Há alguns dias, o presidente Luis Inácio da Silva, vulgarmente conhecido como Lula, disse num discurso que quem é contra os programas assistenciais, que ele chama de “transferência de renda”, são imbecis e inimigos dos mais pobres, porque estes [a que ele chama de oposição – como se no Brasil realmente houvesse uma] afirmam – e a experiência tem demonstrado, que boa parte dos assistidos por estes programas se tornam dependentes do Estado, em muitas regiões deixam de procurar emprego e se tornam currais eleitorais.
Mas não é nisso que eu concordo com o Lula – concordo com ele no que ele fala a respeito dele mesmo sobre este assunto. Ele afirma que quem é contra o tipo de assistencialismo atualmente feito é imbecil, veja o que ele mesmo disse há alguns anos em um encontro na cidade de Cabedelo, Paraíba, num evento com trabalhadores rurais, onde estava com o Ciro Gomes [na época ministro da Integração Nacional] e Manoel Serra [presidente da CONTAG]. Um deles disse para Lula que o povo estava acostumado a receber muita coisa de favor, que, antes, o povo corria para plantar seu feijão, milho e macaxeira quando chovia, na expectativa de colher, mas que agora só ficavam esperando o “vale-isso, vale-aquilo”, coisas que o governo criou para dar pras pessoas. Lula emendou:
“Acho que isso não contribui com as reformas estruturais que o Brasil precisa ter para que as pessoas possam viver condignamente, às custas do seu trabalho. Eu sempre disse que não há nada mais digno para um homem e para uma mulher do que levantar de manhã, trabalhar e, no final do mês ou no final da colheita, poder comer às custas do seu trabalho, às custas daquilo que produziu, às custas daquilo que plantou. Isso é o que dá dignidade. Isso é o que faz as pessoas andarem de cabeça erguida. Isso é o que faz as pessoas aprenderem a escolher melhor quem é seu candidato a vereador, a prefeito, a deputado, a senador, a governador, a presidente da República. Isso é o que motiva as pessoas a quererem aprender um pouco mais.”
Lula acreditava que os programas eram “esmolas” para encabrestar o povo, que o impediam de votar nos candidatos certoas [no caso, os seus candidatos]. Se quem pensa isto é, nas palavras do Lula 2009, um imbecil e ignorante, ele próprio o é. Nisto eu concordo com ele, se tiver onde, assino embaixo. Ele criticava abertamente programas como o vale-gás. bolsa-alimentação e bolsa-escola. Eleito, modificou o bolsa-renda e lhe deu um novo nome, chamando-o cartão alimentação. Depois, juntou tudo num só, bolsa família. Hoje tem bolsa geladeira, bolsa senado, etc…
E o que Lula pensa de tudo isso? Se é esmola e compra de votos, Lula 2002 afirma que Lula 2009, ao fazer tais programas, é um demagogo, de acordo com o que mesmo afirmou. O certo é que o Lula de hoje acha que o Lula de 2002 é um imbecil. Mas Lula é um só e o mesmo. Pelo que ele diz, quem recebe tais bolsas não tem dignidade. E quem é contra, como ele [Lula 2002], é imbecil e ignorante. Entenda-se tal confusão [ou é só jogo de cena e interesse?].
Para concluir: os programas assistencialistas, como são atualmente, geram preguiça e comodismo, sem sombra de dúvida. Estes programas também foram transformados em mecanismos de captação e controle de eleitores. Também funcionam como um ralo de dinheiro público, pois há muita gente que recebe por apadrinhamento, estando fora do padrão de renda compatível com a lei. Tais programas não oferecem nenhum incentivo para uma mudança estrutural, como bem lembra o Lula 2002.
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