quarta-feira, 22 de maio de 2013

PARTE I. PASTOREANDO UMA IGREJA QUE JÁ NÃO EXISTE MAIS

A IGREJA E A BÍBLIA

A Igreja não titubeia, ao menos na maioria dos casos e oficialmente, em afirmar que possui um livro sagrado, que deve ser recebido, conhecido e obedecido como regra absoluta daquilo que não apenas se deve mas somente no que se pode crer.
Colocado de outra maneira, a Igreja tem um livro que normativa aquilo em que se deve crer. É obrigatório que se creia no conteúdo deste livro porque ele tem origem no ser divino que tem autoridade absoluta. Por outro lado este livro também diz aquilo que não se pode aceitar como matéria de fé, aquilo que tem que ser rejeitado - por mais que pareça desejável.
Avancemos. Esta Igreja afirma de maneira oficial que tudo o que ela crê tem como base o registro da vontade de Deus na sua Palavra, a bíblia Sagrada. Para crer como se deve crer existe a necessidade de conhecer, de conhecer bem e profundamente o que já foi revelado, capacitando a Igreja a dizer não diante de dois tipos de inovações: o antibíblico e o extra bíblico.
Ainda existe esta Igreja? Esta Igreja que considera a sua bíblia como fonte absoluta [e não obsoleta] de autoridade para o seu ser e o seu crer? Ela ainda existe realmente?
Lamentavelmente é muito comum que a Palavra seja rebatida, seja rejeitada com argumentos que na verdade não são argumentos, ou seja, frases como “isto que está escrito não tem nada a ver” com as necessidades e com a realidade presente quando suas assertivas não são convenientes.
A bíblia é relegada a uma estranha e passada era, cujos textos precisam ser aceitos somente se estiverem concordando com as aspirações da atualidade do momento vivido pela Igreja segundo a sua perspectiva - desconsiderado a sua vivacidade e eficácia intrínseca.
Dito de outra maneira, é a Igreja que decide o que, na bíblia, é  aceitável, ao invés de recebe-la como orientação para corrigir-se e, finalmente, tornar-se aceitável diante de seu autor, Deus.
Quando a bíblia diz “isto não pode” a Igreja tem lido “isso não podia”, mas hoje todo mundo faz. Pessoas são tomadas como fonte de autoridade porque avalizaram interesses e opiniões que se quer referendar - e se estas opiniões são contrárias às Escrituras o prejuízo é da autoridade das Escrituras. “Fulano fez” ou “beltrano diz” tem mais peso do que “a bíblia diz”.
O cristão deve  buscar fazer parte desta Igreja que ainda tem a bíblia sendo reconhecida como Palavra de Deus, e, por isso, recebida como normativa absoluta. Não apenas buscar encontra-la. Mas ser parte do processo de torna-la o que ela deveria e ainda deve ser.
Os pastores precisam ser proclamadores da Palavra de Deus como aquilo que ela é, a Palavra de Deus. O pastor que a Igreja precisa é aquele que se limita a proclamar toda a verdade de Deus, e que não vá além do que está na Palavra, com toda a fidelidade que lhe foi possível, ao custo que lhe for cobrado, qualquer que seja ele.
Para termos esta Igreja os seus líderes, especialmente os regentes, precisam se empenhar em conhecer esta palavra revelada, em tê-la como autoridade absoluta tanto no governo da comunidade quanto no ensino, cobrando do docente o ensino fiel e a capacitação para serem eles também aptos para ensinar e, sendo conhecedores, estarem em condições de apoiar decisões baseadas nas Escrituras - mas não apenas conhecedores, mas praticantes da Palavra.
O que se aplica aos presbíteros aplica-se igualmente aos diáconos e a toda a membresia. Muitos pensam, erroneamente, que o diaconato é o primeiro passo para alcançar o presbiterato e não como uma preciosa oportunidade de serviço. A Igreja precisa cobrar de sua liderança que ela seja bíblica, que lhe ensine a Palavra com fidelidade - e, quando receber isto, quando receber alimento oriundo da Palavra, quando receber água pura, vai nutrir-se dela e vai produzir segundo a fonte da qual se tem nutrido.
A Igreja deve buscar liderança bíblica - infelizmente tem buscado uma liderança legal, divertida, presbíteros amigáveis e familiares, que sejam seu espelho e não os governantes colocados por Deus para dirigi-los. A Igreja que não tem liderança bíblica vai ser destruída por falta de conhecimento [Os 4.6: O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos]. Destruída como Igreja, ainda que permaneça de pé como instituição, terá uma liderança mundana, que reproduzirá uma Igreja mundana.
Uma liderança sem bíblia produzirá uma igreja sem bíblia. Uma Igreja sem bíblia não é legitima Igreja. Uma Igreja sem bíblia é uma Igreja que não existe mais.

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