Boletim dominical da Igreja Presbiteriana em Paragominas, 29 de abril de 2018
Lembro-me
destas coisas - e dentro de mim se me
derrama a alma-, de como passava eu com a multidão de povo e os guiava em
procissão à Casa de Deus, entre gritos de alegria e louvor, multidão em festa
(Sl 42:4).
Este
verso do salmo 42 traz um profundo lamento de uma alma angustiada porque não
tinha uma das coisas que mais lhe dava deleite: o privilégio de ir ao templo,
de reunir-se na Casa de Deus com o povo de Deus, com aqueles a quem Davi chama
de os ‘notáveis que há na terra’, os santos de Deus.
Este
salmo davídico foi composto quando Davi não podia cultuar a Deus como desejava,
na tenda da congregação que estava com a arca da Aliança em Jerusalém, por
causa da rebelião de seu próprio filho Absalão. Com saudades o agora idoso Davi
se lembra dos dias em que ele conduziu festivamente o povo adiante da arca,
certamente com a companhia de alguns dos que, agora, procuravam tirar-lhe a
vida. Provavelmente o próprio Absalão estava com ele, e certamente Aitofel, que
se tornara o conselheiro do filho revel.
Obviamente
Davi não imaginava que isto iria acontecer, e nem é esta a preocupação que ele
expressa neste salmo. Aqui ele não lamenta a traição do filho ou do companheiro
de armas - seu lamento é por não poder cultuar a Deus onde gostaria de cultuar
a Deus.
Séculos
depois, outros salmistas também faziam o mesmo lamento, não mais nas
proximidades de Jerusalém, mas algumas centenas de quilômetros distantes, pois
foram tornados escravos na Babilônia. Às margens de seus rios se negavam a
cantar os salmos, os instrumentos pendiam sem uso e um sentimento invadia o
coração: a saudade de casa.
Às margens dos rios da Babilônia,
nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião (Sl
137.1).
É óbvio
que eles não deixaram de adorar a Deus, especialmente porque é sabido que foi
na Babilônia que desenvolveu-se o sistema de sinagogas, que serviriam de bases
e formato (os missiólogos gostam de chamar de pontes) para a Igreja cristã
expandir-se rapidamente como podemos encontrar no ministério do apóstolo Paulo.
Todavia, mesmo com as sinagogas, os crentes ainda tinham saudades de sua casa,
da sua casa de oração, da casa que o Senhor havia dito que seria casa de oração
para todos os povos.
...também os levarei ao
meu santo monte e os alegrarei na minha Casa de Oração; os seus
holocaustos e os seus sacrifícios
serão aceitos no meu altar, porque a minha casa será chamada Casa de Oração para todos os
povos (Is 56.7).
Prosseguindo
um pouquinho mais logo descobrimos que, tendo o Senhor escolhido um lugar para
fazer habitar o seu nome, esta habitação era apenas um tipo de uma outra forma
de habitação, isto é, a arca da aliança, a arca da presença de Deus apenas
apontava para algo muito mais extraordinário, a presença do próprio Deus no
meio de seu povo, o Deus que “fez seu tabernáculo entre nós”.
E o Verbo se
fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua
glória, glória como do unigênito do Pai (Jo 1.14).
Algum
tempo depois de fazer-se presente entre nós o Senhor Jesus ensinou que chegaria
novo tempo, e que este tempo era chegado, em que o lugar de adoração seria o
menos importante, mas a forma da adoração, a essência da adoração é que seria
levada em conta - pois havia muitos hipócritas no templo, mas o Senhor desejava
adoradores que o adorariam em Espírito e em verdade sem dirigirem-se ao templo
de Jerusalém.
Mas vem a hora
e já chegou, em que os verdadeiros
adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são
estes que o Pai procura para seus adoradores (Jo 4.23).
Este é
o melhor tempo, este é o melhor dia, o dia em que o Senhor estabelece o seu
templo não mais para seus adoradores, mas em seus adoradores,
fazendo deles seu santuário, e, como um santuário, tudo deve estar disposto
para a adoração ao Senhor - seu coração, seu tempo, suas mãos.
Não sabeis que sois santuário de
Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (1Co 3.16).
Imerecidamente
Deus ainda preservou para a sua Igreja embaixadas do reino, um lugar onde
congregar, um privilégio que não deve ser desprezado. Vivemos peregrinos por
uns poucos dias, andamos de casa em casa (e isto foi bom, conhecemos as casas
dos nossos irmãos), habitamos em uma “tenda” (uma tenda bem confortável, é
verdade, providenciada por Deus pela instrumentalidade de um servo seu) mas
agora estamos de volta à nossa casa, nosso lugar de reunião. Ansiávamos pelo
retorno à nossa casa, e, agora aqui, estamos, portanto, não despreze este
privilégio.
Não deixemos de
congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto
mais quanto vedes que o Dia se aproxima (Hb 10:25).
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