p. 106. PELO QUE ORAMOS NA SEXTA PETIÇÃO
R. Na sexta petição, que é: "E não nos deixes cair em
tentação", pedimos que Deus nos guarde de sermos tentados a pecar, ou nos
preserve e livre, quando formos tentados.
Mt 26.41; Sl 19.13; Jo 17.15; I Co 10.13
Na sexta petição ao mesmo tempo em que confessamos a nossa
suscetibilidade ao pecado (Rm 7:23) e até
mesmo nossa corrupção do coração (Jr 17:9) e
inclinação para fazer o mal (Rm 7:19).
O PECADO É UMA REALIDADE DO CORAÇÃO DO HOMEM
O
maior problema do pecado não é que ele seja algo externo – culpar o mundo, ou a
sociedade, ou satanás, ou as circunstancias é só uma fuga. O pecado é um sério
problema interno e cabe ao homem dominá-lo (Gn 4:7). Ainda que
haja assédio (Hb 12.1) e dardos de todos os
lados (Ef 6:16) o pecado é e sempre será
uma realidade interna (Tg 1.14-15).
O QUE É O MAL
É
comum encontrar dificuldade com o entendimento de textos bíblicos que mostram
Deus como o autor daquilo que não queremos admitir, como, por exemplo, o mal (Is
45:7). Precisamos, entender, entretanto, que
ele não está se referindo ao mal moral, à desobediência à sua lei, mas a
situações de juízo, muitas vezes extremamente dolorosas (Pv
16:4).
Desta maneira, as dificuldades a que somos expostos, as provações e
tentações a que somos expostos podem ser de diversas naturezas:
PROVAÇÃO
A
provação tem o objetivo de fortalecer o crente em sua caminhada, dando-lhe
oportunidade de testemunhar sua fé em Deus, mesmo quando não há nenhum indício
da vontade de Deus em mudar o rumo das coisas. Os não crentes sempre retrocedem
diante das provações (Hb 10:38). A
provação serve para limpar a Igreja (I
Jo 2:19).
CORREÇÃO
A
coisa menos desejável para um cristão é ficar sem a disciplina de Deus, pois
ela é uma forma dele expressar seu amor (Ap
3:19). É óbvio que ninguém sente prazer em
ser disciplinado (Hb 12:11), mas
o resultado é absolutamente desejável – ser reconhecido como filhos de Deus.
TENTAÇÃO
Tentação
é a sedução, o oferecimento de oportunidades que conduzem para o mal, para a
desobediência à vontade revelada de Deus. Podemos identificar alguns agentes da
tentação:
A CARNE
A
natureza caída do homem faz dele escravo do pecado, inclinado para o mal. A
nova natureza, no convertido,
faz com que ele lute contra esta tendência à pratica do mal, como vemos o
apóstolo Paulo fazendo em Rm 7 e resumido em sua carta aos Coríntios (I
Co 9:27). Para não ser vencido pela carne o crente deve clamar pela
misericórdia de Deus (Rm 7.25).
SATANÁS
Satanás
é o inimigo par excellence dos
homens. Ele consegue seduzi-los enquanto não chega o dia de seu julgamento (Ap
20:10). Ele usa de tudo aquilo que lhe está ao
alcance para destruir a criação de Deus através de armadilhas (I
Tm 3:7), pessoas (Mc
8:33) e, mais raramente, ataques diretos,
conseguindo vencer os incautos (Mc 4:15).
MUNDO
O
mundo que apresenta perigo para os crentes não é a ordem das coisas criadas,
mas o ordenamento social prevalecente, com suas concupiscências (I
Jo 2:16). Quando alguém se aproxima do mundo com
cobiça demonstrando amá-lo está, também, demonstrando a quem não ama (I
Jo 2:15) porque é impossível servir a dois senhores (Mt
6:24).
É muito perigoso pra o crente tornar-se íntimo de pessoas malignas,
associando-se a grupos de depravados e ímpios (Sl
1:1), escolhendo caminhos de morte para si (Pv
14:12). É como sal sem sabor – está no meio do
lixo, devendo ficar em seu lugar natural (Mt
5:13).
O MAL NÃO PODE SER EVITADO DE MANEIRA ABSOLUTA
Ninguém
está imune à tentação – nem mesmo o Senhor Jesus foi isento de passar por ela,
e o fez numa situação extrema (Mt 4:1).
Provavelmente o escritor aos hebreus não se referia apenas a esta tentação ao
afirmar que ele foi tentado em todas as coisas (Hb
4:15). Qual a diferença? Jesus Cristo não cedeu, não pecou.
O Senhor não prometeu tornar o crente livre das tentações de toda sorte
encontradas no mundo – ele ora ao pai para que os preserve no mundo (Jo
17:15 mal) e capacite a perceber o mal, a fugir
dele em suas diversas facetas como impureza (I Co 6:18) ou
idolatria (I Co 10:14).
O MAL PODE SER TRANSFORMADO EM OPORTUNIDADE
Aliás,
é no meio das aflições e por causa delas (Jo 16:33) que a
genuína fé é provada e aprovada (I Pe 1.7). Observe
que foi pela fé que Moisés recusou as honras do palácio pelo serviço ao Senhor (Hb
11.24).
Ninguém é impecável ou forte o suficiente para vencer o pecado em todas
as ocasiões (Ec 7:20), mesmo um homem que ande
em integridade pode cometer pecados (Ez 3.21) como
aconteceu com Davi (II Sm 12.13).
COMO LIDAR COM O MAL
Temos
algumas orientações bíblicas sobre como lidar com o pecado:
RESISTINDO FIRMEMENTE
É
possível resistir ao diabo desde que o interesse principal seja ver o reino de
Deus se fazendo cada dia mais presente, especialmente na vida do
crente (Tg 4:7). Foi o método usado por
Jesus contra as tentações de satanás no deserto, resistindo-lhe com a Palavra
de Deus em seus lábios (Mt 4.12-13).
FUGINDO NÃO IMPORTANDO O PREÇO
É
possível evitar situações de tentação, fugindo delas (I
Pe 3.11). Foi o que fez José,
primeiro resistindo ao ser assediado (Gn 39.10) e depois
atacado pela esposa de Potífar (Gn 39.12).
RETRIBUINDO CORRETAMENTE
Oponha
ao mal o bem (Rm 12.21). É verdade que o Antigo
Testamento propunha a justiça retributiva (Dt 19:21) como uma
medida coercitiva para a impiedade reinante no coração do homem desassistido internamente
pelo Espírito Santo – mas tal não é o cristão, este vive em
novidade de vida (Rm 6:4) sendo a habitação do
Espírito de Cristo (Gl 2.20) tendo, pois, o dever de
seguir lhe a instrução de Jesus, dada antes de apresentar esse roteiro de
oração (Mt 5.44-45).
A QUEM PEDIR AJUDA
O
Senhor nos orienta a pedirmos a sua misericordiosa ajuda para que possamos
resistir e vencer o mal – que pode vir tanto do mundo, de forças espirituais e,
principalmente, do coração corrupto do homem que, mesmo regenerado, ainda tem
que lutar arduamente contra o pecado (Rm 7:23). Para que
não sejamos derrotados em definitivo pelo pecado precisamos da ajuda de Deus em
algumas áreas.
SABEDORIA PARA IDENTIFICAR O PECADO
Nem
sempre conseguimos perceber que o pecado está à porta. Mesmo o homem segundo o
coração de Deus, o homem que sabia prontamente reconhecer ser pecador e se
humilhar na presença de Deus orou pedindo ao Senhor absolvição das faltas que
houvesse cometido sem perceber – às quais estava, por falta de correto juízo,
impedido de confessar (Sl 19:12).
HONRADEZ PARA RECONHECER QUE PECOU
A
tendência natural é justificar o pecado ou atribuir culpa a terceiros ou
situações extra nos,
mas a verdadeira sabedoria está em temer ao Senhor e reconhecer a sua sabedoria
e verdade (I Jo 1.10).
OUSADIA PARA CORRIR OS ERROS COMETIDOS NO PECADO
A
vergonha por ter cometido um pecado, especialmente se este pecado foi público,
requer que o crente tenha coragem para confessar o seu pecado e pedir perdão – mesmo
que isto implique em um momento de vergonha acabará em benção
nas mãos do Senhor (Lc 14:11). Um exemplo maravilhoso
de humilhação e restauração é encontrado na parábola do filho pródigo, contada
pelo Senhor Jesus (Lc 15:21).
DEPENDÊNCIA DE DEUS EM TODAS AS SITUAÇÕES
Seja em qual situação for, o
crente deve entender que ele não é, sozinho, capaz de vencer
o mal, por isso precisa pedir ao Senhor para livrá-lo do mal,
não deixando-o cair em definitivo (Sl 121.3). Mas é
preciso que lembremos que Deus não permite que as provações colocadas
diante de nós sejam maiores que nossas forças para, no mínimo,
suportá-las (I Co 10.13).
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