Vários destes estudos ministrados na IP de Paragominas têm origem num artigo de J.C. Ryle.
18 Atendei vós, pois, à
parábola do semeador. 19
A todos os que ouvem a palavra do reino e não a compreendem, vem o maligno e
arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do
caminho. 20 O que foi
semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria;
21 mas não tem raiz em si
mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a
perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza. 22 O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a
palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a
palavra, e fica infrutífera. 23
Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende; este
frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um.
Mt 13:18 -23
Qual
o perigo de alguém não calcular o custo de seguir a Cristo e, após uma
experiencia religiosa emocional e intelectual, vir a naufragar na fé (1Tm
1:19)? Sim, é possível naufragar na fé, isto é, perder o rumo e afundar-se
no pecado e no mundo mesmo tendo aderido à doutrina, como aconteceu com Simeão,
o mago (At 8:13). O resultado de um
evangelismo seu conteúdo bíblico, apelativo e emocionalmente manipulador pode
ser um envolvimento alegre com a fé, impactante mas que, afinal, aos primeiros
sinais de contrariedade, logo abandonam a comunidade dos crentes. Uma das
primeiras coisas que aprendi sobre a vida cristã foi que, sempre que alguém
abandona a comunhão da Igreja, o faz por algum pecado pessoal, seu próprio,
ainda que a desculpa seja a ação de terceiros à qual seu coração endurecido não
perdoa.
Por
causa da manipulação religiosa muitos chegam mesmo a pensar que experimentaram
uma conversão genuína, chegam a manifestar ações que realmente se parecem com
um novo nascimento, participam ativamente da obra e se envolvem em assuntos
espirituais com um entusiasmo muito grande mas, afinal, demonstram o que são –
não convertidos como Demas (Fm 1:24 - Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores) que, embora companheiro de
trabalhos do apostolo Paulo em algum momento percebeu que seu coração pendia,
na realidade, para o mundo (2Tm 4:10 - Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi
para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia).
A parábola do semeador
fala-nos de diversos tipos de reação ao evangelho. Alguns não compreendem, seu
coração e mente estão de tal maneira comprometidos com outros valores que o
rejeitam de pronto, e isto independe de nível de conhecimento intelectual. Os
fariseus e mestres religiosos de Israel não compreendiam o ensino de Jesus
embora entendessem o que ele estava lhes dizendo com enorme clareza, pois só
isto explica o fato de planejarem matar a Jesus depois deste lhes denunciar a
aridez espiritual (Mc 11.17-18).
Outros recebem a palavra, percebem seus efeitos mas logo se voltam para outros
interesses, logo desanimam porque percebem que o caminho é estreito, que muitas
escolhas tem que ser feitas, que muitas renúncias precisam se tornar realidade
e que até perseguição e perigos se tornam comuns e devem ser esperadas na vida
de um discípulo de Cristo (Jo 2.23-24). Por fim existem aqueles
que recebem a Palavra mas não estão dispostos a investir seu tempo, seus
recursos e sua energia no reino, e, quando precisam optar por família,
carreira, riquezas, não pensam duas vezes, logo abandonam o caminho (Lc 18.18-23). Para estes o céu não passou de uma miragem,
que logo se desvaneceu ao primeiro sinal da realidade porque seus olhos e seu
coração estavam nas coisas da terra, seu tesouro era terreno e para quem não
nasceu de novo o reino de Deus é inalcançável (Jo 3:3) mesmo que haja muita boa intenção – mas o que
se requer é espiritualidade.
NÃO
CALCULAR O CUSTO TRAZ FRUSTRAÇÃO COM A IGREJA
NÃO
CALCULAR O CUSTO TRAZ FRUSTRAÇÃO COM A IGREJA
Quando
a novidade de fazer parte de uma Igreja dá lugar à rotina, aos trabalhos comuns
de qualquer Igreja, quando o chamado para servir é mais intenso do que os
privilégios de ser membro muitos percebem que “a Igreja não é bem o que
esperavam”, e, então, o que é fruto do pecado na vida de homens e mulheres em
processo de santificação tornam-se motivos de antipatia e inimizade (mesmo que
muitas vezes não declarada) e tudo serve de desculpa para um paulatino (mas
também pode ser repentino) afastamento da Igreja.
Qualquer
pessoa que conheça minimamente uma Igreja vai encontrar falhas em uma
comunidade de pecadores que conheceram a Jesus Cristo e ainda não estão
plenamente livres do pecado. Mesmo o colégio apostólico tinha um que era o
filho da perdição (Jo
17:12) que não tinha nem parte
nem sorte entre os que nasceram de novo e se tornaram verdadeiros discípulos do
sem Jesus (At 8:21).
Também
na Igreja descrita no livro de Atos, cheia do Espírito Santo, encontramos
pessoas que não calcularam o custo, e foram motivo de escândalo muito cedo, com
mentirosos como Ananias e Safira (At
5:1).
Para complicar mesmo entre os líderes da Igreja encontramos desentendimentos,
como entre Paulo e Pedro (Gl
2:11) e irmãos que se separaram
por discordarem de projetos de expansão
da Igreja mesmo sendo apóstolos (At
15:39). Assim, segue o salutar conselho de Josemar Bessa:
“Não espere perfeição daqueles que seguem a Jesus. Eles são os únicos que
admitem que necessitam desesperadamente de um Salvador” numa aplicação bastante
livre do brado de Paulo (Rm 7:24).
Mudar de denominação
resolve o problema apenas temporariamente – logo a rotina se instaura
novamente, e depois de muitas mudanças ou a maturidade chega ou, entre uma
Igreja e outra ficar na praça ou permanecer em alguma comunidade, decepcionado
e frustrado, mas por acomodação ou por vergonha de uma nova mudança. Motivos
para decepção com a Igreja não faltam – desde que se olhe para a Igreja
militante e deixe de olhar para aquele que é a razão da Igreja, o Senhor Jesus,
autor e consumador da fé (Hb 12:2).
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