AS PROVAÇÕES CHEGAM PARA TODOS
Há uma expressão muito comum em nosso meio que diz que ‘a grama
do vizinho sempre é mais verde que a nossa’. Como nem todos possuem grama e
provavelmente não temos tempo para ficar admirando gramados, me permitam
contextualizar: ‘no trânsito a fila ao lado sempre anda mais do que a nossa’.
Quantas vezes, no trânsito, mudamos de faixa só para perceber muito rapidamente
que aquele ‘avança e para’ é comum a todos[1].
Não é muito diferente nos outros aspectos da vida – é muito
comum acreditar que a vida dos outros é mais tranquila, tem menos percalços,
menos dificuldades, menos provações. Sabe por que isto acontece? Talvez a
explicação seja dupla.
Em primeiro lugar, é provável que ninguém saiba tudo sobre o
seu próximo. Você não consegue saber de todas as dificuldades, de todas as
angústias, de todas as dúvidas que seus sorridentes amigos e companheiros de
trabalho, colegas de escola ou irmãos de igreja passam – e talvez isto seja
assim simplesmente porque eles escondem mostrando felicidade nas redes sociais
ou porque desprezamos a vontade de Deus quanto a este assunto (Gl 6:2 Levai as cargas uns dos outros e, assim,
cumprireis a lei de Cristo).
A segunda explicação possível é que, provavelmente, mesmo
que você saiba que alguém está enfrentando dificuldades você não dê a mesma
importância que dá a sua própria dor. A dor do outro vai ser sempre considerada
menor que a sua porque a sua é sua, são seus nervos, seus sentimentos, é você
quem está sofrendo, e isto, no fundo, também é uma desconsideração para com o
ensino da Palavra de Deus (Hb 13.3 Lembrai-vos dos
encarcerados, como se presos com eles; dos que sofrem maus tratos, como se, com
efeito, vós mesmos em pessoa fôsseis os maltratados).
O ensino de muitas pseudo igrejas, e de muitos
pseudocristãos é de que o cristão não pode ser provado – e é claro que isto
está em total desacordo com o ensino da Palavra de Deus.
Todos são provados, todos. Todos, indistintamente, são
provados. Ricos e pobres, todos são igualmente provados.
O pobre é provado – e ele não é provado por ser pobre. É
provado por ser cristão e a pobreza pode não ser elemento de sua provação. O
rico é provado, e sua riqueza pode não ser, necessariamente, uma bênção de Deus
em sua vida. Uma e outra, pobreza e riqueza, ambas podem ou não fazer parte da
provação.
Mas todos, ricos e pobres, todos, sem exceção, devem se
lembrar que a única forma de vencer a provação é olhar firmemente para o autor
e consumador, da fé, Jesus Cristo, o sumo exemplo de perseverança mesmo em meio
a maior de todas as provas e vitória insuperável sobre ela (Hb 12.2 ...olhando firmemente para o Autor e
Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta,
suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do
trono de Deus).
Quero incentivar você a tirar
os seus olhos das provações e olhar para a Palavra de Deus e ser
encorajado por ela, aplicada ao seu coração pelo Espírito Santo Deus, e assim
você ser fortalecido para enfrentar as provações, independentemente de sua
condição social, seja qual for a sua situação financeira.
Vamos falar primeiro sobre o enfrentamento das provações na pobreza.
Tg
1:9 O irmão, porém,
de condição humilde glorie-se na sua dignidade,
Tiago sabe que a vida do pobre é difícil. Em seus dias ser
pobre era tão difícil quanto ser pobre hoje. A palavra tapeinoj
significa, originalmente, ‘aquilo que é baixo, que não se levanta
muito da terra’.
No Antigo Testamento esta palavra tem, basicamente, o
significado algo que está em estado de abatimento, derrubado, lançado no chão (Ez 17.24 Saberão todas as árvores do campo que eu,
o SENHOR, abati a árvore alta, elevei a baixa, sequei a árvore verde e fiz
reverdecer a seca; eu, o SENHOR, o disse e o fiz).
Tiago voltará a falar de pobres, usando outra palavra, para
enfatizar o contraste entre os que possuem bens terrenos e os pobres (ptwxoj
– mendigo, pedinte, afligido), aqueles a quem Deus concede as riquezas
verdadeiras e duradouras, as riquezas celestes (Tg 2.2
Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem com anéis de ouro nos dedos,
em trajos de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso...).
No Novo Testamento esta palavra tem um sentido menos literal
e quer dizer de humilde condição, referindo-se a uma pessoa está numa situação
que precisa ser confortada espiritualmente ou que possui espírito humilde (Mt 11.29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de
mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa
alma).
A nova teologia do prosperismo tem ensinado que só existe
bênção se há riqueza. Muitos tem acreditado nisto, mas Tiago diz que quem se
encontra em condição humilde não deve sucumbir a este ensino maligno e, quem
sabe, amar as coisas do mundo como Ananias fez (At 5.4
Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder?
Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a
Deus).
Ananias acabou caindo em tentação, e muitos tem feito o
mesmo, mentindo para si mesmos e tentando enganar ao próprio Espírito do
Senhor. Mais uma vez Paulo, que tentaram colocar em oposição a Tiago, concorda
inteiramente com este ensino e diz que o desejo de ficar rico pode levar muitos
a caírem em tentação (1Tm 6.9 Ora, os que
querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências
insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição).
É comum que uma pessoa humilde não receba honra em uma
sociedade que vive de aparências e valoriza o ter, ao invés do ser. O comum é o
contrário. É comum honrar (e bajular) os ricos, os poderosos, os influentes –
mas não são estes que tem, historicamente, maltratado a igreja de Deus (Tg 2.6 Entretanto, vós outros menosprezastes o
pobre. Não são os ricos que vos oprimem e não são eles que vos arrastam para
tribunais?)?
E o que a bíblia diz a este respeito?
Que o humilde não se considere de menor valor, que não se apege ao fato de não
ser próspero e se ache um coitadinho, pelo contrário, lembre-se de que é de
elevado valor para o Senhor, foi chamado pelo Senhor e recebeu dignidade (uyoj) para assentar-se com os príncipes (1Sm 2.8 Levanta o pobre do pó e, desde o monturo,
exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer
herdar o trono de glória; porque do SENHOR são as colunas da terra, e assentou
sobre elas o mundo) – não é a
pobreza que é a provacao, mas nem memso o pobre deixa de ter sua fé provada.
Assim como pobreza não é
sinônimo de humildade ela também não o é de provação – nem é garantia de
vitória sobre as tentações. Pobre cai quando é tentado – e rico também.
O que você precisa saber é
que, na provação, não use a pobreza para pecar – glorifique a Senhor naquilo
que o Senhor lhe tem concedido.
Mas a Escritura vai além e
adverte sobre a riqueza (Pv 30.7-9):
7 Duas coisas
te peço; não mas negues, antes que eu morra: 8
afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza;
dá-me o pão que me for necessário; 9
para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou
que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus.
Vamos falar agora um pouco sobre como os ricos podem lidar vitoriosamente sobre as provações.
Tg 1:10
e o rico, na sua insignificância, porque ele passará como a flor da erva. 11 Porque o sol se levanta com seu ardente
calor, e a erva seca, e a sua flor cai, e desaparece a formosura do seu
aspecto; assim também se murchará o rico em seus caminhos.
Eu não ousaria dizer que todas as pessoas do mundo desejam
ficar ricas. Certamente tem pessoas que não desejam ficar milionárias, mas não
há nada demais em querer uma vida tranquila, sem passar por necessidades. Mas
não há dúvidas de que a maioria alguma vez já sonhou em ter mais recursos do
que consegue gastar – este é o padrão de sucesso segundo o mundo, e muitas
pessoas são glorificadas quando conseguem – veja a famosa listada FORBES!
Mas o ensino da bíblia é um pouco diferente quanto à
riqueza. Em primeiro lugar a bíblia diz que a riqueza é uma perigosa armadilha.
Jesus diz aos seus discípulos que os que confiam nas riquezas, isto é, aqueles
cujo coração está nas riquezas deste mundo estão virtualmente impedidos de
entrar no reino dos céus (Mc 10.24 Os discípulos
estranharam estas palavras; mas Jesus insistiu em dizer-lhes: Filhos, quão
difícil é para os que confiam nas riquezas entrar no reino de Deus!).
Jesus também diz que confiar nas riquezas conduz à
indolência e à arrogância, a demonstrações de autossuficiência, desprezo pela
providência de Deus chegando à conclusão de falar de si para si mesmo que,
independentemente da vontade de Deus poder viver sem qualquer tipo de
preocupação (Lc 12.19 Então, direi à minha alma: tens em
depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te).
Este posicionamento arrogante pode chegar a situações
absurdas pois o idolatra financeiro pode chegar a negar o próprio Deus ousando
blasfemar contra o Senhor – quem confia nas riquezas faz escolha em seu
coração, e esta escolha consiste em edificar um ídolo no coração e com isso
desprezar o Deus verdadeiro (Pv 30.9 ...para não
suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que,
empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus).
Existem ricos crentes – sim, existem. Assim como pobreza não
é bênção nem maldição, riqueza também não é. Jó, Abraão, Isaque, Jacó, Davi,
José de Arimatéia e outros eram crentes no Senhor e eram ricos.
Aliás, de alguns deles é dito que a riqueza é uma bênção
diretamente relacionada com a obediência aos mandamentos do Senhor. Mas se não
é na riqueza em que, então, o rico deve se gloriar?
Aquele que preferir a riqueza vai se deleitar no benefício
passageiro das riquezas deste mundo. Esta será a consolação passageira do rico
(Lc 6.24 Mas ai de vós, os ricos! Porque tendes a
vossa consolação).
Voltemos à pergunta: em que os ricos devem se gloriar? A
resposta bíblica é paradoxal: em sua insignificância (ταπεινωσει),
em sua pobreza (esta palavra é da mesma raiz de ‘pobre’ no verso anterior).
Ninguém deve se gloriar porque o fato é que a riqueza não é permanente, nenhuma
riqueza deste mundo tem relevância no porvir.
Esta palavra é a mesma usada por Maria em seu famoso
cântico, no qual exalta ao Senhor e reconhece a sua indignidade de receber
qualquer coisa das mãos de Deus (Lc 1.48 ...porque
contemplou na humildade (algumas
versões traduzem por baixeza)
da sua serva. pois, desde agora, todas as gerações me considerarão
bem-aventurada).
Os grandes, os poderosos, os que são respeitados e
considerados grandes em nossa sociedade, segundo a Palavra de Deus, devem se
gloriar na sua insignificância. Tiago faz um jogo de palavras falando do
pobre que é menosprezado (tapeinoj) como tendo o mesmo valor
que o rico (ταπεινωσει),
e um valor absolutamente passageiro, como uma flor de uma erva do campo, que
não é cultivada, regada e protegida, e sem cuidados seca, morre e é usada para
ser queimada, virando aquilo que a bíblia sempre usa como metáfora de coisa
passageira e vaidade: cinza, pó, fumaça.
Não há dúvida de que isto é suficiente para lembrar o rico
para que não tire os olhos daquele de cujas mãos recebe toda sorte de bênçãos:
Tg 1:17 Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.
Tg
1:12 Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a
provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual
o Senhor prometeu aos que o amam.
Temos sido ensinados que felicidade consiste em não passar
por dificuldades. Felicidade consiste em não sofrer. Felicidade consistiria em
não ter problemas, em ter seus problemas todos resolvidos, necessidades
satisfeitas, bom emprego, boa casa, família com tudo bem resolvido.
Há até quem se vire para você e diga, com o dedo em riste e
com a bíblia em outra mão: “Você tem direito de ser feliz!”
E este é um problema: alguém tem realmente o direito de ‘ser feliz’, tendo
felicidade com este conceito?
Primeiro, direito é aquilo que a pessoa pode exigir por ter
feito algo (ou por alguém ter feito em seu lugar – e guarde isso porque é muito
importante) que a tenha tornado digna de algum benefício. Direito, e, na
prática, salário, recompensa, pagamento. O problema é que nenhum pecador tem
direito a esta felicidade edênica. Adão e Eva tinham, e perderam.
Nenhum pecador tem – e este é o problema: todos pecaram e
estão destituídos da glória de Deus, isto é, nenhum alcança o padrão que
satisfaça as exigências da “regula” que Deus estabeleceu.
O segundo problema é que o pecador, além de não alcançar o
padrão que lhe abriria as portas do paraíso edênico, também é merecedor de uma
recompensa adequada ao que ele é, já que o salário (isto é, a recompensa
justamente merecida) do pecado é a morte – então, como todos pecaram, todos tem
direito a apenas uma coisa: a morte como consequência de suas ações.
Mas talvez você diga: concordo com você, mas você está
esquecendo que Jesus morreu por mim, pagou o preço dos meus pecados então ao
não devo mais nada.
Ok, você quase me pegou. Lembra que já foi dito que
era para guardar a informação sobre o direito adquirido por outrem em seu
favor?
Então, que tipo de felicidade você tem direito por causa da
obra de Cristo? Jesus descreve a felicidade que ele adquiriu para os seus
dizendo que os pobres, os que tem fome, os que choram, os que são odiados,
expulsos, injuriados e rejeitados por causa dele: (Lc 6.20
Então, olhando ele para os seus discípulos, disse-lhes: Bem-aventurados vós, os
pobres, porque vosso é o reino de Deus. 21 Bem-aventurados vós, os
que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, os que agora
chorais, porque haveis de rir. 22 Bem-aventurados sois quando os
homens vos odiarem e quando vos expulsarem da sua companhia, vos injuriarem e
rejeitarem o vosso nome como indigno, por causa do Filho do Homem. 23
Regozijai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu;
pois dessa forma procederam seus pais com os profetas)
Veja que o conceito de felicidade bíblico é diferente – mas
e a pergunta: todos tem direito a felicidade bíblica? A resposta é: somente
aqueles que foram a Jesus com fé, somente aqueles que atenderam o seu convite e
foram a ele (Mt 11.28 Vinde a mim, todos os que estais
cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei).
Agora as palavras de Tiago fazem sentido? Faz sentido Tiago
dizer que é bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a
provação da sua fé? Não parece ser muito necessário suportar com perseverança o
tipo de felicidade que o mundo apregoa como ‘direito de todos’. A verdadeira
felicidade, que é estar perpetuamente na presença do Senhor (Sl 16.11 Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença
há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente) é
reservada somente para os perseverantes, para os que tiverem sua fé provada e
aprovada.
A expressão aqui traduzida por perseverança (dokimoj genomenoj)
significa “ser provado e tornado aceitável, vir a ser do jeito que deve ser”
Isto quer dizer que não há felicidade sem provação, não há
verdadeira felicidade sem provação e aprovação, não há, não pode haver usufruto
da felicidade eterna sem que a fé tenha sido provada e aprovada.
A felicidade que vai muito além do que os olhos viram, do
que os ouvidos ouviram, do que mentes humanas ao capazes de imaginar ou
corações capazes de almejar só pode ser obtida por um caminho: o da
perseverança em meio às provações (Mt 24.13
Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo).
Já falamos que
provação não é só dor, tristeza, fome – é também riqueza, poder, status. Não
consigo definir que tipo de prova é a sua – mas, seja ela qual for, a exigência
de Deus é a mesma: seja perseverante.
Rm 5:3 E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; 4 e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. 5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.
Tg 1:12
Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a
provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual
o Senhor prometeu aos que o amam.
É muito comum vermos pessoas desanimando quando são
provadas. Lamentavelmente a perseverança não tem sido uma característica da
atual geração. Você vê isto nas escolas, com pessoas mudando o tempo todo de
cursos quando as exigências começam a se tornar mais elevadas. Você vê isto no
trabalho quando surgem as primeiras exigências e responsabilidades muitos acham
que é perseguição ou coisa parecida. Você também vê isto na igreja – quantos
que aparentemente ‘corriam bem’ abandonam a caminhada nas primeiras situações
em que sua fé é provada.
Lamentavelmente nossa geração é fraca. É sensível demais. É
uma geração com a cabeça nas nuvens e pés de cristal. Sem firmeza, quebram com
facilidade. ‘Eu não consigo mais’. ‘Não tenho mais forças’. ‘Não suporto’.
Frases como estas enchem os consultórios de psicólogos, psicanalistas, médicos
e um monte de outros profissionais.
Muitos, desonesta e fraudulentamente, respondem com frases
de efeito, filosofias e pseudoteologias que colocam as responsabilidades sobre
outras pessoas (as tais maldições hereditárias) ou ensinam a fazer exigências
descabidas a quem é Senhor, e não servo. Mas isto não é coisa de crente, é
coisa de charlatão.
Aliás, muitos charlatães também viram coaches, vendendo
vídeos motivacionais ensinando as pessoas a serem felizes quando elas próprias
não são, ensinando as pessoas a ganharem milhões quando elas próprias nunca
ganharam.
Mas o que as Escrituras dizem? Elas dizem que é possível sim
vencer as provações, ou, como em prefiro dizer, é possível vencer nas
provações.
A vida cristã não é uma competição para ver se o crente tem
força suficiente para terminar é então ser recompensado. É mais uma caminhada,
onde o crente é conduzido até que chegue ao final e seja recompensado.
O que Tiago diz sobre o que suporta com perseverança a
provação da sua fé que ele será aprovado e será recompensado.
Jesus disse, desde o primeiro momento que o crente seria
provado de todas as maneiras, inclusive com aflições, mas não deve desanimar
porque ele próprio venceu o mundo (Jo 16.33 Estas coisas vos tenho dito
para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom
ânimo; eu venci o mundo).
As provações não são um meio de derrotar o crente, mas de
provar a sua fé, de fazê-lo amadurecer até que este receba a aprovação de Deus
em sua caminhada de fé e, finalmente, recebe a coroa da vida que foi prometida
aos crentes perseverantes (Ap 2.10 Não temas as
coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre
vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à
morte, e dar-te-ei a coroa da vida).
Esta coroa para os vencedores que, inevitavelmente, cruzarão
a linha de chegada porque o próprio Senhor garante que eles chegarão ao fim da
jornada já que este é o seu propósito eterno (Fp 1.6
Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus) do Senhor, e o Senhor não
muda.
Receber a coroa (lhyetai) está no futuro – e talvez você seja
tentado a pensar: se eu fizer tudo certinho, se eu for perseverante, se eu
jamais me afastar da igreja então o Senhor terá que me dar a coroa.
Acontece que a coroa não é um prêmio a ser conquistado, não
por méritos – é uma dádiva que os fiéis receberão, com toda a certeza, no fim
de sua caminhada. E de onde vem esta certeza? Do fato de que a coroa da vida é
uma promessa de Deus, do Deus que não pode mentir e que é fiel (2Ts 3.3 Todavia, o Senhor é fiel; ele vos
confirmará e guardará do Maligno), poderoso para cumprir todas as
suas promessas.
Tiago garante que o Senhor cumprirá promessa – aliás, Tiago
diz que esta promessa já está cumprida do ponto de vista do Senhor (o verbo está no aoristo) porque o Senhor a
anunciou, e seu anúncio equivale ao ato em si mesmo (epeggeilato).
A coroa da vida não é uma recompensa pela vitória – ela é
uma promessa aos vitoriosos, ela já está garantida aos crentes – porque estes
perseverarão, e perseverarão porque o Senhor os sustentará por seu próprio
poder.
Não há como isto não acontecer – quem garante é o Senhor. Ao crente cabe suportar, com perseverança, a provação porque a vitória não será conquistada: a vitória na provação está garantida – pelo Senhor.
[1] Se
você anda muitas vezes pelo mesmo lugar com o tempo você percebe que há faixas
que, no fim, são mais rápidas.
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