sábado, 12 de novembro de 2011

NEEMIAS – PRINCÍPIOS [4, 5, 6]

Este artigo é a segunda parte de uma palestra sobre Neemias – 9 princípios para a edificação da obra do Senhor.

Não desanimar apesar das dificuldades [2.14]

Neemias circunda a cidade à noite, chegando a um lugar onde nem mesmo o seu animal [provavelmente uma mula] consegue passar. À noite, com pouca gente, sem conhecer direito o terreno, tendo que andar a pé. Eis o momento em que muitos desanimam. Argumentam estarem sós, não enxergarem nada à frente, não terem nem mesmo saída. A maioria desiste. Mas não os homens de fé [II Co 5.07]. A grande Jerusalém, edificada como cidade compacta [Sl 122.3], isto é, protegida por muralhas, não passava de um monte de escombros, mas Neemias, apesar dos escombros, olhava para o que ele sabia ter sido, e para o que poderia ser.

É por isso que ele identifica cada lugar pelo seu nome antigo. Ele não queria perder a historia, mas ao mesmo tempo não estava disposto a deixar que Jerusalém virasse apenas historia. Havia trabalho a ser feito, e ele estava ali para fazer o trabalho. Ele sabia o que havia acontecido, estava disposto a fazer e sabia o que precisava ser feito. Não poderia desanimar. Conhecimento sem ação não resolve problema nenhum. Ação sem conhecimento pode gerar novos problemas.

Rejeitar os descompromissados [2.10; 19-20]

É uma decisão sempre difícil de ser tomada, e às vezes um líder precisa tomar: definir a equipe de trabalho, escolhendo entre aqueles que estão realmente dispostos a fazer a obra e os que estão interessados apenas em "tomar parte". É sempre muito difícil analisar uma equipe e decidir afastar alguém. E o caso de Neemias é ainda mais difícil porque ele estava pronto a reedificar a cidade à partir de um "resto de povo" e deixando de lado pessoas que tinham recursos, influência e auxiliares. Pensemos na situação de Neemias: se você fosse reestruturar uma comunidade, você abriria mão de líderes de grupos inteiros nesta comunidade [Sambalate era líder dos horonitas, Tobias, dos amonitas, Gesém, dos arábios – Ne 2.19]. Eles contavam com a colaboração dos asdoditas [Ne 4.7] – todos estes povos inimigos históricos dos judeus. Talvez muitos estrategistas entendessem que era a hora de uma aliança estratégica, ainda mais que eles tinham dinheiro para comprar apoios [Ne 6.12] e tinham influentes conexões religiosas com os profetas [Ne 6.14] e até mesmo familiares com o sumo sacerdote [Ne 13.28] embora, aparentemente, este não estivesse envolvido com os inimigos de Neemias.

Dividir as tarefas segundo a capacidade de cada um [3.1-32; 4.16-23]

Todo o capítulo 3 é dedicado à honrar aqueles que se dedicaram a reedificar a cidade destruída. Cada trecho de muro, cada porta, cada torre foi entregue a um grupo específico. Neemias antecipa em 25 séculos os princípios administrativos modernos, que identificam a tendência centralizadora imperialista que muitas vezes leva os líderes a se desgastarem desnecessariamente somente porque querem fazer tudo, participar de tudo, quando, na verdade, o que deve ser feito é distribuir tarefas, acompanhar a execução e verificar os resultados. Planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação de uma atividade são essenciais para se atingir as metas propostas.

Veja que, mesmo enquanto praticamente todos estão trabalhando, Neemias continua seu trabalho de direção, identificando os relapsos na obra, como no caso dos "nobres de nascimento" de Tecoa [3.5], contrastando-os com que, ordinariamente, não se envolveria neste tipo de trabalho, as filhas de Haloés [3.12].

Ninguém foi obrigado a fazer mais do que tinha condições – houve aqueles que trabalharam apenas "em frente às suas próprias casas" [3.10, 23] e, embora não saibamos o quanto fizeram, não deixaram brechas, fizeram a sua parte. Quem tinha condições de fazer e não quis também não foi obrigado a fazer.

É interessante notar que todo este trabalho era voluntário – exatamente como as pessoas pensam ser na Igreja. Porque "como as pessoas pensam"? Porque creio que nosso trabalho é serviço a um Senhor – e serviço a um Senhor nunca é voluntário. Só é voluntario nas coisas do Senhor quem não tem Jesus como Senhor. Se ele é Senhor, então o serviço é obrigatório e deixar de fazer a obra confiada é ser servo mau e negligente [Mt 25.26-27]. Também por ser uma obra a serviço e não voluntaria ela não pode ser feita relaxadamente [Jr 48.10]. Guardemos bem isso: não existe serviço voluntario na obra do Senhor. Todo serviço é resposta a uma ordem expressa.

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