quarta-feira, 29 de abril de 2009

MORAL IMORAL

O presidente paraguaio, Fernando Lugo, rompeu ontem o silêncio sobre o escândalo das alegações de paternidade e pediu "perdão pelas circunstâncias". O ex-bispo, que admitira ser pai da primeira criança, não reconheceu a paternidade nos dois casos mais recentes, mas prometeu esclarecer a situação na Justiça e "com a verdade". "Eu, pessoa humana imperfeita, resultado de processos históricos, perfil da minha cultura, assumirei com todas as responsabilidades as situações que me concernem", disse Lugo em entrevista coletiva. "Sou um ser humano, e como tal, nada humano me é alheio." O presidente disse que as alegações de paternidade vindas a público nos últimos dias serão tratadas caso a caso na Justiça. "Minha confissão faço aos meus confessores", afirmou, justificando o fato de não ter admitido nem negado os supostos relacionamentos com Benigna Leguizamón, 27, e Damiana Morán, 39, e Viviana Carillo, 26, as autoras das revelações desta semana.
Não me darei ao trabalho de dizer que o voto de castidade é uma exigência humana para um ministério que é de chamado divino. Mas cada um que carregue as cruzes que quiser carregar. Também não pretendo comentar o fato de o caso com Viviana Carillo ter começado quando ela tinha menos de 16 anos - considerado crime de estupro no Paraguay.
Ao invés de admitir [nem mesmo usarei aqui a expressão confessar, porque a confissão é parte da procura de uma reparação pelo mal feito] o que praticou, sai-se com as desculpas mais esfarrapadas possíveis. Vejamos:
a. Promete esclarecer a situação na justiça e com a verdade. Ora, deixar de esclarecer na justiça ele não pode mesmo. Vai ser intimado a se explicar e admitir a paternidade de seus [muitos] filhos, seis até o momento. Que verdade ele terá a falar a não ser aquela que se evidencia pelos fatos: quebrou os votos de castidade e seduziu ao menos 3 mulheres, uma menor de idade?;
b.Reconhece-se pessoa imperfeita, um resultado de processos históricos, perfil da minha cultura, disposto a assumir as resposabilidades - ora, que mais a justiça poderá fazer. O problema é que ele não admite que errou, mas que é o resultado de uma cultura, ou seja, a culpa é da sociedade, não dele. Que calhorda asqueroso;
c. Afirma que é humano [alguém duvidou disso] e diz que nada do que é humano lhe é estranho. Cita o poeta latino Terêncio, mas deturpa o que ele quis dizer. Terêncio afirmava ser tolerante com as pessoas porque ele e elas eram limitados, falhos. Lugo diz que, se há homens imorais, ele também pode sê-lo. Um pregava a tolerância, o outro, a amoralidade. Que imoral;
d. Afirma fazer confissão aos seus confessores: que, à semelhança de milhares de casos de pedofilia trazidos à tona, talvez sejam tão "humanos" quanto ele, acobertando o crime do sr. Lugo - em nome de uma religiosidade vazia. Isto não é ser cristão. É ser hipócrita, falso;
e. Para concluir, pediu perdão "pelas circunstâncias", isto é, pelas consequências de sua imoralidade. Pediu perdão [será de verdade] pelo escândalo. Mas não pede perdão por seus abusos e pecados.
Com palavras diferentes e com um objetivo diferente é a mesma coisa que o Lulismo está fazendo no Brasil: se o congresso é uma casa de politicagens, se o executivo é uma casa de roubalheiras, ele fica feliz quando o legislativo tem problemas e afirma: ninguém é freira [querendo dizer: eles são tão sujos quanto nós, quando deveria poder dizer: que eles sejam tão limpos como nós - mas isso é pedir demais para o petralhismo, ou não?].
Concluo: vá pedir perdão assim lá no inferno!

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