sábado, 12 de novembro de 2011

NEEMIAS – 9 PRINCÍPIOS PARA SE FAZER A OBRA DO SENHOR

gurupi4Este artigo é a primeira parte de uma palestra sobre Neemias – 9 princípios para a edificação da obra do Senhor.

Palestra preparada para o Congresso Unificado das Sociedades Internas do Presbitério de Belém – PA.

O Antigo Oriente Médio era dominado pela Pérsia, com sua organização política e administrativa dividindo o império em regiões chamadas satrapias e a Palestina pertencia à satrapia Transeufrates [ou depois do Rio Eufrates], junto com a Síria, Fenícia, Canaã e Chipre.

Neemias tinha uma função de confiança junto ao rei Artaxerxes: era seu copeiro. E acabou sendo, por um tempo, uma espécie de vice-governador de uma porção desta satrapia [Ne 2.6-9; 3.7], num evento histórico pois desde 587 a.C. [exílio do rei Sedecias] Jerusalém não abrigava nenhuma autoridade. Isso aconteceu por volta de 430 a.C. Sua missão era: a. fortalecer a comunidade de Jerusalém, preparando-a para a reconstrução; b. reorganizar o povo na terra e na cidade; c. disciplinar o povo de volta às Escrituras e d. corrigir eventuais abusos políticos, econômicos e religiosos.

Percepção das necessidades [1.1-4]

Neemias tinha suas ocupações na corte persa, como ele mesmo afirma, era “copeiro do rei” Artaxerxes, uma função de confiança e ao mesmo tempo muito perigosa, pois cabia-lhe, entre outras coisas, provar a comida e a bebida que era servida ao rei – evitando assim que o mesmo sofresse envenenamento [2.1]. Num ambiente de constantes intrigas palacianas, não era um risco desprezível. Mas o fato é que Neemias tinha acesso ao rei e à rainha, e por isso tinha uma vida que era invejada por muitos. Todavia Neemias não se desligou do seu povo e da sua história. À semelhança de Daniel não perdeu sua identidade no meio de uma nova realidade [Ne 1.1-3]. Apesar de estar na opulenta Susã, uma das capitais imperiais [usada especialmente no inverno por causa do clima mais ameno] o coração de Neemias se enternece com o estado de miséria dos israelitas que ficaram na sua terra, em ‘grande miséria e desprezo’, as muralhas em ruinas, as portas incendiadas e a cidade destruída. Era passado o tempo do exílio, e era necessária a reconstrução de Jerusalém. Mas como aqueles judeus que ficaram na mais absoluta miséria poderiam fazer isso? Os nobres tinham sido levado cativos, o próprio Neemias era de família nobre, como Daniel, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Não havia liderança no meio dos escombros – havia apenas o que poderia haver, uma luta diária pela sobrevivência em condições hostis. No decorrer da narração da historia de Neemias vamos perceber que havia injustiça social, exploração dos judeus pelos próprios judeus, com desigualdade social, exploração, escravismo, sacerdotes e profetas corruptos. Há conflito no que se refere à fé, entre os judeus que não foram pro exílio, os que retornaram com Esdras e os não judeus. Havia uma tentativa de sincretismo por parte de uns e radicalismo por parte de outros, casamentos mistos, alianças por interesses econômicos.

Disposição para a obra [1.11; 2.1-6]

Após buscar a presença de Deus, confessando seus pecados e reconhecendo o pecado de seu próprio povo [pois não podia confessar o pecado de terceiros – confessamos os nossos pecados, intercedemos pelos pecados dos outros. A confissão é sempre fruto do arrependimento individual] Neemias pede ao Senhor que lhe dê “mercê perante o Rei”. Ele havia decidido fazer algo para melhorar a situação do seu povo. Tinha um plano e havia tomado uma resolução. A execução não dependia dele. O texto nos mostra um Neemias resoluto e ao mesmo tempo tenso, preocupado. Como ele convenceria o rei a permitir a reedificação de Jerusalém, uma cidade com um grande histórico de revoltas e guerras? Neemias percebeu que este não era o seu problema. Ele deveria estar disposto a ser o instrumento de Deus para aquela obra. E se fosse da vontade de Deus o rei lhe seria favorável [Ne 2.1-3]. Confiante e preocupado, Neemias aguardou a ocasião propícia, sabedor de que há tempo para tudo debaixo do céu, e não se deve desperdiçar as oportunidades. Entre março e abril de 445 a.C. Neemias é inquirido pelo rei do porque da sua expressão tensa, expôs-lhe o que lhe preocupava o coração, e conseguiu a liberação do rei para viajar, recomendações para que tivesse segurança e recursos materiais para a reedificação da cidade [Ne 2.4-5]. Na verdade, Neemias faz duas viagens, uma em 445 a.C. e outra em 432 a.C.

Avaliação do que precisa ser feito [2.11-15]

Uma vez autorizado a fazer, era agora preciso verificar o que deveria ser feito. Neemias tinha um prazo para fazer a obra, e seus recursos também não eram ilimitados. Para realizar sua obra, ele precisa saber exatamente o que há de ser executado.

E o faz, sem estardalhaço. Chega a Jerusalém sem um projeto, sem saber ainda o que e como deveria fazer. Não é incomum assumir obrigações com uma grande disposição e, na realidade, não ter nenhum planejamento. Ao chegar a Jerusalém Neemias resolve fazer um reconhecimento do terreno para verificar a extensão da obra que tinha que realizar. Ele não conhecera Jerusalém. Tampouco conhecera o templo. Reconstruir uma grande cidade com um "resto de povo" como descrito por Isaías não seria uma tarefa fácil. Exigiria conhecimento do terreno, disposição adequada dos recursos disponíveis. Enfim, exigira planejamento. Neemias deveria saber exatamente o que precisava ser feito. Cada muro, cada porta, cada etapa do trabalho precisava ser cuidadosamente definida.

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