SUA AGENDA E O CRESCIMENTO DA IGREJA
Você tem uma bíblia em suas mãos? Só
digital? Não tem problema. Esta serve também porque não importa o meio, o que
importa para nós agora é o conteúdo.
Entre nós, reformados, existe a defesa da autoridade da
Escritura em todas as questões da vida, e nós a definimos como nossa única
regra de fé e prática. Isto quer dizer que a bíblia tem tudo o que nós
devemos crer (por isso única regra de fé) e que ela tem, por conseguinte, todas
as instruções positivas (o que devemos fazer) e negativas (o que devemos
evitar) para nos mantermos dentro do padrão da vontade de Deus.
É bem possível que, se eu perguntar a você agora, se a
bíblia é a sua única regra de fé e prática, você certamente responderá
que sim. Mas, e se eu perguntar se, na prática, a bíblia tem regulado sua
vida, e te desse um tempo para fazer um autoexame, qual resposta você
daria? Quer um tempo pra isso agora? Você o tem.
Eu não preciso de sua resposta. Você precisa, e sua
resposta, diante de Deus, é suficiente. Cuidado! Não deixe seu coração te enganar.
Deus esquadrinha os pensamentos e conhece o seu interior, como diz o profeta
Jeremias (Jr 20:12
Tu, pois, ó SENHOR dos Exércitos, que provas o justo e esquadrinhas os afetos e
o coração, permite veja eu a tua vingança contra eles, pois te confiei a minha
causa), o mesmo Jeremias que disse antes que o coração do homem não é
confiável (Jr 17:9
Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto;
quem o conhecerá?).
Daqui a pouco te apresentarei outro objeto, que certamente
você conhece, mas antes quero te falar sobre a doutrina da harmonia das
Escrituras – que significa que a bíblia não possui contradições, e um texto
pode ser lido com a ajuda de outros textos. É o que faremos aqui.
Agora me permita te apresentar outro objeto: uma
agenda. E é bem provável que você não tenha uma em suas mãos – alguns, talvez,
utilizem o celular para isso, mas a maioria não faz nem uma coisa nem outra.
Mas mesmo assim, com certeza você tem uma agenda. Não é de papel. Não é
digital. Mas você tem. Você marca e desmarca compromissos. Você tem
compromissos que se repetem dia a dia, semana a semana, mês a mês e tem compromissos
que aparecem de vez em quando e acabam. Sim, com certeza você tem uma agenda.
Vamos falar sobre isso agora: como sua agenda influencia o
crescimento e o desenvolvimento de sua igreja mesmo que você não seja pastor,
ou presbítero, ou líder de sociedade.
Vamos fazer, hoje extraordinariamente, a leitura de dois
textos bíblicos.
O primeiro, Hb 10.24-27, servirá de lente, de
orientação para o entendimento do segundo texto, At 2.41-47:
Hb 10:24
Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas
obras. 25
Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos
admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima. 26 Porque, se
vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno
conhecimento da verdade, já
não resta sacrifício pelos pecados; 27 pelo contrário, certa expectação
horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.
Veja que o texto fala de todos se estimulando mutuamente, ao
amor e às boas obras, ou à prática daquilo que se deve fazer, segundo ensina Tiago
(Tg 4:17 Portanto, aquele que sabe que deve
fazer o bem e não o faz nisso está pecando), e que não fazer o que se
deve é pecado, e pecado deliberado. Guarde este texto da carta aos hebreus em
sua mente e coração. Agora, vamos ao segundo texto, bem conhecido, do livro de
Atos dos Apóstolos, capítulo 2, versos 41 a 47.
At 2:41
Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele
dia de quase três mil pessoas. 42 E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão,
no partir do pão e nas orações. 43 Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais
eram feitos por intermédio dos apóstolos. 44 Todos os que creram estavam juntos e
tinham tudo em comum. 45 Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o
produto entre todos, à
medida que alguém tinha necessidade. 46 Diariamente perseveravam unânimes no
templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e
singeleza de coração, 47 louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo.
Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.
Antes de prosseguirmos tenho uma última (e muito importante) observação: podemos ver a
igreja como uma comunidade de crentes – mas também podemos considerar a igreja
como cada crente individualmente. Você faz parte da igreja de Cristo, você faz
parte de uma igreja local, mas você também é igreja. Considere isto daqui pra
frente neste estudo da Palavra.
I. A IGREJA TINHA UMA AGENDA DE EDIFICAÇÃO
Lucas não conheceu a igreja nos seus primeiros dias.
Provavelmente ele teve contato com o cristianismo cerca de 15 anos depois. Mas ele
ouvia o testemunho de pessoas que conheceram esta igreja, e colecionou e
organizou estes testemunhos, nos legando o evangelho que leva seu nome e o
livro de Atos.
No começo do texto que selecionamos para nossa edificação
agora diz que quase três mil pessoas creram e foram batizadas, formando
uma pequena comunidade de crentes que, por serem de diferentes nacionalidades,
logo se espalharia por todo o mundo mediterrâneo.
At 2:41 Então, os que lhe aceitaram a palavra foram
batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas. 42 E perseveravam
na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.
Talvez algumas pessoas retrucassem, cheias de sabedoria: mas
pastor, a igreja tinha os apóstolos, tinha até profetas, assim fica fácil crer.
Imaginemos o que aconteceria hoje se contássemos com os apóstolos
pregando em nossas igrejas. O que aconteceria se ao invés do Pr. Marthon fosse
o apóstolo (o verdadeiro) Pedro, ou Paulo, ou João? Talvez a igreja estivesse
cheia de pessoas.
As pessoas criam, e a igreja crescia com vitalidade
espiritual e comunhão porque tinha o poderoso testemunho dos apóstolos. Esta é
uma afirmação verdadeira. Mas é uma afirmação sofística e enganadora se
concluirmos que as pessoas não creem hoje porque não possuem o testemunho dos apóstolos.
Como é? A igreja não tem mais o poder que a igreja primitiva tinha? A fonte do
poder da igreja era o homem?
Isto não é verdade, porque o que fazia diferença era o poder
de Deus, e Deus não mudou nem restringiu sua ação poderosa. A igreja AINDA tem o testemunho dos apóstolos, ela foi edificada
e permanece sólida porque AINDA tem a palavra dos
profetas (Ef 2:20 ...edificados sobre o
fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra
angular).
A igreja ainda tem a poderosa Palavra de Deus que era e AINDA é viva e eficaz (Hb 4:12
Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer
espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas
e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração).
A igreja AINDA tem a palavra
que é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Rm 1:16 Pois não me envergonho do evangelho, porque
é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e
também do grego).
A igreja AINDA tem e continuará
tendo a Palavra eterna de Deus, a Palavra que não passa e nunca passará como Isaías
profetizou (Is 40:8 ...seca-se a erva, e cai a
sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente) e teve seu
testemunho plenamente ratificado pelo Senhor Jesus (Lc 21:33
Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão).
A igreja tinha uma agenda de edificação na Palavra – e a
igreja que quer crescer em número, que quer crescer em comunhão e que deseja
crescer espiritualmente precisa colocar a sua edificação como algo prioritário
na sua agenda.
A primeira pergunta que eu tenho para você nesta noite é:
você quer que a sua igreja – e a igreja é você – cresça? Que importância você
dá para a edificação na Palavra de Deus? Se você pegar a agenda do ano de 2022
e for marcar quantos dias de estudo bíblico você esteve presente escaparia de
uma reprovação por falta se fosse em uma escola? Talvez seja momento propício de
você reavaliar a sua agenda de edificação.
II.
A IGREJA TINHA UMA AGENDA
DE COMUNHÃO
Uma segunda característica da igreja primitiva que Lucas
destaca é que havia comunhão, havia perseverança na comunhão, e eles procuravam
estar juntos ‘por todo o período do dia’ (καθα ημεραν τε),
isto é, por quanto tempo fosse possível.
At 2:46
Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e
tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração.
Talvez você diga que era fácil manter a comunhão por que
eram todos judeus, e os judeus estavam acostumados a se manterem em grupos mais
coesos, mais fechados, até por uma questão de sobrevivência. De novo, é um argumento
muito bom, mesma nacionalidade, autoconservação mas...
Em primeiro lugar a igreja era composta por gente de mais de
15 países diferentes, com estilos de vida relativamente diferentes, a ponto de
em pouco tempo a primeira junta diaconal ter que ser organizada justamente para
resolver problemas causados por dificuldades de
relacionamento devido a nacionalidade (At 6:1
Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração
dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo
esquecidas na distribuição diária).
Em segundo lugar, a igreja estava poderosamente impactada
pela ação do Espírito Santo e por isso seus membros queriam experimentar ainda
mais do poder de Deus, reunindo-se onde podiam. Iam ao templo de Jerusalém onde
provavelmente se reuniam perto dos mesmos portões onde Jesus conversara com os
doutores da lei no início da sua adolescência (Lc 2:49
Ele lhes respondeu: Por que me procuráveis? Não sabíeis que me CUMPRIA estar na casa de
meu Pai?), reuniam-se de casa em casa e sempre com alegria e singeleza
de coração!
Mas isto levanta uma pergunta: a igreja de hoje não está mais
impactada pela ação do Espírito Santo? Não quer mais experimentar o poder de
Deus em comunhão com o povo de Deus? A igreja não deseja estar na casa do seu
Pai como Cristo disse que lhe cumpria (δει – necessário
pela própria natureza, correto, requerido para atingir um fim, um dever imposto
por lei ou decreto), e como o salmista afirmava que desejava ardentemente
estar na casa do Senhor (Sl 84:2 A minha alma
suspira e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne
exultam pelo Deus vivo!).
A comunhão com os santos do Senhor que era a fonte de prazer
para o coração do crente já deixou de ser (Sl 16:3
Quanto aos santos que há na terra, são eles os notáveis nos quais tenho todo o
meu prazer)? Quem será que deu direito à igreja de substituir a
perseverança diária na comunhão pela visita esporádica e às vezes protocolar a
uma ou duas reuniões no fim de semana? A igreja deixou de ser ekklesia, deixou
de ser a comunidade dos salvos, a comunidade dos eleitos que foram tirados do
mundo para fazer parte de um corpo (Rm 12:4
Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros
têm a mesma função, 5 assim também nós, conquanto muitos, somos um
só corpo em Cristo e membros uns dos outros). A união dos crentes em
Cristo faz deles um só edifício e não tijolos esparsos cada um em seu canto,
uma só lavoura e não plantas isoladas, cooperando com Cristo e uns com outros
para mútua edificação (1Co 3:9 Porque de Deus
somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós)?
Mesmo quando a igreja passou a ser perseguida ela continuava
se reunindo, continuava perseverando diariamente na doutrina dos apóstolos e na
comunhão. A igreja tinha uma agenda de comunhão uns com os outros – e a igreja
e a igreja que quer crescer em número, que quer crescer em comunhão e que
deseja crescer espiritualmente precisa colocar a edificação como algo
prioritário na sua agenda.
A segunda pergunta que eu tenho para você nesta noite é:
você quer que a sua igreja – e a igreja é você – cresça? Que importância você
dá para a comunhão com seus irmãos em Cristo? Se você pegar a agenda do ano de
2022 e for marcar quantas vezes você buscou a comunhão com seus irmãos em
Cristo você escaparia de uma reprovação por falta se fosse em uma escola?
Talvez seja momento propício de você reavaliar a sua agenda de comunhão, pois
com certeza se você não tem comunhão com os santos que há na terra existem
outros nováveis aos quais você dá valor, mesmo que sejam virtuais e eles nem
saibam de sua existência.
III.
A IGREJA TINHA UMA AGENDA
DE ADORAÇÃO
Eu acredito que, de acordo com a Palavra de Deus, a igreja
foi criada para exercer uma vasta gama de atividades, embora haja teólogos que
exaltem tanto uma das funções da igreja que acabam se esquecendo das demais. Há
quem insista tanto em missões que se esquece da função propedêutica, de ensino,
da igreja. há outros que enfatizam o ensino e se esquecem do cuidado dos
pobres, órfãos e viúvas. Há aqueles que enfatizam a ação social e se esquecem
da evangelização, deixam de denunciar o pecado e conclamar os ouvintes ao
arrependimento. O ensino da Palavra de Deus é que a igreja foi chamada para tornar
conhecida a multiforme sabedoria de Deus (Ef 3:10
...para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida,
agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais) que inclui
todas estas coisas e várias outras mais.
Todas as coisas que Deus quer que a igreja seja e faça pode
estar resumida em uma frase do breve catecismo a respeito da razão da
existência do homem, da razão da sua existência: A função da igreja é
glorificar a Deus e (em decorrência disso) gozá-lo
para sempre. Para que você não fizesse isso sozinho, e talvez desanimasse, Deus
colocou você numa igreja, numa comunidade adoradora (Hb
10:24 Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos
ao amor e às boas obras).
Talvez você pergunte: pastor, onde está isto de ‘comunidade
adoradora’ no texto de At 2? A resposta é: eles partiam o pão. Partir o pão é
uma fórmula bem conhecida de referir-se à ceia do Senhor. E a ceia é realizada
num culto, num momento que deve ser de comunhão e de adoração, anunciando o que
Cristo fez (a sua morte) e o que ainda fará (seu retorno glorioso). Diante
disto tudo o mais se torna irrelevante, todos os tesouros do mundo perdem seu
brilho e todas as coisas que demandam sua atenção perdem importância (Rm 14:17 Porque o reino de Deus não é comida nem
bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo).
Mas talvez você diga que aquela igreja era diferente, porque
ela tinha homens como Barnabé (e não somente ele) que vendiam suas propriedades
e colocavam o produto da venda aos pés dos apóstolos. O culto era sempre uma
festa de amor, de comunhão, de cuidado. Mas o que mudou? Era por causa dos
donativos que a igreja adorava? É por causa de acessórios que a igreja deve se
reunir? Não. Lucas diz que a igreja adorava porque em
cada alma havia temor, amor santo e reverente. E por isso ela adorava.
Porque a igreja adora cada vez menos? Porque falta tempo?
Porque falta disposição? Há problema na execução das músicas? Ou na escolha? Nas
acomodações? No equipamento? Na iluminação? Onde está o problema para a igreja
deixar de frequentar as reuniões, mesmo sabendo que o Senhor não se agrada
disso e até manda que você não deixe de congregar (Hb
10:25 Não deixemos de congregar-nos, como é costume de
alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se
aproxima)?
Ou será que o problema não está no coração, ou, melhor, na falta de disposição do coração? Não deveria ser assim
porque o Senhor já deu para a igreja um novo coração.
A terceira pergunta que eu tenho para você nesta noite é:
você quer que a sua igreja – e a igreja é você – seja uma comunidade composta
por adoradores, por verdadeiros adoradores? Que importância você dá para um
tempo de adoração em comunhão com a igreja de Cristo? Volte pra sua agenda.
Marque mentalmente quantas vezes você esteve presente às reuniões de adoração?
Você seria aprovado ou reprovado por falta se fosse em uma
escola? Talvez seja momento propício de você reavaliar a sua agenda de adoração,
pois com certeza quem não adora a Deus adora a outra coisa, aos ídolos do mundo
ou aos seus próprios ídolos do coração, mas ninguém deixa de adorar algo ou
alguma.
IV.
A IGREJA TINHA UMA AGENDA
DE ORAÇÃO
Uma igreja que perseverava na doutrina apostólica, que praticava
a comunhão dos santos em cultos de adoração obviamente não poderia se esquecer
de um aspecto essencial de sua vida de intimidade com Deus, algo que os
próprios apóstolos pediram ao Senhor que lhes ensinasse: a prática da oração (Lc 11:1 De uma feita, estava Jesus orando em certo
lugar; quando terminou, um dos seus discípulos lhe pediu: Senhor, ensina-nos a
orar como também João ensinou aos seus discípulos). Eles sabiam orar.
Era uma prática usual dos judeus – mas eles queriam experimentar a comunhão com
o Senhor que Jesus tinha, e foi isso que pediram: eles queriam entrar em
comunhão com o Pai através da oração.
Em um momento crucial da igreja, onde decisões
organizacionais precisavam ser tomadas, os apóstolos escolheram ensinar e orar
(At 6:3 Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de
boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos
deste serviço; 4 e, quanto a nós, nos consagraremos à ORAÇÃO e ao MINISTÉRIO DA PALAVRA). Como eles poderiam
abandonar os momentos de intimidade e comunhão com Deus? Como poderiam se
desligar da fonte de poder e graça que os sustentava quando eram maltratados e
perseguidos por causa de sua fé?
Mesmo tendo sua vida em risco eles preferiam estar juntos
para orar. Quando Pedro foi preso e milagrosamente libertado pelo Senhor,
podendo fugir de Jerusalém para não ser preso novamente ele simplesmente se
dirige ao local onde a igreja está reunida. Não arquitetam um plano de fuga,
nem convidaram políticos ou advogados para articularem alguma estratégia – eles
oravam. E foi para lá que Pedro escolheu ir após sair da prisão: para uma
reunião de oração (At 12:11 Então, Pedro,
caindo em si, disse: Agora, sei, verdadeiramente, que o Senhor enviou o seu
anjo e me livrou da mão de Herodes e de toda a expectativa do povo judaico. 12
Considerando ele a sua situação, resolveu ir à casa de Maria, mãe de João,
cognominado Marcos, onde muitas pessoas estavam congregadas e ORAVAM).
Os apóstolos sabiam que comunhão com Deus produz confiança,
e confiança produz testemunho poderoso. E não há comunhão com Deus sem oração
assim como não há relacionamento íntimo com uma pessoa e não quiser
proximidade, não quiser dizer o que pensa, o que sente, e ouvir o que o outro
tem a dizer. Nenhum cristão, ninguém que afirma está em aliança com Deus terá
vida frutífera, abençoada e abençoadora se negligenciar a busca pela intimidade
com o Senhor (Sl 25:14 A intimidade do SENHOR
é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança).
A oração era vital para a igreja. E a igreja tinha
vitalidade. A igreja orava em todo o tempo e em todo lugar – a igreja orava sem
cessar (1Ts 5:17 Orai sem cessar).
Orava dando graças; orava pedindo sabedoria; orava pedindo direção; orava
pedindo poder para testemunhar. Fazia parte da estratégia da igreja orar. E a
igreja orava, orava em secreto, orava publicamente – a igreja orava e agia, e
colhia frutos porque Deus respondia a sua oração com graça.
Será que a igreja perdeu a fé na capacidade de Deus de
recompensar aqueles que o buscam (Hb 11:6 De
fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que
se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o
buscam)?
Eis a quarta e importante pergunta que eu tenho para você
nesta noite é: você quer que a sua igreja – e a igreja é você – seja uma
comunidade com vitalidade e poder por causa da vida de oração? Que importância
você dá para um tempo de oração em comunhão com a igreja de Cristo? Volte pra
sua agenda agora. Quantas vezes você esteve presente às reuniões de oração? Onde
você tem estado? O que tem feito? Do que tem alimentado o seu Espírito?
Reavalie a sua agenda de oração – e se você não tem vontade de orar, ore
pedindo para Deus te dar vontade para orar.
O QUE ACONTECEU COM A AGENDA DA IGREJA?
Talvez você responda genericamente como muitos fazem: acho
que a igreja esfriou. A igreja não é mais como antes. A igreja não tem mais o
mesmo comprometimento que tinha antes. A igreja está diferente porque os tempos
estão diferentes.
É provável que você já tenha ouvido, ou até já tenha dito
que queria que a igreja fosse mais avivada, fosse mais alegre, fosse mais
acolhedora, fosse mais amorosa, fosse mais qualquer outra coisa.
Mas existe um detalhe que eu não vou deixar você sair daqui
sem ser lembrado: a igreja é você. Você é a igreja. É de você que o Senhor está
falando quando diz que comprou a igreja por seu próprio sangue (At 20:28
Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos
constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o
seu próprio sangue).
É de você que ele diz que, quando o próprio inferno se
levantar, suas portas, isto é, suas forças, não prevalecerão. O inferno inteiro
não prevalecerá contra você (Mt 16:18 Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre
esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela).
Foi por você que o apóstolo Paulo foi escolhido pelo Senhor
para testemunhar a salvação entre os gentios (At 9:15
Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido
para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de
Israel; 16 pois eu lhe
mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome) e era por causa disso que
Paulo não recuava em nenhuma situação, pregando ousadamente o nome do Senhor
mesmo que isto lhe trouxesse o sofrimento predito pelo Senhor Jesus (Cl 1:24 Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o
que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a
igreja; 25 da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da
parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à
palavra de Deus: 26 o mistério que estivera oculto
dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; 27 aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da
glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da
glória).
Foi por você que Cristo se alegrou, mesmo no pior dos
sofrimentos, na cruz do calvário, quando o santo era morto no lugar dos
injustos (1Pe 3:18 Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o
justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas
vivificado no espírito).
Ele olhava para você, e considerava sua salvação,
considerava livrar você do domínio do diabo, livrar você do inferno e da morte
recompensa justa e suficiente pelo sofrimento que experimentava (Is 53:11
Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu
Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as
iniqüidades deles levará sobre si).
Este é o lado bom da moeda. E o outro lado? Teria um lado
bom e outro ruim? Não, de jeito nenhum. O outro lado é bom também. É o lado do
comprometimento com o Senhor e seu reino, e ser chamado seu povo, e gozar os
benefícios de seu senhorio (Jr 7:23 Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à
minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o
caminho que eu vos ordeno, para que vos vá bem).
É o lado de fazer parte de um povo santo e gozar da comunhão
dos eleitos de Deus (Sl 16:3 Quanto aos santos que há na terra, são eles os
notáveis nos quais tenho todo o meu prazer). É o lado de poder falar com
Deus junto com os santos e em qualquer lugar, mesmo sozinho, sabendo que ele
ouve a oração dos que o buscam (Sl 4:1 Responde-me quando clamo, ó Deus da minha
justiça; na angústia, me tens aliviado; tem misericórdia de mim e ouve a minha
oração).
Talvez você ache que isso são obrigações, são mandamentos. E
quer saber de uma coisa? Sim. São obrigações, são mandamentos do Senhor.
Mas há um detalhe nestas obrigações e mandamentos: eles não são penosos para o crente (1Jo 5:3 Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos) porque aquele que nasceu de novo tem um novo coração que se agrada em fazer a vontade do seu Senhor mais que a sua própria vontade, ou, melhor dizendo, sua vontade foi renovada, foi restaurada, foi redimida e reorientada para fazer com alegria o que o agrada ao seu Senhor, e nisto o crente se alegra (Sl 40:8 ...agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei).
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