quarta-feira, 11 de abril de 2018

O PERIGO DE NÃO CALCULAR O CUSTO DE SEGUIR A JESUS

Vários destes estudos ministrados na IP de Paragominas têm origem num artigo de J.C. Ryle.
18 Atendei vós, pois, à parábola do semeador. 19 A todos os que ouvem a palavra do reino e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho. 20 O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; 21 mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza. 22 O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera. 23 Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um.
Mt 13:18 -23

Qual o perigo de alguém não calcular o custo de seguir a Cristo e, após uma experiencia religiosa emocional e intelectual, vir a naufragar na fé (1Tm 1:19)? Sim, é possível naufragar na fé, isto é, perder o rumo e afundar-se no pecado e no mundo mesmo tendo aderido à doutrina, como aconteceu com Simeão, o mago (At 8:13). O resultado de um evangelismo seu conteúdo bíblico, apelativo e emocionalmente manipulador pode ser um envolvimento alegre com a fé, impactante mas que, afinal, aos primeiros sinais de contrariedade, logo abandonam a comunidade dos crentes. Uma das primeiras coisas que aprendi sobre a vida cristã foi que, sempre que alguém abandona a comunhão da Igreja, o faz por algum pecado pessoal, seu próprio, ainda que a desculpa seja a ação de terceiros à qual seu coração endurecido não perdoa.
Por causa da manipulação religiosa muitos chegam mesmo a pensar que experimentaram uma conversão genuína, chegam a manifestar ações que realmente se parecem com um novo nascimento, participam ativamente da obra e se envolvem em assuntos espirituais com um entusiasmo muito grande mas, afinal, demonstram o que são – não convertidos como Demas (Fm 1:24 - Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores) que, embora companheiro de trabalhos do apostolo Paulo em algum momento percebeu que seu coração pendia, na realidade, para o mundo (2Tm 4:10 - Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia).
A parábola do semeador fala-nos de diversos tipos de reação ao evangelho. Alguns não compreendem, seu coração e mente estão de tal maneira comprometidos com outros valores que o rejeitam de pronto, e isto independe de nível de conhecimento intelectual. Os fariseus e mestres religiosos de Israel não compreendiam o ensino de Jesus embora entendessem o que ele estava lhes dizendo com enorme clareza, pois só isto explica o fato de planejarem matar a Jesus depois deste lhes denunciar a aridez espiritual (Mc 11.17-18). Outros recebem a palavra, percebem seus efeitos mas logo se voltam para outros interesses, logo desanimam porque percebem que o caminho é estreito, que muitas escolhas tem que ser feitas, que muitas renúncias precisam se tornar realidade e que até perseguição e perigos se tornam comuns e devem ser esperadas na vida de um discípulo de Cristo (Jo 2.23-24). Por fim existem aqueles que recebem a Palavra mas não estão dispostos a investir seu tempo, seus recursos e sua energia no reino, e, quando precisam optar por família, carreira, riquezas, não pensam duas vezes, logo abandonam o caminho (Lc 18.18-23). Para estes o céu não passou de uma miragem, que logo se desvaneceu ao primeiro sinal da realidade porque seus olhos e seu coração estavam nas coisas da terra, seu tesouro era terreno e para quem não nasceu de novo o reino de Deus é inalcançável (Jo 3:3) mesmo que haja muita boa intenção – mas o que se requer é espiritualidade.

NÃO CALCULAR O CUSTO TRAZ FRUSTRAÇÃO COM A IGREJA

Quando a novidade de fazer parte de uma Igreja dá lugar à rotina, aos trabalhos comuns de qualquer Igreja, quando o chamado para servir é mais intenso do que os privilégios de ser membro muitos percebem que “a Igreja não é bem o que esperavam”, e, então, o que é fruto do pecado na vida de homens e mulheres em processo de santificação tornam-se motivos de antipatia e inimizade (mesmo que muitas vezes não declarada) e tudo serve de desculpa para um paulatino (mas também pode ser repentino) afastamento da Igreja.
Qualquer pessoa que conheça minimamente uma Igreja vai encontrar falhas em uma comunidade de pecadores que conheceram a Jesus Cristo e ainda não estão plenamente livres do pecado. Mesmo o colégio apostólico tinha um que era o filho da perdição (Jo 17:12) que não tinha nem parte nem sorte entre os que nasceram de novo e se tornaram verdadeiros discípulos do sem Jesus (At 8:21).
Também na Igreja descrita no livro de Atos, cheia do Espírito Santo, encontramos pessoas que não calcularam o custo, e foram motivo de escândalo muito cedo, com mentirosos como Ananias e Safira (At 5:1). Para complicar mesmo entre os líderes da Igreja encontramos desentendimentos, como entre Paulo e Pedro (Gl 2:11) e irmãos que se separaram por discordarem de projetos de expansão da Igreja mesmo sendo apóstolos (At 15:39). Assim, segue o salutar conselho de Josemar Bessa: “Não espere perfeição daqueles que seguem a Jesus. Eles são os únicos que admitem que necessitam desesperadamente de um Salvador” numa aplicação bastante livre do brado de Paulo (Rm 7:24).
Mudar de denominação resolve o problema apenas temporariamente – logo a rotina se instaura novamente, e depois de muitas mudanças ou a maturidade chega ou, entre uma Igreja e outra ficar na praça ou permanecer em alguma comunidade, decepcionado e frustrado, mas por acomodação ou por vergonha de uma nova mudança. Motivos para decepção com a Igreja não faltam – desde que se olhe para a Igreja militante e deixe de olhar para aquele que é a razão da Igreja, o Senhor Jesus, autor e consumador da fé (Hb 12:2).

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