Na minha infância tinha uma brincadeira chamada pique-esconde, ou esconde-esconde, se preferirem. Com o tempo descobri que há muito tempo esconder-se é uma prática dos homens – e vale lembrar, o primeiro a se esconder não foi uma criança, mas adultos, um casal chamado Adão e Eva, e, lamentavelmente, não estavam brincando. Eles se esconderam porque haviam feito algo de errado, muito errado. Haviam se rebelado contra a vontade revelada do Senhor Deus – desobedeceram, preferiram buscar a autonomia e independência longe de Deus ao invés da submissão e experiência da bênção celeste.
Diz-nos o texto sagrado que quando "ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia" o casal primevo se escondeu da presença do Senhor Deus – deixaram de buscar a presença do Senhor para buscar asilo entre as árvores do jardim [Gn 3.8].
Não se tratava de uma inocente brincadeira – até porque eles sabiam que Deus é onisciente, isto é, sabe tudo sobre todas as coisas, e imediatamente não apenas os descobriria como também os repreenderia por seu ato de rebeldia e desobediência.
Desde o Éden a natureza humana decaída conduz a humanidade a esconder-se de Deus – seja atrás da religiosidade, da família, da cultura, da ciência ou de uma conduta desesperadamente desafiadora numa prática de abundantes pecados. A raiz de tudo isto é uma só: o medo do acerto de contas. Foi o que os primeiros pais alegaram. Se esconderam porque tiveram medo da presença do Senhor – e é assim mesmo que em que ser: o ímpio não pode achar natural e normal apresentar-se com seus horríveis pecados diante do Senhor que é perfeitamente santo.
Mas o que não é normal é um cristão – se cristão realmente é – afastar-se da presença de Deus. Ele não pode ter medo. Temor não é a mesma coisa que medo, embora a natureza do homem, ainda marcada pelo pecado, faça-o misturar o medo com a reverência e gratidão devidas a Deus – isto sim, temor. Mas é sabido que muitos se afastam da comunhão com a Igreja – e não pode haver verdadeira comunhão com Deus em meio à desobediência aos mandamentos do Senhor, e deixar congregar voluntariamente é quebrar um destes mandamentos [Hb 10.25]. Creio que muitos têm deixado de congregar simplesmente porque perderam o prazer de estar na presença de Deus por uma só causa: pecado. Pecado que cometeram ou por reagirem pecaminosamente ao pecado de outrem, não perdoando nem considerando amorosamente o irmão faltoso. E assim surgem as desculpas, a frieza, a tristeza, a dor e em alguns casos até a mudança de igreja, como se isto mudasse o coração. E não muda – até que haja arrependimento, perdão, restauração e retorno à comunhão.
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