13 De novo, saiu Jesus para
junto do mar, e toda a multidão vinha ao seu encontro, e ele os ensinava. 14 Quando ia passando, viu a Levi,
filho de Alfeu, sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o
seguiu.
15 Achando-se Jesus à mesa na
casa de Levi, estavam juntamente com ele e com seus discípulos muitos
publicanos e pecadores; porque estes eram em grande número e também o seguiam. 16 Os escribas dos fariseus, vendo-o
comer em companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele:
Por que come e bebe ele com os publicanos e pecadores? 17 Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de
médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores.
Mc 2.13-17
PORQUE AS PESSOAS TEM DIFICULDADE PARA ENCONTRAR O JESUS DAS
ESCRITURAS?
Será
que as pessoas estão à procura de Jesus? Você está, realmente, à procura de
Jesus? Bom, talvez esteja, mas, preciso ser um pouco mais incisivo: a qual
Jesus você está procurando? Talvez pareça meio estranho eu fazer uma pergunta
destas, uma vez que você está numa Igreja – e está ouvindo um pastor pregando
sobre ninguém menos que Jesus. E você pode responder: eu estou à procura deste
Jesus que você prega. Bom, isto é muito bom. Então, vamos conhecer, primeiro, o
Jesus que eu não prego, o Jesus que não é digno de ser anunciado de púlpito
algum – e, creiam-me, não estou ficando louco.
Eu
não acredito que o Jesus a ser anunciado seja aquele que trabalha numa espécie
de pronto socorro, bastando ser invocado para vir correndo resolver problemas
emergenciais e logo retornar ao seu posto de observação aguardando o próximo
chamado. Se você procura este Jesus, ele não está aqui.
Eu
não acredito que o Jesus a ser pregado seja aquele que funciona como um senhor serviçal
sempre pronto a atender aos caprichos de seus grandes servos sempre cheios de
vontades – e, creiam, senhor serviçal e servo grande são paradoxos, coisas que
não podem jamais existir.
Eu
não acredito que o Jesus a ser pregado seja o filósofo com respostas profundas
e enigmáticas, mas que não passa de um grande mestre, um homem iluminado ou
possuído de alguma força sobrenatural, mas que é incapaz de responder aos
anseios mais profundos da alma humana.
Eu
não acredito que o Jesus a ser pregado seja este dado a espetáculos com hora
marcada e lugar definido, em troca de generosas doações financeiras, mas que é
absolutamente incapaz de acompanhar qualquer um destes grandes milagreiros a um
simples hospital e fazer os doentes se levantarem e irem para casa sem cobrar.
Enfim,
eu não acredito que o Jesus a ser pregado seja o marxista, o comunista, o
pensador, o revolucionário, o anjo, o homem iluminado – nada disso é digno de
ser mencionado de um púlpito cristão. E é por isso que eu convido você a buscar
conhecer o Jesus das Escrituras, porque eu acredito que a maioria das pessoas
que não conhece Jesus, o verdadeiro Jesus, é simplesmente porque está buscando
outro Jesus, não o Jesus das Escrituras.
Talvez
você tenha vindo a este local depois de passar por vários outros – e eu espero
sinceramente que sua busca tenha chegado ao fim. Mas chegado ao fim não porque
você vai escolher, dentre todos os que já te foram apresentados, este de quem
eu vou falar. Eu sinceramente espero que
sua jornada chegue ao fim porque você vai ouvir a voz do Senhor te chamar,
porque ele te escolheu e você o ouve
chamando para segui-lo. A qualquer outro dos Jesus que são pregados por aí é
possível escolher – ao Jesus das Escrituras é impossível, porque ele mesmo diz
que você não pode escolhê-lo, pelo contrário, é ele quem te escolhe (Jo 15:16).
DIANTE DE JESUS
COM DIFICULDADE PARA ENCONTRÁ-LO
Mesmo
diante de Jesus nos dias de seu ministério terreno, porque encarnado ele ainda
está, todavia glorificado (Cl 2:9) havia pessoas com
grande dificuldade para encontrá-lo. Mas esta dificuldade não é porque ele se
escondesse, ou porque ele evitasse as pessoas, pelo contrário, Jesus estava
sempre seguido pelas multidões, e Marcos quase sempre o apresenta cercado por
muita gente, que sabia onde ele ia, onde repousava, onde morava, onde e com
quem comia, o que falava e como falava. Encontrar Jesus era algo muito fácil,
para quem tivesse este desejo.
Mas
havia pessoas que, mesmo perto, mesmo seguindo Jesus de muito perto, mesmo
observando atentamente tudo quanto Jesus fazia ou falava, ainda assim não o
encontravam porque eles não queriam o Jesus que o Senhor havia enviado (Jo 1:11), porque não eram das ovelhas do Senhor e nada do que ele
fizesse lhes seria atrativo, pelo contrário, eles o rejeitariam ainda mais (I Pe 2:7). Eles
queriam o seu Jesus, não o Jesus que Deus lhes deu. O problema é que o Jesus
que eles queriam não estava disponível e nunca viria, nem nunca virá, o Jesus
que Deus deu já veio, é o Jesus das Escrituras.
O JESUS QUE DEVE
SER ANUNCIADO
É
este Jesus, o Jesus das Escrituras, que deve ser anunciado, como Paulo fazia (I Co 15:3-4). É este Jesus, rejeitado pelos religiosos profissionais, que você
está sendo convidado a conhecer. O que podemos dizer sobre este Jesus?
JESUS FAZIA ÀS
CLARAS, RELIGIOSOS QUEREM AS TREVAS
13
De novo, saiu Jesus para junto do mar, e toda a multidão vinha ao seu encontro,
e ele os ensinava.
Todos sabiam onde e como
encontrá-lo.
Como
é costume de Marcos, Jesus está sempre indo, sempre em atividade contínua.
Nesta seção todos os versos começam com um conectivo (e então) para expressar a
movimentação constante de Jesus. Somos informados que, como era seu costume e
era de conhecimento de todos em Cafarnaum, Jesus mais uma vez deslocou-se,
agora da cidade para uma região mais erma, para os lados do mar. Para sair de
Cafarnaum, atravessando os subúrbios em direção ao lago, certamente teria que
passar pela região mais pobre, e, também, onde estavam os grupos mais
desprezados pelos judeus: os publicanos (cobradores de impostos) e os pecadores
(que ordinariamente se relacionavam com os gentios, sendo, por isso,
desprezados pelos religiosos).
Depois
de tanto ensino, e ensino substancial, não retórico e vazio como o ministrado
pelos escribas, depois de tantos milagres, de tantas curas inexplicáveis e,
principalmente, da cura do paralítico, o fluxo de pessoas a segui-lo
inevitavelmente tendia a não diminuir, embora muitos seguissem a Jesus pelas
razões erradas – queriam ver ou receber o resultado de alguma de suas ações.
Mas não criam nele, a ponto de alguns perguntarem que sinais (entre tantos que
estava fazendo) ele mostrava para que pudessem crer (Jo 6:30).
Mesmo
assim, mesmo que não tivessem fé e que seus interesses fossem mais mundanos e
materiais, Jesus não deixava de cumprir a sua missão de anunciar o evangelho
aos pobres (Lc 7:22). À multidão que o
procurava por sinais e maravilhas ele respondia com o anuncio da chegada do
reino. Àqueles que queriam sentir a ação do seu poder ele lhes ensinava,
conduzia-os com simplicidade e clareza de maneira que eles aprendessem a
verdade sobre o reino de Deus.
O
problema para aqueles que não encontram Jesus não é que ele seja difícil de ser
encontrado – é que os que não o encontram simplesmente não querem encontra-lo.
Não é falta de conhecimento sobre o Senhor, é falta de interesse e, pior ainda,
é franca rejeição (Jo 1:11). O problema é que eles, embora
fosse de Israel, não eram das ovelhas que o Senhor Jesus veio buscar (Mt 15:24). Eram como muitos que,
embora talvez estejam dentro das Igrejas, como muitos judeus estavam na casa de
Israel, não tinham nenhum relacionamento com o Senhor da Igreja. Tinham
aparência de piedade, mas sem eficácia espiritual alguma (II Tm 3:5).
JESUS AGE COM
AUTORIDADE, RELIGIOSOS QUEREM IMPOSIÇÃO
14
Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria e
disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu.
A autoridade de Jesus era
inquestionável.
Quando
Jesus ensinava ficava claro que ele possuía autoridade que não era
compartilhada pelos demais doutos e mestres do seu tempo (Mc 1:22). Quando lidava com as enfermidades
a mesma coisa acontecia (Mc 1:31). Nem mesmo o próprio diabo duvidava de sua autoridade (Mc 5:12).
De
saída de Cafarnaum, em direção ao mar, Jesus tinha que passar pela alfândega
onde eram cobradas taxas de quem vinha ou ia para as cidades de Tiro, Damasco
ou Jerusalém, além de outras cidades menos importantes. Aquele lugar era, para
os judeus, um símbolo de opressão, um lugar mais que detestado por eles porque
ali estavam aqueles que eles consideravam seus espoliadores, ladrões que
tiravam deles, o povo de Deus, para dar aos gentios romanos. Se os judeus já
odiavam os cobradores de impostos, mais ódio ainda eles devotavam aos
publicanos judeus, vistos como traidores de seu povo e traidores de Deus.
Triplamente detestados: porque traíram sem povo, traíram seu Deus e se
misturavam em negócios com os gentios.
Ao
passar pela coletoria Jesus diz a Levi, filho de Alfeu: Segue-me. Sem razões,
sem explicações, sem promessas. Quanto do nosso evangelismo passa tão longe
disso? Precisamos explicar mil razões, dar mil motivos e, às vezes, fazer mil
promessas de bonança – quando a única promessa a ser feita é que todo aquele
que crê no Senhor Jesus recebe, dele mesmo, a vida eterna (Jo 10:28). Só isso realmente importa – o límpido chamamento
do Senhor para suas ovelhas (Jo 10:27). Não
pensemos que Levi nada soubesse sobre Jesus. Levi não era diferente de nenhum
de nós aqui. Dificilmente Levi não tivesse ouvido algo a respeito de Jesus, não
soubesse de seu ensino e de suas ações. Levi não era diferente de nenhum de nós
– ele sabia algo sobre Jesus, como todos aqui sabemos algo sobre Jesus, e como
os escribas e fariseus sabiam algo sobre Jesus. A resposta a este conhecimento
é que é diferenciada entre os que são de Jesus e os que não são.
O
que ele não esperava era que Jesus o chamasse. Não a ele, Levi, o filho de
Alfeu, o traidor de seu povo, o detestado publicano. Mas foi ao perdido, ao
desprezado, ao proscrito que Jesus disse: Segue-me. Venha após mim. Seja meu
discípulo. E a resposta de Levi é imediata, pronta, resoluta, sem
questionamentos ou sem vacilos. Ele ouviu o chamado e foi, simplesmente atendeu
ao chamado de Jesus. Razões para não ir ele tinha muitas, razões para ir ele
tinha apenas uma: o chamado irresistível de Jesus e o segue, sem olhar para
trás.
JESUS AGE COM
LIBERDADE, RELIGIOSOS QUEREM TRADIÇÕES
15
Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi, estavam juntamente com ele e com seus
discípulos muitos publicanos e pecadores; porque estes eram em grande número e
também o seguiam.
Jesus era capaz de ações
surpreendentes.
Da
coletoria somos informados por Lucas que Levi oferece uma grande refeição com a
participação de Jesus (Lc 5:29). Entrar na casa de alguém significava das
duas uma, ou as duas coisas: que se comungava com o que o hospedeiro fazia,
considerando-o digno de uma visita, ou que o visitante era tido como um igual
ou partidário das mesmas opiniões. Nenhuma das duas depunha a favor de Jesus.
Para Lucas isso é importante porque descreve Jesus como aquele que penetrava em
todos os estratos da sociedade de seu tempo, para Marcos o que é realmente
importante registrar é o fato de que Jesus fala com um publicano, convida-o
para ser seu seguidor, vai até a sua casa e se reclina à mesa tanto com ele
quanto com outros cobradores de impostos, na verdade, muitos outros cobradores.
Aos
publicanos Marcos acrescenta um outro grupo igualmente detestado pelos judeus:
os pecadores. Jesus é o rabino que permite que prostitutas o toquem (Lc 7:39), que toca em leprosos (Lc 5:13), com uma mulher samaritana (Jo
4:27) e agora se banqueteava com os pecadores – literalmente
os que se devotavam, que viviam na prática cotidiana do pecado, que tinham o
pecado (na ótica deles) como meio de vida (na maioria dos casos por trabalharem
direta ou indiretamente com os gentios).
O
termo “pecadores” é um termo técnico, mais que um apelido, é um título de
desprezo e escárnio dos mestres religiosos contra aqueles que eles desprezavam.
Eis uma primeira consequência na vida daqueles que creem em Jesus: mesmo com a
melhor das intenções, dar um jantar, leva-lo para dentro de sua casa para o
convívio dos familiares e amigos logo são desprezados pelos que já estão
acostumados à vida religiosa mas não são discípulos de Jesus, não entram nem
desejam que outros venham a encontrar a porta, e entrem por ela, e sejam salvos
(I Ts 2.14).
JESUS AGE COM
PROPÓSITO, RELIGIOSOS PREFEREM PRECONCEITOS
16
Os escribas dos fariseus, vendo-o comer em companhia dos pecadores e
publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Por que come e bebe ele com os
publicanos e pecadores?
Meros religiosos não
aprendem nunca.
Existe
grande diferença entre fé e religiosidade, muito clara na história da fé. Caim
era religioso, chegava mesmo a oferecer culto (Gn 4:3) Abel era crente (Mt 23:35); honrar a Deus com
lábios mas sem coração nunca foi novidade (Is
29:13) chegando a ponto de Deus desejar que as portas do templo
permanecessem fechadas tamanha pode ser a hipocrisia de falsos adoradores,
meros religiosos (Ml 1:10).
Os escribas,
da facção religiosa dos os fariseus, guardadores estritos da torá e de muitas
tradições orais, estavam observando o que Jesus dizia e fazia e certamente não
entraram na casa de Levi, afinal, não lhes era permitido misturar-se com os
detestados publicanos. Pior ainda era constatar que Jesus, o rabino, se reunia
não apenas com muitos publicanos e também com os que chamavam pecadores, com a
plebe que julgavam rude e ignorante (Jo
7:49). Sem coragem
para enfrentar Jesus eles preferem a conversa de bastidores, dirigindo-se aos
seus discípulos (que estavam há pouco tempo com Jesus). Os escribas, apesar de
doutos, tinham medo de Jesus porque o Filho do Homem já havia desnudado seus
corações malignos quando eles duvidaram da autoridade de Jesus para perdoar
pecados, mesma autoridade que ele tinha para mandar a um paralitico que tomasse
o seu leito e voltasse para casa andando.
Seu
questionamento era lógico, dentro de sua lógica religiosa baseada na guarda
exterior de mandamentos – como Jesus poderia ser, de fato, o messias, ser um
bom rabino e um mestre qualificado se não ensinava as pessoas a se afastarem
dos pecadores, a rejeitar a comunhão com os pecadores, a, de acordo com a
cultura, demonstrar algum grau de aprovação pelo que eles faziam e como viviam
porque não os censurava, não lhes dizia para abandonarem sua prática de
pecados? Esta era a lógica da religiosidade, mas estava muito longe de ser o
propósito da vinda de Jesus, que veio para dar a sua vida para resgatar,
justamente, os pecadores (I Pe 3:18).
JESUS AGE DIDATICAMENTE,
RELIGIOSOS QUEREM POLITICAGEM
17
Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim
os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores.
Jesus não se prende ao
politicamente correto.
Certa
vez vi uma frase que afirma que líderes
elogiam publicamente e corrigem em particular – bom, acho que Jesus não
ouviu esta frase. Ela é fruto de um nefasto pensamento chamado de politicamente
correto. A hipocrisia dos fariseus era pública, seu questionamento à autoridade
de Jesus era pública, sua atitude de desprezo por Jesus também. E eles estavam
errados, tanto quanto em relação ao que pensavam a respeito de Jesus quanto,
pior ainda, quanto ao que pensavam a respeito de si mesmos, o que os levava a
pensar que não tinham qualquer necessidade da mediação de Cristo. Jesus,
ouvindo o que eles falaram, age imediatamente. É óbvio que a autoridade de
Jesus estava sendo contestada e precisava ser defendida, mas o problema maior
estava no coração dos fariseus, e não nos ouvidos dos discípulos. Eles
acreditavam que não precisavam de Jesus. Eles criam que podiam conseguir a
salvação por sua própria obediência à lei mosaica – esquecendo-se que ninguém
conseguia obedecer perfeitamente (Ec
7:20) e
uma obediência imperfeita sempre será desobediência (Tg 2:10).
Enquanto
eles murmuram Jesus lhes fala clara e publicamente, dizendo-lhes o que eles
precisavam e não o que queriam ouvir. Jesus não lhes dá explicações, pelo
contrário, mais uma vez lhes desnuda os corações, dizendo que eles se achavam
justos, que se achavam santos, que se sentiam capazes de alcançarem a vida
eterna (Mt 19:16). Embora Jesus dê instruções práticas, que qualquer fariseu daria,
ele acrescenta uma exigência que nenhum fariseu estava disposto a cumprir:
segui-lo, justamente o que Levi, um publicano, fez (Mt 19:21).
Para
Jesus os que se julgam sãos não precisam de médico, ele não se encarnou para
chamar justos, ou, como o termo usado por Marcos indica, pessoas capazes,
poderosas, mas para convocar pecadores, miseráveis e fracas ao arrependimento.
É a primeira vez que Jesus usa a adversativa mais forte (alla), enfatizando a absoluta
incompatibilidade entre sua vinda e a salvação mediante alguma forma de justiça
própria, de virtude auto atribuída. Ele não espera que os pecadores se tornem
sãos, ele os faz sãos. Ele não espera que eles consertem a sua vida, ele é o
próprio conserto para estas vidas (Ef
2:17). Jesus vem para chamar os praticadores de pecado
ao arrependimento – e nada veio fazer por quem despreza seu chamado. A
convocação é para os cansados e sobrecarregados – não para os que estão
satisfeitos com suas cargas (Mt 11:28).
PORQUE AS PESSOAS TEM DIFICULDADE PARA ENCONTRAR O JESUS DAS
ESCRITURAS?
É
possível que as pessoas tenham dificuldade para encontrar o Jesus das
Escrituras porque tem dificuldade com o seu evangelho, com a sua mensagem, com
o que significa a sua vinda. O que significa o evangelho para pecadores –
pecadores como os publicanos, pecadores como os desprezados homens e mulheres
da vila de Cafarnaum? Pecadores como nós, pecadores do sec. XXI, tão pecadores
quanto os mais pecadores entre os pecadores de todos os séculos?
O EVANGELHO MOSTRA
QUE CRISTO VEIO PARA PECADORES
Em
nenhum momento somos convidados a imaginar Cristo vindo para dizer para alguém
que ele foi perfeito, e que, por isso, mereceu a recompensa de entrar na vida
eterna, até porque a vida eterna é sempre uma dádiva, é sempre um presente de
Deus (Rm 6:23) que é dado a pecadores.
Quem
não encontra o Cristo das Escrituras é porque não consegue se ver nesta
categoria, a de pecadores, e, por isso, insiste em chamar Deus de mentiroso (I Jo 1:10)
rejeitando atender ao chamado do evangelho. Jesus se fez carne assumindo uma
natureza de servo como sinal de humilhação para resgatar perdidos, se fez
pecador para salvar pecados, seu perdão é expressão de misericórdia e graça – e
só busca misericórdia e graça, só busca salvação quem está perdido. Só encontra
o Cristo das Escrituras quem é fraco, perdido, pecador.
O
evangelho é uma mensagem clara de perdão de pecados. E perdão de pecados só
pode ser dado a pecadores. O evangelho é uma mensagem clara de justificação, de
doação de justiça para injustos – e só podem ser justificados aqueles que forem
injustos. O evangelho humilha o homem para salvá-lo. Os outros falsos cristos,
os cristos que promovem harmonia do homem consigo mesmo em seu estado de pecado,
que prometem exaltar o homem o fazem somente com o intuito de mantê-lo cativo
em sua arrogância.
Jesus
se fez homem para levar o homem para a cruz – não para colocá-lo em um
pedestal. A morte e a ressurreição de Jesus foi em lugar do pecador, foi por
causa do pecador, por causa da culpa do pecador e foi para retirar esta culpa
de pecadores que tudo o que é relatado nos evangelhos aconteceu. Só aceita a
humilhação de ser declarado incapaz de alcançar justiça quem se reconhece como
injusto – e só encontra o Cristo das Escrituras quem é fraco, perdido, pecador,
injusto.
O
evangelho que os fariseus rejeitaram e que muitos rejeitam humilha o homem
dizendo que a sua sabedoria não está em conhecimento de qualquer espécie, mas
em reconhecer a sua situação de perdido, de pecador, de incapaz. A única
sabedoria que o evangelho permite é a sabedoria de olhar para si mesmo com o
mesmo olhar do evangelho para os pecadores – um olhar de reprovação para os
pecados e de misericórdia para com pecadores, perdidos, mortos (Ef 2:1).
A
verdadeira sabedoria é aceitar ser guiado por onde a lâmpada da Palavra de Deus
guiar – mesmo que considere outros caminhos melhores (Pv 16:25 ). Não há outra forma de sabedoria. Só aceita ser visto desta
maneira, destituído de sabedoria, quem, de fato, se reconhece tolo e só
encontra o Cristo das Escrituras quem é fraco, perdido, pecador, injusto,
destituído de sabedoria.
O PROPÓSITO DO
EVANGELHO
E
tudo isto para que? Para que, pelo evangelho, o pecador deixe de ser pecador,
seja santificado, tenha sua mente mudada, seja reconciliado com Deus (II Co 5:18) e seja santificado.
O
evangelho acaba com toda vaidade. O evangelho produz no coração do regenerado o
sentimento de gratidão para com o seu salvador (I Tm 1:12).
Faz com que a experiência de ser perdoado transborde no anúncio deste gracioso
e imerecido perdão.
O
propósito do evangelho é para que você conheça o Jesus das Escrituras – e que,
conhecendo-o, creia nele como o filho de Deus, e, crendo nele, seja diferente
dos fariseus que buscavam o “seu messias” e rejeitaram o messias que Deus deu (Jo 20:31). Em qual Jesus você crê, afinal? O único que
pode te dar a vida eterna é o das Escrituras – e isto é mais valioso do que
todo o ouro e prata do mundo.
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