ORAÇÃO NO BREVE CATECISMO –
TODOS OS TEXTOS EM UM SÓ LINK
sexta-feira, 31 de julho de 2015
P. 107. BREVE CATECISMO - QUE NOS ENSINA A CONCLUSÃO DA ORAÇÃO DOMINICAL?
R.
A conclusão da Oração Dominical, que é: "Porque Teu é o reino, o poder e a
glória, para sempre. Amém", ensina-nos que na Oração devemos confiar
somente em Deus, e louvá-lo em nossas orações, atribuindo-Lhe reino, poder e
glória. E em testemunho do nosso desejo e certeza de sermos ouvidos, dizemos:
Amém.
Dn 9.18-19; Fp 4.6; I Cr 29.11-13; I
Co 14.16; Ap 22.20-21
A
conclusão da oração ensinada pelo Senhor é tanto uma doxologia, uma forma de
louvor e exaltação, como, também, um reconhecimento de que aquilo que pedimos a
Deus, segundo a sua vontade, será concedido. A prática de louvar a Deus no fim
das orações não era incomum entre os hebreus, como vemos em Davi (I
Cr 29.10-13), em diversos salmos que concluem com a expressão
"Aleluia", que significa louvado seja o Senhor, sempre no singular.
EXPRESSÃO
DE LOUVOR
Esta expressão de louvor doxológica foi mantida na
Igreja cristã (Ap 5.9-10). Os cristãos primitivos
consideravam tão seriamente a filiação divina que somente os crentes professos
tinham o privilégio de participarem da oração comunitária doxológica, segundo
atesta Cirilo de Jerusalém (350 d.C.).
CIDADÃOS
DE UM OUTRO REINO
Ninguém
podia, em tempos de perseguição como foram os três primeiros séculos da Igreja
cristã, admitir publicamente que havia um reino além do reino de César, que
havia um outro imperador que não o César romano. Ninguém, a não ser os
verdadeiros cristãos (I Co 12:3) numa atitude que podia
significar a morte. Mas os cristãos faziam-no (Fp 2:11) porque temiam
muito mais aquele que pode enviar para o inferno corpo e espírito (Mt
10:28).
CIDADÃOS
DE DOIS REINOS
Não havia necessidade de antagonismo entre César e
Cristo, pois Cristo havia dito claramente que seu reino não é deste mundo (Jo
18:36) mas César, como usurpador que queria ser adorado como Deus, não aceitava
a dupla cidadania cristã – e estes optavam pelo reino mais importante, o dos
céus, porque este era eterno (Lc 12.32-34).
NOSSO
VERDADEIRO REINO
Como cidadãos dos céus, concidadãos dos santos e
membros da família de Deus não podemos perder tempo amando as coisas deste
reino que não é nosso (Ef 2:19), portanto, as coisas que este
reino valoriza não devem ocupar o nosso coração porque elas fazem mal (I
Pe 2:11). Entretanto, enquanto estivermos neste reino, aguardando o reino
vindouro, devemos ter uma postura irrepreensível (I
Pe 1:17) agir como embaixadores (II Co 5:20) deste reino
não envergonhando aquele que nos enviou como suas testemunhas (At
1:8).
AS
CARACTERÍSTICAS DESTE REINO
O reino de Cristo não é deste mundo, não é comida,
nem bebida, nem filosofia nem absolutamente nada
que o homem possa produzir (Rm 14:17). O que é este reino, então.
UM
REINO PODEROSO
Jesus fez questão de afirmar
aos seus discípulos que todo o poder lhe foi dado (Mt
28:18), cumprindo as profecias de Isaías (Is 40:10), que, já
cumpridas em Cristo, em breve serão cumpridas integralmente em nossas vidas (Mt
24:30) e, então, poderemos usufruir da plenitude deste reino (Ap
11:17).
UM
REINO GLORIOSO
Jesus
afirma que seu reino será um reino glorioso (II Tm 4:18), e é este reino pelo qual
almejamos, que desejamos ver chegar em sua plenitude e experimentar com grande
gozo (Jd 1:25). Ao tentar Jesus satanás lhe prometeu as glórias dos
reinos da terra (Mt 4.8-9). O problema é que tudo lhe
pertencia por direito de criação e, no tempo próprio, tudo lhe seria entregue sem
que precisasse se dobrar perante o usurpador. Ele receberia a
glória dos reis da terra (Ap 21:24) e também a das nações (Ap
21:26).
UM
REINO ETERNO
Diferente
das coisas passageiras do mundo (Mt 24:35) o reino de
Cristo, do qual fazemos parte e para onde nos dirigimos. Diferente dos grandes
impérios que caíram, o reino de Cristo terá a seu serviço todos os reinos do
mundo (uma figura de linguagem para expressar grandeza) e com duração eterna (Dn
7:27). É neste reino que estaremos (II Pe 1:11),
eternamente, pois, nele, até a morte estará vencida (I
Co 15:26).
domingo, 26 de julho de 2015
CABRITOS NUNCA OUVEM O PASTOR - Mc 2.18-28
18 Ora, os discípulos de João
e os fariseus estavam jejuando. Vieram alguns e lhe perguntaram: Por que motivo
jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não
jejuam? 19 Respondeu-lhes Jesus:
Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está
com eles? Durante o tempo em que estiver presente o noivo, não podem jejuar. 20 Dias
virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão.
21 Ninguém costura remendo de
pano novo em veste velha; porque o remendo novo tira parte da veste velha, e
fica maior a rotura. 22 Ninguém põe
vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se
perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos.
23 Ora, aconteceu atravessar
Jesus, em dia de sábado, as searas, e os discípulos, ao passarem, colhiam
espigas. 24 Advertiram-no os
fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados? 25 Mas ele lhes respondeu: Nunca lestes
o que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus
companheiros? 26 Como entrou na Casa
de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os
quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes, e deu também aos que estavam
com ele?
27 E acrescentou: O sábado foi
estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; 28 de sorte que o Filho do Homem é
senhor também do sábado.
Nos
primeiros momentos do ministério de Jesus parecia que um dilema iria se impor
na mente dos que o acompanhavam – de um lado, os religiosos, com suas regras e
suas cobranças, atando pesados fardos sobre os homens (Mt 23:4) mesmo sendo, eles próprios, incapazes de cumprir
integralmente a lei. Vigiavam os homens com olhos de águia, mas eram cegos como
morcegos para a dureza de seus próprios corações. Coavam mosquitos na vida dos
outros, mas deixavam passar camelos em suas próprias (Mt 23:24).
Quando
veem Jesus agindo diferente, evangelizando os pobres, cuidando dos enfermos,
alcançando com graça os perdidos e desprezados pelos próprios religiosos (Jr 50:) eles se indignam. Queriam ser o
centro das atenções, queriam ser o modelo de seguidores da lei e dos profetas,
mas não passavam de sepulcros caiados, filhos (no sentido de seguidores) dos
assassinos dos profetas que vieram antes deles.
Jesus
significa uma nova forma de olhar para Deus, significava liberdade da
escravidão à lei e uma nova forma de relacionamento do homem com Deus – mais
leve que a que eles ofereciam, menos opressiva que a religião baseada
interpretações meticulosas dos mandamentos do Senhor – não que nos mandamentos
houvesse algo errado (I Jo 5:3), mas
porque eles não eram entendidos corretamente.
Porque,
então, eles não se alegravam com o que Jesus lhes oferecia? Porque eles não se
alegravam com os que eram curados? Porque não louvavam a Deus, como tantos que
acompanhavam os atos e ditos de Jesus, por seu ensino maravilhoso, por seus
atos de misericórdia? A resposta é dada pelo próprio Senhor Jesus – eles não
eram das ovelhas de Jesus (Jo 10:26),
não podiam ser contados entres os bem aventurados que creram em Jesus (Jr 6:10).
Ao
invés de atenderem ao chamado de Jesus para irem a ele e encontrarem descanso (Mt 11:28) preferem a escravidão
religiosa e, ao invés de beijarem o Filho (Sl
2:) preferem servir ao seu “pai” (Jo
8:44).
Lamentavelmente,
ao invés de seguirem ao Senhor Jesus, eles se colocam como opositores de Jesus.
Não querem ser seus discípulos, preferem se apresentar como seus censores – a
criatura censurando o criador, os intérpretes censurando o autor. E, pior que
tudo, ao invés de se ajudarem, preferem espalhar (Lc 11:23). Não queriam seguir a Jesus e preferiam impedir outros
que poderiam desejar segui-lo, como faziam os inimigos de Paulo e do evangelho
(I Ts 2.14).
E o
que Jesus tem a dizer em relação a isto? Não, ele não está interessado, nunca
esteve, em convencer os que não são das suas ovelhas, ele sabe que elas são
incapazes de ouvirem a sua voz (Jo 10:27),
mas, ao serem repreendidas, ao terem acesso ao seu ensino, tornam-se
indesculpáveis em sua incredulidade (Jo
9:41). Mas o que Jesus tem a dizer para você? Você quer ouvir o que Jesus
tem a lhe dizer? Então, vamos ao evangelho.
A RELIGIOSIDADE
NUNCA É SUBSTITUTO ADEQUADO PARA A FÉ
18 Ora, os discípulos de João
e os fariseus estavam jejuando. Vieram alguns e lhe perguntaram: Por que motivo
jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não
jejuam? 19 Respondeu-lhes Jesus:
Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está
com eles? Durante o tempo em que estiver presente o noivo, não podem jejuar. 20 Dias virão, contudo, em que lhes
será tirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão.
21 Ninguém costura remendo de
pano novo em veste velha; porque o remendo novo tira parte da veste velha, e
fica maior a rotura. 22 Ninguém põe
vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se
perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos.
Marcos
registra que os fariseus e os discípulos de João estavam, naqueles dias,
jejuando. As razões podem ser diversas. Os discípulos de João provavelmente
tinham uma calamidade diante de si (a prisão ou até a morte do batista) e os
fariseus tinham suas tradições e consideravam o ápice da religiosidade jejuarem
duas vezes por semana (Lc 18:12)
porém faziam questão de ganharem créditos no banco da popularidade por causa
disso (Mt 6:16).
É
provável que estes dois grupos, juntos, fariseus e batistas, tenham vindo a
Jesus para questionar o fato de que ele comia alegremente com publicanos e com
os pecadores, mas não jejuava como os demais. Traziam uma exigência de suas
tradições e preocupações particulares como se estas fossem a agenda de Deus
para seu povo. Qual o propósito de Jesus, então, se ele não viera para trazer
os pecadores e publicanos à religião tradicional? Por qual motivo eles se
achavam no direito de não jejuarem, quebrando as tradições? O problema
subjacente é que o jejum habitual e fora do tempo de calamidade era apenas uma
tradição, não era exigido pela lei do Senhor do qual apenas o dia da expiação,
tradicionalmente, era dedicado ao jejum legal (Lv 16.29-34) e o jejum hipócrita era apenas uma ofensa a Deus, como
se estivessem tentando enganar ao Senhor – ou, na verdade, enganar ao povo por
uma religiosidade aparente, mas não piedosa (II Tm 3:5).
A
pergunta é: deviam aqueles que tinham motivos para festejar jejuarem? Deviam
aqueles que haviam encontrado o salvador jejuar? Deviam aqueles que tinham
segurança e paz jejuar como quem vivia em tempo de juízo e guerra? Deviam
aqueles que se alegravam no Senhor (Sl
97:12) agir como quem estava triste? E, ainda que jejuassem, deviam mostrar
para todos que estavam jejuando (Mt 6:16)?
A
resposta de Jesus é: quem está celebrando a chegada do noivo, quem está na
presença daquele que era esperado e finalmente chegou deve festejar. Não que
não devam jejuar – na verdade, é mais que isso, devem se alegrar, o caso é que
não lhes é permitido, nem é imposto pela lei nem permitido pelos costumes,
jejuar.
Sim,
é lícito aos cristãos jejuarem. Jesus não é contra o jejum – mas não em sua
presença, não enquanto é motivo de celebração por sua chegada e a instauração
de seu reino. Como celebrar uma vitória com jejum? Como celebrar a chegada do
rei, do messias, com aquilo que é um sinônimo de apreensão e tristeza? Não, não
era o tempo, não naqueles dias.
Jesus
continua dizendo que não se deve inventar motivos novos para tentar
complementar a lei que já foi dada. Remendo novo em pano velho, e vinho ainda
em processo de fermentação em odres já ressequidos só resulta em dano ainda
maior – e os fariseus sabiam muito bem do que Jesus estava falando. Eles
requeriam jejuns literais em várias ocasiões: do nascer ao por do sol (Jz 20.26); por sete dias (I Sm 31:13); três semanas (Dn 10:3); no quinto e sétimo mês (Zc 7:5) e no quarto, quinto, sétimo e
décimo mês (Zc 8:19).
O
problema dos fariseus era, na verdade, acabarem invalidando a palavra de Deus
por causa de suas tradições que se tornavam em laços de escravidão (Mc 7:13).
A RELIGIOSIDADE
NUNCA É UM CUMPRIMENTO ADEQUADO DA VONTADE DE DEUS
23 Ora, aconteceu atravessar
Jesus, em dia de sábado, as searas, e os discípulos, ao passarem, colhiam
espigas. 24 Advertiram-no os
fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados? 25 Mas ele lhes respondeu: Nunca lestes
o que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus
companheiros? 26 Como entrou na Casa
de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os
quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes, e deu também aos que estavam
com ele?
Já
dissemos que os religiosos profissionais não conheciam a Jesus porque não
queriam reconhecê-lo como o que ele era: o messias, o enviado por Deus para
salvação de todo aquele que nele cresse (Jo
3:36). Eis aqui o mais preciso diagnóstico do problema da religiosidade –
ela cega a tal ponto que, sob o pretexto de zelo pelas coisas de Deus (Rm 10:2) estabelece-se, na verdade, uma
atitude de franca rebeldia.
Eles,
junto com a multidão, seguiam a Jesus – e viram algo que, acreditavam,
desacreditaria profundamente Jesus e seus discípulos perante o povo: de
passagem por um campo, eles colheram espigas num dia de sábado. Não havia nada
de anormal em um transeunte colher algumas espigas, desde que não usasse uma
foice (Dt 23:25), em um campo
qualquer – isso era lícito. Mas colher espigas (trigo ou cevada) e,
esmagando-as com as mãos, comê-las, era visto como uma quebra do mandamento de
não trabalhar no sábado.
Depois
de terem sido duramente “ensinados” por Jesus, eles acreditaram que, agora,
poderiam reprovar ao Senhor sem medo de serem, mais uma vez, envergonhados
publicamente. Eles advertiram Jesus, literalmente exortaram com reprovação:
Veja… olha só… e agora… seus discípulos, aqueles que te seguem, estão colhendo
espigas… estão fazendo, no sábado, o que não é lícito, o que é ilegal fazer.
Quem lhes permitiu fazerem isso? Quem os ensinou? Eles são discípulos de quem?
Eles estão quebrando o mandamento. O que você tem a nos dizer?
O
sábado era tido como um dos fundamentos da existência de Israel (Ez 20:12). Os judeus se apegavam tanto
à guarda do sábado que quase deixam de existir quando da revolta dos macabeus –
durante algum tempo recusavam a se defender se o inimigo os atacasse no sábado,
mas logo perceberam que a sobrevivência dependia de um entendimento
diferenciado a respeito de como guardar o dia do Senhor. E defender sua vida e
a vida dos seus familiares certamente entraria naquilo que se podia fazer no
sábado, aliás, isso não era proibido, proibido era fazer o trabalho regular no
dia do Senhor.
A
guarda do sábado era um distintivo dos crentes, e era quase impossível aos
publicanos e pecadores guardarem-no por causa da natureza de seu trabalho em
uma região dominada pelos gentios que não tinham os mesmos escrúpulos dos
judeus. Para responder aos religiosos Jesus cita as Escrituras, censurando-os
por não conseguirem entende-la corretamente. Jesus lhes diz que eles nunca
tiveram um conhecimento adequado da palavra de Deus, embora se gabassem de
serem conhecedores e guardadores da lei. E lhes cita um exemplo: o rei Davi.
Perseguido
por seu sogro, o rei Saul, Davi passa por Nobe e recebe das mãos do sacerdote
Abiatar os pães da proposição, ou pães da presença do Senhor. Eram 12 pães que
representavam cada uma das doze tribos de Israel, e eram colocados na mesa,
defronte ao santo dos santos, aos sábados e só eram retirados no sábado
seguinte. Somente os sacerdotes era permitido comê-los. Nem mesmo os demais
levitas tinham este privilégio. Mas Davi teve. Como os fariseus explicariam
isso? A resposta: tudo em torno da lei visa o bem estar do homem, seja o seu
bem estar espiritual em seu relacionamento com Deus, seu bem estar físico e
emocional em seu descanso e seu bem estar relacional, com seus semelhantes,
indicando o tríplice mandato dado por Deus ao homem no Éden – o mandato
espiritual, cultural e social.
Jesus
faz uma analogia entre ele e Davi (e, evidentemente, Davi é, nas escrituras, em
inúmeras passagens, um tipo de
Cristo) e os seguidores de Davi e os seus discípulos. Se a Davi, por causa de
uma necessidade (quando teve fome) foi permitido comer dos pães da presença do
Senhor mesmo não sendo sacerdote (era rei e profeta) e dar aos seus discípulos,
porque a ele, o antítipo, a
realidade, não seria permitido comer ou deixar seus discípulos comerem na
presença do Senhor, mesmo colhendo as espigas no sábado? Se Davi não pôde
passar fome, porque aos seguidores do pão da vida seria imposto esta exigência?
Lembremos,
mais uma vez, o propósito da lei: ela foi dada para o bem do homem. Tudo na lei
tem como objetivo conduzir o homem a Deus. Tudo quanto foi escrito foi escrito
para nossa instrução e para o nosso bem. A disposição a respeito da colheita
com as mãos nas bordas dos campos foi dada para que ninguém passasse fome nas estradas. Era uma disposição de
misericórdia – assim como o sábado era uma disposição da misericórdia de Deus
visando ao bem estar espiritual, emocional e físico do homem.
Os
discípulos colheram e comeram as espigas por terem fome – era a satisfação de
uma necessidade essencial, não era um trabalho. Davi e seus seguidores comeram
dos pães da proposição porque tinham fome, não deveriam morrer de fome assim
como não deveriam morrer nas mãos de Saul. De novo, afirmo que ninguém deve
sofrer por causa da lei do Senhor – e Jesus escolhe Davi para ser o modelo
porque os judeus o tinham na mais alta conta, logo, se ele, Jesus, fazia algo
semelhante a Davi, os judeus não estavam seguindo o exemplo de Davi – podiam
ser considerados apostatas ou, no mínimo, ignorantes, como Jesus os chama.
RELIGIÃO X FÉ – UM
DILEMA INEXISTENTE
Às
vezes ouço debates sobre um dilema entre ser religioso ou ser crente. Isto não
é procedente. Todo crente é religioso – o verdadeiro dilema é entre uma
religiosidade como a dos fariseus, sem conhecimento cristalino da Palavra de
Deus, baseada em tradições vazias e vãs, obscurecidos de entendimento por terem
corações endurecidos (Ef 4:18) e
absolutamente cegos para a verdade espiritual que é colocada diante dos teus
olhos por sua sujeição ao diabo (Jo
12:40).
Porque
os escribas encontravam dificuldades para crer no Senhor Jesus? Porque eram
simplesmente adeptos de uma forma de religiosidade, mas não estavam dispostos a
serem religados com Deus mediante Jesus Cristo (II Co 5:18). Cristo era e é o único meio de alguém estar em paz com
Deus (Rm 5:1) e não receber a Cristo
é rejeitar o único caminho de reconciliação, o único meio de estar em paz com
Deus, a única forma de obter a salvação (At
4:12).
Para
ilustrar esta escravidão religiosa Jesus lhes diz que eles eram escravos do
sábado, e ele, Jesus, era Senhor do sábado. Ora, Deus chama o sábado, por
diversas vezes, de meus sábados (15 vezes, como em Êx 31:13), e o sábado é chamado de sábado do Senhor (4 vezes, como
em Lv 23:3).
Jesus
lhes diz duas coisas surpreendentes:
i.
O sábado, as leis, tudo o que Deus deu foi para beneficio do homem, e
nada foi dado para escravizar o homem, já bastando sua escravidão ao pecado;
ii.
Ele se identifica como o filho do homem, título de significado
escatológico (Dn 7:13) e senhor (termo
usado para identificar o próprio Deus - neste caso, ainda mais, por estar em
conexão com o senhorio sobre o sábado - em inúmeras passagens
neotestamentárias) do sábado.
Em
conexão com o sábado, com o jejum e com o perdão de pecados, não podia restar
nenhuma dúvida de que Jesus era, de fato, o messias prometido. Não podia restar
duvidas na mente dos ouvintes, independente do fato de serem seguidores de
Jesus, de João Batista ou dos fariseus, que Jesus realmente se apresentava como
o enviado de Deus e era capaz de ações que só o enviado de Deus poderia ser
capaz de fazer. E porque, ainda assim, não criam?
Porque
eles eram iguais a mim e a você. Porque eles estavam mortos espiritualmente e,
embora tendo olhos e ouvidos, eram incapazes de ver e de entender (Mt 13:13) e, vendo e entendendo, viessem
a ase converter e fossem salvos (Mt
13:15).
Deixe-me
perguntar-te uma coisa: você tem alguma dúvida sobre o que estou lhe dizendo?
Você tem dúvidas a respeito da identidade de Jesus? Você duvida que Jesus seja,
de fato, o filho de Deus? Então, porque você não para de agir como os fariseus?
Porque não para de agir como os escribas? Porque você, aqui e agora, não se
rende aos pés do Senhor Jesus e faz como Tomé, reconhecendo-lhe a divindade e o
senhorio (Jo 20:28)?
Vinte
anos depois disso Paulo teve que dizer as mesmas coisas, agora com uma palavra
final de julgamento (Jo 1:11) a um
grupo de enviados dos judeus, em Roma, a centenas de quilômetros da Judéia (At 28:27-28).
Dois
mil anos depois e ainda há quem não creia – e você? Você crê? Se você tem
Jesus, você pode fazer como os discípulos de Jesus, ao invés de viverem como
escravos da religiosidade, com os corações endurecidos e obscurecidos de mente,
você pode se alegrar na presença do Senhor. Eles celebravam a chegada do noivo,
e, como era costume, os amigos do noivo não apenas se alegravam como faziam de
tudo para que todos os demais se alegrassem naquele momento. Um casamento não
era momento para tristezas, mas para júbilo e alegria. E os crentes no Senhor
Jesus se alegram uns com os outros na presença do Senhor Jesus (I Jo 1:4).
NÃO CAIA NA
ARMADILHA DA RELIGIOSIDADE
A
religiosidade impõe regras, estabelece limites, enche a vida de exigências que
trazem alguma espécie de conforto emocional, porque exigências da religiosidade
são exigências humanas e podem ser, de alguma forma, alcançadas – e quando não
são alcançadas podem ser compensadas.
Mas
a religiosidade é uma armadilha porque impede um encontro pessoal real com
Jesus. Assim como a religiosidade impediu os fariseus, impediu os escribas,
impediu os zelotes e os saduceus de, de fato, terem um encontro salvador com
Jesus, embora tivessem tido vários encontros pessoais com ele, ela continua
fazendo os mesmos estragos na atualidade.
O
que aprendemos é que, ontem e hoje, somente reconhecendo Jesus como o messias,
somente recebendo-o como Senhor e salvador estamos livres da prisão da
religiosidade e podemos, através de uma atitude correta de mente e coração,
experimentar a alegria de conhecer verdadeiramente ao Senhor Jesus como ele
deve ser conhecido, de recebe-lo e receber dele a vida plena que ele veio
trazer a todo aquele que nele crê.
É
possível ser infeliz sendo adepto do cristianismo, mas é impossível não ser
feliz na presença do filho de Deus, do Deus que se fez carne, daquele cuja
companhia produz plenitude de alegria (Sl
16:11). Ter Jesus é viver na presença daquele que diz que, no mundo,
teremos dificuldades, mas que devemos ter bom animo por que o mundo já foi
vencido (Jo 16:33) pela fé (I Jo 5:4).
Como
não cair na armadilha da religiosidade? Crendo em Jesus. Como não se deixar
encarcerar na prisão da religiosidade? Reconhecendo Jesus como seu Senhor e
salvador, o messias, o enviado por Deus.
Evite
os erros que os fariseus e escribas cometiam:
i.
Não confie que uma prática religiosa seja substituto para a fé em
Jesus. Não é suficiente estar presente na Igreja, ser filho ou neto de crentes,
amigo de crentes. Nada disso substitui a fé pessoal e salvadora no Senhor Jesus
Cristo. Os fariseus confiavam no jejum para obter o favor de Deus – mas
cometeram o erro de rejeitar a maior expressão do favor de Deus para com
pecadores porque não se achavam
pecadores;
ii.
Não confie que suas práticas pessoais, até mesmo oferecendo algo que
Deus nunca pediu, ações religiosas mas sem a entrega do coração, sejam
suficientes para colocar-se diante de Deus e dizer-se merecedor da atenção do
Senhor. Na verdade, só merecemos a atenção do Senhor pelo que fazemos se for
para sermos julgados pelos nossos pecados.
É
preciso lembrar o que Jesus disse aos fariseus e escribas logo depois de lhes
dizer que a sua religiosidade e até mesmo os complementos religiosos que eles
adotaram, os seus acréscimos de piedade pessoal não lhes davam: o
reconhecimento do senhorio de Jesus. Se eles jejuavam para entrar na presença
de Deus, Jesus lhes diz que o jejum não
lhes era permitido porque ele, Jesus, estava presente. Se eles brigavam
pela tradição religiosa e pelo sábado, no qual deviam descansar, Jesus lhes diz
que, com ele presente, os discípulos podiam descansar seus corações e teriam
tudo o que necessitavam.
Não
te ofereço nem religião nem regras. Isso você pode encontrar em qualquer lugar.
Te ofereço aquilo que Jesus oferecia – a salvação de sua alma, o perdão de seus
pecados, a experiência de um encontro pessoal e salvador com o Senhor Jesus.
Como? Entregando sua vida a ele, aqui e agora. Assumindo um compromisso pessoal
com ele, aqui e agora. Fazendo como Levi, fazendo como os demais discípulos
fizeram. A outra opção é continuar rejeitando-o. Não se trata de receber Jesus
e ser salvo ou negar Jesus e tornar-se um rebelde. A situação é receber Jesus
ou manter-se rebelde (Jo 3:36).
Crer
ou continuar rejeitando. Não há uma terceira opção. Não importa quão religioso
você é. Não importa quanto tempo de tradições religiosas você tenha. Ou você
crê ou é apenas um rebelde. Para os crentes o Senhor oferece a vida eterna –
para os rebeldes, a ira de Deus.
Receba
Cristo, receba a vida, hoje, aqui e agora.
domingo, 19 de julho de 2015
ENCONTRAR O REI OU SER CONVOCADO POR ELE?
13 De novo, saiu Jesus para
junto do mar, e toda a multidão vinha ao seu encontro, e ele os ensinava. 14 Quando ia passando, viu a Levi,
filho de Alfeu, sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o
seguiu.
15 Achando-se Jesus à mesa na
casa de Levi, estavam juntamente com ele e com seus discípulos muitos
publicanos e pecadores; porque estes eram em grande número e também o seguiam. 16 Os escribas dos fariseus, vendo-o
comer em companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele:
Por que come e bebe ele com os publicanos e pecadores? 17 Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de
médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores.
Mc 2.13-17
PORQUE AS PESSOAS TEM DIFICULDADE PARA ENCONTRAR O JESUS DAS
ESCRITURAS?
Será
que as pessoas estão à procura de Jesus? Você está, realmente, à procura de
Jesus? Bom, talvez esteja, mas, preciso ser um pouco mais incisivo: a qual
Jesus você está procurando? Talvez pareça meio estranho eu fazer uma pergunta
destas, uma vez que você está numa Igreja – e está ouvindo um pastor pregando
sobre ninguém menos que Jesus. E você pode responder: eu estou à procura deste
Jesus que você prega. Bom, isto é muito bom. Então, vamos conhecer, primeiro, o
Jesus que eu não prego, o Jesus que não é digno de ser anunciado de púlpito
algum – e, creiam-me, não estou ficando louco.
Eu
não acredito que o Jesus a ser anunciado seja aquele que trabalha numa espécie
de pronto socorro, bastando ser invocado para vir correndo resolver problemas
emergenciais e logo retornar ao seu posto de observação aguardando o próximo
chamado. Se você procura este Jesus, ele não está aqui.
Eu
não acredito que o Jesus a ser pregado seja aquele que funciona como um senhor serviçal
sempre pronto a atender aos caprichos de seus grandes servos sempre cheios de
vontades – e, creiam, senhor serviçal e servo grande são paradoxos, coisas que
não podem jamais existir.
Eu
não acredito que o Jesus a ser pregado seja o filósofo com respostas profundas
e enigmáticas, mas que não passa de um grande mestre, um homem iluminado ou
possuído de alguma força sobrenatural, mas que é incapaz de responder aos
anseios mais profundos da alma humana.
Eu
não acredito que o Jesus a ser pregado seja este dado a espetáculos com hora
marcada e lugar definido, em troca de generosas doações financeiras, mas que é
absolutamente incapaz de acompanhar qualquer um destes grandes milagreiros a um
simples hospital e fazer os doentes se levantarem e irem para casa sem cobrar.
Enfim,
eu não acredito que o Jesus a ser pregado seja o marxista, o comunista, o
pensador, o revolucionário, o anjo, o homem iluminado – nada disso é digno de
ser mencionado de um púlpito cristão. E é por isso que eu convido você a buscar
conhecer o Jesus das Escrituras, porque eu acredito que a maioria das pessoas
que não conhece Jesus, o verdadeiro Jesus, é simplesmente porque está buscando
outro Jesus, não o Jesus das Escrituras.
Talvez
você tenha vindo a este local depois de passar por vários outros – e eu espero
sinceramente que sua busca tenha chegado ao fim. Mas chegado ao fim não porque
você vai escolher, dentre todos os que já te foram apresentados, este de quem
eu vou falar. Eu sinceramente espero que
sua jornada chegue ao fim porque você vai ouvir a voz do Senhor te chamar,
porque ele te escolheu e você o ouve
chamando para segui-lo. A qualquer outro dos Jesus que são pregados por aí é
possível escolher – ao Jesus das Escrituras é impossível, porque ele mesmo diz
que você não pode escolhê-lo, pelo contrário, é ele quem te escolhe (Jo 15:16).
DIANTE DE JESUS
COM DIFICULDADE PARA ENCONTRÁ-LO
Mesmo
diante de Jesus nos dias de seu ministério terreno, porque encarnado ele ainda
está, todavia glorificado (Cl 2:9) havia pessoas com
grande dificuldade para encontrá-lo. Mas esta dificuldade não é porque ele se
escondesse, ou porque ele evitasse as pessoas, pelo contrário, Jesus estava
sempre seguido pelas multidões, e Marcos quase sempre o apresenta cercado por
muita gente, que sabia onde ele ia, onde repousava, onde morava, onde e com
quem comia, o que falava e como falava. Encontrar Jesus era algo muito fácil,
para quem tivesse este desejo.
Mas
havia pessoas que, mesmo perto, mesmo seguindo Jesus de muito perto, mesmo
observando atentamente tudo quanto Jesus fazia ou falava, ainda assim não o
encontravam porque eles não queriam o Jesus que o Senhor havia enviado (Jo 1:11), porque não eram das ovelhas do Senhor e nada do que ele
fizesse lhes seria atrativo, pelo contrário, eles o rejeitariam ainda mais (I Pe 2:7). Eles
queriam o seu Jesus, não o Jesus que Deus lhes deu. O problema é que o Jesus
que eles queriam não estava disponível e nunca viria, nem nunca virá, o Jesus
que Deus deu já veio, é o Jesus das Escrituras.
O JESUS QUE DEVE
SER ANUNCIADO
É
este Jesus, o Jesus das Escrituras, que deve ser anunciado, como Paulo fazia (I Co 15:3-4). É este Jesus, rejeitado pelos religiosos profissionais, que você
está sendo convidado a conhecer. O que podemos dizer sobre este Jesus?
JESUS FAZIA ÀS
CLARAS, RELIGIOSOS QUEREM AS TREVAS
13
De novo, saiu Jesus para junto do mar, e toda a multidão vinha ao seu encontro,
e ele os ensinava.
Todos sabiam onde e como
encontrá-lo.
Como
é costume de Marcos, Jesus está sempre indo, sempre em atividade contínua.
Nesta seção todos os versos começam com um conectivo (e então) para expressar a
movimentação constante de Jesus. Somos informados que, como era seu costume e
era de conhecimento de todos em Cafarnaum, Jesus mais uma vez deslocou-se,
agora da cidade para uma região mais erma, para os lados do mar. Para sair de
Cafarnaum, atravessando os subúrbios em direção ao lago, certamente teria que
passar pela região mais pobre, e, também, onde estavam os grupos mais
desprezados pelos judeus: os publicanos (cobradores de impostos) e os pecadores
(que ordinariamente se relacionavam com os gentios, sendo, por isso,
desprezados pelos religiosos).
Depois
de tanto ensino, e ensino substancial, não retórico e vazio como o ministrado
pelos escribas, depois de tantos milagres, de tantas curas inexplicáveis e,
principalmente, da cura do paralítico, o fluxo de pessoas a segui-lo
inevitavelmente tendia a não diminuir, embora muitos seguissem a Jesus pelas
razões erradas – queriam ver ou receber o resultado de alguma de suas ações.
Mas não criam nele, a ponto de alguns perguntarem que sinais (entre tantos que
estava fazendo) ele mostrava para que pudessem crer (Jo 6:30).
Mesmo
assim, mesmo que não tivessem fé e que seus interesses fossem mais mundanos e
materiais, Jesus não deixava de cumprir a sua missão de anunciar o evangelho
aos pobres (Lc 7:22). À multidão que o
procurava por sinais e maravilhas ele respondia com o anuncio da chegada do
reino. Àqueles que queriam sentir a ação do seu poder ele lhes ensinava,
conduzia-os com simplicidade e clareza de maneira que eles aprendessem a
verdade sobre o reino de Deus.
O
problema para aqueles que não encontram Jesus não é que ele seja difícil de ser
encontrado – é que os que não o encontram simplesmente não querem encontra-lo.
Não é falta de conhecimento sobre o Senhor, é falta de interesse e, pior ainda,
é franca rejeição (Jo 1:11). O problema é que eles, embora
fosse de Israel, não eram das ovelhas que o Senhor Jesus veio buscar (Mt 15:24). Eram como muitos que,
embora talvez estejam dentro das Igrejas, como muitos judeus estavam na casa de
Israel, não tinham nenhum relacionamento com o Senhor da Igreja. Tinham
aparência de piedade, mas sem eficácia espiritual alguma (II Tm 3:5).
JESUS AGE COM
AUTORIDADE, RELIGIOSOS QUEREM IMPOSIÇÃO
14
Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria e
disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu.
A autoridade de Jesus era
inquestionável.
Quando
Jesus ensinava ficava claro que ele possuía autoridade que não era
compartilhada pelos demais doutos e mestres do seu tempo (Mc 1:22). Quando lidava com as enfermidades
a mesma coisa acontecia (Mc 1:31). Nem mesmo o próprio diabo duvidava de sua autoridade (Mc 5:12).
De
saída de Cafarnaum, em direção ao mar, Jesus tinha que passar pela alfândega
onde eram cobradas taxas de quem vinha ou ia para as cidades de Tiro, Damasco
ou Jerusalém, além de outras cidades menos importantes. Aquele lugar era, para
os judeus, um símbolo de opressão, um lugar mais que detestado por eles porque
ali estavam aqueles que eles consideravam seus espoliadores, ladrões que
tiravam deles, o povo de Deus, para dar aos gentios romanos. Se os judeus já
odiavam os cobradores de impostos, mais ódio ainda eles devotavam aos
publicanos judeus, vistos como traidores de seu povo e traidores de Deus.
Triplamente detestados: porque traíram sem povo, traíram seu Deus e se
misturavam em negócios com os gentios.
Ao
passar pela coletoria Jesus diz a Levi, filho de Alfeu: Segue-me. Sem razões,
sem explicações, sem promessas. Quanto do nosso evangelismo passa tão longe
disso? Precisamos explicar mil razões, dar mil motivos e, às vezes, fazer mil
promessas de bonança – quando a única promessa a ser feita é que todo aquele
que crê no Senhor Jesus recebe, dele mesmo, a vida eterna (Jo 10:28). Só isso realmente importa – o límpido chamamento
do Senhor para suas ovelhas (Jo 10:27). Não
pensemos que Levi nada soubesse sobre Jesus. Levi não era diferente de nenhum
de nós aqui. Dificilmente Levi não tivesse ouvido algo a respeito de Jesus, não
soubesse de seu ensino e de suas ações. Levi não era diferente de nenhum de nós
– ele sabia algo sobre Jesus, como todos aqui sabemos algo sobre Jesus, e como
os escribas e fariseus sabiam algo sobre Jesus. A resposta a este conhecimento
é que é diferenciada entre os que são de Jesus e os que não são.
O
que ele não esperava era que Jesus o chamasse. Não a ele, Levi, o filho de
Alfeu, o traidor de seu povo, o detestado publicano. Mas foi ao perdido, ao
desprezado, ao proscrito que Jesus disse: Segue-me. Venha após mim. Seja meu
discípulo. E a resposta de Levi é imediata, pronta, resoluta, sem
questionamentos ou sem vacilos. Ele ouviu o chamado e foi, simplesmente atendeu
ao chamado de Jesus. Razões para não ir ele tinha muitas, razões para ir ele
tinha apenas uma: o chamado irresistível de Jesus e o segue, sem olhar para
trás.
JESUS AGE COM
LIBERDADE, RELIGIOSOS QUEREM TRADIÇÕES
15
Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi, estavam juntamente com ele e com seus
discípulos muitos publicanos e pecadores; porque estes eram em grande número e
também o seguiam.
Jesus era capaz de ações
surpreendentes.
Da
coletoria somos informados por Lucas que Levi oferece uma grande refeição com a
participação de Jesus (Lc 5:29). Entrar na casa de alguém significava das
duas uma, ou as duas coisas: que se comungava com o que o hospedeiro fazia,
considerando-o digno de uma visita, ou que o visitante era tido como um igual
ou partidário das mesmas opiniões. Nenhuma das duas depunha a favor de Jesus.
Para Lucas isso é importante porque descreve Jesus como aquele que penetrava em
todos os estratos da sociedade de seu tempo, para Marcos o que é realmente
importante registrar é o fato de que Jesus fala com um publicano, convida-o
para ser seu seguidor, vai até a sua casa e se reclina à mesa tanto com ele
quanto com outros cobradores de impostos, na verdade, muitos outros cobradores.
Aos
publicanos Marcos acrescenta um outro grupo igualmente detestado pelos judeus:
os pecadores. Jesus é o rabino que permite que prostitutas o toquem (Lc 7:39), que toca em leprosos (Lc 5:13), com uma mulher samaritana (Jo
4:27) e agora se banqueteava com os pecadores – literalmente
os que se devotavam, que viviam na prática cotidiana do pecado, que tinham o
pecado (na ótica deles) como meio de vida (na maioria dos casos por trabalharem
direta ou indiretamente com os gentios).
O
termo “pecadores” é um termo técnico, mais que um apelido, é um título de
desprezo e escárnio dos mestres religiosos contra aqueles que eles desprezavam.
Eis uma primeira consequência na vida daqueles que creem em Jesus: mesmo com a
melhor das intenções, dar um jantar, leva-lo para dentro de sua casa para o
convívio dos familiares e amigos logo são desprezados pelos que já estão
acostumados à vida religiosa mas não são discípulos de Jesus, não entram nem
desejam que outros venham a encontrar a porta, e entrem por ela, e sejam salvos
(I Ts 2.14).
JESUS AGE COM
PROPÓSITO, RELIGIOSOS PREFEREM PRECONCEITOS
16
Os escribas dos fariseus, vendo-o comer em companhia dos pecadores e
publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Por que come e bebe ele com os
publicanos e pecadores?
Meros religiosos não
aprendem nunca.
Existe
grande diferença entre fé e religiosidade, muito clara na história da fé. Caim
era religioso, chegava mesmo a oferecer culto (Gn 4:3) Abel era crente (Mt 23:35); honrar a Deus com
lábios mas sem coração nunca foi novidade (Is
29:13) chegando a ponto de Deus desejar que as portas do templo
permanecessem fechadas tamanha pode ser a hipocrisia de falsos adoradores,
meros religiosos (Ml 1:10).
Os escribas,
da facção religiosa dos os fariseus, guardadores estritos da torá e de muitas
tradições orais, estavam observando o que Jesus dizia e fazia e certamente não
entraram na casa de Levi, afinal, não lhes era permitido misturar-se com os
detestados publicanos. Pior ainda era constatar que Jesus, o rabino, se reunia
não apenas com muitos publicanos e também com os que chamavam pecadores, com a
plebe que julgavam rude e ignorante (Jo
7:49). Sem coragem
para enfrentar Jesus eles preferem a conversa de bastidores, dirigindo-se aos
seus discípulos (que estavam há pouco tempo com Jesus). Os escribas, apesar de
doutos, tinham medo de Jesus porque o Filho do Homem já havia desnudado seus
corações malignos quando eles duvidaram da autoridade de Jesus para perdoar
pecados, mesma autoridade que ele tinha para mandar a um paralitico que tomasse
o seu leito e voltasse para casa andando.
Seu
questionamento era lógico, dentro de sua lógica religiosa baseada na guarda
exterior de mandamentos – como Jesus poderia ser, de fato, o messias, ser um
bom rabino e um mestre qualificado se não ensinava as pessoas a se afastarem
dos pecadores, a rejeitar a comunhão com os pecadores, a, de acordo com a
cultura, demonstrar algum grau de aprovação pelo que eles faziam e como viviam
porque não os censurava, não lhes dizia para abandonarem sua prática de
pecados? Esta era a lógica da religiosidade, mas estava muito longe de ser o
propósito da vinda de Jesus, que veio para dar a sua vida para resgatar,
justamente, os pecadores (I Pe 3:18).
JESUS AGE DIDATICAMENTE,
RELIGIOSOS QUEREM POLITICAGEM
17
Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim
os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores.
Jesus não se prende ao
politicamente correto.
Certa
vez vi uma frase que afirma que líderes
elogiam publicamente e corrigem em particular – bom, acho que Jesus não
ouviu esta frase. Ela é fruto de um nefasto pensamento chamado de politicamente
correto. A hipocrisia dos fariseus era pública, seu questionamento à autoridade
de Jesus era pública, sua atitude de desprezo por Jesus também. E eles estavam
errados, tanto quanto em relação ao que pensavam a respeito de Jesus quanto,
pior ainda, quanto ao que pensavam a respeito de si mesmos, o que os levava a
pensar que não tinham qualquer necessidade da mediação de Cristo. Jesus,
ouvindo o que eles falaram, age imediatamente. É óbvio que a autoridade de
Jesus estava sendo contestada e precisava ser defendida, mas o problema maior
estava no coração dos fariseus, e não nos ouvidos dos discípulos. Eles
acreditavam que não precisavam de Jesus. Eles criam que podiam conseguir a
salvação por sua própria obediência à lei mosaica – esquecendo-se que ninguém
conseguia obedecer perfeitamente (Ec
7:20) e
uma obediência imperfeita sempre será desobediência (Tg 2:10).
Enquanto
eles murmuram Jesus lhes fala clara e publicamente, dizendo-lhes o que eles
precisavam e não o que queriam ouvir. Jesus não lhes dá explicações, pelo
contrário, mais uma vez lhes desnuda os corações, dizendo que eles se achavam
justos, que se achavam santos, que se sentiam capazes de alcançarem a vida
eterna (Mt 19:16). Embora Jesus dê instruções práticas, que qualquer fariseu daria,
ele acrescenta uma exigência que nenhum fariseu estava disposto a cumprir:
segui-lo, justamente o que Levi, um publicano, fez (Mt 19:21).
Para
Jesus os que se julgam sãos não precisam de médico, ele não se encarnou para
chamar justos, ou, como o termo usado por Marcos indica, pessoas capazes,
poderosas, mas para convocar pecadores, miseráveis e fracas ao arrependimento.
É a primeira vez que Jesus usa a adversativa mais forte (alla), enfatizando a absoluta
incompatibilidade entre sua vinda e a salvação mediante alguma forma de justiça
própria, de virtude auto atribuída. Ele não espera que os pecadores se tornem
sãos, ele os faz sãos. Ele não espera que eles consertem a sua vida, ele é o
próprio conserto para estas vidas (Ef
2:17). Jesus vem para chamar os praticadores de pecado
ao arrependimento – e nada veio fazer por quem despreza seu chamado. A
convocação é para os cansados e sobrecarregados – não para os que estão
satisfeitos com suas cargas (Mt 11:28).
PORQUE AS PESSOAS TEM DIFICULDADE PARA ENCONTRAR O JESUS DAS
ESCRITURAS?
É
possível que as pessoas tenham dificuldade para encontrar o Jesus das
Escrituras porque tem dificuldade com o seu evangelho, com a sua mensagem, com
o que significa a sua vinda. O que significa o evangelho para pecadores –
pecadores como os publicanos, pecadores como os desprezados homens e mulheres
da vila de Cafarnaum? Pecadores como nós, pecadores do sec. XXI, tão pecadores
quanto os mais pecadores entre os pecadores de todos os séculos?
O EVANGELHO MOSTRA
QUE CRISTO VEIO PARA PECADORES
Em
nenhum momento somos convidados a imaginar Cristo vindo para dizer para alguém
que ele foi perfeito, e que, por isso, mereceu a recompensa de entrar na vida
eterna, até porque a vida eterna é sempre uma dádiva, é sempre um presente de
Deus (Rm 6:23) que é dado a pecadores.
Quem
não encontra o Cristo das Escrituras é porque não consegue se ver nesta
categoria, a de pecadores, e, por isso, insiste em chamar Deus de mentiroso (I Jo 1:10)
rejeitando atender ao chamado do evangelho. Jesus se fez carne assumindo uma
natureza de servo como sinal de humilhação para resgatar perdidos, se fez
pecador para salvar pecados, seu perdão é expressão de misericórdia e graça – e
só busca misericórdia e graça, só busca salvação quem está perdido. Só encontra
o Cristo das Escrituras quem é fraco, perdido, pecador.
O
evangelho é uma mensagem clara de perdão de pecados. E perdão de pecados só
pode ser dado a pecadores. O evangelho é uma mensagem clara de justificação, de
doação de justiça para injustos – e só podem ser justificados aqueles que forem
injustos. O evangelho humilha o homem para salvá-lo. Os outros falsos cristos,
os cristos que promovem harmonia do homem consigo mesmo em seu estado de pecado,
que prometem exaltar o homem o fazem somente com o intuito de mantê-lo cativo
em sua arrogância.
Jesus
se fez homem para levar o homem para a cruz – não para colocá-lo em um
pedestal. A morte e a ressurreição de Jesus foi em lugar do pecador, foi por
causa do pecador, por causa da culpa do pecador e foi para retirar esta culpa
de pecadores que tudo o que é relatado nos evangelhos aconteceu. Só aceita a
humilhação de ser declarado incapaz de alcançar justiça quem se reconhece como
injusto – e só encontra o Cristo das Escrituras quem é fraco, perdido, pecador,
injusto.
O
evangelho que os fariseus rejeitaram e que muitos rejeitam humilha o homem
dizendo que a sua sabedoria não está em conhecimento de qualquer espécie, mas
em reconhecer a sua situação de perdido, de pecador, de incapaz. A única
sabedoria que o evangelho permite é a sabedoria de olhar para si mesmo com o
mesmo olhar do evangelho para os pecadores – um olhar de reprovação para os
pecados e de misericórdia para com pecadores, perdidos, mortos (Ef 2:1).
A
verdadeira sabedoria é aceitar ser guiado por onde a lâmpada da Palavra de Deus
guiar – mesmo que considere outros caminhos melhores (Pv 16:25 ). Não há outra forma de sabedoria. Só aceita ser visto desta
maneira, destituído de sabedoria, quem, de fato, se reconhece tolo e só
encontra o Cristo das Escrituras quem é fraco, perdido, pecador, injusto,
destituído de sabedoria.
O PROPÓSITO DO
EVANGELHO
E
tudo isto para que? Para que, pelo evangelho, o pecador deixe de ser pecador,
seja santificado, tenha sua mente mudada, seja reconciliado com Deus (II Co 5:18) e seja santificado.
O
evangelho acaba com toda vaidade. O evangelho produz no coração do regenerado o
sentimento de gratidão para com o seu salvador (I Tm 1:12).
Faz com que a experiência de ser perdoado transborde no anúncio deste gracioso
e imerecido perdão.
O
propósito do evangelho é para que você conheça o Jesus das Escrituras – e que,
conhecendo-o, creia nele como o filho de Deus, e, crendo nele, seja diferente
dos fariseus que buscavam o “seu messias” e rejeitaram o messias que Deus deu (Jo 20:31). Em qual Jesus você crê, afinal? O único que
pode te dar a vida eterna é o das Escrituras – e isto é mais valioso do que
todo o ouro e prata do mundo.
ESCATOLOGIA NOS SÍMBOLOS DE FÉ
Em
primeiro lugar, precisamos definir quais são os nossos símbolos de fé. Ao lado
da bíblia, única regra de fé e prática,
única autoridade incontestável a definir o que devemos crer e como devemos
dirigir a vida em toda e qualquer circunstância, temos alguns outros documentos humanos que expressam o
melhor entendimento que se tem sobre a bíblia e são adotados pela Igreja
reformada, da qual a Igreja Presbiteriana do Brasil faz parte. São eles a Confissão de Fé de Westminster, o Breve Catecismo e o Catecismo Maior. Existem outros credos
e confissões que também expressam com fidelidade o ensino das Escrituras – mas
por uma questão de opção e momento histórico não são adotados como nossos
símbolos de fé, embora reconhecidos como fiéis.
O
que eles têm a nos dizer sobre a doutrina das últimas coisas?
A primeira
coisa que a CFW nos diz sobre as últimas coisas é que a morte uma certeza
absoluta para todos os homens – até a intervenção última de Deus mediante o
retorno glorioso de Cristo, assunto também deste estudo.
O QUE ACONTECE COM
O HOMEM APÓS A MORTE
Art. XXXII. 1- Os corpos humanos, depois da morte,
convertem-se em pó e vêm a corrupção (Gn
3.19; At 13.36); mas as suas almas – que nem morem nem dormem – tendo uma
substância imortal, voltam imediatamente para Deus que as deu (Lc 23.43; Fp 1.23; II Co 5.6-8). As
almas dos justos, sendo então aperfeiçoadas na santidade, são recebidas no mais
alto dos céus, onde vêm a face de Deus em luz e glória, esperando a plena
redenção dos seus corpos (Lc 16. 23; Rm
8.23); e as almas dos ímpios são lançadas no inferno, onde ficarão em
tormentos e em trevas espessas, reservadas para o juízo do grande dia final (Lc 16.23,14; II Pe 2.9). Além destes
dois lugares, destinados às almas separadas de seus respectivos corpos, as
Escrituras não reconhecem nenhum outro lugar.
De acordo com a confissão de fé, há três fatos que
são inescapáveis a respeito da morte:
1.
Todos os seres humanos que morrerem verão a
corrupção do corpo – entretanto, a corrupção do corpo do justo não é
definitiva;
2.
O “anima”, aqui chamado de alma, recebe
consciente e imediatamente a prova inicial do que lhe é reservado, até que os
crentes recebam seu corpo de volta, sem mortalidade e corrupção, para viverem
em gozo eternos, e os ímpios para a punição eterna;
3.
Inexiste uma terceira opção – seja sono da
alma até a ressurreição, seja aniquilamento da alma dos ímpios.
A MORTE
A morte não é algo natural para o homem – o homem
não foi criado para morrer. A morte é uma sentença punitiva para o homem,
anunciada em caso de transgressão e imposta por causa do pecado. Ao criar o
homem Deus estabeleceu um pacto (pacto federal) mediante o qual, em caso de
obediência, ele receberia o privilégio de viver para sempre. Adão era o representante
de todos os seres humanos, de onde eles procederiam como herdeiros da vida ou
da morte (Gn
2.16,17; Gn 3.17-19; Rm 5.12). Poderíamos
afirmar que a punição de Deus ao homem, por seu pecado, era fazê-lo voltar a
ser o que ele já era sem Deus – do pó retornar ao pó, mas isto ainda não
satisfaria a ofensa infinita praticada, requerendo ainda uma condenação
posterior, o inferno. Por outro lado, Deus também manifesta a sua graça
livrando o homem do domínio da morte pelo poder da ressurreição, concedida aos
eleitos e justificados em Cristo Jesus (Rm
5.18).
Pergunta
84. Morrerão todos os homens? R. A
morte, sendo imposta como o estipêndio do pecado, está decretada a todos que
uma vez morram, pois todos são pecadores (Rm
6:23; Hb 9:27; Rm 5:12).
O Catecismo Maior afirma que a morte é
uma experiência comum a todos os homens, como um decreto divino sobre os
pecadores, como já afirmamos, daquele que ordena e faz cumprir as suas ordens.
A todos os homens está ordenado a
experiência da morte física (Hb 9.27)
Todos os seres humanos, até o fim da presente ordem, experimentarão a morte
física. Se a morte é um pagamento justo pelo pecado (Rm 6.23) porque aqueles
que são justificados em Cristo ainda tem que experimenta-la? A morte tem o
mesmo significado para crentes e descrentes? A esta questão a pergunta 85 do
Catecismo Maior nos oferece a seguinte resposta:
P.
85. A morte sendo o estipêndio do pecado, por que não são os justos livrados
dela, visto que todos os seus pecados são perdoados em Cristo? R. Os justos no
último dia serão libertados da própria morte, e no ato de morrer estarão
isentos do aguilhão e maldição dela, de modo que, embora morram, contudo, vem
isto do amor de Deus, Para os livrar perfeitamente do pecado e miséria e os
tornar capazes de maior comunhão com Cristo na glória, na qual eles
imediatamente entram (I Co 15:26, 55-57; Rm 14:8; Sl 116:15; Ap 14.:13; Lc
16:25, e 23:45; Fl 1:23).
Para os justos a morte não é a
consumação de uma tragédia, mas a entrada em uma qualidade de vida superior – a
morte não é a prisão tumular, mas a libertação da própria morte, a libertação
do seu aguilhão e, embora morram, entram na vida (Jo 11.25). Os justos, cujas almas são levadas para o seio de
Abraão, isto é, para a proteção de Deus, aguardam em conforto e relativa glória
o juízo final. Mas o que entendemos por este “conforto e relativa glória”
aguardando o juízo final? De novo, temos as palavras do Catecismo Maior a nos
trazerem instrução:
P.
86. Que é a comunhão em glória com
Cristo de que os membros da Igreja invisível gozam imediatamente depois da
morte? A comunhão em glória com Cristo de que os membros da Igreja
invisível gozam imediatamente depois da morte, consiste em serem aperfeiçoadas
em santidade as suas almas e recebidas nos mais altos céus onde veem a face de
Deus em luz e glória, esperando a plena redenção de seus corpos, os quais até
na morte continuam unidos a Cristo, e descansam nas suas sepulturas, como em
seus leitos, até que no último dia sejam unidos novamente às suas almas. Quanto
às almas dos ímpios, são imediatamente depois da sua morte lançadas no inferno
onde permanecem em tormentos e trevas exteriores; e os seus corpos ficam
guardados nas suas sepulturas, como em cárceres, até à ressurreição e juízo do
grande dia (At 7:55, 59; Ap 7:13;14, e 19:8; II Co 5:8; Fl 1:23: At 3:21; Ef
4:20; Ap 7:15; I Co 13:12; Rm 8:11, 23; I Ts 4:6; I Rs 2:10; Jo11:11; I Ts
4:14; Lc 16:23-24; Jd 7).
Tudo aquilo que era motivo de tristeza
e choro, especialmente o temor da morte, a relativo desconhecimento do que há
após a morte, todas as dúvidas e mazelas impostas ao homem em decorrência do
pecado são imediatamente retiradas, os crentes são plenamente santificados, não
restando nenhum resquício do pecado, e até mesmo o medo de pecar deixa de
existir (non posse pecare) e agora aguardam gozosamente o momento de
serem restituídos aos seus corpos e entrarem na plenitude da redenção.
Os injustos, sobre os quais as
Escrituras falam pouco, deixando, entretanto, antever o seu sofrimento (Lc 16:23) sem, entretanto, qualquer
possibilidade de mudança de estado ou de intervenção nas coisas desta vida (Sl 146.4), também
ressuscitarão, mas para o juízo eterno. A morte vence-os, já no estado
intermediário, e suas almas destinam-se ao Hades – ou inferno - (Lc 16.19-31), lugar
em que as ausências da luz, da vida, da paz, da graça e da misericórdia
divinas, submetem-nos a uma condição permanente de angústia inenarrável
(Lc 16.23-24) e sofrendo a ira do
cordeiro (Ap 6.16).
LUGAR INTERMEDIÁRIO
As Escrituras desconhecem lugares intermediários,
criados pela dogmática romana, como o “Limbo”,
para as crianças que morrem sem batismo; “Purgatório”,
para as almas que, em vida, cometeram apenas pecados veniais, ou o lugar de
sono da alma descrito pelo adventismo. Já vimos o destino dos justos (Ec 12.7) e dos ímpios (Lc 16.19-31). Este estado
intermediário, de justos e injustos cujos espíritos e corpos estarão separados
durará até a ressurreição geral e o juízo final, quando então cada um receberá
o seu destino definitivo – não se trata de um julgamento no sentido de
verificar o que cada um merece, mas da aplicação de uma sentença já predefinida
(Jo 3.18-19). É a fé ou a
incredulidade que são determinantes para o estado do homem após a morte - Os
crentes em Cristo gozarão as bênçãos da vida eterna; os ateus, as maldições
eternas.
Pergunta
37 – Quais são as bênçãos que os crentes
recebem de Cristo na hora da morte? As almas dos crentes, na hora da morte,
são aperfeiçoadas em santidade, e imediatamente entram na glória; e seus
corpos, estando ainda unidos a Cristo, descansam na sepultura até a
ressurreição (Lc 23.43; Lc 16.23; Fp 1.23; II Co5.6-8; I Ts
4.14; Rm 8.23; I Ts 4.14).
É isso o que afirma categoricamente o
Breve Catecismo (pergunta 37) ao responder à seguinte questão: Quais são as bênçãos que os
crentes recebem de Cristo na hora da morte? Segundo o Breve Catecismo as almas
dos crentes, na hora da morte, são aperfeiçoadas
em santidade, uma expressão para descrever o processo de glorificação, e
imediatamente (sem período de sono) imediatamente entram na glória, e seus
corpos, estando ainda unidos a Cristo, descansam na sepultura até a
ressurreição. Este descanso não pressupõe a ausência de corrupção, mas a
certeza de que a ressurreição verdadeiramente se dará (I Co 15.20), mesmo que seus corpos tenham sido lançados no mais
profundo do mar (Ap 20.13). Para os
incrédulos a sepultura é um cárcere – de onde os corpos serão chamados para
poderem experimentar a plenitude da ira de Deus.
TODOS
EXPERIMENTARÃO A MORTE
A
confissão de fé faz uma importante ressalva quanto à experiência da morte –
apesar de ela ser comum a todos os homens, e todos os homens estarem destinados
a ela, ao mesmo tempo nem todos os homens perecerão porque alguns irão direto
para a glória ou para a condenação no momento do retorno de Jesus Cristo –
estes não morrerão nem ressuscitarão, serão mudados.
XXXII. 2- No último dia, os que estiverem vivos não
morrerão, mas serão mudados (I Ts 4.17; I Co 15.51-52); todos os mortos serão
ressuscitados com os seus mesmos corpos e não outros, posto que com qualidades
diferentes, e ficarão reunidos às suas almas para sempre (I Co 15. 42-44).
Podemos afirmar, de acordo com a CFW, que os que
estiverem vivos, no dia do juízo, não morrerão fisicamente, mas serão
transformados para serem apropriados à nova natureza de vida – ou de condenação
– que lhes está reservada (I Ts 4.17).
Os justos ressuscitarão com seus próprios corpos, aperfeiçoados, conforme o
propósito de Deus (I Co 15.42-44).
Estes novos corpos serão definitivos e eternos, tanto para justos quanto para
injustos.
A RESSURREIÇÃO
Que nos dizem os símbolos a respeito da
ressurreição? O Catecismo Maior afirma que
P.
87. Que devemos crer acerca da
ressurreição? Devemos crer que no último dia haverá uma ressurreição geral
dos mortos, dos justos e dos injustos; então os que se acharem vivos serão
mudados em um momento, e os mesmos corpos dos mortos, que têm jazido na
sepultura, estando então novamente unidos às suas almas para sempre, serão
ressuscitados pelo poder de Cristo. Os corpos dos justos, pelo Espírito e em
virtude da ressurreição de Cristo, como cabeça deles, serão ressuscitados em
poder, espirituais e incorruptíveis, e feitos semelhantes ao corpo glorioso
dEle; e os corpos dos ímpios serão por Ele ressuscitados para vergonha, como
por um juiz ofendido (At 24:15; I Co 15:51-53: I
Ts 4:15-17; I Co 15:21-23, 42-44; Fp 3:21; Jo 5:28-29; Dn 12:2).
As Escrituras afirmam que Deus determinou um dia de
julgamento para toda a humanidade, dia a que ela chama de grande e terrível dia
do Senhor (II Ts 1.7-10). Ninguém
escapará a este dia, nem mesmo através da morte. Os que tiverem morrido serão
ressuscitados – os justos terão seus corpos transformados igualando-se aos
santos ressurretos, revestidos de imortalidade e incorruptibilidade. Como é glorioso
pensar que todas as marcas do pecado, no corpo, na mente e na alma, serão
completamente eliminadas. Estudiosos defendem que as marcas da perecividade
(infância, juventude e velhice) serão de todo banidas, sem evolução (pois o aperfeiçoado
– isto é, aquele que não possui perfeição em si mesmo – não evolui) nem
degeneração. A humanidade total, como idealizada por Deus, com todos os seus
eleitos e salvos por Cristo, finalmente estar pronta para glorificar
eternamente o seu criador.
Quantos aos ímpios continuaram com as marcas do
pecado, sofrerão novos flagelos e, se seus corpos sofrerem alguma forma de
transformação, é tão somente para que sejam aptos a sofrerem as duras
condenações do inferno por seus pecados que não foram remidos em Cristo Jesus (Is 66.24). Os ímpios não se libertarão
da corrupção decorrente das consequências da queda, nem de seus atos
pecaminosos pessoais porque estas consequências não foram eliminadas pela
regeneração ou pela justificação, mas levarão eternamente a sua culpa e lamentarão
eternamente as suas atitudes de rebeldia e incredulidade contra o Redentor (Ap 20.10, 14).
A síntese do que vai acima é mostrada na CFW:
XXXII. 3- Os corpos dos injustos serão, pelo poder
de Cristo, ressuscitados para desonra; os corpos dos justos serão, pelo seu
Espírito, ressuscitados para honra e para serem semelhantes ao próprio corpo
glorioso de Cristo (At 24.15; Jo 5. 28,29; Fp 3. 21).
A RESSURREIÇÃO DOS
JUSTOS
Segundo as Escrituras os justos ressuscitarão em
corpos aperfeiçoados, sem mácula espiritual, moral, mental e física do pecado –
não trarão as contaminações da queda nem dos pecados pessoais. O corpo
ressuscitado levantará do túmulo com a mesma personalidade, racionalidade e
identidade mas sem as imperfeições que caracterizavam o fruto do pecado e
sendo, novamente, à imagem e semelhança do varão perfeito (Ef 4.13). Sem considerar os aspectos da divindade, o homem
ressurreto tornar-se à como o filho ressurreto (I Co 15.42-44).
A PAROUSIA E O ARREBATAMENTO
O Catecismo Maior afirma o seguinte sobre a volta
de Jesus, no dia do juízo:
P.
90. Que sucederá aos justos no dia do
juízo? No dia do juízo os justos, sendo arrebatados para encontrar a Cristo
nas nuvens, serão postas à sua destra e ali, abertamente, reconhecidos e
justificados, se unirão com Ele para julgar os réprobos, anjos e homens; e
serão recebidos no céu, onde serão plenamente e para sempre libertados de todo
o pecado e miséria, cheios de gozos inefáveis, feitos perfeitamente santos e
felizes, no corpo e na alma, na companhia de inumeráveis santos e anjos, mas
especialmente na imediata visão e fruição de Deus o Pai, de nosso Senhor Jesus
Cristo e do Espírito Santo, por toda a eternidade. É esta a perfeita e plena
comunhão de que os membros da Igreja invisível gozarão com Cristo em glória, na
ressurreição e no dia do juízo (I Ts 4:17; Mt 25:33, e 10:32; I Co 6:2-3; Mt
25:34, 46; Ef. 5:27; Sl 16:11; Hb 12:22-23; I Jo 3:2; I Co 13:12; I Ts
4:17-18).
A RESSURREIÇÃO DOS
ÍMPIOS
Quanto aos ímpios o Breve Catecismo ensina que
P.
89 Que sucederá aos ímpios no dia do
juízo? No dia do juízo os ímpios serão postos à mão esquerda de Cristo, e
sob clara evidência e plena convicção das suas próprias consciências terão
pronunciada contra si a terrível, porém justa, sentença de condenação; então serão
excluídos da presença favorável de Deus e da gloriosa comunhão com Cristo, com
e seus santos, e com todos os santos anjos e lançados no inferno, para serem
punidos com tormentos indizíveis, do corpo e da alma, com o diabo e seus anjos
para sempre (Mt 25:23, e 22:12; Lc 19:22; Mt 25:41-42, 46;
II Ts 1:8-9).
Os injustos também terão seu estado definitivo na
eternidade, carregando eternamente o peso de seus pecados, que lhes trará
punição eterna, acarretando angústias e sofrimentos inomináveis, tudo sob a
condição de angústia e desesperança irremediável porque sabem que além de
infindável é inescapável. A ausência da graça de Deus lhes será insuportável,
mesmo a graça comum que tornar possível a muitos ímpios gozarem de relativa
felicidade nesta vida!
O ESTADO
DEFINITIVO
Tanto justos quanto injustos serão, ambos,
ressuscitados pelo poder de Cristo – a diferença está no destino a ser dado a
cada um deles. Os novos corpos dos servos de Cristo não mais sofrerão
modificações ou transformações (por terem sido aperfeiçoados, não por serem
perfeitos por sua própria natureza), nem estarão sujeitos mais à queda (porque
Deus não os deixará mais pecar – non posse pecare). Isto será assim porque o
Rei e Senhor, Jesus Cristo, os preservará sob sua proteção, graça e misericórdia,
e o tentador também não terá acesso aos santos, pois estará em tormento junto
com seus anjos e seguidores humanos (Mt
25.41). Os discípulos de Cristo serão, finalmente, um com seu mestre.
O REINO ETERNO
O
Breve catecismo afirma em sua pergunta 88 que imediatamente após a ressurreição
se seguirá o juízo final e a destinação de justos para a glória e de ímpios
para a condenação eterna, sem período intermediário ou oportunidade de
reconhecimento da gloria de Deus fruto da graça de Deus, mas este reconhecimento
se dará pela aplicação de sua justiça.
P.
88. Que se seguirá imediatamente depois da ressurreição? Imediatamente depois
da ressurreição se seguirá o juízo geral e final dos anjos e dos homens, o dia
e a hora do qual homem nenhum sabe, para que todos vigiem, orem e estejam
sempre prontos para a vinda do Senhor (Mt
16:27; II Pe 2:4; II Co 5:10; Mt 36, 42, 44).
A REJEIÇÃO DOS MILENARISMOS
A
fé reformada rejeita todas as formas de milenarismo que são aceitas, de maneira
consciente ou não, nas Igrejas de um modo geral, embora elas se façam presentes
(propositalmente ou não) no ensino de muitos pastores presbiterianos que, sob
muitos aspectos, não são reformados – são apenas presbiterianos inconsistentes.
Os símbolos de fé adotados pela Igreja Presbiteriana do Brasil rejeitam o
pre-milenismo, dispensacionalista e pós milenismo tribulacionalista que pregam
dois (e em alguns casos menos consistentes, até três retornos de Cristo), duas
ou mais ressurreições, dois ou mais juizões e duas batalhas entre o bem e o mal
(Armagedom e Gogue e Magogue), chegando a preconizar um arrebatamento secreto
da Igreja e a restauração de Israel (com a lei mosaica e o sacerdotalismo).
Anuncia também a implantação de um reino terreno por parte de Jesus com a
restauração de um trono davídico literal e culto sacrificial no templo em Jerusalém
(contrariando as palavras de Jesus em Jo
18.36).
CRISTO VENCEDOR
A
CFW, bem como o Catecismo Maior e o Breve Catecismo alinha-se com a ideia de
que tudo o que era sombra (reino, templo, sacerdócio, sacrifícios) já se
cumpriu de maneira total e final na pessoa de Cristo. O reino de Cristo já está
presente e é a Igreja, reino de caráter eterno que existe e não será jamais
destruído (Mt 16.18). As
escatologias milenaristas baseiam-se na premissa de que Cristo não cumpriu
totalmente o que precisava ser feito para instaurar o reino (Jo 19.30) e de que alguma forma de
sofrimento e tribulação tem que ser vivenciada pela Igreja em um tempo sob o
controle satânico para que, então, o reino possa ser definitivamente
instaurado.
Para
pós e pré milenistas Cristo teria sido incapaz de cumprir as profecias de
restauração do templo (Jo 2.19) e
ainda não teria poder suficiente para reinar sobre as nações. Pós milenistas
creem que Cristo só volta depois do milênio que será implantado
progressivamente – com ou sem uma prévia intervenção direta sua. Já os pré
milenistas creem que Cristo voltará antes do milênio, arrebatando a Igreja de
maneira secreta, deixando o papel de seu representante para o estado de Israel,
e, depois, voltando, mais uma vez, para inaugurar seu reino terreno de maneira
mais plena.
Cremos
que Cristo já é rei sobre toda a terra (Mt
28.18), cremos que ele reina sobre a sua Igreja (que não deve ser
confundida com denominações, parcial ou integralmente). Cremos que o estado de
Israel não tem nenhum significado especial para Deus, sendo como qualquer outra
nação política.
Cristo
reina sobre o seu povo, povo que ele mesmo formou mediante o seu sangue (Tt 2.14), e que este povo é a Igreja
invisível, triunfante, formada por todos aqueles que ele escolheu e salvou, no
passado, no presente e que ainda hão de ser salvos.
Oportunamente
vamos analisar a base de sustentação do milênio em Ap 20.4-7, que, interpretado literalmente num livro profundamente
simbólico e alegórico. De qualquer maneira, pré-milenistas e pós-milenistas
incorrem em erro hermenêutico que contamina toda a sua escatologia.
O REINO JÁ ESTÁ INSTAURADO
Os
símbolos de fé adotados pela IPB, e subscritos pelos pastores presbiterianos ao
serem ordenados, defendem uma visão escatológica chamada de amilenismo, isto é,
na inexistência de um período milenial literal. Se o livro e o texto usados
como base para o milênio são simbólicos e alegóricos, então a interpretação do
milênio também precisa partir do mesmo viés simbólico e tipológico. Vamos ver
um breve resumo da posição oficialmente aceita pela Igreja Presbiteriana do
Brasil, em que pese não ser a posição da maioria dos membros da mesma Igreja
por desconhecimento e falta de instrução por parte de seus ministros.
Cristo,
o rei e messias, inaugurou e consumou o seu reinado na Igreja – e este reino
está em marcha da mesma maneira que Israel marchou pelo deserto. Israel já era
o povo de Deus, mas ainda não estava estabelecida como nação na terra prometida
(Dt 10.11). Entretanto, como aquela
era a terra que Deus havia dado a Israel (Js
21.43), também o reino escatológico já está conquistado e estabelecido pelo
rei que é da raiz de Davi, o Leão da Tribo de Judá (Lc 1.33). O reino de Cristo é Cristo, e seu reino está tão presente
quanto ele está vivo (Mt 28.28),
embora seja um reino sem pátria, sem território neste mundo (cp. I Pe
2:11 e o envolvimento dos cristãos com o reino do mundo com Ef 2:19 e a real natureza da cidadania
dos cristãos). O povo de Deus encontra-se sob dupla regência: a de Deus (Fp 2.11) e das autoridades
constituídas, mesmo ímpias (I Pe 2.13).
À
partir do juízo final, do grande e terrível dia do Senhor haverá um só povo, um
só reino, um só rei. E o milênio? É o período em que a Igreja enfrenta as
provações e perseguições, não necessariamente durando mil anos exatos, porque,
para Deus, mil anos podem ser como um dia (II
Pe 3.8) ou uma parte ainda menor dele (Sl
90.4).
Sim,
cremos que satanás será solto, assim como os ímpios também sairão dos seus
túmulos – mas não para tentar a vitória, porém, para serem fragorosamente
derrotados por aquele que saiu vencendo e para vencer (Ap 6.2), não numa batalha com armas exércitos, mas pelo simples
poder de sua Palavra e, então, as hostes satânicas serão final e totalmente
encarceradas, e o povo de Deus herdará o novo céu e a nova terra, fruindo o
gozo eterno da presença do seu Senhor onde a morte e o pecado, definitivamente,
não mais estarão presentes.
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