O sermão foi postado em várias partes, para não ficar um arquivo muito longo. Leia na ordem decrescente, espero que lhe seja proveitoso. Brevemente vou colocar um link para quem quiser baixá-lo na íntegra, sem se dar ao trabalho de juntar as diversas seções. Abraços, do Coração do Pastor.
1 Aventura-se algum de vós, tendo questão contra outro, a submetê-lo a juízo perante os injustos e não perante os santos? 2 Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas? 3 Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida! 4 Entretanto, vós, quando tendes a julgar negócios terrenos, constituís um tribunal daqueles que não têm nenhuma aceitação na igreja. 5 Para vergonha vo-lo digo. Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa julgar no meio da irmandade? 6 Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos! 7 O só existir entre vós demandas já é completa derrota para vós outros. Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?
I Co 6.1-7
O que fazer em caso de divergências entre irmãos? E quando estas divergências e contendas não são resolvidas aos pés da cruz? Quem deve resolvê-las? Entre os judeus havia um forte sentimento nacionalista, e em tempo algum na história do Israel veterotesetamentário um judeu recorreu a um gentio para julgar outro judeu. Mesmo sem território mantiveram seu governo e tribunais, ainda que com poderes limitados como podemos ver quando intentam matar Jesus [Jo 18.31: Replicou-lhes, pois, Pilatos: Tomai-o vós outros e julgai-o segundo a vossa lei. Responderam-lhe os judeus: A nós não nos é lícito matar ninguém]. É impressionante que, para cumprir o plano de Deus os judeus tenham aberto mão de um dos sentimentos mais fortes em seus corações, o exclusivismo nacionalista [At 2.23: ...sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos]. Foram os judeus que condenaram Jesus, ainda que os romanos o tenham executado no raro caso de inversão de papéis: os dominadores fazendo a vontade dos dominados. Paulo chega a ser preso, e até há representações para os romanos pedindo-lhe a custódia, mas o que eles já haviam decidido era a condenação de Paulo segundo as suas próprias leis, e, se estas falhassem, apelariam para outros meios – inclusive recorrendo a votos assassínios [At 23.12: Quando amanheceu, os judeus se reuniram e, sob anátema, juraram que não haviam de comer, nem beber, enquanto não matassem Paulo].
A CAMINHO DO FUNDO DO POÇO CORÍNTIO
Em Corinto o apóstolo Paulo já havia verificado diversos problemas: partidarismo, imaturidade, acepção de pessoas, relacionamento sexual impuro, e agora trata de mais uma das consequências de tudo isto na vida comunitária, com efeitos teológicos e litúrgicos: a existência de contendas, que ele duramente classifica como "completa derrota" [v. 7: O só existir entre vós demandas já é completa derrota para vós outros]. Diante da necessidade de resolver os problemas, os coríntios tinham duas atitudes possíveis: agir como cristãos [Mt 5.23: Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta] ou agir como coríntios. E foi exatamente como gentios que eles agiram para vergonha do evangelho. Eis o problema que estava impulsionando, definitivamente, a Igreja coríntia para o fundo do poço: cristãos pelejando contra cristãos diante de pagãos [não apenas diante dos olhos dos pagãos, algo relativamente normal, mas diante de tribunais pagãos], assinando, literalmente, um atestado de quebra da unidade que Cristo veio estabelecer [Ef 4.1-3: Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz]. Para Paulo isto era um absurdo, pois era inconcebível a tal ponto que ele chama de aventura a atitude de um justo ir a tribunal romano contra outro justo.
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