sábado, 7 de novembro de 2015

SER IGREJA SEM IR NA IGREJA?

Recentemente li um texto divulgado por um amigo, escrito por alguém que me é desconhecido, no qual ele falava sobre ser ir ou ir na Igreja. E sua tese era de que não é necessário ir na Igreja para ser Igreja.
Seu texto é quase poético, mas, ao mesmo tempo, profundamente iludido e desiludido ao mesmo tempo. Iludido com vozes que, aqui e acolá, dizem que é possível ser discípulo de Jesus sem precisar de uma Igreja. Ninguém perguntou para ele, mas ele quis divulgar sua idéia - e começa dizendo que há muito tempo não vai à Igreja, mas ainda assim se julga verdadeira Igreja. Iludido, a verdade é que não é. Não pode ser Igreja quem não considera a bíblia como normativa, como palavra autoritativa de Deus, e esta mostra que a Igreja é, antes de mais nada, comunidade adoradora, que se reúne perseverantemente, que persevera em oração e adoração, em conhecimento da palavra e na evangelização e, apesar da oposição do mundo e das falhas dos próprios membros, continua sendo genuína Igreja do Senhor Jesus, como vemos até mesmo na Igreja apontada como perfeita, onde Ananias, Safira, Pedro, João Marcos cometem erros, Paulo e Barnabé se desentendem mas não deixam de ser Igreja.
O autor entendeu errado - diz que não vai à Igreja há muito tempo por ter entendido que é Igreja em qualquer lugar. E está apenas parcialmente certo. O cristão é Igreja onde está, mas o cristão não foi feito para ser sozinho. Desde o Éden a visão de Deus é que não é bom que o homem esteja só, e isto inclui também relacionamento social, a ponto de, embora a salvação ser individual, ela é, também, um chamado para fazer parte de um povo, um povo de propriedade exclusiva de Deus, povo que Jesus comprou com seu precioso sangue, mas, devo insistir, um povo.
O autor se apresenta como eclético, indo a vários lugares onde a Igreja se reúne, mas sem, de fato, congregar em nenhuma delas, pretendendo ser comunidade sem fazer parte de nenhuma comunidade, sem se comprometer, sem ter que suportar as falhas dos irmãos e sem estar disposto a edificar ninguém (que ele considera serem seus irmãos em Cristo mas ao mesmo tempo não quer o seu convívio). A comunidade é apenas um ritual como se fosse suficiente para recarregar baterias de uma espiritualidade que pretende ser superior. Para ele, lamentavelmente, a Igreja é apenas um delivery espiritual, onde, se quer uma mensagem com conteúdo, talvez procure uma Igreja presbiteriana ou um vídeo no youtube... Se quer autoajuda, existem muitos malas que falam à disposição... Se quer um musical emotivo mas que não exige mudanças, procura uma batista num laguinho... Se quer um pouco de fogo, procura uma denominação neopentecostal... Se tem dinheiro sobrando para uma barganha, a Universal e Mundial estão de portas abertas... Se quer sorrir, sem assistir o Patati, pode se esbaldar no Agenor e seus truques...
Seu texto também é profundamente desiludido com a Igreja que beija a mão dos reis, que aceita tomar parte na lavagem de dinheiro dos mensalinhos, mensalões e petrolões, que cede seus púlpitos e os transforma em palanques para políticos iludirem os fiéis já iludidos com a apresentação de tudo menos do Cristo das Escrituras, que faz ato profético e toma cafezinho na mesa do rei, confundido orar pelas autoridades com dar suporte a governantes iníquos. Embora concorde com ele que a Igreja falha neste aspecto, devendo se parecer mais com João Batista ou Elias do que com as Paulas batistas e Eyshilas da vida, não é abandonando a fé e desobedecendo às palavras das Escrituras que alguém se torna mais Igreja, julgando toda a Igreja com sua régua obtusa em sua mente atribulada.
Sim, o amigo do meu amigo precisa, antes de mais nada, do consolo do Espírito. Se um dia foi Igreja, precisa voltar à casa do pai. Se estava insatisfeito, creio que não é om as bolotas do mundo que seu estômago ficará satisfeito. É tolice pensar que, não encontrando santidade na Igreja, vai encontrar mais santidade no mundo. É tolice pensar que uma faca pode ser afiada sem atrito, sem dor, sem renúncia, sem discipulado constante, sem obediência e sem perseverança.
É, o amigo do meu amigo está errado. Deixou de congregar e entrou na lista daqueles alguns que o escritor da carta aos hebreus considera estarem em grande erro e perigo (vide Hb 10.25-27 - Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima. Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários). 
Afirma ser amigo de Jesus, quando, na prática, voluntaria e conscientemente rejeita obedecer ao mandamento do Senhor (Jo 15:14 - Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando). Não há como ser Igreja de Cristo, proclamando a voz de Cristo aos pecadores, anunciar a vitória na cruz e a ressurreição de Cristo sem, primeiro, tornar-se discípulo obediente de Jesus. O amigo do meu amigo retrocedeu, está laborando em erro quando acredita ainda ser Igreja - e você?

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