DA FÉ PARA A RELIGIOSIDADE
A bíblia relata a história da
arca da aliança, desde o momento em que ela é feita por Bezaleel, segundo o
modelo dado por Deus a Moisés no Sinai até quando ela é levada para dentro do
templo construído por Salomão – desaparecendo quando este mesmo templo é
destruído. Ela não é mencionada entre os objetos presentes no segundo templo.
Ex 25.10 Também
farão uma arca de madeira de acácia; de dois côvados e meio será o seu
comprimento, de um côvado e meio, a largura, e de um côvado e meio, a altura. 11
De ouro puro a cobrirás; por dentro e por fora a cobrirás e farás sobre ela uma
bordadura de ouro ao redor. 12 Fundirás para ela quatro argolas de
ouro e as porás nos quatro cantos da arca: duas argolas num lado dela e duas
argolas noutro lado. 13 Farás também varais de madeira de acácia e
os cobrirás de ouro; 14 meterás os varais nas argolas aos lados da
arca, para se levar por meio deles a arca. 15 Os varais ficarão nas
argolas da arca e não se tirarão dela. 16 E porás na arca o
Testemunho, que eu te darei.
A arca aparece com relevante
papel em vários momentos importantes da conquista de Canaã, como, por exemplo,
na travessia do rio Jordão.
Js 3.14 Tendo
partido o povo das suas tendas, para passar o Jordão, levando os sacerdotes a
arca da Aliança diante do povo; 15 e, quando os que levavam a arca
chegaram até ao Jordão, e os seus pés se molharam na borda das águas (porque o
Jordão transbordava sobre todas as suas ribanceiras, todos os dias da sega), 16
pararam-se as águas que vinham de cima; levantaram-se num montão, mui longe da
cidade de Adã, que fica ao lado de Sartã; e as que desciam ao mar da Arabá, que
é o mar Salgado, foram de todo cortadas; então, passou o povo defronte de
Jericó. 17 Porém os sacerdotes que levavam a arca da Aliança do
SENHOR pararam firmes no meio do Jordão, e todo o Israel passou a pé enxuto,
atravessando o Jordão.
Ela reaparece quando Jericó é
tomada, apesar de ser cidade fortificada e estar rigorosamente fechada para
opor-se aos hebreus recém-saídos do Egito.
Js 6.2 Então,
disse o SENHOR a Josué: Olha, entreguei na tua mão Jericó, o seu rei e os seus
valentes. 3 Vós, pois, todos os homens de guerra, rodeareis a
cidade, cercando-a uma vez; assim fareis por seis dias. 4 Sete
sacerdotes levarão sete trombetas de chifre de carneiro adiante da arca; no
sétimo dia, rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as
trombetas. 5 E será que, tocando-se longamente a trombeta de chifre
de carneiro, ouvindo vós o sonido dela, todo o povo gritará com grande grita; o
muro da cidade cairá abaixo, e o povo subirá nele, cada qual em frente de si.
Ainda nos dias de Josué ela é
colocada diante do povo, como importante testemunha da aliança entre eles e
Deus, no monte Ebal.
Js 8.30 Então,
Josué edificou um altar ao SENHOR, Deus de Israel, no monte Ebal, 31
como Moisés, servo do SENHOR, ordenara aos filhos de Israel, segundo o que está
escrito no Livro da Lei de Moisés, a saber, um altar de pedras toscas, sobre o
qual se não manejara instrumento de ferro; sobre ele ofereceram holocaustos ao
SENHOR e apresentaram ofertas pacíficas. 32 Escreveu, ali, em
pedras, uma cópia da lei de Moisés, que já este havia escrito diante dos filhos
de Israel. 33 Todo o Israel, com os seus anciãos, e os seus
príncipes, e os seus juízes estavam de um e de outro lado da arca, perante os
levitas sacerdotes que levavam a arca da Aliança do SENHOR, tanto estrangeiros
como naturais; metade deles, em frente do monte Gerizim, e a outra metade, em
frente do monte Ebal; como Moisés, servo do SENHOR, outrora, ordenara que fosse
abençoado o povo de Israel.
Depois ela foi transportada
para Betel, depois para Silo no tempo dos Juízes, onde permaneceu até tomar
parte em mais um importante evento da história religiosa hebraica.
RELIGIOSIDADE, SEGUNDO A
MODA DA ÉPOCA
I Sm 2:12 Eram,
porém, os filhos de Eli filhos de Belial e não se importavam com o SENHOR.
Como ela aparecia em momentos
marcantes, os filhos de Eli, religiosos mas não crentes, acreditavam que,
levando a arca para o meio do arraial, teriam consigo a presença abençoadora de
Deus. Ao invés de crentes eram filhos de crente, segundo a carne, e homens de
coração ímpio, e seguiam os costumes pagãos de levarem seus ídolos para o campo
de batalha, de maneira que obtinham assim importante efeito psicológico. Com a
presença da arca e o novo ânimo injetado nos hebreus até mesmo os filisteus
ficaram com medo.
I Sm 4:7 E se
atemorizaram os filisteus e disseram: Os deuses vieram ao arraial. E diziam
mais: Ai de nós! Que tal jamais sucedeu antes.
Mas Deus não tem compromisso com
religiosidade, e sim com corações realmente tementes a ele. A mera
religiosidade, a simples formalidade de ter a arca e dois sacerdotes não foi
suficiente para dar vitória ao exército israelita, resultando na morte de
Hofni, Finéias e também de Eli.
I Sm 4.10
Então, pelejaram os filisteus; Israel foi derrotado, e cada um fugiu para a sua
tenda; foi grande a derrota, pois foram mortos de Israel trinta mil homens de
pé. 11 Foi tomada a arca de Deus, e mortos os dois filhos de Eli,
Hofni e Finéias.
Aparentemente os judeus não
aprenderam, pois, mais tarde, confiavam mais em estruturas do que no próprio
Senhor – evidentemente porque sabiam que não o temiam e não contavam com o seu
auxílio.
Jr 7.3 Assim
diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Emendai os vossos caminhos e as
vossas obras, e eu vos farei habitar neste lugar. 4 Não confieis em
palavras falsas, dizendo: Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR
é este.
DEUS NÃO É LIMITADO PELA
FALHA RELIGIOSIDADE HUMANA
A arca foi levada pelos
filisteus e estes, segundo a moda religiosa prevalecente, a colocaram como
oferenda dentro do templo de seu deus, Dagom, em Asdode.
I Sm 5.1 Os
filisteus tomaram a arca de Deus e a levaram de Ebenézer a Asdode. 2
Tomaram os filisteus a arca de Deus e a meteram na casa de Dagom, junto a este.
Após impressionantes
acontecimentos, como a imagem de Dagom prostrada e aos pedaços diante da arca,
e, posteriormente, sete meses de praga de úlceras sobre os filisteus,
especialmente em Gate e Ecrom, entenderam que era a mão de Deus que era maior
que o poder de Dagom, e assim, logo resolvem mandar a arca de volta para o
território hebreu.
I Sm 6.2 Estes
chamaram os sacerdotes e os adivinhadores e lhes disseram: Que faremos da arca
do SENHOR? Fazei-nos saber como a devolveremos para o seu lugar. 3
Responderam eles: Quando enviardes a arca do Deus de Israel, não a envieis
vazia, porém enviá-la-eis a seu Deus com uma oferta pela culpa; então, sereis
curados e sabereis por que a sua mão se não tira de vós.
DEUS MOSTRA SUA VONTADE
Para que a arca retornasse para
Israel e eles tivessem certeza que os males que vieram sobre eles eram mesmo o
juízo de Deus, os filisteus lançaram mão de um estratagema.
I Sm 6.7 Agora,
pois, fazei um carro novo, tomai duas vacas com crias, sobre as quais não se
pôs ainda jugo, e atai-as ao carro; seus bezerros, levá-los-eis para casa. 8
Então, tomai a arca do SENHOR, e ponde-a sobre o carro, e metei num cofre, ao
seu lado, as figuras de ouro que lhe haveis de entregar como oferta pela culpa;
e deixai-a ir. 9 Reparai: se subir pelo caminho rumo do seu
território a Bete-Semes, foi ele que nos fez este grande mal; e, se não,
saberemos que não foi a sua mão que nos feriu; foi casual o que nos sucedeu.
DEUS NÃO ACEITA
IRREVERÊNCIA
As vacas levaram a arca e as
ofertas até Bete-Semes, onde se ofereceu sacrifício ao Senhor, mas logo a
alegria deu lugar à tristeza porque muitos bete-semitas foram mortos ao olhar,
irreverentemente, para dentro da arca.
I Sm 6.19 Feriu
o SENHOR os homens de Bete-Semes, porque olharam para dentro da arca do SENHOR,
sim, feriu deles setenta homens; então, o povo chorou, porquanto o SENHOR
fizera tão grande morticínio entre eles.
De Bete-Semes a arca foi
levada a Quiriate-Jearim, onde ficou por 20 anos. Neste período Israel obteve
importantes vitorias militares, debilitando os filisteus e, inclusive,
conquistando as cidades de Gate e Ecrom, onde a arca havia passado.
UM CORAÇÃO SEGUNDO DEUS
SEGUINDO A MODA FILISTÉIA
Somente nos dias de Davi
encontramos menções importantes sobre a arca do Senhor – até que este resolve
levá-la a Jerusalém. E resolveu fazê-lo à moda filisteia, isto é, de acordo com
o modelo que os filisteus encaminharam a arca de Ecrom até Bete-Semes.
II Sm 6.2
Dispôs-se e, com todo o povo que tinha consigo, partiu para Baalá de Judá, para
levarem de lá para cima a arca de Deus, sobre a qual se invoca o Nome, o nome
do SENHOR dos Exércitos, que se assenta acima dos querubins. 3
Puseram a arca de Deus num carro novo e a levaram da casa de Abinadabe, que
estava no outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo. 4
Levaram-no com a arca de Deus, da casa de Abinadabe, que estava no outeiro; e
Aiô ia adiante da arca. 5 Davi e toda a casa de Israel alegravam-se
perante o SENHOR, com toda sorte de instrumentos de pau de faia, com harpas,
com saltérios, com tamboris, com pandeiros e com címbalos.
O MODO DOS HOMENS
Quando um não crente faz
coisas diferentes daquilo que o Senhor prescreveu, ele age segundo a sua
ignorância. É uma desobediência, mas uma desobediência causada pela ignorância.
Mas quando Davi resolve não seguir o exemplo dos homens de Quiriate-Jearim, de
acordo com a ordenança de Deus por intermédio de Moisés aos coatitas, temos uma
desobediência consciente, e isto certamente será desaprovado por Deus.
I Cr 15:15 Os
filhos dos levitas trouxeram a arca de Deus aos ombros pelas varas que nela
estavam, como Moisés tinha ordenado, segundo a palavra do SENHOR.
O MODO DE DEUS
Mesmo que seja funcional, não
é aceitável fazer como o mundo faz – Deus tem uma forma de trabalhar com seu
povo que não é meramente utilitarista, mas que faz com que seu povo lhe
demonstre a devida obediência.
Sl 119:4 Tu
ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca.
Deus ordena que seja feito do
seu jeito não porque seja mais fácil ou tenha melhores resultados – mas porque
é a expressão de sua vontade que é boa, perfeita e agradável, e resultará em
benefícios eternos para os obedientes.
Rm 12:2 E não
vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de
Deus.
O RESULTADO DA
DESOBEDIÊNCIA
Quando Davi fez como os
filisteus, mesmo sendo ele o homem segundo o coração de Deus, lamentavelmente,
apesar das boas intenções de seu coração, o resultado foi catastrófico, o que
nos adverte que boas intenções ou sacrifícios não bastam, pois Deus quer é que
sejamos obedientes.
II Sm 6.6
Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus e a segurou,
porque os bois tropeçaram. 7 Então, a ira do SENHOR se acendeu
contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu ali junto à arca
de Deus.
Desgostoso, Davi não quis
levar a arca a Jerusalém, encaminhando-a à casa de Obede-Edom, provavelmente da
maneira certa.
II Sm 6.8
Desgostou-se Davi, porque o SENHOR irrompera contra Uzá; e chamou aquele lugar
Perez-Uzá, até ao dia de hoje. 9 Temeu Davi ao SENHOR, naquele dia,
e disse: Como virá a mim a arca do SENHOR? 10 Não quis Davi retirar
para junto de si a arca do SENHOR, para a Cidade de Davi; mas a fez levar à
casa de Obede-Edom, o geteu.