Quantas
Igrejas existem hoje? Uma? Duas? Dezenas? Centenas? Milhares? Se atentarmos para
o grande número de placas, denominações, poderíamos chegar à conclusão
equivocada de que existem muitas Igrejas. Mas pensar assim seria um grande
equivoco. Jesus afirma, enfaticamente, e apenas uma vez, quantas Igrejas ele
tem (Mt 16:18 - Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela).
É
isso. Por mais que sejamos tentados a imaginar que todas as Igrejas sejam de
Cristo, há somente uma Igreja de Cristo. Quando observamos as enormes
diferenças entre as inúmeras denominações existentes, nós nos perguntamos: qual
delas é verdadeira Igreja de Cristo? Muitas se chamam de apostólicas, outras
evangélicas, mas qual delas seria a verdadeira Igreja de Cristo?
Após
um período inicial de estabelecimento, no primeiro século, quando a Igreja
perseverava com fidelidade na doutrina dos apóstolos (At 2:42 - E perseveravam
na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações) logo
surgiram discordâncias que foram se extremando, o amor foi dando lugar a fel e
sangue até que uma Igreja de ferro tomasse posse das mentes e corações – mas
mesmo num período de 1200 anos não deixou de haver pequenas ou grandes
defecções nesta Igreja, a maioria delas com ênfases doutrinárias equivocadas e
no mais das vezes heréticas, algumas inibidas com sangue e fogo, uma forte
demais para ser destruída, como a Igreja ortodoxa oriental, e várias
consideradas insignificantes demais para serem motivo de preocupações, como os
coptas egípcios.
Até
que, por volta do sec. XIII alguns sinais de que algo novo iria acontecer,
quando o povo recebeu, novamente, a bíblia que lhe era negada pela Igreja.
Assim, John Wicliff, John Huss e Jerônimo de Praga pagaram com paz pessoal ou
com a própria vida na fogueira para serem os amigos do noivo, os precursores da
necessária Reforma que viria libertar a Igreja para que ela voltasse a ser o
que deveria ser: a Igreja que adorava a Deus conforme a regra dos apóstolos.
Mas
mesmo nestes primeiros dias e diante de um poderoso e destrutivo inimigo a
Igreja não conseguiu caminhar uma – eram lideradas por homens que, com suas
diferentes maneiras de viver a fé, logo deram origem a diversas denominações,
e, de novo, a heresia encontrou caminho fértil para vicejar nas brechas que
surgiam, algumas considerando-se evangélicas, outras proclamando a si mesmas de
neoevangélicas ou pseudoevangélicas, pregando ou outro testamento de Jesus ou
uma visão inusitada, até mesmo com alguns tolos chamando a si mesmos de Jesus.
No meio
de centenas de denominações, o que podemos fazer para reconhecer a verdadeira
Igreja de Cristo, independente da placa que ostente? Os reformadores do sec.
XVI ofereceram cinco lentes pelas quais a verdadeira Igreja pode ser
reconhecida. Não são lentes mágicas, precisam ser usadas com critério e
sabedoria, você precisa conhece-las e estar disposto a usar, se quiser, mesmo,
não ser enganado e encontrar a verdadeira Igreja de Cristo na terra, porque só
existe uma, só uma, Igreja de Cristo, como já vimos que ele afirma.
As marcas propostas ficaram conhecidas como os
Cinco Solas da Reforma Protestante: sola fide, sola scriptura, solus
Christus, sola gratia e Soli Deo gloria. Vamos fugir ao
nosso método tradicional de pregação, expondo um texto para apresentar com mais
detalhes estes cinco critérios, bíblicos, para você não ser enganado quando
desejar tornar-se membro de uma Igreja, podendo, então, escolher a verdadeira.
SOLA FIDE
Porque
Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo
o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3:16).
Já
afirmamos que existem apenas duas Igrejas. Quando a Reforma Protestante
eclodiu, apesar de inúmeras dissensões, clarificou a existência, por mais
paradoxal que possa parecer, de apenas duas Igrejas. Uma, a de Cristo, e a
outra, bem, outra é simplesmente a outra, chamada nas Escrituras de sinagogas
de satanás (Ap 3:9 - Eis farei que
alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram
judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e
conhecer que eu te amei).
FÉ ALÉM DA FÉ
Você
pode escolher uma igreja que, paradoxalmente, tem o que eu denomino de fé além
da fé, isto é, possui realmente uma forma de fé, mas é uma fé que se alicerça no
que nada pode fazer, que pode ou não ter pernas e não andar, boca e não falar (Sl 115.5-8 - Têm boca e não falam; têm
olhos e não vêem; têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram. Suas mãos
não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta. Tornem-se
semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles confiam), numa busca insana
por saciar uma sede imensa tomando água salobra de cisternas rotas como
denuncia o profeta Jeremias (Jr 2:13
- Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas
vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas). É óbvio
que nem sempre se constróem imagens de pessoas ou de animais, mas, da mesma
maneira, constroem imagens interiores, continuando adorando seus próprios
ídolos, adorando a criatura ao invés de adorar ao criador (ideias de homens, pessoas,
ossos e relíquias, amuletos e patuás, água benta ou santa, sal, lenço,
martelinho… um monte de coisas diferentes, mas, ainda, coisas criadas). Crer no
que não pode ajudar é ter fé além da fé, é crer mais do que o necessário, é
crer no que simplesmente não pode ser a fonte de salvação.
NADA ALÉM DA FÉ
É
curioso, mas a maioria prefere não crer naquele que oferece gratuitamente a
salvação. Jesus é muito claro que ele é “o caminho”, e insiste afirmando que
não há outro caminho para o Pai (Jo 14:6
- Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao
Pai senão por mim), porque ele veio para ser este caminho, ele é a providência
de Deus para solucionar o problema insolúvel (Jo 3:16 - Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna). Embora eu concorde que seja possível crer verdadeiramente, e de todo o
coração, em um monte de coisas, tenho, também, que qualificar esta crença como
crendice ou superstição. É sincera, é honesta, mas não é funcional, não resolve
o problema.
As
coisas deste mundo podem até ajudar a enfrentar as dificuldades deste mundo –
mas não podem resolver a necessidade maior do ser humano, isto é, a salvação
que só pode ser obtida por meio de Jesus Cristo (At 16:31- - Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu
e tua casa) porque ele é a fonte exclusiva de salvação (At 4:12 - E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu
não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que
sejamos salvos).
Estranha
escolha esta: ter fé no que não pode te ajudar ou crer no Senhor Jesus e
receber a ajuda necessária.
SOLA SCRIPTURA
Ele
te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que
pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus
(Mq 6.8).
Na
idade média a Igreja se debatia com o seguinte dilema: em que crer. A Igreja
existente dizia que era necessário crer nas Escrituras de acordo com a
interpretação e os documentos oficiais da Igreja, ou, dito de outra maneira,
era a Igreja quem definia o que precisava ser crido. Após a Reforma logo
surgiram aqueles que defendiam que a Escritura era insuficiente, era apenas
letra morta. Em resposta a isto a Igreja ofereceu uma nova ferramenta para
reconhecer a verdadeira Igreja de Cristo.
UMA ESCRITURA INSUFICIENTE
A
proposta de cânones eclesiásticos, documentos humanos e até uma nova bíblia tem
fascinado a muitos, que se deixam controlar por aquilo que o homem fez. Isto
acontece no romanismo, em livros de espíritos, pretensas profecias que conduzem
para longe de Cristo e escravizam a um legalismo judaizante e até mesmo em
novelas que alguns inadvertidos acabaram aceitando como se fosse outro
testamento do Senhor Jesus (Gl 1:8 -
Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá
além do que vos temos pregado, seja anátema). O outro extremo é a
desconsideração por qualquer forma de Escritura e a dependência exclusiva de
revelações extemporâneas. E aí abre-se a porta para todo tipo de
excentricidade, com absurdos que deixariam o próprio satanás envergonhado se
não fosse ele o pai de todas estas mentiras na tentativa desesperada de enganar
os próprios eleitos de Deus (Mc 13:22
- ….pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando sinais e
prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos) embora, efetivamente,
esteja conseguindo enganar a muitos em instituições chamadas igrejas.
NOS LIMITES DA PALAVRA
REVELADA
Quando
satanás tentou ao Senhor Jesus ele se limitou a responder-lhe com uma afirmação
recorrente: está escrito (Lc 4:8 -
Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele
darás culto). Diante dos religiosos incrédulos ele lhes denuncia a
incredulidade não só pela dureza de seus corações mas, principalmente, pelo
fato de desconhecerem as Escrituras (Mt
22:29 - Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o
poder de Deus) e não as examinarem adequadamente (Jo 5:39 - Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida
eterna, e são elas mesmas que testificam de mim). O Senhor, ao chamar Josué,
disse-lhe que ele deveria meditar, falar e cumprir as Escrituras (Js 1:8 - Não cesses de falar deste
Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer
segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e
serás bem-sucedido). Não haveria, jamais, meio termo – o Senhor requeria e
continua requerendo obediência perfeita (I
Rs 2:3 - Guarda os preceitos do SENHOR, teu Deus, para andares nos seus
caminhos, para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus
juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na Lei de Moisés, para que
prosperes em tudo quanto fizeres e por onde quer que fores) com conhecimento
das Escrituras motivados pelo fato de que os cristãos são amigos de Jesus (Jo 15:14 - Vós sois meus amigos, se
fazeis o que eu vos mando) e desejarem que outros o conheçam como ele quer ser
conhecido (Mt 28:20 - ensinando-os a
guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos
os dias até à consumação do século).
SOLUS CHRISTUS
E
não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro
nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos [At 4.12).
Não
é de estranhar que, numa religiosidade dominada pela multiplicidade de
intercessores os reformadores do sec. XVI tenham se levantado e brandido a
supremacia e suficiência de Cristo. Para eles Cristo era não apenas o maior,
mas único e suficiente.
MAIS QUE CRISTO MAS SEM JESUS
Vivos
ou mortos ainda há muitos que são tidos como dotados de poderes intercessórios
ou capazes de resolver as necessidades, sejam físicas ou espirituais. Homens e
mulheres de oração forte. Curandeiros, milagreiros que recorrem a hospitais
quando ficam doentes. Mas há quem ensine que Cristo não fez tudo que era
necessário, desconsiderando as palavras do próprio Jesus (Jo 19:30 - Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está
consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito). Ao lado da cruz de
Cristo colocam leis, regras, pessoas, alimentos – tudo aquilo que Paulo chamava
de outro evangelho (Gl 1:9 - Assim,
como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além
daquele que recebestes, seja anátema).
Acrescentar
algo à obra de Cristo é negar que Cristo é o que ele diz ser, é negar a sua
perfeição e a perfeição de sua obra, e, lamentavelmente, quando algo ou alguém
é acrescentado é exatamente isto o que se faz. Com o pretexto de honrar homens
ou mulheres que viveram (ou que se acredita que viveram) para exaltar a Cristo
faz-se exatamente o contrário – rebaixa-se Cristo de sua divindade e não lhe dá
a glória que lhe é devida (Is 42:8 -
Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem,
nem a minha honra, às imagens de escultura).
NADA MAIS QUE CRISTO E TER TUDO
A
opção que temos é ter Cristo. O salmista afirma que ter o bom pastor é ter
satisfação plena – ter o Senhor como pastor é ter alimento, ter água e ter
refrigério. Cristo, e só Cristo, é o centro da vida da Igreja, o centro do
evangelho. Com tantos cristos por aí é necessário que a fé esteja firmada no
verdadeiro Cristo. A centralidade de Cristo é absolutamente fundamental para a
fé cristã – o que ele é (filho de Deus), o que ele fez (deu sua vida em resgate
por pecadores) e o que ele fará (retornará para reinar com os que ele remiu com
seu sangue) sendo o cabeça de todos eles (Ef
1:22 - E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre
todas as coisas, o deu à igreja) porque, como disse Zwínglio “Cristo é o Cabeça
de todos os crentes, os quais são o seu corpo e, sem ele, o corpo está morto”.
Se
não tivermos Cristo não temos vida (Gl
2:20 - …logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver
que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si
mesmo se entregou por mim) porque só há vida para quem está nele (Jo 15:5 - Eu sou a videira, vós, os
ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim
nada podeis fazer) e, sem ele ninguém pode fazer nada (II Co 5:19 - …a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou
a palavra da reconciliação). Ou se tem a salvação em Cristo ou a única coisa de
que se pode ter certeza é que ainda permanece sob a ira de Deus (Jo 3:36 - Por isso, quem crê no Filho
tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a
vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus).
SOLA GRATIA
Porque
pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus (Ef
2:8).
SALVAÇÃO PELAS OBRAS
Uma
anuncia que a salvação, apesar de oferecida gratuitamente por Cristo, exige
todo tipo de intervenção humana. Alguns defendem que esta intervenção humana é
o exercício da vontade para estender a mão e pegar o que Cristo tem a oferecer.
Outros vão mais longe e colocam a salvação como algo a ser conquistado mediante
todo tipo de ação, como ir a Igreja, ofertar, fazer provas de Deus, campanhas,
boas obras para contrabalançar os pecados eventualmente cometidos, como se uma
boa obra pudesse anular um pecado (Hb
9:22 - Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com
sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão), outros defendem que
Cristo, efetivamente, proporciona a salvação, mas que há algumas ações humanas
necessárias como se este não estivesse espiritualmente morto e incapaz de
qualquer forma de ação em seu próprio favor (Ef 2:1 - Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e
pecados).
Neste
sentido até mesmo a fé é colocada como uma obra humana quando na verdade ela
vem por meio de Cristo, e não para merecer a Cristo (At 3:16 - Pela fé em o nome de Jesus, é que esse mesmo nome
fortaleceu a este homem que agora vedes e reconheceis; sim, a fé que vem por
meio de Jesus deu a este saúde perfeita na presença de todos vós). Há os que
afirmem que a salvação está em tornar-se membro de uma denominação apresentada
como o reino de Deus na terra e a porta para o céu – e muitos defendem que
somente estando sob o governo de uma instituição ou homem a perdição pode ser
evitada.
SALVAÇÃO PARA AS OBRAS
Enquanto
uns defendem a salvação que é completada pelas obras pelas obras, sejam quais
forem elas, a bíblia não nos deixa pensar a não ser na salvação mediante a fé,
que é vista como um instrumento dado por Deus ao pecador que antes era incapaz
de praticar boas obras, já que estava morto em seus próprios pecados (Ef 2:1 - Ele vos deu vida, estando vós
mortos nos vossos delitos e pecados) com um propósito – viver a vida da fé na
prática de boas obras (Ef 2:10 -
Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus
de antemão preparou para que andássemos nelas), de maneira que as obras são a
consequência, não a razão para a salvação (Tt
2:14 - …o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda
iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de
boas obras). A fé é ensinada como a origem correta para a prática das boas
obras, e as obras da fé são agradáveis a Deus, embora elas não possuam, em si
mesmas, qualquer espécie de mérito torne Deus devedor aos homens (Ef 2:9 - …não de obras, para que
ninguém se glorie).
FIDES X OPERA
Eis
o primeiro teste a ser colocado em prática: tentar salvar-se mediante a prática
de obras ou crer que Jesus já te salvou mediante a sua obra (Is 53:11 - Ele verá o fruto do penoso
trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu
conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre
si).
SOLI DEO GLORIA
Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do
Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás
para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus,
nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes
darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade
dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e
faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus
mandamentos (Ex 20.2-4).
Nos dias da reforma contavam-se às centenas as
Igrejas que eram erguidas sob alegadas relíquias de santos – a Reforma
iniciou-se como reação à coleta de dinheiro para construir uma Igreja em honra
a Pedro e mesmo a Igreja em cujas portas as 95 teses foram afixadas tinham a
sua coleção de relíquias. O que os reformadores tinham a dizer sobre isso? Eles
propuseram, então, que toda a glória fosse dada somente a Deus. Parece estranho
precisar propor isso nos nossos dias? Vejamos.
GLÓRIA A HOMENS – ELES MERECEM?
Não é difícil encontrar Igrejas edificadas em honra
a homens ou mulheres. Isso é uma prática secular nas fileiras romanas, mas
também existe a glorificação de homens nos arraiais alegadamente evangélicos.
Honra a homens e mulheres tidos como grande poder e poder de Deus tem se
tornado uma prática da vez mais corriqueira, e é bom lembrar que o primeiro que
se arrogou estes títulos foi duramente amaldiçoado por Pedro (At 8:10 - …ao qual todos davam ouvidos,
do menor ao maior, dizendo: Este homem é o poder de Deus, chamado o Grande
Poder). Quando foi objeto de culto Pedro imediatamente rejeitou tal honra (At 10.25-26 – Aconteceu que, indo Pedro
a entrar, lhe saiu Cornélio ao encontro e, prostrando-se-lhe aos pés, o adorou.
Mas Pedro o levantou, dizendo: Ergue-te, que eu também sou homem) e Paulo
também rejeitou, com grande dificuldade para convencer os habitantes de Listra,
uma honra que não lhe era devida (At
14:13 - O sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade,
trazendo para junto das portas touros e grinaldas, queria sacrificar juntamente
com as multidões). Diferente disto o que vemos atualmente é uma profusão de
cristos, pseudoapóstolos, profetas de si mesmos, pais de suas próprias heresias
e semelhantes, todos desejosos de serem honrados.
GLÓRIA A DEUS, GOZO DO HOMEM
A alternativa a esta proposta é definida no Breve
Catecismo quando pergunta qual a finalidade principal do homem com a resposta
claríssima: glorificar a Deus. E em decorrência disso gozar da sua benfazeja
presença. O endeusamento de cantores e homens não é novidade, e tem levado a
Igreja a esquecer-se de glorificar ao Senhor – um pecado que o Senhor não
tolera e não deixará sem resposta (Sl
50.22 - Considerai, pois, nisto, vós que vos esqueceis de Deus, para que
não vos despedace, sem haver quem vos livre). Deus tanto é digno de ser
glorificado como exige que isto seja feito e promete despedaçar quem não o
fizer. Que homem pode fazer semelhante afirmação? Que instituição pode fazer
tal cobrança? Quem pode fazer e cumprir a promessa que o Senhor faz neste mesmo
salmo (Sl 50.23 -
O que me oferece sacrifício de ações de graças, esse me glorificará; e ao que
prepara o seu caminho, dar-lhe-ei que veja a salvação de Deus)? Glorificar a
Deus é exaltá-lo numa vida de obediência, temendo-o e guardando sua Palavra (Ec 12:13 - De tudo o que se tem ouvido,
a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de
todo homem) e de usa gloria Deus jamais abriu nem abrirá mão.
UMA ESCOLHA (NADA) FÁCIL
Não imagine que estou defendendo qualquer forma de
livre arbítrio, entretanto, de acordo com as inclinações do seu coração – ou do
Espírito de Deus em seu coração, você pode tomar uma decisão a respeito de qual
será a sua Igreja, ou se permanecerá sem Igreja alguma.
Você tem cinco maneiras de identificar a verdadeira
Igreja de Cristo, porque ele só tem uma – e todas as outras são contra ele (Lc 11:23 - Quem não é por mim é contra
mim; e quem comigo não ajunta espalha).
Em
primeiro lugar, você pode optar por viver pela fé em Cristo ou
pela crença em qualquer outra coisa – mas eu tenho que lhe dizer que somente a
fé em Cristo e que vem por meio de Cristo (II
Co 5:18 - Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por
meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação) pode te dar aquilo que
você mais necessita: a salvação de sua alma.
Em
segundo lugar, você pode optar por deixar-se orientar pela
imutável palavra de Deus, a qual é viva e permanente (I Pe 1:23 - …pois fostes regenerados não de semente corruptível,
mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente)
ou ficar sendo carregado de um lado para outro por todo vento de doutrina que
surge e que continuará a surgir todo o tempo (Ef 4:14 - …para que não mais sejamos como meninos, agitados de um
lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha
dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro).
Em
terceiro lugar, você pode optar por crer em Cristo, o único
caminho para Deus, ou dizer que Cristo não é suficiente e tentar andar em
caminhos mais espaçosos, tentando agradar a dois senhores (Lc 16:13 - Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de
aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro.
Não podeis servir a Deus e às riquezas) mas sempre desagradando ao verdadeiro
Senhor (Mt 10:28 - Não temais os que
matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer
perecer no inferno tanto a alma como o corpo).
Em
quarto lugar, você pode confiar exclusivamente na graça de Deus
para a sua salvação e em decorrência disso fazer o bem (Tt 3:8 - Fiel é esta palavra, e quero que, no tocante a estas
coisas, faças afirmação, confiadamente, para que os que têm crido em Deus sejam
solícitos na prática de boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas
aos homens) ou confiar em si mesmo, lembrando que as obras dos homens nada
merecem além da morte (Rm 6:23 - …porque
o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em
Cristo Jesus, nosso Senhor).
Em
quinto lugar, você pode fazer tudo em nome do Senhor Jesus Cristo
para glória de Deus pai (Cl 3:17 - E
tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor
Jesus, dando por ele graças a Deus Pai) ou pode adorar paus, pedras ou homens e
mulheres que não podem salvar nem a si mesmos, prometendo o que não tem nem
podem entregar.
A
qual Igreja você deseja pertencer? À verdadeira Igreja de Cristo ou à grande
babilônia da qual o Senhor te ordena sair, se você é, de fato, povo dele (Ap 18:4 - Ouvi outra voz do céu,
dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados
e para não participardes dos seus flagelos).
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