terça-feira, 25 de agosto de 2015

QUE EVANGELHO É ESSE - At 10 34 43

34 Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; 35 pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável. 36 Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos.
36 Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos.
37 Vós conheceis a palavra que se divulgou por toda a Judéia, tendo começado desde a Galiléia, depois do batismo que João pregou, 38 como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele; 39 e nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém; ao qual também tiraram a vida, pendurando-o no madeiro.
40 A este ressuscitou Deus no terceiro dia e concedeu que fosse manifesto, 41 não a todo o povo, mas às testemunhas que foram anteriormente escolhidas por Deus, isto é, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os mortos; 42 e nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos.
43 Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados.
At 10 34 43

QUE EVANGELHO É ESSE?

Em Cesaréia Pedro ouve de Cornélio que ele, seus familiares e amigos íntimos com um propósito: ouvir tudo o que Deus havia mandado que ele dissesse. Não se tratava de uma reunião social – eles mesmos admitiam que estavam ali para um “culto evangelístico”, talvez o primeiro culto evangelístico promovido não pelos evangelizadores, mas pelos evangelizados. É óbvio que estamos na presença de Deus em qualquer lugar que a gente vá – todavia, para eles, aquela era uma forma de presença especial, porque tratava-se de deixar de ser “sem Deus no mundo” (Ef 2:12). É curioso que mesmo após Deus se identificar como o Deus que não faz acepção de pessoas (que, entretanto, era entendido pelos judeus como “acepção de pessoas entre os judeus” se esquecendo do complemento do próprio texto – Dt 10.17-19) e tendo o exemplo de Jesus que anunciou as boas novas do reino a não judeus e, ainda, após ordens específicas para que fossem suas testemunhas em meio aos judeus, samaritanos e gentios, ainda assim houvesse hesitação por parte dos apóstolos. Os versos anteriores mostram que, como Abel (Gn 4:4), Cornélio achou graça diante do Senhor. Descrito como homem piedoso e que, na medida do possível, guardava os mandamentos do Senhor, sendo temente a Deus, isto é, alguém que, apesar de profundamente interessado nas coisas de Deus, não podia tornar-se judeu, praticando a circuncisão e adotando todos os rituais cerimoniais, apartando-se, inclusive, de familiares e sendo obrigado a deixar a sua função. Não o acusemos de falta de fé, pois mesmo um centurião romano em Cafarnaum demonstrou possuir maior fé no poder de Jesus do que os filhos de Israel (Mt 8.10-11). Isto quer dizer que não havia grande diferença entre ser um gentio não crente e um judeu não crente – todos foram, igualmente, encerrados na desobediência. E é deste ponto de vista que Pedro inicia a sua palavra aos gentios reunidos na presença de Deus para ouvirem o evangelho. Havia mais reverência ali do que nas reuniões do sinédrio e até mesmo nos sacrifícios que inutilmente continuavam sendo oferecidos no templo de Jerusalém.

ORIGEM: O EVANGELHO TEM ORIGEM EM DEUS

34 Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; 35 pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável. 36 Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos.
Depois de muitas lutas consigo mesmo e seus escrúpulos religiosos, que já haviam transparecido quando os discípulos instam com Jesus para despedir a mulher cananéia (Mt 15:23) e estranharam o fato de ele falar com uma mulher samaritana (Jo 4:27) Pedro diz que finalmente aprendeu qual era a missão que Jesus lhes tinha dado: ir por todo o mundo e anunciar o evangelho a toda criatura – e não apenas a judeus ou para tornar as pessoas em prosélitos, novos judeus, como os fariseus faziam. Pedro afirma ter finalmente reconhecido o que a bíblia já dizia: Deus não faz acepção de pessoas. Deus não só não faz acepção de pessoas, julgando de maneira injusta e discriminatória, como, muito pelo contrário, faz o que lhe apraz e desnuda os corações dos homens. Religiosos judeus foram denunciados por serem hipócritas e sepulcros caiados, assassinos e filhos do diabo – um gentio havia recebido a visita do anjo do Senhor que lhe disse que ele fora aceito por Deus, que atentara para sua vida piedosa. Mas observe que, mesmo tendo uma vida piedosa, ainda faltava a Cornélio algo – o mesmo que os judeus haviam rejeitado (Jo 1:11) e continuavam rejeitando (Mt 15:27) e continuariam rejeitando (At 18:6). É Deus quem determina quem deve receber o evangelho, é Deus quem dispõe os meios, é Deus quem cria as oportunidades e é Deus quem estabelece os seus instrumentos (seus discípulos, enviados) e a mensagem, o claro e simples evangelho de Jesus Cristo (Mt 24:14), sem adulterações de quaisquer espécie (Gl 1:8). Tudo no evangelho é de Deus. Cristo é de Deus. A eleição é de Deus. A salvação é de Deus. Você e eu somos criaturas de Deus. E ele chama, por lhe pertencerem, homens e mulheres de todas as etnias, de todas as nações, para que lhe temam, para que ajam com justiça, para que sejam retos e íntegros na sua presença, para que se tornem aceitáveis diante do Senhor dos senhores, do Deus santo e amoroso. E como ser aceitável diante do Senhor? Somente recebendo o filho (Sl 2:12), pois só ele livra o pecador da ira de Deus (Jo 3:36).

DESTINO: O EVANGELHO É PARA OS CAÍDOS

36 Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos.
O reconhecimento de Pedro da universalidade da oferta da salvação em Cristo Jesus, da inexistência de barreiras culturais ou religiosas, de que a salvação não é dada por meio de uma nação mas pela fé em Cristo Jesus leva-o a entender, finalmente, o que Jesus quis dizer quando ordenou a ele e aos discípulos que fossem por todo o mundo e anunciassem o evangelho a toda criatura (Mc 16:15). O evangelho equipara os homens, independente de onde vivam, de sua cultura, de sua família porque todos, sem exceção, são absolutamente desobedientes a Deus (Rm 11:32). Como estas criaturas podem ser salvas? Como judeus e gentios, igualmente encerrados na desobediência, podem ser salvos? A resposta de Paulo é: pela misericórdia de Deus. E Deus prova esta misericórdia, provou o seu grande amor quando deu seu filho para morrer em lugar destes rebeldes pecadores (Rm 5:8), que optaram por serem inimigos declarados de sua majestade (Rm 1:25) não lhe dando a glória que lhe era devida. Como estes pecadores conhecem a misericórdia de Deus? Pela pregação da Palavra, ainda que muitos considerem esta pregação uma loucura (I Co 1:21) ainda assim este é o método que Deus estabeleceu. Para os judeus era loucura acreditar num Deus que podia ser visto e, mais ainda, que podia ser pregado num madeiro, lugar considerado de maldição. Mas o evangelho era para os israelitas. Era escandaloso aos olhos deles? Era! Mas era pra eles, e era o único meio de alcançarem a salvação. Esta palavra foi enviada a eles. Jesus, o verbo encarnado, andou entre eles, anunciando a paz com Deus por meio deles. Sim, o Senhor, o ofendido pelos pecados, proclamava as boas novas de paz. Ele iniciou seu ministério entre os mais rejeitados, pregou por toda a Judéia após ter sido batizado por João, evento que marca o reconhecimento, não da parte de homens, nem mesmo dos religiosos, mas da parte de Deus de que ele, Jesus, era o seu filho amado, que tinha a sua aprovação (Mt 3:17) e mesmo assim foi rejeitado e intentaram matá-lo por declarar uma verdade que fora dita pelo próprio Deus (Jo 19:7), fato que os espíritos imundos reconheciam (Lc 4:41) embora não gostassem disso. Este evangelho era também para os gentios que não conseguiam entender como um Deus se deixava trair e matar (embora as próprias lendas que eles criam contassem historias cheias destas coisas) e ainda assim ser o salvador do mundo. Mas era esta loucura que eles teriam que aceitar para serem salvos. Era esta loucura que Deus havia dado, e havia mandado Cornélio ir buscar Pedro para ouvir. Era esta loucura que Pedro fora comissionado pregador, que Paulo levava mundo a fora, e que nós devemos, também, proclamar. A loucura do evangelho para um mundo de pecadores perdidos.

CONTEÚDO: O EVANGELHO É CENTRADO EM CRISTO

37 Vós conheceis a palavra que se divulgou por toda a Judéia, tendo começado desde a Galiléia, depois do batismo que João pregou, 38 como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele;

O EVANGELHO APRESENTA JESUS COMO O MESSIAS

A Escritura afirma que não há salvação em nenhum outro além de Jesus (At 4:12). Somente ele é o caminho para Deus (Jo 14:6). É só por meio dele que vem a fé (At 3:16). Foi Jesus, e nenhum outro, que foi ungido por Deus com o seu Espírito Santo e com poder, somente dele foi dito que tinha a aprovação plena de Deus (II Pe 1:17). Foi Jesus, e nenhum outro, quem, em troca da alegria que lhe estava proposta suportou a cruz (Hb 12:2). O evangelho de Cristo, o evangelho da cruz, o evangelho das Escrituras não glorifica homem algum. Pedro não aceita ser adorado sob hipótese alguma por Cornélio. Paulo também não aceita ser adorado entre os gentios. O que há de diferente entre estes apóstolos, verdadeiros apóstolos, que sabiam que eram servos de Jesus, discípulos de Jesus, e os moderno pseudoapóstolos? Aqueles entendiam que somente a Cristo deve-se dar honra e glória (Jd 1:25), estes, que não são apóstolos do Senhor, que nunca foram enviados pelo Senhor, que se enviaram a si mesmos, que tem como Senhor seu ventre querem a glória deste mundo, à semelhança de Demas (II Tm 4:10). Foi Jesus o benfeitor maior da humanidade – e o conceito de benfeitor era muito comum entre os gregos e romanos, que admiravam e até adoravam homens que edificaram cidades (e Cesaréia era um destes casos) – mas Cristo fez mais, edificou não uma cidade, mas estabelece a certeza de um novo mundo, de uma nova vida, aos caídos, aos enfermos, aos oprimidos do diabo. E porque Cristo fez isso? Porque tinha a aprovação de Deus, porque Deus era com ele, porque ele é, afinal, o Deus conosco.

O EVANGELHO APRESENTA JESUS COMO REDENTOR

39 e nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém; ao qual também tiraram a vida, pendurando-o no madeiro.
Jesus é aquele que faz o bem, e não apenas o que faz coisas boas, porque ele é o redentor. Ele é quem livra o homem de seus pecados, e isso só pôde ser feito porque ele, tendo amado, amou-nos até o fim. Para demonstrar seu amor pelos seus ele deu a vida por eles (Jo 15:13), morrendo por nós quando éramos, ainda, inimigos e pecadores (Rm 5:7). Na cruz Cristo vence a morte, mas sua vitória não é simplesmente a de um mártir que se sacrifica por outros, como nos livros de história. Ele é mais que isto. Ele deu a sua vida e retomou-a (Jo 10:17) quando cumpriu a sua missão (Mc 10:45).  O messias apresentado no evangelho é diferente dos muitos messias que se apresentaram antes (At 5.36-37) porque este tinha a aprovação de Deus. Os outros falsos messias foram mortos, e seus nomes só não foram esquecidos na história porque foram colocados em contraste com o verdadeiro. Mas não este messias, não o verdadeiro messias – a este Deus fez viver de novo ao terceiro dia. A este Deus tornou manifesto a muitas testemunhas, vivo, ressurreto, poderoso e glorioso, dotado de plena autoridade sobre todas as coisas, tanto as do céu quanto as da terra (Mt 28:18). Este Jesus, o Jesus dos evangelhos, apareceu e comissionou seus discípulos, aos quais escolheu e designou apóstolos (Lc 6:13) e lhes enviou com a mesma autoridade divina com que fora enviado (Jo 20:21), deu-lhes uma missão: anunciar o que viram, o que ouviram, o que experimentaram, proclamar a verdade da ressurreição a uma multidão de incrédulos.

O EVANGELHO APRESENTA JESUS COMO SENHOR

40 A este ressuscitou Deus no terceiro dia e concedeu que fosse manifesto, 41 não a todo o povo, mas às testemunhas que foram anteriormente escolhidas por Deus, isto é, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os mortos; 42 e nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos.
O evangelho apresenta o Jesus das Escrituras – e te diz para esquecer o Jesus pregado em uma cruz. Esqueça ao Jesus semidespido e com olhar de desamparo. Esqueça o Jesus ameaçado por um déspota como Herodes. O Jesus das Escrituras possui toda a autoridade – tanto para salvar (Mt 25.31-) quanto para condenar (Mt 25:41). O Jesus das Escrituras não é um Jesus de tolos que acham que ele fica de braços cruzados esperando a boa vontade de pecadores mortos em delitos e pecados (Ef 2.1-2) mas tem autoridade para escolher e chamar aos que ele quiser (Mc 3:13), e não fica esperando que o pecador o escolha (Jo 15:16) como cantam alguns que nada conhecem das Escrituras. O evangelho nada fala de um Jesus submisso, esperando que o morto lhe diga o que quer e como quer. O evangelho das Escrituras é Senhor de tudo e de todos, de vivos e de mortos, e morto não pode determinada nada ao que é Senhor da vida. Morto não pode escolher nada. Morto não pode exigir nada. É por isso que o evangelho afirma insistentemente que os discípulos do Senhor Jesus devem obedecer-lhe, porque ele não dá sugestões nem faz pedidos – ele ordena, ele dá mandamentos (Jo 14:21) e a seus discípulos cumpre obedecê-los.

PROPÓSITO: O EVANGELHO É SATISFAÇÃO EM CRISTO

43 Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados.

Este evangelho apresentado nas Escrituras ao qual devemos transmitir com fidelidade é a resposta para todas as inquirições da alma humana. Sim, ele responde às inquirições essenciais, não às tolas inquirições meramente filosóficas e especulativas. O ser humano sabe onde está e sabe que vai para algum lugar. Que lugar é este? Que destino é este? Que anseio por respostas é este? Que perguntas, realmente, precisam de respostas? Os profetas do Antigo Testamento tinham a mais essencial de todas as perguntas: quem, quando e onde surgirá o salvador, o messias, aquele que restaurará a humanidade a um estado de favor e graça diante de Deus? A resposta para as perguntas filosóficas estão nas Escrituras, basta aceitá-las. Quem sou? Uma criatura de Deus, rebelde, sim, mas ainda assim tendo que dar-lhe glória! (Sl 95:6). De onde vim? Das mãos de Deus, de suas vontade soberana, que me fez exatamente como sou! (Sl 139:14). Para onde vou? Para o destino que ele traçou para mim, e isto implica em atitudes que são exigidas de mim aqui e agora (Dt 30:19). E os crentes não tinham dúvidas quanto a elas. Mas havia uma que era constantemente repetida: quando o anseio essencial do homem seria satisfeito? Como ser restaurado à comunhão com Deus? E Jesus é esta resposta. Ele veio e anunciou a paz entre o Senhor e a criatura rebelde. Esta era a grande expectativa dos profetas – termo aqui usado tecnicamente para se referir a todos os escritos bíblicos: quando o messias viria e restauraria todas as coisas? Quando o salvador viria e daria cabo ao pecado, à escravidão ao diabo, às doenças e à morte? Quando a inimizade entre os homens e contra Deus finalmente daria lugar a harmonia e paz? Cristo responde a estas respostas. Somente através do nome de Cristo o pecador consegue libertar-se da escravidão do pecado, somente crendo no nome de Cristo o pecador obtém o perdão de seus pecados. Pedro diz que todos os pecadores que crerem em Jesus serão salvos. Pedro diz que todos os que tiverem fé em Cristo serão perdoados. Mas Pedro também diz que este todo refere-se a cada um individualmente. Estar na casa de Cornélio não garantia salvação a todos os que ali residiam. Mas todos os que ali residiam, todos os amigos de Cornélio que cressem em o nome do Senhor Jesus seriam salvos e glorificariam ao Deus salvador (II Ts 1:10). Mas não se deixe enganar – assim como há falsas respostas, sempre tem sido oferecidos falsos cristos. E, Cristo, de fato, messias de fato, salvador de fato só há um – o Jesus das Escrituras, aquele que diz para você deixar tudo e segui-lo (Lc 14:27) e não para segui-lo e ganhar tudo (I Jo 2:15).

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