IV. O GRANDE ENGANO: NÃO CONFUNDA PROVAÇÃO E TENTAÇÃO
Provações e
tentações são experiências comuns a todos os crentes. Não é pecado ser provado
– a provação não é uma ‘brecha’ que o crente oferece para satanás pra ele agir
em sua vida: isto não é conversa de crente, não é ensino de crente. Não há
demérito algum em ser provado, pelo contrário. Muitas das mais belas histórias
que temos nas Escrituras falam de vitórias nas provações – embora o que os
crentes da atualidade mais queiram seja vitória sobre as provações.
Você pode ser
provado em qualquer ambiente, e de forma até insuspeita, e é por isso que
muitos, ao serem provados, caem em tentação. Isto quer dizer que provação e
tentação, mesmo quando se apresentam juntas, não são a mesma coisa.
Adão e Eva,
no jardim do Éden, foram provados. Quem pôs a prova diante deles foi o Senhor –
eles não deveriam comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Não
se trata de pensarmos em um fruto venenoso – a prova era de fidelidade. Eles
deveriam se manter fiéis, deveriam obedecer ao mandato do Senhor que lhe deu
todo o jardim e um propósito de expansão por toda a terra.
Eles foram
provados neste ponto – se tinham quase tudo, por que não experimentar tudo
logo, se estava tão acessível? Adão e Eva foram provados naquilo que poderiam
obter – e falharam. A provação consiste em o servo do Senhor fazer o que o
Senhor quer, nas circunstâncias nas quais o Senhor o colocar.
Abraão também
teve sua prova – e falhou ao não conseguir esperar o herdeiro prometido,
providenciando Ismael por meio de Hagar. Mas Deus lhe deu oportunidade de
restauração, tirando-lhe, primeiro, Ismael, e depois exigindo-lhe a entrega de
Isaque. Se Adão foi provado naquilo que poderia ter, Abraão foi provado naquilo
que já tinha – e foi aprovado, por isso é chamado de ‘o pai da fé’.
José também
foi provado em sua fidelidade e obediência. O Senhor o abençoou na casa de
Potifar. Ele deixou de ser um simples escravo canaanita para se tornar o
administrador da casa de seu senhor. Ele sabia que estava sendo abençoado por
Deus. Ele podia tudo naquela casa – isto é, quase tudo. E então ele foi provado
justamente neste ponto. Porque não ter tudo, se faltava tão pouco e estava tão
acessível?
Note que os
três exemplos aqui citados são ambientados em locais e situações diferentes. No
Eden, no deserto e no exílio. Em todas Deus estas condições o crente é colocado
sob prova – e em nenhuma delas o tentador deixa de se fazer presente como uma
alternativa (a serpente, Sara ou a mulher de Potifar). O tentador sempre se
mostra, será como uma segunda voz, uma ‘segunda opinião’, falando de um meio
mais fácil, de uma recompensa mais doce, de resultados mais imediatos e mais
desejáveis.
O problema
não está na provação – o problema está na tentação que o adversário, o
tentador, coloca diante de quem está provado (e o crente está sempre sendo
provado em sua fé, seja na fartura ou na carência, seja na bonança ou em meio
às lutas, na segurança ou sob perseguição, em tempos de paz ou em guerras).
Fp 4:11
Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e
qualquer situação. 12 Tanto sei
estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias,
já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como
de escassez; 13 tudo posso naquele que me fortalece.
Mesmo passando por severas tribulações o apóstolo Paulo faz questão de
cuidar de irmãos que, por causa das aflições, poderiam ser mais suscetíveis às
tribulações e se tornarem presas do tentador.
1Ts 3:3
...a fim de que ninguém se inquiete com estas tribulações. Porque vós mesmos
sabeis que estamos designados para isto; 4 pois, quando ainda
estávamos convosco, predissemos que íamos ser afligidos, o que, de fato,
aconteceu e é do vosso conhecimento. 5 Foi por isso que, já não me
sendo possível continuar esperando, mandei indagar o estado da vossa fé,
temendo que o Tentador vos provasse, e se tornasse inútil o nosso labor.
Nosso propósito é aprender, à luz das Escrituras, como lidar
vitoriosamente com a tentação, como não cair em tentação ao ser provado –
porque não há dúvida de que as provações chegam para todos.
13 Ninguém, ao ser
tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal
e ele mesmo a ninguém tenta.
Tiago usa duas expressões para se referir a provação. A
primeira forma é chamar a provação de um teste de fé (dokimion umwn
thj pistewj), para ver se aquilo que o crente diz com seus lábios
está de acordo com a resposta que ele dá em sua forma de viver (Tg 1:3 ...sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada,
produz perseverança).
A segunda palavra é peirasmou, usada nesse verso e que também
aparece em outros textos das Escrituras, como, por exemplo, no evangelho de
Lucas (Lc 8:13 A que caiu sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a
recebem com alegria; estes não têm raiz, crêem apenas por algum tempo e, na
hora da provação, se desviam), que também tem o significado de
ser posto a prova, mas significa adversidade.
E tentação, qual a palavra que Tiago usa para tentação?
Neste verso ele usa peirazomenoj
que significa “ser colocado sob prova”. Então, como entender que o Senhor ‘não
tenta’ a ninguém? Se o Senhor é soberano, e se o crente é colocado à prova,
então isto não pode ser atribuído a ele?
Não, não é assim que as coisas são, segundo a Palavra de
Deus. Se você deseja, de coração, saber a verdade a respeito deste assunto, eu
lhe recomendo reservar um pouco do seu tempo e ler a história de Jó. O
patriarca passou por situações extremamente angustiantes, mas não foi o
Senhor quem o afligiu.
O agente da sua prova de fé foi satanás, justamente chamado
nas Escrituras de o tentador (Mt
4:3 Então, o tentador, aproximando-se,
lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães)
que não tem nenhum interesse em ver que os crentes são aprovados por Deus, pelo
contrário, seu desejo é fazê-los cair (1Ts 3:5 Foi por
isso que, já não me sendo possível continuar esperando, mandei indagar o estado
da vossa fé, temendo que o Tentador vos provasse, e se tornasse inútil o nosso
labor).
O desejo do tentador é ver o cristão pecar. Satanás queria
que Jó, sofrendo as duras provas a que foi submetido, ficasse decepcionado ou
irado contra Deus, e com isso blasfemasse, isto é, falasse mal, falasse contra
a santidade do Senhor (Jó 1:22 Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma).
Se fosse possível satanás faria com que todo cristão ‘caísse
da graça’, mas isto não acontece porque a graça é dom e não mérito, nada separa
o crente do seu Senhor (Rm 8:38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida,
nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem
os poderes, 39 nem a
altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do
amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor) porque o
Senhor é poderoso para guardar o crente, livrando da provação os que lhe
pertencem (2Pe 2:9
...é porque o Senhor sabe livrar da provação os piedosos e reservar, sob
castigo, os injustos para o Dia de Juízo) – e o crente sabe que Deus poderá livrá-los até nas
provações, como aconteceu com os jovens judeus na Babilônia:
Dn 3:17 Se o nosso Deus, a
quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e
das tuas mãos, ó rei. 18 Se não, fica sabendo, ó rei, que não
serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste.
Tg 1.14
Ao contrário, cada um é tentado pela (em) sua própria cobiça, quando esta o
atrai e seduz.
Se a tentação não vem de Deus, e se satanás é o tentador,
porque Tiago diz que ‘cada um é tentado’ pela sua própria cobiça? Para ilustrar
me permita usar um princípio facilmente encontrado na biologia, os chamados
receptores celulares, que explicam como vírus e bactérias só infectam e causam
problemas e órgãos específicos do corpo – e este fenômeno explica por que
algumas pessoas não são suscetíveis a determinados vírus.
Alguns medicamentos funcionam ‘entupindo’ estes receptores
celulares, impedindo os vírus de se fixarem às células. E o que isto tem a ver
com a tentação e com a afirmação de Tiago de que cada um é ‘tentado pela (ou,
mais especificamente, em) sua própria cobiça?’. Neste verso cobiçar (ecelkw)
significa ser arrastado para o pecado, ter atração. É diferente do termo que
ele usa no verso seguinte (epiqumia),
que vamos analisar na sequência.
Tiago nos diz que a tentação é eficiente na vida do ser
humano porque ele tem receptores para sua influência, como o vírus encontra o
receptor numa célula, uma chave tem sua fechadura adequada. Foi assim que
aconteceu com Eva que foi receptiva às sugestões do tentador (Gn 3:6 Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável
aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu
e deu também ao marido, e ele comeu). Não quero mudar o
entendimento de Gn 3, mas note que não é dito aqui que Eva concordou com a
serpente – ela viu que a árvore era boa, agradável e desejável.
Eva foi influenciada pela serpente, mas foi atraída, como
ferro é atraído pelo imã. ecelkw
significa ser arrastado, ser atraído. Por um lado, a provação, resistida e
vencida, aperfeiçoa o crente – mas quando não encontra resistência exerce seu
poder sedutor e captura o incauto em suas armadilhas mortais (epuqumia).
Sabe o que isto quer dizer sobre você e a maneira como você
enfrenta as provações? Que a culpa não é de Deus, porque Deus não seduz ninguém
a pecar. Que, embora tenha seu quinhão de responsabilidade, a culpa pelo pecado
não é de satanás, não vai adiantar fazer como Eva e dizer que a culpa era da
serpente (Gn 3:13 Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste?
Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi).
Sim, a astuciosa serpente a enganou (o que não tira a
responsabilidade humana) e isto não pode ser esquecido (2Co 11:3 Mas receio
que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja
corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo)
servindo de exortação vigorosa para a nossa vigilância em todo o tempo (Mt 26:41 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito,
na verdade, está pronto, mas a carne é fraca).
O ensino da Escritura é que você é responsável. Ceder
às provações, cair quando tentado ou resistir – é você quem vence por meio de
Cristo assim como é você quem cai quando não dá ouvidos ao Senhor e segue a
santa direção do Espírito ao seu coração.
16 Não vos enganeis, meus amados irmãos.
Atribuir a origem da tentação a Deus é um erro que muitos
tem cometido, e há até alguns que chegam a colocar a culpa em Deus, indireta ou
diretamente. Quando questionado Adão disse a Deus que comeu do fruto porque foi
oferecido pela ‘mulher que Deus lhe deu por esposa’ (Gn 3:12 Então,
disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu
comi).
Eva não fica atrás, ela segue o exemplo de Adão de uma
tentativa de transferência de culpa e diz que comeu do fruto por causa da
influência enganosa da serpente (Gn
3:13 Disse o SENHOR Deus à mulher: Que
é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi)
que, assim como Adão, ela própria e as demais criaturas, são criaturas de Deus.
Mesmo se você considerar que Eva está falando não do ofídio, mas de satanás
sabemos que também ele é uma criatura de Deus (Ap 12:9 E foi
expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o
sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus
anjos).
Existem alguns obreiros da iniquidade que defendem coisas
que crentes não ensinam, mas estes alguns conseguem penetrar sorrateiramente
nas igrejas e ensinar para muitos as suas bobagens, há alguns que são adeptos
de uma ficção chamada de maldição hereditária que, se regredirem ate atingirem o
estágio final de suas ideias são obrigados a atribuir a responsabilidade da
existência do mal e do pecado a Deus – e então orientam alguns a ‘perdoarem
Deus’ para viverem em paz consigo mesmos.
É claro que isto é um erro, e Tiago diz: não vos enganeis.
Não adianta culpar o outro, o vizinho, o pai, o antepassado, seja qual for. Não
adianta culpar a criação de Deus, mesmo que este seja o próprio tentador. Não
adianta culpar o próprio Deus. O ensino da Palavra de Deus é que cada um é
responsável por seus atos, e pelas consequências deles, pois ‘a alma que pecar
esta morrerá’ (Ez 18:20 A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade
do pai, nem o pai, a iniqüidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele,
e a perversidade do perverso cairá sobre este).
Tiago é judeu, conhecia o hebraico, e o sentido da palavra
enganar na sua língua materna ()f#fn)
é o de deixar sua alma tomar direção errada ou deixar-se dirigir nesta direção.
Ou seja, seja ativo ou passivo, o engano ainda é da alma de quem abriga falsas
esperanças, no caso da tentação, de ver sua culpa se atribuída a outra pessoa.
Para seus leitores em grego a palavra enganar (planaw) indica
falta de veracidade, viver em erro e engano, ser seduzido para longe da
verdade. Qualquer atitude que aceite a sedução do tentador é um engano – um
engano mortal, exatamente como aconteceu com Eva:
Gn 3:13
Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A
serpente me enganou, e eu comi.
17 Toda boa dádiva e todo dom perfeito
são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou
sombra de mudança.
Como evitar o engano? Como não ser seduzido pelos desejos
pecaminosos do próprio coração e atender às sugestões pecaminosas do tentador
ou de qualquer outra criação de Deus? Há muitos anos ouvi um professor de
teologia bíblica ensinar insistentemente: se você perceber que tudo está errado
e não souber mais como consertar, volte ao começo.
Isso vale para uma viagem. Se você errar o caminho e estiver
indo na direção errada e não souber como consertar no meio do caminho, então o
jeito é voltar ao lugar onde você começou. Ali, mesmo que tenha que ir para
outro lugar, você já estará no lugar certo.
Como evitar as artimanhas do tentador e a sedução da
tentação? Lembre-se da conversa de satanás com Eva. Ele a fez duvidar da
bondade de Deus. Ele disse que Deus estava lhes negando um conhecimento
superior que eles poderiam alcançar de outra maneira.
Adão e Eva não eram como Deus, e satanás diz que, se eles
comessem da árvore que o Senhor proibiu, eles evoluiriam, eles seriam ‘como
Deus’ (Gn 3:5 Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos
abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal).
O ponto de contato da tentação com o coração do homem, o
‘receptor’ é a sensação de insatisfação, de que falta algo. E é claro que o
homem, expulso do paraíso, sempre terá a sensação de que lhe falta algo. Há
quem ache que ficará satisfeito com riquezas, ou com relacionamentos, ou com
bebidas, ou drogas, ou poder, ou status, ou beleza, ou qualquer outra coisa
deste mundo – mas a verdade é que nada disso vai dar a satisfação que o homem
busca. Não há satisfação nestas coisas, e Salomão viu isto depois de muitas
experiências, de muitos testes, depois de provar tudo o que era possível
experimentar (Ec 2:17 Pelo que aborreci a vida, pois me foi penosa a obra que se
faz debaixo do sol; sim, tudo é vaidade e correr atrás do vento).
A resposta para a tentação está em contentar-se com o
próprio Deus (Sl 23:1 O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará). Na King James Version a
expressão ‘nada me faltará’ é traduzida como ‘I shall not want’, isto é, eu não desejarei, não precisarei
de mais nada.
A solução está em entender que o reino de Deus é melhor que
qualquer outra coisa – a resposta é crer que a oferta de Deus é melhor que
qualquer coisa, melhor até que todas as coisas do mundo juntas. Buscar o reino
e a justiça de Deus, movido pelo Espírito do Senhor, é o único antídoto para a
sedução da tentação (Mt 6:33 ...buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça,
e todas estas coisas vos serão acrescentadas).
Mas qual a garantia que temos? A resposta de Tiago é que a
nossa garantia está na fidelidade de Deus. Deus não muda. Deus não se arrepende
de nada que disse ou prometeu. Em Deus não há variação, em Deus não há sombra
de mudança, Deus é o mesmo ontem, hoje e eternamente e nele podemos confiar
inteiramente porque, se ele nos deu seu filho, também nos dará, com ele,
graciosamente, todas as demais coisas:
Rm 8:32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos
nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as
coisas?
18 Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para
que fôssemos como que primícias das suas criaturas.
Na prática a
tentação é um conflito de vontades. É o conflito da vontade do homem, aliada ou
não à de satanás, contra a vontade de Deus. Neste embate de vontades
encontramos a vontade imutável de Deus e a vontade pecaminosa do homem.
O problema que
o homem enfrenta é que, segundo o diagnóstico de quem o conhece melhor do que
ele próprio (Sl 139:1 SENHOR, tu me sondas e me conheces. 2 Sabes quando me assento e
quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. 3 Esquadrinhas o meu andar e o
meu deitar e conheces todos os meus caminhos), o desígnio do coração do homem é
continuamente mau, o homem está o tempo inteiro inclinado à desobediência (Gn 6:5 Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na
terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração).
Em contraste
com isto, a vontade de Deus é boa, é perfeita, é agradável (Rm 12:2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos
pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus).
Apesar da
rebelião da humanidade o pensamento do Senhor para suas criaturas é de paz (Jr 29:11 Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o
SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais) e, diferente da vontade do homem,
circunstancial, limitada e frágil a vontade do Senhor é soberana – ele tudo faz
segundo o seu querer. E em relação aos seus eleitos Tiago diz que a vontade de
Deus é feita quando ele, pelo seu querer, transforma pecadores em salvos. Ele
molda, ele direciona o coração dos homens para onde ele quer. Ele faz isso com
o coração até mesmo dos que se acham com maior autoridade (Pv 21:1 Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do
SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina).
Enquanto o
tentador e seus aliados colocam armadilhas contra os eleitos de Deus (Jr 5:26 Porque entre o meu povo se acham perversos; cada um anda espiando,
como espreitam os passarinheiros; como eles, dispõem armadilhas e prendem os
homens) o Senhor
faz exatamente o contrário, mantém seus olhos em todos os seus caminhos (Jó 34:21 Os olhos de Deus estão sobre os caminhos do homem e vêem
todos os seus passos) e desfaz os laços dos iníquos que querem
ver a queda daqueles a quem Deus ama (Sl 141:9 Guarda-me
dos laços que me armaram e das armadilhas dos que praticam iniqüidade).
É o querer renovado, o nascer de novo que torna o crente no
Senhor capaz de resistir ao tentador. Embora o Senhor dê uma ordem clara de
permanecer com a mente e o coração submisso à vontade de Deus e resistir ao
tentador (Tg 4:7 Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele
fugirá de vós.) ele também diz que, quando a tentação parecer
sobre-humana ainda haverá uma opção para não ceder: a fuga.
Sim, fugir da tentação (que só é tentadora porque as
mentiras do diabo encontram os receptores no coração humano) ainda é melhor que
morrer no prazer do pecado, como fez José no Egito (1Co 10:13 Não vos
sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que
sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a
tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar).
A tentação e o pecado não têm domínio sobre o crente (Rm 6:14 Porque o pecado não terá domínio sobre
vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça) porque este
foi feito nova criatura. E você, crente, é nova criatura, as coisas velhas já
passaram, tudo se fez novo, então você pode resistir à tentação e ser, então,
com seu modo de viver, o que há de mais precioso para Deus, tão preciso como o
principal dos sacrifícios (aparxh),
uma amostra de que o homem que pecou e perdeu o prazer de estar na presença de
Deus, e dar-lhe o prazer da obediência perfeita pode agradar a Deus através da
confiança pela fé na obediência de Cristo.
O caído, o derrotado pelo pecado é, então, em Cristo Jesus,
tornado mais que vencedor.
2Co 5:17
E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já
passaram; eis que se fizeram novas.
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