O desejo de ser grande entre os homens é uma constante em todas as sociedades. Em pelo menos duas oportunidades o evangelista Mateus fez questão de registrar o ensino de Jesus sobre o desejo de proeminência entre os homens. Devemos lembrar que Mateus era, dentre os discípulos de Jesus, talvez o de melhor situação financeira [embora desprezado pelo seu próprio povo, pois era um publicano, um cobrador de impostos]. Ressalte-se ainda que este cargo só era conseguido mediante muitos acordos e taxas indeclaráveis, à semelhança dos negócios feitos no balcão do planalto, digo, Palácio do Planalto.
Pois bem, Mateus registra dois momentos em que Jesus instrui seus discípulos [ensino que ele ministrou mesmo em meio às multidões de seguidores, simpatizantes e até, pasmem, inimigos – declarados ou não - no meio desta multidão]. Dois dos discípulos, esperando um reino terreno, suplicam a Jesus que lhes permita assentarem-se junto ao seu trono [Mt 20], numa hipotética monarquia. Seriam como vizires orientais, potentados, ministros de estado. Mal comparando, queriam ser a Dilma do Luis Inácio. Jesus lhes mostra que, no seu reino, embora o sacrifício pessoal e a abnegação seja a regra, ele não resultará em glória entre os homens, mas em ministério, em serviço. O grande no reino de Cristo não é o titulado, o poderoso, o reconhecido socialmente, o doutor, o mestre – mas o servo, e, quanto mais humilde, maior no reino e mais honrado pelo seu Senhor.
Um segundo episódio é uma palavra dura, de reprovação, aos mestres entre os hebreus, os escribas e fariseus. No afã de serem grandes, precisavam tornar os outros pequenos, dando-lhes atribuições impossíveis de serem cumpridas, enquanto eles mesmos, que não as cumpriam, aparentavam uma santidade inalcançável. Chamando a si mesmos de mestres, tornavam seus iguais inferiores. Jesus afirma, então, que ninguém deve buscar tal titulação. Mestre, grão-mestre, ultra-mestre, super-mestre, mestre Ioda, mestre Jedi [parece coisa de desenho animado, filme ou seriado].
Se ser mestre entre os irmãos já é indesejável, já é uma desobediência ao ensino de Jesus, quanto mais quando esta busca se estende ao mundo do ocultismo, do satânico, que, sem sombra de dúvida, jaz no maligno embora propague ser a “mais perfeita obra humana”. Buscar a glória do mundo é prova inequívoca da ausência de um sentimento: o amor do Pai e ao Pai. Mestres do oculto – enquanto o único que merece ser chamado de MESTRE diz para que seus discípulos [não os escribas e fariseus infiltrados na multidão dos seguidores] façam suas obras às claras. Que dizer? Trocar a luz do Senhor, a bênção do Senhor, pelos aplausos e progresso entre os homens? Tolice inócua [um bom dicionário ajuda?]. Tal engrandecimento, no mundo, não quer dizer muita coisa – será apenas um apequenamento diante de Deus.
Bom, a conclusão a que chegamos é: se este engrandecimento mundano é contrário à vontade de Jesus, resta saber, então, à vontade de quem ele serve. Se não são mestres enviados por Jesus [porque não têm o objetivo de ensinar a Palavra de Deus, mas de titulação e crescimento sócio-econômico-profissional] precisam ter outro senhor. O resultado lógico é: se não servem a Jesus, servem ao outro senhor dos homens [Ef 2]. Se não são servos da luz são servos do que se traveste de luz. Se não são mestres a serviço de Jesus, então, estão a serviço das hostes satânicas. Exagero? Nem um pouco. Apenas uma conclusão lógica a respeito do ensino de Jesus. Só me resta lamentar que haja cristãos interessados nestas alfarrobas, nestas bolotas de porcos e lembrar um certo adágio: Quem com bodes se assenta, que coma capim - mas que não se esqueça de tomar cuidado com os chifres. Aqueles que acompanham os maus, ainda que não sejam maus, se parecerão maus, se corromperão e por fim serão, também, maus e corruptores.
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