O advogado Ricardo Lodi Ribeiro,
sócio de escritório de advocacia que até há pouco tempo pertencia ao ministro Barroso
do STF [e ainda pertence a um parente seu], antecipa o dia da mentira em depoimento na câmara buscando defender
Dilma Rousseff mas, na prática, admite que houve, sim, crime de
responsabilidade.
Citando frase atribuída a Juscelino
Kubitscheck, afirmou: “Ninguém deve ter compromisso com o erro”, jogando a
bomba no colo do Tribunal de Contas da União. Tiro no pé. De
Dilma. Segundo ele o TCU não rejeitou prestações de contas de governos
anteriores que fizeram exatamente o mesmo que o governo Dilma fez. Ok. Então,
temos duas situações: Dilma exercitou o compromisso com o erro fazendo o mesmo
que os anteriores teriam feito [e Lodi diz que ninguém deve ter compromisso com o erro] e o TCU teria, então, que ter o mesmo
compromisso com o erro [o que vai contra o argumento do próprio Lodi]. Segundo seu ponto de vista torto o TCU teria que continuar
errando para, errando, manter o compromisso com o erro e isto é que seria, afinal, o certo. Errado, sr. Lodi.
Continua o
causídico: “Não se pode aplicar uma nova hermenêutica à lei para punir
a Dilma agora se no passado a lei não era aplicada desta maneira”. Em tempo – hermenêutica
é a ciência de interpretar um texto, especialmente textos normativos. Pastores usam
(usam? Usam, se estiverem comprometidos com a verdade de Deus) esta ferramenta
o tempo inteiro. Segundo o sr. Lodi o TCU não poderia condenar as contas de
Dilma porque a interpretação vigente era a de leniência – embora, ele mesmo
admita, esta poderia ser uma interpretação errada. E era esta interpretação errada que deveria continuar
sendo aplicada, pelo menos até 2015. Para 2016 ele até admite que a interpretação
correta seja aplicada. Boa, sr. Lodi, só não se esqueça de seu principio: ninguém
deve ter compromisso com o erro. Não teria sido mais honesto o governo Dilma não cometer o crime, fazendo o que é certo, mas preferiram fazer o que era comum, mantendo-se no
erro e, então, não precisar da manutenção do erro?
Esse foi o primeiro tiro. Mas que
tal dar um tiro no outro pé? Se é pra cair, que caia arrebentando. E foi o que
o sr. Lodi fez, ajudando a afundar ainda mais a patuscada de governo que temos
hoje.
Explicando os empréstimos
irregulares que o governo fez, retirando dinheiro de instituições bancárias oficiais para
manter em dia pagamento de programas que lhe garantiram a eleição, diz ele que não
foi bem uma operação de crédito, mas apenas a admissão de um direito de receber
no futuro. Explicou ele: é como se você contratasse um arquiteto para lhe
entregar o projeto em uma data preestabelecida, e, ao mesmo tempo, você estabelecesse
uma data posterior para que o arquiteto recebesse. Como o arquiteto fez o
projeto, você, agora, teria o compromisso de pagá-lo algum tempo mais à frente.
Isso só seria um compromisso de crédito, não uma operação de crédito porque
dinheiro não foi movimentado. Parece conversa de estelionatário que firma um
compromisso de pagamento sem provisão – Lodi argumentou que o governo, na
verdade, teria passado apenas um cheque sem fundos, mais precisamente.
Só que isto não corresponde aos
fatos, porque o governo efetivamente pegou o dinheiro com os bancos oficiais, operação
ilegal, proibida – e os bancos ficaram, sim, com o direito de receber do
governo não por um projeto de crédito, mas por crédito realmente concedido. Segundo,
não corresponde aos fatos porque o dinheiro efetivamente foi transferido para a
conta dos beneficiários finais, e entrou em circulação no mercado, e gerou
votos, muitos votos. Logo, houve operação de crédito sim – a bolsa foi entregue
e os votos foram digitados. Será que o sr. Lodi acredita que os deputados ali
presentes, com exceção da claque petista, iriam acreditar numa explicação tão simplória
e dissociada da realidade? Não é a toa que ele é apenas professor adjunto. E,
pelo que vi, um péssimo orador.
E, já que é para citar JK, Dilma e
Lula jamais poderão repetir outra
frase sua: “Recebi um país convulsionado e entrego um país tranquilo”. Mas há outra frase que Dilma certamente poderia repetir, essa de Warren Beatty [pesquisem]: "Nós roubamos bancos". Com armas, e, agora, com canetas.
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