segunda-feira, 30 de abril de 2018

PRIVILÉGIOS NÃO DEVEM SER DESPERDIÇADOS


Boletim dominical da Igreja Presbiteriana em Paragominas, 29 de abril de 2018
Lembro-me destas coisas - e dentro de mim se me derrama a alma-, de como passava eu com a multidão de povo e os guiava em procissão à Casa de Deus, entre gritos de alegria e louvor, multidão em festa (Sl 42:4).
Este verso do salmo 42 traz um profundo lamento de uma alma angustiada porque não tinha uma das coisas que mais lhe dava deleite: o privilégio de ir ao templo, de reunir-se na Casa de Deus com o povo de Deus, com aqueles a quem Davi chama de os ‘notáveis que há na terra’, os santos de Deus.
Este salmo davídico foi composto quando Davi não podia cultuar a Deus como desejava, na tenda da congregação que estava com a arca da Aliança em Jerusalém, por causa da rebelião de seu próprio filho Absalão. Com saudades o agora idoso Davi se lembra dos dias em que ele conduziu festivamente o povo adiante da arca, certamente com a companhia de alguns dos que, agora, procuravam tirar-lhe a vida. Provavelmente o próprio Absalão estava com ele, e certamente Aitofel, que se tornara o conselheiro do filho revel.
Obviamente Davi não imaginava que isto iria acontecer, e nem é esta a preocupação que ele expressa neste salmo. Aqui ele não lamenta a traição do filho ou do companheiro de armas - seu lamento é por não poder cultuar a Deus onde gostaria de cultuar a Deus.
Séculos depois, outros salmistas também faziam o mesmo lamento, não mais nas proximidades de Jerusalém, mas algumas centenas de quilômetros distantes, pois foram tornados escravos na Babilônia. Às margens de seus rios se negavam a cantar os salmos, os instrumentos pendiam sem uso e um sentimento invadia o coração: a saudade de casa.
Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião (Sl 137.1).
É óbvio que eles não deixaram de adorar a Deus, especialmente porque é sabido que foi na Babilônia que desenvolveu-se o sistema de sinagogas, que serviriam de bases e formato (os missiólogos gostam de chamar de pontes) para a Igreja cristã expandir-se rapidamente como podemos encontrar no ministério do apóstolo Paulo. Todavia, mesmo com as sinagogas, os crentes ainda tinham saudades de sua casa, da sua casa de oração, da casa que o Senhor havia dito que seria casa de oração para todos os povos.
...também os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha Casa de Oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a minha casa será chamada Casa de Oração para todos os povos (Is 56.7).
Prosseguindo um pouquinho mais logo descobrimos que, tendo o Senhor escolhido um lugar para fazer habitar o seu nome, esta habitação era apenas um tipo de uma outra forma de habitação, isto é, a arca da aliança, a arca da presença de Deus apenas apontava para algo muito mais extraordinário, a presença do próprio Deus no meio de seu povo, o Deus que “fez seu tabernáculo entre nós”.
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai (Jo 1.14).
Algum tempo depois de fazer-se presente entre nós o Senhor Jesus ensinou que chegaria novo tempo, e que este tempo era chegado, em que o lugar de adoração seria o menos importante, mas a forma da adoração, a essência da adoração é que seria levada em conta - pois havia muitos hipócritas no templo, mas o Senhor desejava adoradores que o adorariam em Espírito e em verdade sem dirigirem-se ao templo de Jerusalém.
Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores (Jo 4.23).
Este é o melhor tempo, este é o melhor dia, o dia em que o Senhor estabelece o seu templo não mais para seus adoradores, mas em seus adoradores, fazendo deles seu santuário, e, como um santuário, tudo deve estar disposto para a adoração ao Senhor - seu coração, seu tempo, suas mãos.
Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (1Co 3.16).
Imerecidamente Deus ainda preservou para a sua Igreja embaixadas do reino, um lugar onde congregar, um privilégio que não deve ser desprezado. Vivemos peregrinos por uns poucos dias, andamos de casa em casa (e isto foi bom, conhecemos as casas dos nossos irmãos), habitamos em uma “tenda” (uma tenda bem confortável, é verdade, providenciada por Deus pela instrumentalidade de um servo seu) mas agora estamos de volta à nossa casa, nosso lugar de reunião. Ansiávamos pelo retorno à nossa casa, e, agora aqui, estamos, portanto, não despreze este privilégio.
Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima (Hb 10:25).

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