninguém mais tem autoridade para cobrar de você de maneira condenatória, para te acusar e proferir juízo contra você porque o Senhor, o reto juiz, já te declarou justificado em Cristo Jesus. Quando Cristo expôs, publicamente, o pagamento completo, a completa justificação para pecadores como nós ele, ao mesmo tempo, retirou tudo o que os inimigos poderiam usar contra os cristãos (Ap 12:10). Eles foram desarmados, despojados, tiveram todas as suas armas e valores retirados e expostos como, definitivamente, derrotados, objeto de vergonha e execração pública.
Cristo, mesmo quando o inimigo acreditava-o derrotado e morto, quando o inferno celebrava a sua vitória, quando satanás acreditava que, finalmente, podia relaxar porque sua cabeça não seria mais pisada pelo descendente da mulher Cristo proclama retumbantemente a sua vitória. Quando o inimigo achava que Cristo havia se tornado maldito na cruz não sabia ele que aquele era o trono de onde ele contemplava com divina satisfação o fruto do penoso trabalho de sua alma (Is 53:11).
Onde satanás tolamente via vitória era assegurada a sua fragorosa derrota. E aqueles que creem em Cristo, aqueles que tem fé em Cristo são, por isso, vitoriosos sobre o diabo e sobre o mundo (I Jo 5:4). Para que não reste dúvidas, somente aquele que é nascido de Deus vence o mundo (I Jo 5:5).
O crente em Jesus Cristo não precisa bater em debandada quando a Igreja é ameaçada. O crente em Jesus Cristo não precisa fugir quando sua fé é confrontada. O crente em Jesus Cristo não precisa se acovardar quando os inimigos da fé se levantarem – ele precisa apenas manter-se firme e inabalável, mesmo diante dos ataques, das ciladas e acusações do inimigo. A ciência diz que Jesus não é filho de Deus – tanto pior para a ciência, pois a sabedoria dos homens, se contrária à Palavra de Deus, é apenas loucura (I Co 3:19). Os filósofos rejeitam a cruz – tanto pior para a filosofia, pois, de fato, a cruz só pode ser loucura para homens que não possuem o Espírito de Cristo (I Co 1:18)
O que os crentes precisam entender é que a vitória de Cristo é sobre o pecado, é sobre o diabo, é sobre o mundo e sobre os apetites carnais. O que os crentes atuais precisam entender é que a vitória de Cristo é justamente sobre aquilo que mais tem sido buscado, mais tem sido anunciado, mais tem sido prometido púlpitos afora. Cristo veio para nos desarraigar deste mundo – não para nos fazer cada vez mais dependentes dos prazeres mundanos. Cristo veio para que pudéssemos ser resgatados do império das trevas e transportados para o seu reino, que não é deste mundo – não para nos encher de bens que são simplesmente expressões da concupiscência deste mundo.
Deixa eu repetir – Cristo, o filho de Deus, aquele em quem habita corporalmente a plenitude da divindade, veio para salvar você de seus pecados. Veio para te dar vida eterna. Veio para abrir as portas da eternidade para você. Antes que você pergunte: pastor, como você pode garantir que é pra mim? Eu não, mas a Palavra de Deus diz que, se você ouvir a sua voz, se você for, de fato, ovelha do Senhor, você vai atender ao chamado. Se preferir não atender, é só porque você não foi chamado, não foi liberto, não foi salvo, seus pecados ainda permanecem.

Mas se você crer que Jesus é o libertador invencível, então, vai dizer como Pedro: vale a pena ir para alguma outra pessoa? (Jo 6:68). Pra quem você vai? Para onde você vai? Só Jesus é a vida – só ele conduz à vida. A outra opção é... bem, você sabe para o que está sendo chamado, que voz está ouvindo nesta noite, se é a de Deus ou... e a decisão é sua, somente sua.

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