quinta-feira, 9 de abril de 2009

O QUE É A PÁSCOA PARA OS JUDEUS

A páscoa é uma das três grandes festas judaicas, juntamente com a SHAVUOT (pentecostes, 50 dias depois da páscoa) e a SUCOT (tabernáculos, a festa da colheita, entre agosto e setembro), tendo caráter histórico-religioso e também grande importância para a unificação nacional, pois eram festas de peregrinação ao templo em Jerusalém. Todo o tipo de trabalho era proibido nestas ocasiões. A páscoa é comemorada na véspera do primeiro de seus oito dias, com um serviço especial na sinagoga e um jantar cerimonial familiar chamado SEDER, cheio de simbolismo, quando se lê a HAGADÁ (relato dos eventos e interpretação de Ex 12), come-se pão ázimo sem fermento (MATSÁ) e ervas amargas (MAROR), e bebe-se um pouco de vinho.
A INSTITUIÇÃO DA PÁSCOA
Em Ex 12.1-11 Deus explica a Moisés que eles deverão celebrar a ‘passagem’: dá a data da páscoa, ou melhor, do início da semana de preparação = parasceve pascal. No dia 10 do mês de nissan [no calendário hebreu nissan é o primeiro mês do ano = corresponde ao final de março e início de abril em nosso calendário. O calendário hebreu é lunar, tem 354 dias (cada mês tem apenas 28 dias e o primeiro dia do mês e do ano é sempre um sábado). Para corrigir a diferença entre o ano lunar e o ano solar (365 e 6 horas) em 07 [sete] anos determinados num período de 19 [dezenove] anos eles acrescentam um mês ao calendário. Os meses são Nissan, Iyyar, Sivan, Tamuz, Ab, Elui, Tishri, Cheshvan, Kislev, Tevet, Shevat e Adar. O mês acrescentado chama-se “e Adar” ou “segundo Adar”].
Para celebrar a pessach os judeus escolheriam um cordeiro ou cabrito de um ano de idade, sem qualquer defeito, que deveria ser guardado até o dia 14, quando seria morto e o sangue passado no batente das portas somente nas casas onde houvesse sido morto.
A carne deveria ser comida assada, acompanhada de pães ázimos e ervas amargas. Toda a carne deveria ser consumida, por isso famílias pequenas convidavam outras famílias para celebrarem juntos a páscoa. Se sobrasse alguma carne deveria ser queimada. Para participar desta ceia os judeus estariam “com pressa, de lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão”, como quem vai partir rapidamente e não quer se atrasar – ou, como também era o caso, não deseja ser alcançado numa perseguição.
Naquela noite Deus mataria todos os primogênitos do Egito, tanto de homens quanto de animais. O sangue seria um sinal para o anjo do Senhor não ferisse também a casa dos hebreus - ele ‘passaria por cima’, uma expressão bíblica que indica graça. Este dia deveria ser lembrado pelos judeus para sempre, como o início da festa dos pães ázimos, descrita até o verso 20. Moisés e os hebreus obedeceram a tudo quanto Deus lhes mandou, e se prepararam para a páscoa e para a partida. Depois que o Senhor matou os primogênitos dos egípcios, estes clamaram amargamente a perda de seus filhos, e, tomados de medo (v. 33) naquela mesma noite ordenaram a saída dos hebreus do Egito para servirem ao Senhor (v. 31).
Os egípcios ficaram tão desesperados e desorientados que deram também ouro e prata para os hebreus que estavam indo embora (cerca de 600.000 homens adultos, entre 20 e 40 anos, mais mulheres, crianças e velhos, dando um total mínimo de 3.000.000 pessoas). Este ouro e prata funcionaram como uma espécie de indenização pelo tempo que serviram como escravos.
Com eles também saíram um ‘misto de gente’, provavelmente escravos, que se aproveitaram da confusão para obterem a sua liberdade.
À partir daí o Egito passa a ser uma metáfora para a condição de servidão ao pecado ou mesmo o exílio - ambos sempre resultantes do afastamento de Deus. Podemos concluir que mesmo aqueles hebreus estavam muito longe de Deus, pois aceitam com muita facilidade quando Arão constrói um bezerro de ouro e diz que aquele era o Senhor, o Deus que os havia tirado do Egito.
Para os hebreus o acontecimento foi mais do que ‘um livramento da escravidão’:
I. Tem um significado nacional - ali nasce a nação de Israel;
II. Tem um significado espiritual - ali Deus mostra que só ele é verdadeiro Deus, e os ‘deuses da terra’, inclusive o próprio faraó, nada são;
III. Tem um significado inclusivista - todo o que participa da festa faz parte do povo de Deus;
IV. Tem um significado exclusivista - o estrangeiro não tem parte com Deus e com o povo de Deus. Para eles o estrangeiro era o não circuncidado, o gentio.

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