quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

UMA MULHER QUE SURPREENDE PELO SERVIÇO

thonaltpar2Sempre que participamos de um evento como um congresso, onde lideranças serão escolhidas para o próximo ano, percebo a existência de quatro sentimentos nos participantes.

i. O primeiro grupo é composto daqueles que receiam ser eleitos ou designados para cargos. O sentimento é de "não sei o que fazer", "a responsabilidade é grande demais para mim". Um sentimento verdadeiro, como o de Moisés ao ser chamado e avaliar a magnitude da missão que tinha diante de si: tirar um grupo imenso de escravos do domínio da maior potência militar e econômica de seu tempo.

ii. O segundo grupo é composto daqueles que querem mas dizem que não querem, na expectativa de que haja uma insistência que catapulte uma eventual candidatura. Isto pode dar bons resultados ou não. Já vi caso em que alguém que seria escolhido como líder perdeu a oportunidade por ter mencionado não desejar – quando na verdade desejava. Houve um caso de alguém que "não queria" um cargo, mas aceitou concorrer a seis [isso mesmo, seis] numa ocasião – mas esta pessoa não havia sido chamada para servir como líder naquela ocasião.

iii. O terceiro grupo é composto daqueles que querem, vão para as reuniões desejosos de obter cargos e assim alcançarem poder ou ali se perpetuarem. Quando conseguem logo fica claro que seu desejo é diferente daquele que deveria ocupar o coração dos servos do Senhor: querem poder, como queria para seus filhos [Tiago e João] a mulher de Zebedeu. Jesus lhes mostra que cristianismo implica em serviço.

iv. O quarto grupo é composto daqueles que desejam assumir cargos para servir – sabem o que querem, tem alvos e projetos a serem desenvolvidos para o bem da comunidade. Em alguns casos já mostraram esta disposição e capacitação do Espírito Santo. Sabem que foram chamados e, independente da missão, dizem como Isaias: "eis-me aqui, envia-me a mim".

Vale ressaltar que já vi os temerosos se mostrarem excelentes líderes, já vi os dissimulados realizarem grandes obras, já vi os ambiciosos desenvolverem bons projetos e também já vi os dispostos serem poderosamente usados por Deus.

Nesta ocasião vamos analisar um texto das Escrituras que fala de uma mulher que servia a Deus – seu nome é Débora. O relato de parte de sua história encontra-se no livro de Juízes, capítulo 4, versos 4 a 9.

Débora, profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo. Ela atendia debaixo da palmeira de Débora, entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela a juízo. Mandou ela chamar a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali, e disse-lhe: Porventura, o SENHOR, Deus de Israel, não deu ordem, dizendo: Vai, e leva gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom? E farei ir a ti para o ribeiro Quisom a Sísera, comandante do exército de Jabim, com os seus carros e as suas tropas; e o darei nas tuas mãos. Então, lhe disse Baraque: Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei. Ela respondeu: Certamente, irei contigo, porém não será tua a honra da investida que empreendes; pois às mãos de uma mulher o SENHOR entregará a Sísera. E saiu Débora e se foi com Baraque para Quedes.

Apesar da negativa de um grupo de pequena significância, mas barulhento como costumam ser as minorias organizadas [basta ver os chamados movimentos sociais em moda no Brasil] de permitir às mulheres o desenvolvimento de suas capacidades, talentos e dons, o exemplo de Débora nos mostra algumas diretrizes que devem ser primordiais no trabalho que irmãs valorosas, de grande capacidade espiritual e dedicação ao Senhor podem empreender na obra do Senhor.

a. A primeira observação que podemos fazer à partir do texto é que Débora tinha um ofício, isto é, exercia um cargo oficial, reconhecido na sociedade israelita. Débora era profetisa – chamada, comissionada por Deus para exercer um ministério de liderança entre o povo de Deus. Alguns objetivam, observando a atitude de Baraque, que Débora ali está para vergonha dos homens que rejeitam tomar uma atitude de liderança. Todavia, o ministério profético é um chamado, e Deus chamou vários homens de outras ocupações, deu-lhes uma missão, autoridade e, sobretudo, ousadia. Assim, entendo que o chamado divino para Débora simplesmente faz parte do eterno propósito de Deus, imutável e irresistível.

b. A segunda observação a ser feita é que Débora tinha sua autoridade espiritual [e não apenas o ofício] reconhecido em sua geração. Diz-nos o texto que ela julgava Israel naquele tempo e que os filhos de Israel iam procura-la naquele tempo. Num contexto gentílico há uma ressalva ao exercício da autoridade da mulher entre homens, e devemos entender este aspecto, entretanto, no contexto da totalidade bíblica vemos exemplo de mulheres exercendo liderança e autoridade, e Débora é um caso. E ela não foi posta ali por acaso, não foi uma eleição como a que colocou uma mulher na presidência do brasil [ainda que não possa esquecer o fato de que toda autoridade é constituída por Deus – creio que algumas delas para disciplina dos povos e das nações. A bíblia afirma que Débora era uma profetisa legítima, portanto, ali fora colocada por Deus para julgar Israel, para benefício e não para maldição do povo.

c. A terceira observação é que Débora não se furtava a exercer esta autoridade que Deus lhe dera inclusive sobre os homens que estavam na liderança do povo de Deus. Observe que o texto afirma que "mandou ela chamar a Baraque" a quem o Senhor já tinha ordenado preparar os filhos de Naftali e Zebulom para enfrentar os inimigos. Ela fora comissionada por Deus, assim como Baraque, entretanto, ela possui autoridade tal a ponto de não apenas mandar chamá-lo, como questioná-lo de sua atitude negligente para com o mandato divino e ainda dar-lhe ordens para corrigir-se e fazer imediatamente o que Deus o havia comissionado. Não havia em Israel nenhum homem que questionasse uma autoridade legitimamente dada por Deus – e esta era a autoridade daquela mulher.

d. A quarta observação é que Débora não se limitava a liderar espiritualmente à partir de um "gabinete" [uma palmeira, entre Ramá e Betel] como muitos querem fazer, numa compreensão equivocada do que seja o pastoreio. Seu entendimento de liderança era estar com o povo, no meio do povo, junto com ele em suas lutas. Manda ela que Baraque leve gente ao monte Tabor, e vai com ele. Baraque julgava-se pouco competente ou, no mínimo, pouco respeitado pelo povo – e, por sua vez, provavelmente era visto como um líder pouco capaz pelo povo, a ponto de exigir a presença de Débora, a líder natural e inquestionável de Israel. Com ela acompanhando-o ele acreditava que seus comandados enfrentariam a batalha sem receios.

Uma observação complementar que muitos colocam como primordial é a de que Débora não se furtava a ser uma mulher como as demais. Ela era conhecida como a esposa de Lapidote [de quem nada sabemos], mas, para exercer tal ministério, certamente tinha a aquiescência de seu marido. Era Lapidote senhor da vida de Débora? Certamente que não. O senhor da vida de Débora era o mesmo que era senhor da vida de Lapidote e de Israel: o Senhor Deus é que é o único Senhor sobre a vida do seu povo. Apesar de ser uma mulher ocupada, ela tinha tempo e disposição para ouvir e obedecer. É por isso que Débora censura Baraque – e retira-lhe a honra da vitória sobre Sísera.

Uma conclusão necessária para as mulheres, crentes, servas de Deus, atentas ao chamado de Deus e dispostas a servi-lo, apesar de eventuais obstáculos, inimigos e adversários: se o Senhor te chamou, independente do que pensam pessoas de mente retrógrada, disponha-se e faça a obra. Não sejas negligente ao seu chamado e vá em frente, porque o Senhor te tomará pela tua mão direita e será contigo por onde quer que andares. Esqueçam os cães que ladram, eles ficam nos cantos da história – a caminhada da fé prossegue, apesar deles. Já os vi ladrando contra uma mensagem que eu preguei sobre Débora: uma mulher que ouvia a Deus, tinha suas ocupações domésticas mas servia ao Senhor e ao seu povo.

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