Sempre houve quem questionasse a data do nascimento de Jesus - e que até os dias de hoje Igrejas das linhas ortodoxas e orientais comemoram o nascimento de Jesus em outra data. O nascimento de Jesus é o episódio que assinala o início da era cristã. Mas, devido a um erro de cálculo, cometido no século 6 d.C. pelo monge Dionísio, o Pequeno, as duas datas não coincidem. Sabe- se hoje que Jesus nasceu antes do ano 1 - entre 8 e 6 a.C. Pode- se afirmar isso com razoável segurança, graças a uma passagem muito precisa do evangelho de Lucas. Segundo o evangelista, o fato aconteceu na época do recenseamento ordenado pelo imperador romano César Augusto. Esse censo, o primeiro realizado na Palestina, tinha por objetivo regularizar a cobrança de impostos. E os historiadores estão de acordo em situá-lo no período que vai de 8 e 6 a.C. Nesse triênio, o ano mais provável é 7 a.C. Pois nele se deu um evento astronômico que poderia explicar uma outra passagem da narrativa evangélica: a estrela natalina mencionada por Mateus. O astro de Mateus impressionou também os astrônomos da época. Esses sábios, atraídos a Jerusalém pelo movimento aparente do ponto luminoso, seriam os magos do Oriente, de que fala o evangelista. Com o recenseamento de Lucas e a estrela citada por Mateus, conseguimos chegar o mais perto possível do ano do nascimento. O mês e o dia continuam, porém, em aberto.
A escolha do dia 25 de Dezembro tem tido muitas explicações, algumas baseadas em costumes e datas comemorativas dos romanos, e outras dos mais variados tipos. Para os que se propõe a ser estudiosos da Bíblia dúvida quanto essa data é um fato constrangedor, pois a Bíblia dá elementos suficientes para que possamos saber a data próxima do nascimento de Jesus, que como veremos nunca poderia ter sido no final de dezembro, e se partimos do principio de que o que ocorre no velho concerto é uma figura do que iria acontecer no novo concerto, podemos chegar a datas muito exatas as quais nos podem deixar muito surpresos. Os evangelhos não indicam a data em que o Senhor Jesus nasceu, mas apresentam um quadro grandioso e jubiloso da celebração desse dia: E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: Acharás o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens (Lc 2.9- 14). O 25 de dezembro é obviamente uma data simbólica. Nesse dia, ocorria em Roma o festival pagão do Solis Invictus (Sol Invencível). Realizado logo depois do solstício de inverno - quando o percurso aparente do Sol ocupa sua posição mais baixa no céu - o evento celebrava o triunfo do astro, que voltava a ascender no firmamento. Muito cedo, os cristãos associaram as virtudes solares a Jesus, atribuindo- lhe várias qualidades do deus Apolo. Não surpreende que acabassem por transformar o festival pagão na sua festa de Natal. Isso aconteceu por volta do ano 330 d.C.
Visto que não há registro bíblico do dia específico desse extraordinário acontecimento: o verbo se fez carne (Jo 1.1;14), os cristãos escolheram por si mesmos uma data para celebrar o Natal. Poderiam escolher outra data qualquer, mas a escolha recaiu sobre o dia 25 de dezembro, que era uma ocasião já consagrada no calendário do Império Romano pela grande festividade do Natal do Sol Invicto. A festividade do Natal do Sol Invicto era celebrada pelos adoradores do Sol (normalmente identificado com Mitra). O mitraísmo era um culto que possuía algumas semelhanças com o cristianismo e, paradoxalmente, intransponíveis diferenças. Era uma religião de mistério, que concorria intensamente com o cristianismo na busca de fiéis. O cristianismo entrou em conflito com essa religião e, finalmente, venceu. A escolha do dia 25 de dezembro como data do nascimento de Jesus ofuscou as festividades do Natal do Sol Invicto dos pagãos e consagrou o dia do nascimento do verdadeiro Sol da Justiça, que para os cristãos é Cristo: Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas; e saireis e saltareis como bezerros da estrebaria (Ml 4.2). Dessa maneira, os cristãos daquela época cristianizaram um dia festivo do calendário romano, argumentando que Jesus é a luz verdadeira. Pois o próprio Senhor Jesus disse, em João 8.12, que ele é a luz do mundo. Foi uma maneira que esses cristãos acharam de considerar o feriado romano e trocar o objeto de culto, já que não tinham uma data específica. Com isso, destruíram o culto pagão, condenando- o ao desaparecimento.
Para que possamos compreender bem a questão, apresentamos o seguinte exemplo: O carnaval no Brasil é comemorado em fevereiro. Imagine se os crentes brasileiros conseguissem ganhar as pessoas para a fé em Jesus e, ao invés de festejarem o Carnaval, esse período fosse dedicado ao Senhor Jesus. Neste caso, o feriado carnavalesco seria mantido no calendário oficial do Brasil, mas essa data seria dedicada ao culto e aos louvores ao Filho de Deus. Aliás, nessa data, muitas igrejas evangélicas realizam reuniões, retiros espirituais e cultos. Guardando as devidas proporções, foi algo parecido com esse exemplo que ocorreu com a celebração do Natal. Ou seja, caso isso acontecesse, de o feriado do Carnaval ser dedicado ao senhor Jesus, seria falso dizer que a sua origem das celebrações ao nome de Jesus era pagã – não fazemos diferença entre dias e dias (Rm 14.5). Embora a maioria dos cristãos celebre o nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro, nem todos consideram essa data, mas isso não consiste um problema propriamente dito, já que para muitos o importante não é a data em si, mas o acontecimento: Jesus nasceu. Os ortodoxos comemoram o Natal no dia 06 de janeiro e os armênios, no dia 19 do mesmo mês. Muitas igrejas cristãs não comemoram o Natal, outras defendem a abstinência de qualquer celebração (por exemplo, aniversários, casamentos, apresentação de crianças, Ano Novo, etc.). Para nós permanece a orientação do apóstolo Paulo, escrevendo aos irmãos de Colossos: "Portanto, ninguém vos julgue pelo comer ou pelo beber ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados (Cl 2.16)".
Devemos levar em conta que: Seguramente determinar a data do nascimento de Jesus é irrelevante, pois se a Bíblia não informa é porque não haveria necessidade disso. Podemos até comemorar o nascimento de Jesus em qualquer dia, mas sempre lembrando que tal dia nunca foi um dia santificado por Deus. Outro fato interessante é que a Bíblia sempre refere à época em que alguém foi concebido, e nunca a data do nascimento.
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