segunda-feira, 7 de agosto de 2023

ESTUDOS NA CARTA DE TIAGO - III AS PROVAÇÕES CHEGAM PARA TODOS

 AS PROVAÇÕES CHEGAM PARA TODOS

Há uma expressão muito comum em nosso meio que diz que ‘a grama do vizinho sempre é mais verde que a nossa’. Como nem todos possuem grama e provavelmente não temos tempo para ficar admirando gramados, me permitam contextualizar: ‘no trânsito a fila ao lado sempre anda mais do que a nossa’. Quantas vezes, no trânsito, mudamos de faixa só para perceber muito rapidamente que aquele ‘avança e para’ é comum a todos[1].

Não é muito diferente nos outros aspectos da vida – é muito comum acreditar que a vida dos outros é mais tranquila, tem menos percalços, menos dificuldades, menos provações. Sabe por que isto acontece? Talvez a explicação seja dupla.

Em primeiro lugar, é provável que ninguém saiba tudo sobre o seu próximo. Você não consegue saber de todas as dificuldades, de todas as angústias, de todas as dúvidas que seus sorridentes amigos e companheiros de trabalho, colegas de escola ou irmãos de igreja passam – e talvez isto seja assim simplesmente porque eles escondem mostrando felicidade nas redes sociais ou porque desprezamos a vontade de Deus quanto a este assunto (Gl 6:2 Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo).

A segunda explicação possível é que, provavelmente, mesmo que você saiba que alguém está enfrentando dificuldades você não dê a mesma importância que dá a sua própria dor. A dor do outro vai ser sempre considerada menor que a sua porque a sua é sua, são seus nervos, seus sentimentos, é você quem está sofrendo, e isto, no fundo, também é uma desconsideração para com o ensino da Palavra de Deus (Hb 13.3 Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles; dos que sofrem maus tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fôsseis os maltratados).

O ensino de muitas pseudo igrejas, e de muitos pseudocristãos é de que o cristão não pode ser provado – e é claro que isto está em total desacordo com o ensino da Palavra de Deus.

Todos são provados, todos. Todos, indistintamente, são provados. Ricos e pobres, todos são igualmente provados.

O pobre é provado – e ele não é provado por ser pobre. É provado por ser cristão e a pobreza pode não ser elemento de sua provação. O rico é provado, e sua riqueza pode não ser, necessariamente, uma bênção de Deus em sua vida. Uma e outra, pobreza e riqueza, ambas podem ou não fazer parte da provação.

Mas todos, ricos e pobres, todos, sem exceção, devem se lembrar que a única forma de vencer a provação é olhar firmemente para o autor e consumador, da fé, Jesus Cristo, o sumo exemplo de perseverança mesmo em meio a maior de todas as provas e vitória insuperável sobre ela (Hb 12.2 ...olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus).

Quero incentivar você a tirar os seus olhos das provações e olhar para a Palavra de Deus e ser encorajado por ela, aplicada ao seu coração pelo Espírito Santo Deus, e assim você ser fortalecido para enfrentar as provações, independentemente de sua condição social, seja qual for a sua situação financeira.

Vamos falar primeiro sobre o enfrentamento das provações na pobreza.

Tg 1:9 O irmão, porém, de condição humilde glorie-se na sua dignidade,

Tiago sabe que a vida do pobre é difícil. Em seus dias ser pobre era tão difícil quanto ser pobre hoje. A palavra tapeinoj significa, originalmente, ‘aquilo que é baixo, que não se levanta muito da terra’.

No Antigo Testamento esta palavra tem, basicamente, o significado algo que está em estado de abatimento, derrubado, lançado no chão (Ez 17.24 Saberão todas as árvores do campo que eu, o SENHOR, abati a árvore alta, elevei a baixa, sequei a árvore verde e fiz reverdecer a seca; eu, o SENHOR, o disse e o fiz).

Tiago voltará a falar de pobres, usando outra palavra, para enfatizar o contraste entre os que possuem bens terrenos e os pobres (ptwxoj – mendigo, pedinte, afligido), aqueles a quem Deus concede as riquezas verdadeiras e duradouras, as riquezas celestes (Tg 2.2 Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajos de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso...).

No Novo Testamento esta palavra tem um sentido menos literal e quer dizer de humilde condição, referindo-se a uma pessoa está numa situação que precisa ser confortada espiritualmente ou que possui espírito humilde (Mt 11.29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma).

A nova teologia do prosperismo tem ensinado que só existe bênção se há riqueza. Muitos tem acreditado nisto, mas Tiago diz que quem se encontra em condição humilde não deve sucumbir a este ensino maligno e, quem sabe, amar as coisas do mundo como Ananias fez (At 5.4 Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus).

Ananias acabou caindo em tentação, e muitos tem feito o mesmo, mentindo para si mesmos e tentando enganar ao próprio Espírito do Senhor. Mais uma vez Paulo, que tentaram colocar em oposição a Tiago, concorda inteiramente com este ensino e diz que o desejo de ficar rico pode levar muitos a caírem em tentação (1Tm 6.9 Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição).

É comum que uma pessoa humilde não receba honra em uma sociedade que vive de aparências e valoriza o ter, ao invés do ser. O comum é o contrário. É comum honrar (e bajular) os ricos, os poderosos, os influentes – mas não são estes que tem, historicamente, maltratado a igreja de Deus (Tg 2.6 Entretanto, vós outros menosprezastes o pobre. Não são os ricos que vos oprimem e não são eles que vos arrastam para tribunais?)?

E o que a bíblia diz a este respeito? Que o humilde não se considere de menor valor, que não se apege ao fato de não ser próspero e se ache um coitadinho, pelo contrário, lembre-se de que é de elevado valor para o Senhor, foi chamado pelo Senhor e recebeu dignidade (uyoj) para assentar-se com os príncipes (1Sm 2.8 Levanta o pobre do pó e, desde o monturo, exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do SENHOR são as colunas da terra, e assentou sobre elas o mundo) – não é a pobreza que é a provacao, mas nem memso o pobre deixa de ter sua fé provada.

Assim como pobreza não é sinônimo de humildade ela também não o é de provação – nem é garantia de vitória sobre as tentações. Pobre cai quando é tentado – e rico também.

O que você precisa saber é que, na provação, não use a pobreza para pecar – glorifique a Senhor naquilo que o Senhor lhe tem concedido.

Mas a Escritura vai além e adverte sobre a riqueza (Pv 30.7-9):

7 Duas coisas te peço; não mas negues, antes que eu morra: 8 afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário; 9 para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus.

Vamos falar agora um pouco sobre como os ricos podem lidar vitoriosamente sobre as provações.

Tg 1:10 e o rico, na sua insignificância, porque ele passará como a flor da erva. 11 Porque o sol se levanta com seu ardente calor, e a erva seca, e a sua flor cai, e desaparece a formosura do seu aspecto; assim também se murchará o rico em seus caminhos.

Eu não ousaria dizer que todas as pessoas do mundo desejam ficar ricas. Certamente tem pessoas que não desejam ficar milionárias, mas não há nada demais em querer uma vida tranquila, sem passar por necessidades. Mas não há dúvidas de que a maioria alguma vez já sonhou em ter mais recursos do que consegue gastar – este é o padrão de sucesso segundo o mundo, e muitas pessoas são glorificadas quando conseguem – veja a famosa listada FORBES!

Mas o ensino da bíblia é um pouco diferente quanto à riqueza. Em primeiro lugar a bíblia diz que a riqueza é uma perigosa armadilha. Jesus diz aos seus discípulos que os que confiam nas riquezas, isto é, aqueles cujo coração está nas riquezas deste mundo estão virtualmente impedidos de entrar no reino dos céus (Mc 10.24 Os discípulos estranharam estas palavras; mas Jesus insistiu em dizer-lhes: Filhos, quão difícil é para os que confiam nas riquezas entrar no reino de Deus!).

Jesus também diz que confiar nas riquezas conduz à indolência e à arrogância, a demonstrações de autossuficiência, desprezo pela providência de Deus chegando à conclusão de falar de si para si mesmo que, independentemente da vontade de Deus poder viver sem qualquer tipo de preocupação (Lc 12.19 Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te).

Este posicionamento arrogante pode chegar a situações absurdas pois o idolatra financeiro pode chegar a negar o próprio Deus ousando blasfemar contra o Senhor – quem confia nas riquezas faz escolha em seu coração, e esta escolha consiste em edificar um ídolo no coração e com isso desprezar o Deus verdadeiro (Pv 30.9 ...para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus).

Existem ricos crentes – sim, existem. Assim como pobreza não é bênção nem maldição, riqueza também não é. Jó, Abraão, Isaque, Jacó, Davi, José de Arimatéia e outros eram crentes no Senhor e eram ricos.

Aliás, de alguns deles é dito que a riqueza é uma bênção diretamente relacionada com a obediência aos mandamentos do Senhor. Mas se não é na riqueza em que, então, o rico deve se gloriar?

Aquele que preferir a riqueza vai se deleitar no benefício passageiro das riquezas deste mundo. Esta será a consolação passageira do rico (Lc 6.24 Mas ai de vós, os ricos! Porque tendes a vossa consolação).

Voltemos à pergunta: em que os ricos devem se gloriar? A resposta bíblica é paradoxal: em sua insignificância (ταπεινωσει), em sua pobreza (esta palavra é da mesma raiz de ‘pobre’ no verso anterior). Ninguém deve se gloriar porque o fato é que a riqueza não é permanente, nenhuma riqueza deste mundo tem relevância no porvir.

Esta palavra é a mesma usada por Maria em seu famoso cântico, no qual exalta ao Senhor e reconhece a sua indignidade de receber qualquer coisa das mãos de Deus (Lc 1.48 ...porque contemplou na humildade (algumas versões traduzem por baixeza) da sua serva. pois, desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada).

Os grandes, os poderosos, os que são respeitados e considerados grandes em nossa sociedade, segundo a Palavra de Deus, devem se gloriar na sua insignificância. Tiago faz um jogo de palavras falando do pobre que é menosprezado (tapeinoj) como tendo o mesmo valor que o rico (ταπεινωσει), e um valor absolutamente passageiro, como uma flor de uma erva do campo, que não é cultivada, regada e protegida, e sem cuidados seca, morre e é usada para ser queimada, virando aquilo que a bíblia sempre usa como metáfora de coisa passageira e vaidade: cinza, pó, fumaça.

Não há dúvida de que isto é suficiente para lembrar o rico para que não tire os olhos daquele de cujas mãos recebe toda sorte de bênçãos:

Tg 1:17 Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.

Tg 1:12 Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.

Temos sido ensinados que felicidade consiste em não passar por dificuldades. Felicidade consiste em não sofrer. Felicidade consistiria em não ter problemas, em ter seus problemas todos resolvidos, necessidades satisfeitas, bom emprego, boa casa, família com tudo bem resolvido.

Há até quem se vire para você e diga, com o dedo em riste e com a bíblia em outra mão: “Você tem direito de ser feliz!” E este é um problema: alguém tem realmente o direito de ‘ser feliz’, tendo felicidade com este conceito?

Primeiro, direito é aquilo que a pessoa pode exigir por ter feito algo (ou por alguém ter feito em seu lugar – e guarde isso porque é muito importante) que a tenha tornado digna de algum benefício. Direito, e, na prática, salário, recompensa, pagamento. O problema é que nenhum pecador tem direito a esta felicidade edênica. Adão e Eva tinham, e perderam.

Nenhum pecador tem – e este é o problema: todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, isto é, nenhum alcança o padrão que satisfaça as exigências da “regula” que Deus estabeleceu.

O segundo problema é que o pecador, além de não alcançar o padrão que lhe abriria as portas do paraíso edênico, também é merecedor de uma recompensa adequada ao que ele é, já que o salário (isto é, a recompensa justamente merecida) do pecado é a morte – então, como todos pecaram, todos tem direito a apenas uma coisa: a morte como consequência de suas ações.

Mas talvez você diga: concordo com você, mas você está esquecendo que Jesus morreu por mim, pagou o preço dos meus pecados então ao não devo mais nada.

Ok, você quase me pegou. Lembra que já foi dito que era para guardar a informação sobre o direito adquirido por outrem em seu favor?

Então, que tipo de felicidade você tem direito por causa da obra de Cristo? Jesus descreve a felicidade que ele adquiriu para os seus dizendo que os pobres, os que tem fome, os que choram, os que são odiados, expulsos, injuriados e rejeitados por causa dele: (Lc 6.20 Então, olhando ele para os seus discípulos, disse-lhes: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. 21 Bem-aventurados vós, os que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, os que agora chorais, porque haveis de rir. 22 Bem-aventurados sois quando os homens vos odiarem e quando vos expulsarem da sua companhia, vos injuriarem e rejeitarem o vosso nome como indigno, por causa do Filho do Homem. 23 Regozijai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu; pois dessa forma procederam seus pais com os profetas)

Veja que o conceito de felicidade bíblico é diferente – mas e a pergunta: todos tem direito a felicidade bíblica? A resposta é: somente aqueles que foram a Jesus com fé, somente aqueles que atenderam o seu convite e foram a ele (Mt 11.28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei).

Agora as palavras de Tiago fazem sentido? Faz sentido Tiago dizer que é bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação da sua fé? Não parece ser muito necessário suportar com perseverança o tipo de felicidade que o mundo apregoa como ‘direito de todos’. A verdadeira felicidade, que é estar perpetuamente na presença do Senhor (Sl 16.11 Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente) é reservada somente para os perseverantes, para os que tiverem sua fé provada e aprovada.

A expressão aqui traduzida por perseverança (dokimoj genomenoj) significa “ser provado e tornado aceitável, vir a ser do jeito que deve ser”

Isto quer dizer que não há felicidade sem provação, não há verdadeira felicidade sem provação e aprovação, não há, não pode haver usufruto da felicidade eterna sem que a fé tenha sido provada e aprovada.

A felicidade que vai muito além do que os olhos viram, do que os ouvidos ouviram, do que mentes humanas ao capazes de imaginar ou corações capazes de almejar só pode ser obtida por um caminho: o da perseverança em meio às provações (Mt 24.13 Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo).

 Já falamos que provação não é só dor, tristeza, fome – é também riqueza, poder, status. Não consigo definir que tipo de prova é a sua – mas, seja ela qual for, a exigência de Deus é a mesma: seja perseverante.

Rm 5:3 E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; 4 e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. 5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.

Tg 1:12 Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.

É muito comum vermos pessoas desanimando quando são provadas. Lamentavelmente a perseverança não tem sido uma característica da atual geração. Você vê isto nas escolas, com pessoas mudando o tempo todo de cursos quando as exigências começam a se tornar mais elevadas. Você vê isto no trabalho quando surgem as primeiras exigências e responsabilidades muitos acham que é perseguição ou coisa parecida. Você também vê isto na igreja – quantos que aparentemente ‘corriam bem’ abandonam a caminhada nas primeiras situações em que sua fé é provada.

Lamentavelmente nossa geração é fraca. É sensível demais. É uma geração com a cabeça nas nuvens e pés de cristal. Sem firmeza, quebram com facilidade. ‘Eu não consigo mais’. ‘Não tenho mais forças’. ‘Não suporto’. Frases como estas enchem os consultórios de psicólogos, psicanalistas, médicos e um monte de outros profissionais.

Muitos, desonesta e fraudulentamente, respondem com frases de efeito, filosofias e pseudoteologias que colocam as responsabilidades sobre outras pessoas (as tais maldições hereditárias) ou ensinam a fazer exigências descabidas a quem é Senhor, e não servo. Mas isto não é coisa de crente, é coisa de charlatão.

Aliás, muitos charlatães também viram coaches, vendendo vídeos motivacionais ensinando as pessoas a serem felizes quando elas próprias não são, ensinando as pessoas a ganharem milhões quando elas próprias nunca ganharam.

Mas o que as Escrituras dizem? Elas dizem que é possível sim vencer as provações, ou, como em prefiro dizer, é possível vencer nas provações.

A vida cristã não é uma competição para ver se o crente tem força suficiente para terminar é então ser recompensado. É mais uma caminhada, onde o crente é conduzido até que chegue ao final e seja recompensado.

O que Tiago diz sobre o que suporta com perseverança a provação da sua fé que ele será aprovado e será recompensado.

Jesus disse, desde o primeiro momento que o crente seria provado de todas as maneiras, inclusive com aflições, mas não deve desanimar porque ele próprio venceu o mundo (Jo 16.33 Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo).

As provações não são um meio de derrotar o crente, mas de provar a sua fé, de fazê-lo amadurecer até que este receba a aprovação de Deus em sua caminhada de fé e, finalmente, recebe a coroa da vida que foi prometida aos crentes perseverantes (Ap 2.10 Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida).

Esta coroa para os vencedores que, inevitavelmente, cruzarão a linha de chegada porque o próprio Senhor garante que eles chegarão ao fim da jornada já que este é o seu propósito eterno (Fp 1.6 Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus) do Senhor, e o Senhor não muda.

Receber a coroa (lhyetai) está no futuro – e talvez você seja tentado a pensar: se eu fizer tudo certinho, se eu for perseverante, se eu jamais me afastar da igreja então o Senhor terá que me dar a coroa.

Acontece que a coroa não é um prêmio a ser conquistado, não por méritos – é uma dádiva que os fiéis receberão, com toda a certeza, no fim de sua caminhada. E de onde vem esta certeza? Do fato de que a coroa da vida é uma promessa de Deus, do Deus que não pode mentir e que é fiel (2Ts 3.3 Todavia, o Senhor é fiel; ele vos confirmará e guardará do Maligno), poderoso para cumprir todas as suas promessas.

Tiago garante que o Senhor cumprirá promessa – aliás, Tiago diz que esta promessa já está cumprida do ponto de vista do Senhor (o verbo está no aoristo) porque o Senhor a anunciou, e seu anúncio equivale ao ato em si mesmo (epeggeilato).

A coroa da vida não é uma recompensa pela vitória – ela é uma promessa aos vitoriosos, ela já está garantida aos crentes – porque estes perseverarão, e perseverarão porque o Senhor os sustentará por seu próprio poder.

Não há como isto não acontecer – quem garante é o Senhor. Ao crente cabe suportar, com perseverança, a provação porque a vitória não será conquistada: a vitória na provação está garantida – pelo Senhor.


[1] Se você anda muitas vezes pelo mesmo lugar com o tempo você percebe que há faixas que, no fim, são mais rápidas.

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