segunda-feira, 25 de maio de 2015

RESULTADOS DO TESTEMUNHO DE UMA VIDA TRANSFORMADA PELA GRAÇA DE DEUS EM CRISTO

RESULTADOS DO TESTEMUNHO DE UMA VIDA RESTAURADA PELA GRAÇA DE DEUS EM CRISTO JESUS




35 Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto e ali orava. 36 Procuravam-no diligentemente Simão e os que com ele estavam. 37 Tendo-o encontrado, lhe disseram: Todos te buscam. 38 Jesus, porém, lhes disse: Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu pregue também ali, pois para isso é que eu vim. 39 Então, foi por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas deles e expelindo os demônios.
40 Aproximou-se dele um leproso rogando-lhe, de joelhos: Se quiseres, podes purificar-me. 41 Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, fica limpo! 42 No mesmo instante, lhe desapareceu a lepra, e ficou limpo. 43 Fazendo-lhe, então, veemente advertência, logo o despediu 44 e lhe disse: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para servir de testemunho ao povo.
45 Mas, tendo ele saído, entrou a propalar muitas coisas e a divulgar a notícia, a ponto de não mais poder Jesus entrar publicamente em qualquer cidade, mas permanecia fora, em lugares ermos; e de toda parte vinham ter com ele.
Mc 1.35-45

RELIGIOSIDADE ≠ RELACIONAMENTO COM JESUS

Quantos milagres Jesus fez? Não sabemos – ninguém sabe. O máximo que podemos fazer é contar os milagres que foram relatados na Escritura – mas isto não nos levaria a lugar algum. Por certo, mais importante do que quantos, a pergunta que deveria ser feita é: qual o propósito dos milagres? Para isto temos uma resposta em João – eles foram feitos para que creiamos que Jesus Cristo é o Filho de Deus, e, crendo, obtenhamos vida em seu nome (Jo 20:31).
Embora os milagres atestassem a messianidade de Jesus, pouco é dito sobre a fé em Jesus como fruto destes milagres. Mesmo quando ela se faz presente ela não atinge muitas pessoas – em muitos casos, é o testemunho posterior do milagre que produz conversões, como no caso da mulher de Samaria (Jo 4:39) ou do endemoninhado da região de Gadara (Mc 5:19).
Na região de Cafarnaum Jesus realizou muitos milagres – transformou água em vinho, curou a sogra de Pedro e vários doentes e endemoninhados. Mas, mais tarde, é dito que naquela mesma região ele não fez muitos milagres por causa da incredulidade deles (Mt 13.57-58). Eles estavam satisfeitos com o que tinham de Jesus – tinham sua história, sua família, não precisavam dele como messias. Há uma grande diferença entre religiosidade relacionamento com Jesus, o Cristo. Religioso qualquer um pode ser, buscar uma divindade qualquer um pode buscar (At 17:22), mas conhecer o Deus verdadeiro e a Jesus Cristo é somente para aqueles a quem o Espírito de Deus conceder (Lc 10:22).

I. NÃO FIQUE PRESO A UMA RELIGIOSIDADE QUE JULGAS SATISFATÓRIA

Depois de muitos milagres, depois de tantas curas e libertações espirituais, depois de tantos eventos extraordinários era natural que as multidões se sentissem interessadas, impelidas pela curiosidade para ver cada vez mais o que Jesus era capaz. E eles veriam – mas seriam poucos os que creriam. Sua cegueira espiritual os impedia de verem a luz do mundo (Jo 8:12), e, para cegos, nem toda a luz do mundo é suficiente para que venham a enxergar. A sabedoria clamava e ainda assim eles não conseguiam ouvi-la (Jo 10:27).
Qual o problema deles? A resposta é que eram religiosos, eram mestres, tinham conhecimento, tinham história, sabiam tudo – mas não conheciam a Jesus, não o conheceram como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1:29). Não o reconheceram como Senhor e salvador (Jo 1:11), nem mesmo com uma última ajudinha de Pilatos e sua placa trilíngue sobre a cruz (Jo 19:19).
Podemos afirmar que os judeus estavam satisfeitos com o que Jesus já havia feito, queriam que ele os saciasse naquele nível de bênçãos temporais. Assediavam a Jesus sem dar-lhe descanso ou tempo a ponto dele retirar-se às escondidas para um lugar deserto dedicar-se à oração – era alta madrugada, madrugada de noite, isto é, era a ultima vigília da noite, entre 3 e 6h da manhã. Logo que deram por sua falta Simão, o dono da casa, juntamente com os que com ele estavam, isto é, com André, João e Tiago, saíram a procura-lo diligentemente, o que não deve ter sido uma missão muito difícil porque eram daquela região, conheciam-na muito bem.
Quando o encontraram, não tinham nada a lhe dizer senão o óbvio – todos buscavam a Jesus, todos o queriam. E era natural que o buscassem e o quisessem. Quem não iria querer em seu meio alguém capaz de curar enfermidades para as quais não existia remédio, libertar cativos do diabo diante de quem todos eles eram absolutamente incapazes. E Jesus sabia que seria assim – mas eles o buscavam pelo motivo errado. O próprio Pedro o buscava muito mais por ser o anfitrião do que por ver, nele, o messias.
Observe que esta acomodação era comum tanto aos judeus, de um modo geral, e, por inacreditável que seja, até mesmo para os discípulos de Jesus. Devo lamentar que esta acomodação não se limitou àquela época – ainda hoje há discípulos de Jesus extremamente acomodados e refastelados em sua zona de conforto – da mesma maneira que há incrédulos satisfeitos com sua religiosidade que não pode lhes dar a satisfação dos anseios da alma humana – a salvação de suas almas.

II. NÃO SE LIMITE A TER APENAS CURIOSIDADE SOBRE JESUS

Jesus não veio simplesmente para satisfazer curiosidade religiosa (Lc 13:32). Jesus veio para trazer restauração de vidas e liberdade, para conduzir homens e mulheres ao arrependimento e à salvação. Quando vejo o Jesus que é pregado em todos os cantos fico abismado pensando: Jesus não se reconheceria ali, nem os apóstolos de Jesus reconheceriam aquela mensagem como se fosse o fundamento dos apóstolos e profetas. Talvez batessem na cabeça e no peito e exclamassem: “Fizemos tudo errado”. Mas não fizeram não. Eles foram inspirados pelo Espírito Santo, fizeram o que o Senhor lhes havia ensinado e transmitiram este ensinamento a pessoas idôneas (II Tm 2:2).
Enquanto as multidões o procuravam, Jesus não se presta ao papel de pop star, não intenta satisfazer a idolatria das multidões. Ele não veio para isso. Não veio para ser mais um dado na religiosidade mundana. As multidões o queriam – Pedro queria conduzi-lo para o meio da multidão, em sua vila, em sua cidadezinha esquecida e desprezada. Enquanto Pedro tenta conduzi-lo ele os chama com autoridade para outras vilas, com o intuito de lhes anunciar formalmente a chegada do reino de Deus. Foi para isso que ele veio, para pregar o reino de Deus, para anunciar o ano aceitável do Senhor a todos os oprimidos, e não apenas a alguns de Cafarnaum e região.
Jesus afirma que veio de bom grado, não foi obrigado a vir, mas veio com o intuito de cumprir uma missão e o fazia alegremente (Jo 18:37). E logo eles foram, sob a autoridade de Jesus, seguindo-o como ovelhas seguem ao pastor, para outras povoações vizinhas, passando e anunciando em todas as sinagogas delas, atravessando toda a Galiléia – e junto com a pregação a anunciada libertação proporcionada pela Palavra (Jo 8:32) também produzia curas espirituais.
Jesus veio para os perdidos da casa de Israel, veio para os necessitados e seu ministério foi de compaixão, mesmo quando teve que enfrentar as relutâncias religiosas vigentes no seu tempo, como ao curar o homem da mão ressequida num dia de sábado (Lc 6.9-10).
Assim como havia pessoas absolutamente religiosas e satisfeitas com sua religiosidade, não é nada diferente hoje em dia. Ainda há pessoas religiosas e curiosas. Assim como havia multidões que seguiam a Jesus por curiosidade e por causa das bênçãos materiais, elas existem ainda hoje. A resposta de Jesus ainda é a mesma: ir por toda parte anunciando a chegada do reino – especialmente aos desprezados e excluídos como eram os galileus. E eles ainda estão por aí, vagando na região da sombra da morte até que lhes surja grande luz (Is 9:2).

III. ENTENDA QUE SOMENTE CRISTO TEM AUTORIDADE PLENA

Diante de uma prova inesperada, a presença de um leproso que, diferente dos demais que fugiam das cidades com medo das pedradas, ou que andavam gritando “leproso” para que as pessoas se afastassem do caminho, aquele homem vai até Jesus e lhe dirige a palavra. Embora suas palavras pareçam, à primeira vista, de desafio, de uma chamada a Jesus provar sua autoridade, na verdade, ele se põe numa atitude de completa sujeição a Jesus.
Ele não faz como muitos incrédulos que, inadvertidamente e presunçosamente bradam: “Deus, se tu existes, faça isso ou aquilo”; “Se tu estás ouvindo, então eu te desafio a fazer uma coisa ou outra”. Ainda bem que Deus não ouve pecadores e seja longânimo em misericórdia (II Pe 3:9), embora veja o que eles fazem e retribua a cada um segundo as suas obras (Pv 24:12).
Ele se ajoelha diante de Jesus, coisa que os judeus não faziam diante de ninguém nem mesmo para preservarem a vida. Era um ato de reconhecimento da autoridade e soberania de Jesus Cristo, um ato de completa rendição – um tipo de rendição que um judeu só faria diante de Deus. Antes que alguém diga que ele era um ignorante, temos, também, o exemplo de Jairo. Como Jairo, ele reconhece que Jesus possui uma vontade que não pode ser combatida ou vencida. Ele sabia que Jesus tinha poder para curá-lo. O que ele precisava era saber se Jesus queria curá-lo. E então ele diz a Jesus: Senhor, se quiseres, se tiveres a vontade ou a intenção de curar-me, sei que tens poder para purificar-me.
Pedro, que estava presente, deve ter olhado para o rosto de Jesus, para ver sua reação – e diferente do que a maioria dos rabinos fazia, afastando-se para não ser contaminado, ele vê algo diferente no rosto de Jesus, algo que ele interpretou como compaixão, como incômodo e sofrimento com a dor do outro. Jesus se compadece, isto é, ele padece junto, e, estendendo a sua mão direita, para surpresa de todos, toca no leproso e diz que sua vontade, seu desejo, seu propósito é que ele fique limpo. Sim, Jesus tinha poder para purificá-lo – e também tinha o desejo de purificá-lo.
Imediatamente a lepra o deixa, e ele fica, então, purificado, são de uma doença cujo diagnóstico representava uma sentença de morte, uma lenta sentença de morte, longe de tudo e de todos, fora do convívio familiar e das cidades. Mas agora este não era o destino daquele ex-leproso de nome desconhecido mas com uma história conhecida em todos os lugares onde o evangelho do Senhor é chegado – não porque ele seja importante, mas porque, nele, a glória de Cristo foi mais uma vez demonstrada, seu poder e graça são vistos e sua autoridade é estabelecida, como rei que expulsa os inoportunos impostores.

IV. CREIA NO TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS A RESPEITO DE JESUS

Embora Marcos não esclareça o motivo, Jesus o expulsa energicamente da sua presença com uma severa admoestação, quase com um aviso ameaçador para que não divulgue o que lhe havia acontecido. Porque Jesus o tratou com rispidez? Sabemos que Jesus conhece a natureza humana (Jo 2:25) e por algum motivo não lhe permite que fique com ele – como, aliás, aconteceu com o endemoninhado gadareno (Mc 5:19).
A ordem que Jesus lhe dá é que a ninguém comunique o que lhe foi feito, mas que se dirija imediatamente ao sacerdote local para mostrar sua gratidão a Deus, oferecendo o sacrifício correspondente por sua purificação. O Jesus que seria odiado pelos religiosos, o Jesus que os sacerdotes queriam matar (Jo 7:19) é o mesmo Jesus que ordena a um ex-proscrito que cumpra a lei – a mesma lei que eles acusariam Jesus de desobedecer.
 Mais eficaz do que falar o que Jesus tinha feito era ser, no templo, formalmente restaurado à sua comunidade, à sua vida social e religiosa. Este era o local onde ele poderia dar um testemunho mais eficiente de sua transformação. E isto também é uma dura advertência àqueles que acham que podem ser cristãos, podem ser discípulos de Cristo sem, ao mesmo tempo, precisarem da Igreja. Aquela era a Igreja de seus dias – era nas sinagogas que Jesus ensinava. Era no templo que ele adorava. E como alguém pode dizer que segue os passos de Cristo sem seguir-lhe o exemplo? Mas antes que alguém diga que aquilo era algo da lei, lembremos as palavras do próprio Jesus que não veio para abolir a lei, mas para cumpri-la (Mt 5:17) – se ele a respeitava integralmente, porque podemos nos achar no direito de desrespeitá-la parcialmente (Hb 10:25).
Mas aquele homem não podia guardar para si somente o que lhe havia acontecido. Ele era como que um nascido de novo – era como se, de um condenado à morte em vida, agora pudesse novamente ter vida. Como não contar isso para sua família? Como não contar para seus amigos? Como não proclamar a todos o que lhe havia acontecido – e como esconder que fora o até aqueles dias desconhecido Jesus, de Nazaré (Jo 1:46), quem lhe havia restituído à vida?
Tamanho foi o impacto deste testemunho – e de outros, certamente – que Jesus não podia mais entrar nas cidades ou vilas com suas ruas estreitas e multidões sempre ávidas por chegar-lhe perto. Jesus passou a não aparecer mais nas cidades, mas, mesmo fora das portas, mesmo nos lugares desertos, as multidões vinham até ele de todos os lados – porque o testemunho de sua graça e poder havia chegado até seus ouvidos.

O QUE VOCÊ QUER SER?

A maioria das pessoas que creram em Jesus o fez por causa do testemunho sobre quem ele é e o que ele fez. O número dos que creram no testemunho dos crentes a respeito de seu ministério, identidade, morte e ressurreição foi 6 vezes maior do que os que viram-no ressurreto (I Co 15:6).
Diante disso, creio ser desnecessário dizer para a Igreja sua tarefa de testemunhar quem é Jesus, o que Jesus fez e faz, de anunciar sua vida, sua morte e sua ressurreição, de afirmar sua fé no retorno glorioso do Senhor Jesus (Mt 28.19-20). Ninguém precisa de treinamento teológico para dizer o que Jesus lhe fez – ou será que os crentes do sec. XXI estão menos preparados do que um ex-possesso gadareno (Mc 5:19)?
Diante de você quero colocar duas opções – e não existe uma terceira, não existe um meio termo. Só existem estas duas – e, de antemão, rogo a Deus que lhe incline o coração para ser, verdadeiramente, um cristão.

VOCÊ PODE SER UM MERO RELIGIOSO

Em todos os lugares, independente da cultura, do grau tecnológico, se norte, sul, leste ou oeste, se no oriente ou no ocidente, é muito fácil ser religioso. Todos os lugares do mundo possuem uma religião dominante. Alguns lugares preferiram uma multiplicidade religiosa onde cada um constrói sua própria religiosidade, e, às vezes, encontramos pessoas que seguem duas religiões contraditórias entre si, como, por exemplo, declarar-se cristão e ao mesmo tempo espírita. Observe que elas não são antagônicas – elas são apenas contraditórias. Outro exemplo é o sincretismo cristianismo e umbanda – um defende a existência de um único Deus, enquanto o outro adora divindades de todos os tipos, mesmo incorporadas a um panteão de semideuses mais parecido com a religiosidade greco-romana.
Paulo conheceu um grande centro religioso mundial, em Atenas. Aquela cidade já fora tida como o centro intelectual do mundo, deu numerosos filósofos e matemáticos dos quais ainda hoje estudamos suas teorias e proposições – mas era, também, uma cidade grega, e acentuadamente religiosa. Em todo canto havia um templo, e dedicaram uma praça para todos os deuses que conheceram em suas relações comerciais com o resto do mundo. Com o intuito de não deixar nenhum de fora, criaram um pedestal dedicado ao deus desconhecido, era o pedestal de todos os deuses e de nenhum deus em particular, porque, no instante em que fosse conhecido, eles o fariam descer dali e ir para outro lugar. Religiosos, mas sem Deus; acentuadamente religiosos, mas sem o Deus verdadeiro (Ef 2:12).
Assim é – com deuses, mas sem Deus. Com muitos intercessores, mas sem o único mediador (I Tm 2:5). O problema é que mesmo toda a religiosidade do mundo é insuficiente. Tudo o que o homem consegue construir é um castelo de fumaça, uma névoa que se desfaz ao romper da aurora. É preciso mais, mas é preciso mais não em quantidade, mas algo essencialmente diferente, maior, duradouro, eterno – e o homem não consegue construir nada eterno. Certa vez vi um homem religioso, mas que não conhece verdadeiramente a Cristo, escrever uma verdade que muitos cristãos não ousam proferir: Existem milhares de religiões, mas o caminho que nos leva a Deus é só um!

VOCÊ DEVE SER UM CRISTÃO GENUÍNO

Embora você possa ser qualquer coisa, e o mercado religioso é cheio de alternativas, muitas até muito parecidas com o verdadeiro cristianismo, o fato é que não é o que você pode ser que realmente importa – mas o que você deve ser.
Ser cristão é diferente de ser religioso – isto não quer dizer que o cristianismo não seja uma religião, ele é. Mas ele é mais que uma religião. Ele é a religião de Cristo. E Cristo não é mais um Deus – e o único Deus. Então, se há um só Deus, e se o único caminho para Deus é o próprio Senhor Jesus Cristo, então, se você quer realmente se relacionar com Deus, quer realmente conhece-lo, então, você deve ser um cristão verdadeiro. E como ser um cristão verdadeiro? Como ser verdadeiramente cristão em meio a tantas opções de cristianismo? Permita-me dar-lhe algumas orientações:
i.          SOLA SCRIPTURA: A primeira orientação é que você não aceite nada como matéria de fé que não possa ser provada pelas Escrituras. Somente elas são a Palavra de Deus – qualquer coisa, por mais bonitinha e até aparentemente eficaz que seja, que não esteja nas Escrituras, não deve ser digna de crédito. Se você quer ser cristão, deve considerar as Escrituras como sua única regra de fé e prática. Sim, você deve dizer que somente as Escrituras te bastam;
ii.        SOLUS CHRISTUS: A segunda orientação é que você não tenha ninguém mais em quem confiar a sua salvação além do Senhor Jesus Cristo – somente Cristo, e ninguém além de Cristo, pode te dar a vida eterna (a vida eterna é esta). Foi ele quem foi dado para a sua salvação, e ninguém mais. É isso, você deve ter como Senhor da sua vida somente Cristo;
iii.     SOLA FIDE: A terceira orientação é que você não tente colocar nada no seu coração além da fé em Jesus Cristo – qualquer acréscimo, qualquer obra, qualquer objeto é o mesmo que declarar Cristo incapaz e ineficiente – e ele é suficiente salvador para todos os que nele creem. Sim, você deve rejeitar tudo que é do homem e viver somente pela fé;
iv.     SOLA GRATIA: A quarta é que você não confie nem em você mesmo para a sua salvação – o homem antes de ser encontrado em Cristo está morto em delitos e pecados, e, desta maneira, não pode fazer nada para merecer a salvação – ela é um dom de Deus, um presente maravilhoso do seu amor gracioso. Não há outro meio de salvação senão somente a graça;
v.        SOLI DEO GLORIA: A quinta é que você fuja com todo o seu vigor, de qualquer impostor que queira ser glorificado. Satanás desejou glória e ainda a deseja. Satanás é um usurpador – e há muitos seguidores seus que querem ser vistos como grandes homens, como homens poderosos, como Simão, o mago, que, com seu dinheiro, sofreu dura condenação. O único digno de ser glorificado é o Senhor Deus. Somente a Deus dê glória.
Você percebe que eu não falei nada de liturgia, sistema de governo, jeito de cultuar? É importante? Sim, é, mas é mais importante que você adore em espírito e em verdade – e se você estiver adorando em espírito e em verdade o Espírito do Senhor vai te conduzir à toda verdade.


domingo, 17 de maio de 2015

FAMÍLIA DE DEUS - UMA RADIOGRAFIA DA IGREJA EM I Jo 5.20-21

UMA RADIOGRAFIA DA IGREJA DE DEUS

20 Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. 21 Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.
I Jo 5.20-21
O que é a Igreja? No início desta carta João a descreve como aqueles que estão em comunhão uns com os outros por intermédio do Espírito, e, também, por meio deste mesmo espírito, estão em comunhão com o Pai e com Filho. Para João só é possível ser membro desta Igreja se crer naquilo que ele, como testemunha ocular, afirma – que Jesus Cristo é o Filho de Deus, o verbo da vida que irradiou a glória do Pai sobre os homens que estavam alheios à sua glória.
João afirma que só pode ser membro desta Igreja aquele que, arrependido, confessou o seu pecado e, em consequência disto, recebeu o perdão gracioso da parte de Deus, perdão que se estende a todos os pecados e a toda injustiça.
Para João ser membro desta Igreja significa uma luta constante contra ameaças de todas as espécies, ameaças que envolvem o entendimento e o espírito, mas ameaças que podem ser vencidas pela fé no Filho de Deus.
João apresenta algumas evidências na vida da Igreja que demonstram se ela é, de fato, a Igreja de Deus: alicerçada no amor verdadeiro, desarraigada do mundo e, principalmente, a firme confissão de Jesus como Senhor e salvador. Esta fé no Senhor Jesus é o firme fundamento da nossa esperança de vida eterna, e este fundamento está no fato de que todo aquele que crê no Filho tem a vida, passou da morte para a vida, foi, graciosa e maravilhosamente, tornado, de filho da ir, em Filhos de Deus.
Estes filhos de Deus, por quem Jesus morreu, nascidos de novo, podem chamar Deus de pai. E João, que anunciou a chegada do verbo em seu evangelho, agora relembra que este verbo deve ser crido e termina esta carta apresentando três características desta Igreja que merecem ser observadas por nós nesta noite.

ELES SABEM QUE O FILHO DE DEUS VEIO

Sim, os filhos de Deus sabem que Jesus veio. Do ponto de vista da fé saber que Jesus veio é mais do que ter ouvido falar que Jesus veio. Estamos acostumados a ouvir muitas coisas, vamos às salas de aula e ouvimos muitas coisas, mas só sabemos algo quando o que ouvimos se torna parte de nós. Só pode realmente saber que Jesus veio quem, efetivamente e pelo Espírito de Deus, o recebeu como seu Senhor e salvador.
Fariseus tiveram abundantes informações sobre Jesus – certamente souberam mais do que sabemos que eles souberam, e muito mais ainda mais informações do que eles queriam saber – e nem por isso o amaram.
Saduceus também ouviram muitas coisas sobre Jesus, interrogaram pessoas e eram testemunhas de numerosos atos de misericórdia de Jesus, mas, mesmo assim, resolveram matá-lo.
Os escribas e doutores da lei tiveram muitas oportunidades para aprender com Jesus mas desperdiçaram estas oportunidades testando, experimentando-o para ver se incorria em erro.
O jovem rico, nove leprosos, os amigos de Lázaro, os criadores de porcos e até mesmo um discípulo de Jesus. Tiveram todas as oportunidades, ouviram e viram, mas, por sua dureza de coração e por seus interesses, não creram nele.
Os cristãos tem verdadeiro conhecimento, experimentam-no como seu Senhor, podem afirmar que já não são mais eles quem vivem, mas Cristo quem vive neles. Os cristãos podem afirmar possuírem uma nova natureza, uma nova vida em Cristo, uma nova perspectiva e uma esperança de glória baseada unicamente na certeza de que o mesmo Deus que deu seu único filho os ama agora como a filhos, e que jamais os abandonará, e esta é uma esperança que não pode ser encontrada em nenhum lugar.

RECONHECEM JESUS COMO O VERDADEIRO DEUS E A VIDA ETERNA

João adverte que muitos falsos profetas, muitos falsos cristos tem saído por ai. Quando vemos uma multidão de gente falando sobre coisas que não conhecem, que não entendem, percebemos mais claramente o que Jesus queria dizer quando adverte a Igreja que muitos apareceriam dizendo que Cristo está em determinado lugar e que faria determinada coisa – e no dia do julgamento Jesus dirá que nunca os conheceu, isto é, nunca os teve como suas ovelhas.
Mas os filhos de Deus reconhecem Jesus – rejeitam estes chamados estranhos, rejeitam as vozes estranhas, por mais maviosas que elas sejam. Enquanto a crença sem Jesus é fonte de um olhar apenas para esta vida – e o olhar da Igreja não pode ser de amor pelas coisas deste mundo, mas amorosamente pelas pessoas que estão morrendo neste mundo – a fé dos filhos de Deus é uma alegre expectativa que vai além desta vida, pois, se nos limitássemos a esta vida, se não tivéssemos a esperança da vida eterna, seriamos simplesmente os mais infelizes de todos os homens porque, sem usufruir dos prazeres desta vida, também não usufruiríamos do gozo da vida eterna.
Mas cremos em Jesus, confiamos em Jesus, temos a Jesus como o nosso vivo caminho até o pai, cremos nas palavras de Jesus que diz, de si mesmo, ser a ressurreição e a vida, provando isto ao ressuscitar a filha de Jairo, o servo do centurião, o filho da viúva, Lázaro e, mais  importante que tudo, a si mesmo após três dias, aparecendo a pelo menos 500 pessoas de uma vez.
Sim, a Igreja de Cristo reconhece que Cristo é o Filho de Deus – reconhece que ele é a vida eterna, e faz isso porque já tem experimentado desta vida, e sabe que nada nem ninguém poderá afastá-la do cuidado gracioso e poderoso da mão do Deus todo poderoso, que afirmou que salvou todos os que o pai lhe deu, e que nenhum se perdeu por que da sua mão ninguém pode nos tomar.

ESTÃO NO DEUS VERDADEIRO E NÃO NOS INÚTEIS

Na mentalidade hebraica um ídolo era um monte de coisas inúteis – fosse madeira ou ouro, ainda assim, era inútil. A bíblia afirma que os deuses das nações são nada – são inúteis, são como um monte de coisas que só servem para serem atiradas no chão e servirem de adubo.
Ao chegar em Atenas Paulo afirmou, de maneira indireta, que os deuses que os gregos adoravam não eram nada, mas que deus de quem eles tinham medo era o único Deus digno de adoração – eles o chamavam de deus desconhecido, e Paulo lhes apresentou porque foi chamado para levar o nome do Senhor perante reis, filhos de Israel e gentios.
Os filósofos atenienses e de outros lugares buscavam verdades sobre todas as coisas, e, ao ser indagado sobre a verdade de um ponto de vista filosófico Jesus respondeu que a verdade não pode ser encontrada filosoficamente porque ele não é uma filosofia. Jesus afirma que ele é a verdade – a única verdade, a verdade absoluta, e ninguém, em tempo ou lugar algum, pode conhecer a Deus se não for por intermédio dele.
Ninguém pode ter vida sem ele, porque ele é a vida eterna, porque a vida eterna é conhecer a Deus por intermédio de Jesus, a quem ele enviou. Nós não apenas sabemos sobre um Deus, não temos apenas informações sobre ele e muito menos o colocamos em um pedestal – estamos nele. A expressão “em Cristo” é usada 90 vezes no novo testamento. “Em Jesus” é usada outras 13 e “em Deus” mais 47.
Estar em Cristo, e não saber sobre Cristo, é a essência da vida cristã. É estando em Cristo que somos mais que vencedores. É estando em Cristo que temos vida. É em Cristo que produzimos frutos.
Que Igreja é essa, afinal? Que povo é esse afinal? É o povo que está em Cristo, é o povo pelo qual Cristo se deu, para cria-lo para si mesmo, para estabelece-lo como um povo exclusivamente seu, um povo zeloso, uma nação santa, um sacerdócio real. É a família de Deus, a família dos filhos de Deus.

QUE FAMÍLIA É ESSA?

João diz que esta família é especial, usando algumas palavras 22, termos familiares para descrever a Igreja. Porque? Porque a Igreja é uma família, é a família da fé, e, como família da fé, seus membros estão totalmente interligados e nunca podem deixar de fazer parte, essencialmente desta família. Agregados podem deixar de ser parte de uma família, mas aqueles que nasceram de novo, que nasceram de Deus, não. Você faz parte desta família, e você tem desempenhado ou tem um papel a desempenhar nela:

OS PAIS

Os pais tem desempenhado ou tem um papel a desempenhar na Igreja. São os mais experientes, os mais experimentados, aqueles que já amadureceram a sua fé e podem, por isso, abençoar a vida da Igreja de Deus, podem abençoar os que precisam de suporte em suas fraquezas, podem mostrar o caminho e amparar os que em algum momento fraquejarem. João diz duas vezes que os pais conhecem aquele que existem deste o principio – e este conhecimento deve ser transmitido, como Paulo, como pai, orienta a seu filho na fé, Timóteo (II Tm 2:2 - E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros).

FILHINHOS

Para alguém ser pai, eles devem gerar filhos. E João chama seus leitores de filhinhos – não filhos crescidos, mas filhos que precisam de cuidados, de orientação, de proteção. Os filhinhos precisam ser protegidos do pecado e orientados quanto ao perdão (I Jo 2.1]; precisam ser confortados com a certeza do perdão por causa do nome de Cristo (2.12), confiando em Deus não como um Deus distante, mas como um Pai amoroso (2.14). Os filhinhos devem ser protegidos do anticristo (2.18) e a única proteção é permanecerem em Cristo até que ele se manifeste (2.28). Haverá muitos enganadores, mas os filhinhos devem ser orientados a observarem aqueles que praticam a justiça (3.7), praticando o amor verdadeiro (3.18) na certeza de que são do Deus de amor (4.4) e não dos falsos deuses (5.21).

JOVENS

Os jovens são cristãos em processo de amadurecimento, em pleno vigor, cheio de ideais. Os jovens aparecem duas vezes, na primeira, me conexão com os pais, como se a instrução dos pais lhes desse vigor para vencer o maligno (2.13). Na segunda, aparecem juntos com os filhinhos, mas novamente em conexão com os pais, mostrando que a sua força não é fruto da idade, mas da permanência da Palavra de Deus neles (2.14).
É em Deus que está a força, não no interior do homem, não no seu vigor físico, nem em qualquer outro atributo humano – em Deus fazemos proezas, em Deus somos mais que vencedores.

IRMÃOS

Pais, filhinhos e jovens, todos são, aos olhos de Deus, uma só coisa: irmãos. São filhos do mesmo pai, gerados pelo mesmo Espírito, comprados pelo mesmo preco, habitarão na mesma casa. Sabiamente, conduzido pelo Espírito de Deus João afiram que os irmãos não devem se maravilhar de que o mundo os odeia (3.13). Isso era esperado e foi anunciado pelo próprio Senhor Jesus porque o odiaram e odiariam o que fosse dele. Mas, diferente dos que pertencem ao mundo que só sabe odiar e matar, os filhos de Deus devem amar-se uns aos outros (3.14), de fato e de verdade, e não meramente de palavras, um amor de pessoas que já passaram da morte para a vida, e, portanto, tendo recebido a vida de Cristo, amam-se a tal ponto de darem sua própria vida uns pelos outros (3;16).

AMADOS

Por fim, por cinco vezes João insiste numa característica fundamental dos cristãos, sem a qual ninguém pode realmente demonstrar sua fé: o amor. Ele os chama de amados seis vezes, afirmando que os filhos de Deus amam porque são amados por Deus, são obedientes ao seu mandamento (2.7), são expressão do amor de Deus uns para com os outros até que todos possam experimentar a plenitude deste amor (3.2) porque amaram de fato e de verdade (3.21) conduzidos pelo Espírito de Deus, rejeitando os falsos profetas (4.1). O amor que tem uns pelos outros é expressão do amor de Deus, porque nasceram de Deus e foram capacitados a amar (4.7) da mesma maneira que Deus amou nos amou (4.11).

O PODER DO AMOR

Quanto poder para testemunhar o amor de uma Igreja assim possui? Quanto poder os filhos de Deus terão para testemunha quando experimentarem tal comunhão como família da fé. Quanto cuidado os feridos e caídos encontrarão quando chegarem às portas desta casa de Deus e encontrarem uma família acolhedora.
Como fazer parte desta família? Do mesmo jeito que cada um que já faz parte fez – não é por ser filho de crente nem amigo de crente, mas por crer no Senhor desta Igreja, naquele que morreu para que pudéssemos nascer de novo. Só tem um jeito de ser feito filho de Deus – crer no Filho de Deus, crer em Jesus como seu Senhor, como seu salvador, como a razão da nossa esperança e a garantia do perdão dos pecados – de todos os pecados. Há quem pense que não adianta mais, que já é tarde demais.

Se você ainda respira, não é tarde demais não. A Escritura afirma que todo ser que respira louve ao Senhor. Se você ainda consegue pensar uma frase sequer, então pense a frase certa, dizendo, como Pedro quando se afundava: “Senhor, salva-me”, porque a Escritura diz que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Faça isso agora, hoje é o dia oportuno, o dia do oferecimento da salvação do Senhor para seu coração, do oferecimento da comunhão com o Pai, com o Filho e com a Igreja do Senhor.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

AS INIMAGINÁVEIS MANEIRAS DE DEUS ABENÇOAR SUA IGREJA - INTRODUÇÃO

Mensagem pregada na Igreja Presbiteriana de Xinguara, Pará, 10 de maio de 2015

INTRODUÇÃO

Não é incomum encontrar pessoas argumentando que, no passado, ser cristão era, ou mais difícil por rejeição social, zombaria, escárnio popular, ou, paradoxalmente, entendem que era mais fácil ser verdadeiramente cristão lembrando que os crentes eram mais fiéis, mais coerentes com a fé que professavam, porque esta exigia algum tipo de separação do mundo. Qual deles está certo? Quem está com a razão? Eu acredito que isto deva ser encarado de uma maneira diferente, pois creio que o propósito do Senhor com sua Igreja é diferente – ele não quer tirá-la do mundo (Jo 17:15), ele quer, e efetivamente faz, é tirar o mundo dela (I Jo 2:15).
Onde os crentes podem ser mais facilmente fiéis a Deus? No Oriente Médio, sob a ameaça constante dos fuzis do ISIS, sendo ameaçados de morte e, muitas vezes, cruelmente assassinados simplesmente pelo fato de serem cristãos, ou no Brasil, onde ser evangélico é, ao mesmo tempo, uma fonte de status e cada vez mais depreciada por causa dos que se dizem Igreja de Cristo sem sê-lo, sendo, na verdade, sinagogas de satanás (Ap 3:9).  É bem comum vermos o envolvimento de cristãos na política com o objetivo de conseguir facilidades – como se os cristãos dependessem de ações políticas para anunciar a uma geração má e adúltera (Mt 16:4) um reino que não é deste mundo (Jo 18:36).
Será que a Igreja deve pedir a Deus para mudar as circunstâncias? Será que a Igreja ainda não aprendeu a ser crente mesmo quando todas as circunstâncias chamam ao desespero, ao abandono da fé (Hc 3:17). Será que já não é tempo de a Igreja entender que deve andar olhando firmemente para o autor e consumador da fé (Hb 12:2) sem se importar com os ventos e vagalhões que insistem em arrostar contra ela (Mt 14:30) mas com a firme convicção de que nem mesmo as portas do inferno poderão prevalecer contra ela (Mt 16:18)?

O AMBIENTE NO QUAL A IGREJA VIVIA

1 Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote 2 e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém.
Já dissemos que o propósito do Senhor não é tirar a Igreja do mundo – se fosse, ele o faria porque tem pleno poder para isso. Seu propósito não é criar uma nação ou reino neste mundo – se fosse, ele poderia fazer. Seu propósito é estabelecer em todos os cantos deste mundo uma nação de sacerdotes, uma nação santa, um povo não limitado por aquilo que separa as nações – sem fronteiras, sem barreiras de língua, de raça (I Pe 2:9).
O problema é que este povo foi enviado para ser sal e luz, para agir de um modo bem diferente do que o mundo age em nações onde estas barreiras possuem grande valor e, ao invés de se alegrarem com as boas novas da salvação, da reconciliação, do fim das barreiras de todas as espécies (Gl 3:28) eles se revoltam com a promessa de igualdade perante Deus.
Os judeus estavam presos à lei, escravizados por costumes e regras e agindo como filhos do diabo (Mt 23:15) e quando Jesus lhes ofereceu a liberdade (Jo 8:32) eles quiseram matá-lo, demonstrando com suas atitudes que, realmente, eram filhos do diabo (Jo 8:44).
O ambiente para Jesus era de hostilidade – e ele afirma que para seus discípulos o ambiente seria de igual hostil (Lc 15.18-20). Percebam que a promessa de Jesus aos seus discípulos era de hostilidade do mundo – e os discípulos de Jesus, de fato, foram odiados no mundo, a ponto de muitos deles serem presos, perseguidos e mortos.
O que mudou no mundo? Acredito que nada. O mundo continua odiando as coisas de Deus, continua odiando a Jesus e sua mensagem, e continua odiando os mensageiros. Saulo era um mundano, um religioso, mas, entretanto, um mundano que odiava as coisas de Deus – até ser transformado no caminho de Damasco. Experimente assumir uma atitude semelhante à de Pedro perante o sinédrio, de Estevão perante a população para ver como o mundo ama as coisas de Deus.

AS INIMAGINÁVEIS MANEIRAS DE DEUS ABENÇOAR SUA IGREJA - I

I. DEUS TRAZ A VERDADE AO MAIS INSTRUÍDO IGNORANTE

3 Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor, 4 e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? 5 Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; 6 mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer. 7 Os seus companheiros de viagem pararam emudecidos, ouvindo a voz, não vendo, contudo, ninguém.
Em sua marcha para destruir a Igreja, perseguindo e encarcerando os crentes, Saulo, depois de autorizar a morte de Estevão, dirige-se ao sinédrio para obter cartas de recomendação para a missão que acreditava ser sua – salvar a religião destruindo a mensagem de salvação em Cristo Jesus. Saulo “respirava”  ameaças de morte contra a Igreja. Mas havia uma verdade insuspeita que ele logo teria que aprender.
No caminho de Jerusalém para Damasco, de repente, Saulo cai por terra – não sabemos se de um helicóptero ou de jumento, de um elefante ou se ele estava simplesmente a pé. Somente Saulo viu forte luz, podemos inferir que somente Saulo foi transformado após aquela experiência – mas o que queremos destacar é que Saulo rapidamente teve que aprender que perseguir a igreja é perseguir ao próprio Cristo, porque a Igreja é o corpo de Cristo (I Co 3:17) como Paulo diz mais de uma vez (I Co 12:27). À partir daí trava-se um breve mas significativo diálogo.
Da parte de Jesus, a pergunta é: porque Saulo o perseguia, se ele só fizera o bem e não o mal? Porque Saulo perseguia pessoas que nenhum mal causavam, a não ser se opor à falsidade dos religiosos – o que, a rigor, não pode ser considerado um mal. Porque Saulo perseguia a Jesus, se Jesus nenhum mal lhe havia feito? Não havia razão para isso – mas ele o perseguia assim mesmo. Mas, o mais importante era a clara identificação feita por Jesus entre a Igreja, seu corpo, e ele mesmo. Porque Saulo o perseguia, afinal? Porque as pessoas perseguem os cristãos, porque os odeiam? A resposta, embora não dita por Saulo, é: porque a luz traz às claras as obras das trevas – e quem as faz não quer ser descoberto.
A resposta de Saulo, por mais esquisita que pareça, vinda de um homem que era extremamente culto, falava várias línguas e fora educado aos pês do melhor mestre judeu de seus dias é um simples atestado de ignorância. Ele diz: “Eu não sei quem é o Senhor”. Saulo conhecia tudo de religião, mas nada de Jesus. Conhecia tudo de Igreja, mas nada de Jesus. Conhecia tudo de lei, e até conhecia profundamente os textos da bíblia, mas não conhecia a verdade contida nas Escrituras, não continha a verdade que é o próprio Senhor Jesus.

A conclusão do dialogo é: você não pode saber por si mesmo, ninguém pode. Somente se o próprio Senhor o revelar (Mt 16:17) – e é justamente isto o que o Senhor Jesus faz: eu sou Jesus, a quem tu persegues. Perseguir a Igreja é perseguir a Cristo. Rejeitar a mensagem que a Igreja proclama é rejeitar a proclamação do próprio Cristo como o Messias, o Senhor e salvador.

AS INIMAGINÁVEIS MANEIRAS DE DEUS ABENÇOAR SUA IGREJA - II

II. DEUS MOSTRA SEU CONTROLE SOBRE TODAS AS COISAS

8 Então, se levantou Saulo da terra e, abrindo os olhos, nada podia ver. E, guiando-o pela mão, levaram-no para Damasco. 9 Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu, nem bebeu. 10 Ora, havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. Disse-lhe o Senhor numa visão: Ananias! Ao que respondeu: Eis-me aqui, Senhor!
11 Então, o Senhor lhe ordenou: Dispõe-te, e vai à rua que se chama Direita, e, na casa de Judas, procura por Saulo, apelidado de Tarso; pois ele está orando 12 e viu entrar um homem, chamado Ananias, e impor-lhe as mãos, para que recuperasse a vista.
13 Ananias, porém, respondeu: Senhor, de muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; 14 e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome.
15 Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; 16 pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome.
A viagem de Saulo a Damasco tinha o propósito de perseguir, arrastar cristãos para as cadeias, matá-los se necessário, como fizera com Estêvão. Ele conseguira cartas do sinédrio, dando-lhe poderes policiais em assuntos judaicos. E, sob esta autoridade, ele dirige-se a Damasco. O que ele logo aprenderia é que há poder maior que o do sinédrio. Após sua queda ao chão, ao abrir os olhos descobriu-se cego. Ele vira a luz, os demais companheiros ouviram a voz, mas nada viram.
O propósito de Saulo logo seria frustrado – não era o propósito de Deus, e somente Deus tem pleno poder para fazer triunfar o seu plano, a despeito de qualquer oposição que se levante. Saulo é levado para Damasco, para a casa de um homem sugestivamente chamado Judas – não que haja qualquer alegoria com o apóstolo traidor, mas, ali, ele fica três dias, sem ver e sem comer, até que o Senhor lhe envia a Ananias, não o marido de Safira, mas um homem temente a Deus que habitava em Damasco.
Conhecedor da fama de Saulo, Ananias tenta argumentar com o Senhor – é melhor este homem cego. É melhor este homem inválido. É melhor ele escondido junto com Judas. Eis a mais clara maneira de ver sem levar em consideração a soberania de Deus e seu poder sobre todas as coisas. Ananias preferia um mundo sem Saulo – mas este não era o plano de Deus. O plano de Deus é um mundo onde o perseguidor se transforma em divulgador, onde o assassino se transforma no alvo, onde o zeloso judaizante se torna o apóstolo aos gentios.
Tudo na vida de Saulo estava dentro do propósito de Deus. Era cidadão romano, natural de Társis – e sua cidadania romana seria útil para levar o evangelho pelo mundo gentílico e até o próprio imperador. Saulo era um hábil fazedor de tendas, profissão útil em seu tempo que lhe dava mobilidade e recursos como plantador de igrejas onde outros não teriam recursos para se estabelecer. Seu conhecimento de língua e cultura grega lhe facilitava a pregação entre gentios, mesmo entre os mais cultos. Seu conhecimento e habilidades judaicos lhe facultava acesso às sinagogas e ao coração de muitos que aguardavam a chegada do messias.

Mesmo que Ananias não visse, mesmo que ele nem pensasse nisso ou não percebesse o plano de Deus, Saulo era um instrumento habilmente preparado, escolhido para levar o nome de Cristo perante os gentios (Rm 11:13), perante as altas autoridades onde muitos outros judeus teriam mais dificuldade para chegar, e, também, perante os filhos de Israel – muitos creriam, mas muitos rejeitariam e odiariam a Saulo, perseguindo-o, chegando mesmo a se comprometerem sob juramento a matá-lo (At 23:12).

AS INIMAGINÁVEIS MANEIRAS DE DEUS ABENÇOAR SUA IGREJA - III

III. DEUS É CAPAZ DE REALIZAR TRANSFORMAÇÕES INIMAGINÁVEIS

17 Então, Ananias foi e, entrando na casa, impôs sobre ele as mãos, dizendo: Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista e fiques cheio do Espírito Santo. 18 Imediatamente, lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e tornou a ver. A seguir, levantou-se e foi batizado. 19 E, depois de ter-se alimentado, sentiu-se fortalecido. Então, permaneceu em Damasco alguns dias com os discípulos. 20 E logo pregava, nas sinagogas, a Jesus, afirmando que este é o Filho de Deus. 21 Ora, todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de Jesus e para aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais sacerdotes? 22 Saulo, porém, mais e mais se fortalecia e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo. 23 Decorridos muitos dias, os judeus deliberaram entre si tirar-lhe a vida; 24 porém o plano deles chegou ao conhecimento de Saulo. Dia e noite guardavam também as portas, para o matarem. 25 Mas os seus discípulos tomaram-no de noite e, colocando-o num cesto, desceram-no pela muralha.

Quem, em sã consciência, imaginaria uma tão radical transformação como a ocorrida com Saulo? Quem esperaria? Para os cristãos ele era um inimigo cruel, um adversário da fé, um inimigo da cruz de Cristo. Um blasfemo e perseguidor como ele próprio admite (I Tm 1:13). Ninguém – Ananias não esperava, ninguém esperava, ninguém acreditava. Por mais inacreditável que pareça, os inimigos da cruz de Cristo perceberam a transformação de Saulo mais rapidamente do que a própria Igreja.
Deus também não esperava tão radical transformação. Deus não esperava porque Deus não espera, Deus opera, Deus age, Deus transforma. Ananias vai à casa de Judas, age como o Senhor lhe ordenara, lhe diz a quem representava e a que viera. Liberto da sua segunda cegueira, pois a primeira era a espiritual, Saulo torna a ver e logo passa a fazer a única coisa que poderia fazer – anunciar a verdade que agora ele conhecia (I Co 9:16) e para cuja missão ele se sentia constrangido por ter experimentado o amor salvador do Senhor.
Deus não está limitado às nossas expectativas – ele é capaz de fazer infinitamente mais do que somos capazes de imaginar. Quem esperava que um homem blasfemo, perseguidor, assassino, insolente, legalista, cheio de ódio no coração (I Tm 1:13) e respirando ameaças de morte em poucos dias se tornasse em um notável evangelista e entrasse para a história como um dos maiores missionários da Igreja em todos os tempos, notável teólogo e um dos mais influentes homens da história mundial.

Mas não foi ele quem fez nada disso – foi Deus, em sua misericórdia, em sua acao surpreendente e para mostrar o alcance da sua graça (I Tm 1.14-16). Paulo faz questão de afirmar que somente Deus é capaz de realizar tais transformações. Ele próprio não conseguira, ninguém conseguiria, somente Deus (I Tm 1:17). Talvez alguém pense, em desespero ou já em desanimo que não tem mais jeito, que é um caso perdido. E, sim, sozinho, por si mesmo, é mesmo um caso perdido. Mas é justamente para isso que Jesus veio, para buscar e salvar o que estava perdido (Lc 19:10).

AS INIMAGINÁVEIS MANEIRAS DE DEUS ABENÇOAR SUA IGREJA - IV

IV. O AGIR DE DEUS SURPREENDE ATÉ A IGREJA

 26 Tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo. 27 Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus. 28 Estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo, pregando ousadamente em nome do Senhor. 29 Falava e discutia com os helenistas; mas eles procuravam tirar-lhe a vida. 30 Tendo, porém, isto chegado ao conhecimento dos irmãos, levaram-no até Cesaréia e dali o enviaram para Tarso.
A Igreja também não acreditava que esta transformação aconteceria – ela demorou para acreditar mesmo com evidentes sinais que esta transformação efetivamente aconteceu. A chegada de Saulo em Jerusalém alvoroçou toda a cidade. De um lado, os cristãos temiam uma armadilha ou uma recaída. Tinham medo de receber em seu meio o antigo perseguidor, o flagelo da Igreja em seus primeiros dias.
A Escritura registra a falha, o medo da Igreja, que o temia, não acreditando que ele fosse discípulo. Não é incomum a Igreja ter dificuldade em receber de braços abertos novos membros, especialmente com um histórico tão complicado como o de Saulo, e numa conversão tão recente e tão radical quanto esta.
Como, em semanas, a Igreja iria aceitar como evangelista, mestre e apóstolo quem havia participado do parecer jurídico que permitiu a morte de Estevão? Durante todo o seu ministério Paulo teve que lidar com esta desconfiança (I Co 9:1) e, apesar do trabalho muito bem feito em seu abundante ministério entre os gentios (I Co 9:2) se sustentava com sua confiança em Deus mais do que em seu trabalho realizado (I Co 15:10).
Sim, a conversão de Saulo foi inesperada, foi surpreendente, não foi pedida (e provavelmente nunca seria) pela Igreja. Provavelmente se perguntássemos qual o fim que gostariam que ele tivesse após ter ficado cego, dificilmente alguém iria responder que gostaria que ele recuperasse a visão e continuasse viajando por todo o mundo. Foi exatamente o que Deus fez – surpreendeu a Igreja, não a tirou do mundo, não evitou que houvesse perseguição, mas usou o maior dos perseguidores para fazer dele o maior dos seus propagadores.
O perseguidor logo passou a ser perseguido porque o mundo não mudou, o ambiente não mudou. O mundo continuava o mesmo – os apoiadores de Paulo continuavam agindo como filhos do diabo, continuavam odiando os filhos da luz, continuavam respirando ameaças de morte e logo um grupo de religiosos se uniu com o propósito de matá-lo – e, agora sim, a Igreja o abraçou como irmão, como uma parte do seu corpo (I Co 12:26).

AS INIMAGINÁVEIS MANEIRAS DE DEUS ABENÇOAR SUA IGREJA - V

V. DEUS ABENÇOA SUA IGREJA EM QUALQUER AMBIENTE

31 A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número.
O que aprendemos nas Escrituras é que, independente das circunstâncias, Deus abençoa o seu povo. Havia fome na terra? Do Egito se levanta o mantenedor (Gn 45:5). Era hora de retornar, do palácio real sai o libertador (Hb 11.24). Chegou o tempo do fim do exílio? – um imperador pagão é chamado por Deus de seu ungido e torna-se responsável pela restauração do povo de Deus (Is 45:13).
A Igreja cristã enfrentou a perseguição iniciada por Paulo após a morte de Estêvão – e o resultado foi que os que foram dispersos iam dispersando a mensagem do evangelho por toda parte (At 11:19). Paulo foi perseguido em Damasco? Logo a Igreja em Jerusalém tem consigo um poderoso pregador. Levanta-se nova perseguição – é hora de ir para Tarsis, e, de lá, para Antioquia, de onde iniciaria as suas viagens missionarias, completando o trabalho já feito pelos dispersos (At 13.1-2).
Sabemos que Paulo desejava ir a Roma, mas não tivera ainda a oportunidade até que, por causa do desejo dos judeus de vê-lo morto, ele viajou com proteção e às custas do império romano, evangelizando a guarda pretoriana (Fp 1:13) e até mesmo a casa do próprio imperador (Fp 4:22).

Deus não mudou o ambiente – e a história demonstra que, quanto mais expressiva era a Igreja, quanto mais fiel ela se mostrava, quanto mais ativo era o seu testemunho mais ela tinha a oposição do mundo. Quanto mais viva a Igreja estava, mais viva era a oposição, maior o ódio que lhe era devotado. Quanto mais ela crescia, mais acirrada ficava a perseguição – e o fogo da perseguição era instrumento de para purificação da Igreja e oportunidades preciosas de evangelização (Cl 4:5). O poder desta Igreja não estava em sua influência na sociedade através de homens poderosos, pelo contrário, estava no fato de que testemunhava poderosamente envergonhando os sábios e poderosos do mundo (I Co 1.26-29). 

domingo, 10 de maio de 2015

AS INIMAGINÁVEIS MANEIRAS DE DEUS ABENÇOAR SUA IGREJA - CONCLUSÃO

COMO SER UMA IGREJA ABENÇOADA HOJE

Como ser uma Igreja abençoada hoje? Como ser crente de verdade nos dias de hoje? Creio que não era nem mais fácil nem mais difícil ser crente nos dias da perseguição – a diferença é que havia menos membros de Igrejas e mais crentes antigamente, pois a perseguição não deixava que inconversos se mantivessem como membros da Igreja – somente pelo Espírito de Cristo alguém poderia dizer que Cristo, e não César, é o Senhor (I Co 12:3).
Como ser, então, verdadeiramente crente hoje, e ter, assim, uma Igreja verdadeiramente abençoada, independente das circunstâncias? A resposta, ou as respostas, são:
i.                   Nunca duvide daquilo que Deus faz – seja criterioso e observe se Deus de fato está agindo, se o que está acontecendo é mesmo para glória de Deus, e, se for, confie que Deus está fazendo o melhor para sua Igreja independente das circunstâncias (I Jo 4:1);
ii.                Nunca duvide do poder de Deus em fazer mesmo aquilo que você julga impossível – Deus converteu a Saulo, transformou-o em Paulo, Deus deu nova vida a você, que estava morto em delitos e pecados, quer milagre maior do que este (Lc 18:27)?
iii.             Testemunhe, independente das circunstâncias – não coloque a culpa na falta de preparo ou oportunidade – Deus sabe onde está colocando você, e ele o faz com um propósito. Não espere por ninguém para fazer o que é seu dever fazer – você é o embaixador. Vá, e faça (II Co 13:5).
A Igreja relatada no texto desta noite era uma Igreja abençoada – pessoas morriam, eram ameaçadas, perseguidas, apedrejadas, tinham que abandonar lares e bens, ficar longe de familiares queridos – mas ninguém ousaria dizer que esta não era uma Igreja abençoada. Ela crescia, ela se edificava, ela caminhava no temor do Senhor, ela possuía o conforto do Espírito Santo, ela crescia em número, era uma Igreja alegre e que vivia como irmãos, em comunhão.

As portas do inferno, por mais fortes que fossem, eram incapazes de prevalecer contra uma Igreja assim – e em apenas três séculos cresceu de tal maneira que a Igreja suplantou o paganismo, alcançou paz no mundo, talvez, o começo de sua tragédia.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

JESUS, SENHOR DO CORPO E DO ESPÍRITO

O REI CHEGOU! TODOS À PRESENÇA DO REI

Jesus convoca os seus primeiros discípulos – Pedro, Tiago, João e André, transformando-os, de pescadores comuns, em pescadores de homens. Os novos discípulos deixam tudo, pronta, imediata e plenamente.
A primeira lição: dia de culto é dia de estar na casa de Deus (v. 21) porque só nela as maravilhosas doutrinas da graça de Deus são acessíveis.
Não podemos perder de vista o quadro geral – Marcos apresenta Jesus como o rei que vai passando e anunciando que está tomando posse do seu reino. Ele é o rei que inicia seu ministério afirmando que o Espírito do Senhor está sobre ele para anunciar as boas novas aos cativos e, principalmente, anunciar o ano aceitável do Senhor (Lc 4:18-19). Como Marcos propõe-se a provar este ponto de vista? Como provar que Jesus é, de fato, o rei, o Senhor, o messias? Simples, demonstrando o que ele fez naqueles dias, focando em seus atos para demonstrar a sua autoridade.
Quem é Jesus? Como ele prova a sua autoridade? De que maneira ele pode ser reconhecido como o Senhor e Messias através do que viram e ouviram seus seguidores (I Jo 1.1-4)? Os registros feitos por Marcos, a maior parte a partir das memórias de Pedro, embora algumas sejam autobiográficas (Mc 14:51), trazem preciosas informações que nunca foram questionadas, nem mesmo pelos inimigos do cristianismo dos primeiros séculos).
Porque Cafarnaum? Porque não outra sinagoga qualquer, em Nazaré ou Tiberíades? Porque Jesus queria falar àquelas pessoas, elas, aquelas, naquele momento, eram o alvo da sua mensagem – era àqueles corações que ele queria falar – como certamente quer falar ao seu coração, embora existam edifícios maiores e mais suntuosos onde, talvez, homens falem acaloradamente – todavia, sem ouvirem a sua voz mansa e suave.
Cafarnaum viria a se tornar o centro da atividade de Jesus, onde, aparentemente, fixou sua residência (Jo 1.38-39) é a única cidade chamada de cidade de Jesus (Mt 9:1). Dali também levou seus primeiros discípulos (André, Pedro, Tiago, João e Levi). Estava localizada na margem norte do mar da Galiléia, 5km a oeste da foz do Jordão, 35km de Nazaré – apesar de ser uma vila sem grandes construções era importante centro coletor de impostos servindo de entreposto entre as regiões norte e leste da Galiléia. 

JESUS – A AUTORIDADE PARA ENSINAR

21 Depois, entraram em Cafarnaum, e, logo no sábado, foi ele ensinar na sinagoga. 22 Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.
Como era costume de Jesus, aos sábados, dia de culto, ele se dirigia às sinagogas, onde havia culto. Lugar de adorador é no lugar de adoração na hora de adoração. Não poderíamos esperar atitude diferente daquele que veio cumprir toda a lei – do contrário poderíamos dizer que Jesus teria cometido pecado em desobedecer a ordem que encontramos na carta aos hebreus, acrescida de séria advertência aos desobedientes (Hb 10:25-27).
O Jesus que Pedro e Marcos conheceram, e do qual davam testemunho, era aquele que ensinava e continua ensinando no templo, mesmo quando ameaçado de morte (Lc 19:47). É a sabedoria de Deus que veio para romper as trevas da ignorância – e, assim como em seu nascimento ele não esteve no palácio, ele também não procurou as suntuosas sinagogas existentes mas falou aos pobres e humildes. Um prédio simples para gente humilde que não foi esquecida pelo rei dos céus – este é o local para onde Jesus se dirige (Sl 149:4).
Convém destacar que era sábado, era o dia reservado para o culto, para a reunião pública em torno da lei do Senhor – e naquele sábado o próprio doador da lei se fazia presente entre eles para lhes ensinar a sua vontade – aqueles que estavam presentes foram contemplados com um privilégio maravilhoso. Aquele era o dia reservado para a adoração ao Senhor – aquele era o lugar reservado para a adoração ao Senhor, e o Senhor não os decepcionou. Lucas registra este evento de maneira bem mais sucinta, mas não deixa de destacar o mesmo que Marcos – a admiração de todos pelo seu ensino e a fama que logo se espalha pela região (Lc 4.14-15) – e logo sendo alvo do ciúme dos religiosos profissionais, como os escribas que não tinham a mesma autoridade.
Dada a irrelevância cultural e a pobreza da cidade provavelmente só eram enviados para ensinar na sua sinagoga escribas menos habilidosos ou iniciantes – que, por não terem condições de provar suas afirmações citavam outros escribas mais conhecidos ou escritos de escribas famosos já mortos, por isso é dito deles que não tinham autoridade, baseavam suas pregações na autoridade de terceiros. Não ousavam interpretar a lei, citavam outros intérpretes. O povo só tinha este modelo para comparar com Jesus – escribas inexperientes e inábeis, inseguros e sem autoridade própria. Usavam do artificio da citação, com abundantes “como disse fulano”, “ segundo beltrano” – frases que nunca aparecem nos lábios de Jesus como muletas, pelo contrário, Jesus ousa ir além do ensino reconhecido (Jo 4:35).
Diante de Jesus só lhes restava ficarem maravilhados, extasiados, fora de si pela verdade simples da Palavra de Deus. Estavam acostumados com palha e agora recebiam alimento substancial porque havia em Jesus algo que nem mesmo o mais hábil doutor da lei jamais possuiria: a autoridade para ensinar o caminho para agradar a Deus – somente ele podia dizer “vinde após mim” (Mt 4:19).
Somente ele poderia dizer “deixa tudo e segue-me” (Mt 19:21). Mesmo o hábil Nicodemus teve que admitir que, realmente precisava nascer de novo (Jo 3:7). E nenhum escriba podia dizer que era a ressurreição e a vida (Jo 11:25). Só Jesus podia fazer tais afirmações (Jo 8:58).

JESUS – AUTORIDADE ESPIRITUAL

23 Não tardou que aparecesse na sinagoga um homem possesso de espírito imundo, o qual bradou: 24 Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus! 25 Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai desse homem. 26 Então, o espírito imundo, agitando-o violentamente e bradando em alta voz, saiu dele. 27 Todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si: Que vem a ser isto? Uma nova doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem! 28 Então, correu célere a fama de Jesus em todas as direções, por toda a circunvizinhança da Galiléia.
Já vimos que Marcos apresenta Jesus como um rei a percorrer o seu reino anunciando a sua autoridade absoluta – acontece que, enquanto o rei não veio tomar posse, impostores e usurpadores acharam-se no direito de tomar declararem-se donos de pequenas porções, estabelecendo pequenos feudos como se fossem seus. E chegam ao atrevimento de criar embaraços mesmo no lugar destinado à glorificação do Rei dos reis – é-nos dito que e logo, de imediato, sem tardança surgiu na sinagoga um homem possesso de um espírito imundo.
O relato de Marcos é feito de maneira que deixa-nos entender como um fato decorrente do fato de Jesus ensinar com autoridade ali desconhecida que o possesso invadiu a sinagoga – quase que um contraste, como se antes, quando não havia autoridade alguma nos ensinos dos escribas, o endemoninhado (que ninguém estranha estar ali naquele estado, alguém provavelmente conhecido de todos) não aparecia na sinagoga agindo daquela maneira.
O discurso é de contestação: o que nós temos que é vosso, Jesus de Nazaré? Porque vieste para causar a nossa ruina? E, finalmente, de reconhecimento de quem Jesus era, sem, contudo, disposição para a obediência: percebo que és o santo de Deus. Diferente do que vemos impostores fazendo, Jesus não estava ali para entrevistar demônios – verdadeiros ou falsos. Ele estava ali para ensinar a palavra de Deus, e manda que o espirito se cale. Não era lugar para impostores falarem, nem mesmo se falassem a verdade.
A presença de Jesus ali cumpria as profecias de que, na região mantida na obscuridade surgiria grande luz. Ali a luz do mundo brilhou, a luz do evangelho se fez presente e as trevas teriam que recuar – mas não sem tentar causar algum tipo de oposição ou constrangimento. E aquele homem possesso de espírito imundo contrapõe-se ao Espírito Santo que ungiu a Jesus para anunciar o ano aceitável do Senhor aos pobres e esquecidos da desprezada Galiléia.
Sua atitude de desprezo e escarnio ante Jesus é como se dissessem: já estamos aqui há bastante tempo, este lugar é nosso, seu lugar não é aqui. Não venha destruir ou perturbar a nossa ação. Embora maravilhados do ensino de Jesus, os habitantes de Cafarnaum não tinham como saber quem realmente era Jesus e aparentemente não entenderam o que o endemoninhado dizia a respeito de Jesus – talvez pensassem que era só mais uma loucura pois como alguém poderia ser o Santo de Deus?
Satanás queria audiência, queria palco para fazer seu show, queria que as pessoas parassem de refletir no ensino de Jesus para se ocuparem da distração que ele proporcionava. Mas Jesus não permitiu que sua autoridade para ensinar fosse contestada, e exerce sua autoridade sobre os espíritos mandando-o calar e sair – e mesmo com estardalhaço e violência o espirito imundo tem que obedecer. Diante da eficácia da palavra de Jesus todos se admiraram ainda mais e discutiam entre si sem chegar a uma conclusão – para eles tudo aquilo era absolutamente novo, seria, porventura, uma nova doutrina? Quem era aquele que mostrara ter mais autoridade que o próprio diabo? De onde vinha tamanha autoridade que fazia até os demônios se submeterem? E não tardou para que eles, mesmo sem facebook ou WhatsApp, logo espalhassem a notícia a respeito de Jesus por toda a região.

JESUS – AUTORIDADE SOBRE O CORPO

29 E, saindo eles da sinagoga, foram, com Tiago e João, diretamente para a casa de Simão e André. 30 A sogra de Simão achava-se acamada, com febre; e logo lhe falaram a respeito dela. 31 Então, aproximando-se, tomou-a pela mão; e a febre a deixou, passando ela a servi-los.
Evidente que, enquanto os moradores de cafarnaum disputavam entre si – provavelmente conversando também com o homem que fora liberto do demônio, Jesus se retira imediatamente do tumulto, sai da sinagoga e vai para a casa de Simão Pedro com a companhia de seus outros pescadores de homens – André, Tiago e João. Jesus dirigir-se para a casa de Simão indica que ele ainda não havia fixado residência em Cafarnaum, de acordo com o que Mateus registra (Mt 8. 19-20).
Ali chegando eles encontraram a sogra de Pedro com febre alta, literalmente “como que em fogo”. Jesus já havia demonstrado autoridade para ensinar – e todos ficaram admirados. Jesus também havida demonstrado possuir poder sobre os demônios – e todos ficaram maravilhados. Até onde este novo mestre podia ir com sua nova doutrina?
Quem era capaz de expulsar demônios seria capaz de expulsar uma febre também? Quem tem tamanha autoridade espiritual teria, também, autoridade sobre o corpo? O que eles ainda não sabiam é que Cristo tem autoridade sobre tudo (Mc 4:41), autoridade sobre todas as coisas, tanto as do céu quanto as da terra (Mt 28:18). O que Jesus faria?
Talvez tenham se dirigido a Jesus na esperança de que ele, com alguma palavra diferente, com algum procedimento espetacular fizesse alguma coisa para curá-la, mas, atônitos, veem Jesus se dirigir à mulher e, simplesmente, tomá-la pela mão, como se ela não estivesse doente, e ela se levanta, imediatamente passando a servi-los. De um instante para outro a mulher que ardia em febre estava, agora, servindo a todos como se nunca tivesse tido febre alguma – a febre a abandonou sem sequelas, sem período de convalescença, e tudo com a simples demonstração da vontade do Senhor.
Quem mais, além de Jesus, tem plena autoridade sobre as coisas da terra? Quem mais, além de Jesus, tem plena autoridade sobre as coisas espirituais? Quem mais, além de Jesus, tem plena autoridade para exercer domínio sobre as hostes infernais? Quem mais, além de Jesus, é capaz de exercer pleno poder curando os enfermos – seja qual for a enfermidade que os atormente?
É este Jesus que está diante dos discípulos – é este Jesus que causa admiração e espanto nas multidões de Cafarnaum. É este Jesus que, logo depois, seria desprezado em Nazaré. É este mesmo Jesus que, ainda hoje, deixa atônitos e boquiabertos todos quantos se aproximam dele, seja para crer ou para se manterem incrédulos porque não conseguem perceber que ele é, de fato, o filho de Deus, o messias prometido. Eles conseguiam perceber que ele era diferente. Que ensinava diferente. Que agia diferente. Mas a sua religiosidade, seu treinamento para receberem as migalhas religiosas dos escribas não lhes deixava perceber que diante deles estava o pão da vida, a água viva (Jo 6:35) tão belissimamente predita pelo profeta Isaías (Is 55:1).

JESUS - AUTORIDADE ABSOLUTA

32 À tarde, ao cair do sol, trouxeram a Jesus todos os enfermos e endemoninhados. 33 Toda a cidade estava reunida à porta. 34 E ele curou muitos doentes de toda sorte de enfermidades; também expeliu muitos demônios, não lhes permitindo que falassem, porque sabiam quem ele era.
Todos estes eventos ocorreram em um sábado, e isto é um dos fatores que explica porque os nazarenos tenham levantado oposição contra Jesus (Jo 7:23). O outro fator é o fato de Jesus ser de Nazaré, conhecido de todos e, por isso, todos acreditavam que Jesus era apenas um como qualquer outro deles (Lc 4:24). O sábado era o dia de descanso e de culto para os judeus – e Marcos registra que, ao cair da tarde, isto é, ao findar o dia de culto, quando os serviços religiosos cessaram, quando os escribas guardavam seus rolos e pergaminhos e se dirigiam para Jerusalém dando por terminada sua provação em Cafarnaum, que a população vai até Jesus.
Aquelas pessoas que ficaram atônitas e maravilhadas com as palavras e ações de Jesus não estavam satisfeitas. Provavelmente jamais foram atrás de um dos escribas, mas vieram procurar Jesus. E trouxeram pessoas que sofriam de toda sorte de enfermidades e misérias, inclusive alguns que tinham sobre si o domínio de demônios. Ele dominou um demônio – poderia dominar vários? Ele curou uma mulher, sogra de um seguidor, em uma casa fechada, em um ambiente controlado. Poderia fazer isto com vários doentes, desconhecidos, e ao ar livre, à vista de todos?
Marcos nos diz que toda a cidade estava reunida à porta da casa de Simão. Não pense em ruas largas, em avenidas como as que conhecemos, mas em ruelas, estreitas, de 3m ou menos de largura – e toda a cidade se apertando, carregando doentes, conduzindo endemoninhados e todos querendo chegar o mais perto possível da porta. Imagine o tumulto, sem tropa de choque, sem organização ou ordem.
Os escribas iam embora, cumpriram sua missão – a de Jesus estava apenas começando, ele não iria embora, ele não havia terminado o seu expediente pois havia vindo para buscar as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 15:24). Para ele era tempo de trabalhar, e ele curou muitos doentes, muitos que estavam cativos dos poderes satânicos, sempre fazendo questão de não lhes permitir serem o centro das atenções, não lhes deixando falar o que eles sabiam, pois não era função do diabo anunciar a chegada do messias, mas suas obras diriam quem ele era (Jo 14:11).
Todos já tinham visto que ele era mais que um escriba, que era mais que um doutor da lei – faltava-lhes reconhecer que ele era o que João Batista anunciara como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1:29) – até mesmo gentios reconheceriam o que os judeus se recusavam a ver (Mt 27:54).
Os endemoninhados sabiam quem ele era – nós, em situação muito melhor, também já sabemos quem ele é. Os demônios se submetiam à sua autoridade mas se recusavam a adorá-lo (Tg 2:19). Quantos de nós, sabendo quem ele é, em posição melhor do que a dos judeus de Cafarnaum e Nazaré, permanecemos em rebeldia contra o Santo de Deus?

VOCÊ E O SENHORIO DE JESUS

Histórica e biblicamente as pessoas têm assumido duas atitudes a respeito de Jesus. Mesmo quando ficam maravilhados de seus ensinos, mesmo quando reconhecem nele haver algo de superior a tudo o que conhecem, são sempre duas atitudes. Não há como agir diferente, embora as ações concretas, as explicações, as justificativas para a primeira possam variar. Deixe-me fazer uma pergunta para você: que atitude você vai tomar diante do conhecimento que tem de que Jesus é o Senhor de tudo, do corpo e do Espírito, o Filho que nos revela Deus (Cl 1:15) e é, ele próprio, em si mesmo, a plenitude da divindade (Cl 2:9)?
A duas atitudes estão expressas na parábola das bodas registrada em Lc 14.15-24, na qual muitos foram convidados para uma grande ceia (Lc 14.16). Ninguém se propõe a dar uma grande ceia sem antes avisar os convidados, para que se programem. E alguns dos convidados apresentaram desculpas muito boas, mas que não resistiriam a um julgamento mais detalhado.

REJEIÇÃO

O primeiro disse que já tinha comprado um campo e precisava ir vê-lo (Lc 14.18) – mas quem compra um campo sem antes olhá-lo? E quem já comprou um campo não pode deixar para ir no dia seguinte?
O segundo diz ter comprado cinco juntas de bois e que vai experimentá-los. Numa sociedade onde uma junta de bois era equivalente a um trator, ninguém compra uma, quanto mais cinco juntas de bois sem antes ver se eles eram, realmente hábeis no trabalho (Lc 14.19).
O terceiro deu a desculpa mais justa, porém, a mais furada de todas (Lc 14.20). Poderia, ao ser convidado, dizer que tinha um compromisso, que a data era inapropriada por estar de casamento marcado, mas depois de a ceia pronta, responder (nem se deu ao trabalho de avisar) que estava em lua de mel? De um dia para o outro?
Todos somos capazes de arranjar desculpas. Quais as suas? Que desculpas usa para não reconhecer o senhorio de Jesus em sua vida? Que desculpas tem para não entregar a sua vida ao Senhor neste momento, atendendo ao seu chamado para a grande ceia? Lembre-se que aqueles que rejeitaram ficarão de fora pra sempre (Lc 14:24).

ACEITAÇÃO INCONDICIONAL

A segunda atitude é a de aceitação incondicional e sem melindres. Os que não foram convidados, que ficariam de fora, foram, então, chamados, à última hora (Lc 14.21). Sabiam não serem dignos, não possuírem roupas adequadas para a festa, não possuíam atributos pessoais que os qualificassem, mas mesmo assim atenderam prontamente. Não se importaram de não terem sido convidados com antecedência. Não se importaram de atenderem ao chamado só porque ainda havia vagas (Lc 14.22).
Para quem é convocado pelo rei não há condições a serem impostas – há apenas o dever de atender, como fizeram Simão e André (Mc 1.16-17). Ou como agiram Tiago e João (Mc 1.19-20). Ou como agiu Mateus (Mt 9:9).
Ninguém tem pré-requisitos para colocar condições para o rei. Todos os que tentaram falharam, como os que pediram garantias para segui-lo (Mt 8:19), ou que Jesus desse um tempo (Lc 9:59) ou que não exigisse tudo (Mc 10:21).
Vou dizer isto de outra maneira – Jesus não precisa de nenhum de nós. Nenhum de nós tem nada que possa oferecer para completar algo que ele já não tenha. Nós precisamos dele. Sem ele nada somos, e tampouco nada podemos fazer (Lc 12:26).

Que atitude você toma agora? Você acabou de receber um convite – a mesa está posta, a resposta tem que ser dada agora. Vai recusar? Vai ser rebelde? Ou vai, alegremente, atender ao chamado. Oro para que o Espírito Santo incline o seu coração, dando-lhe nova direção e disposição (Fp 2:13). Vem!

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