Tentando entender a estratégia do governo com as nomeações pós
votação cheguei a conclusão do nível de absurdo a que a coisa chegou.
A proposta dos negociáveis é a seguinte: teremos o ônus de
apoiar um governo decadente, uma governante cuja rejeição já beira a casa dos inacreditáveis
80%, que tem nas mãos um orçamento absurdamente deficitário, da ordem de quase
R$ 100.000.000.000,00 (é isso mesmo, não coloquei zeros a mais não – lê-se cem
trilhões de reais) e envolvido até o ácido desoxirribonucleico em crimes as
pencas, a ponto de, talvez, ser necessário mudar o número do partido de 13 para
171… aliás, 171 é o tal do número mágico de votos que o governo espera ter para barrar o impeachment…
Qual é a proposta do governo:
1. Os deputados
votam contra o impeachment e eles e seus partidos recebem a liberação de verbas
para suas emendas – valores tem sido divulgados entre 1 e 2 milhões de reais;
2. Os deputados
contraem alguma forma de enfermidade ou indisposição (no que já está sendo
chamado jocosamente de bancada da bactéria) e esta indisposição geraria
liberação imediata de recursos da ordem de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil
reais);
3. Os deputados
só receberiam estes benefícios caso
o impeachment seja detido. Se o impeachment avançar, ninguém recebe nada, e os deputados
ficam com o mico na mão.
Pode parecer uma tática “de segurança”, não pagando antecipadamente
(quem já pagou alguns tipos de prestadores de serviços antecipadamente sabe do
que estou falando), visando garantir os votos num ambiente de altíssima volatilidade,
onde as mudanças e traições acontecem a todo o tempo, mas a proposta do governo
é arriscada demais porque pede aos deputados que fiquem com o ônus de votar em
favor do governo, e consequentemente indisporem-se com seus eleitores correndo
o nada desprezível risco de não ganhar nada com isso caso o impeachment passe
pela câmara (em voto aberto e sessão transmitida ao vivo para todo o país cujas
imagens serão, certamente, usadas nas eleições de 2018).
Que Dilma já fez todas as promessas possíveis todo mundo sabe
e até os cachorros da esplanada sabem que ela é pior do que muitas empresas da
internet quando se trata de entregar o que promete (55 milhões de brasileiros caíram
em sua esparrela nas últimas eleições). Se ela vai entregar? A pergunta é: 172
raposas de Brasília estarão dispostas a correr o risco, pagando, isto é, não recebendo,
para saber a resposta?
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