sexta-feira, 14 de setembro de 2012

PERIGO À VISTA

casalComo deve ser o vestuário do cristão, especialmente da mulher cristã

Os gregos tinham inúmeras lendas sobre a existência de sereias. Seriam elas seres mitológicos, metade mulher, metade peixe, dotadas de beleza indescritível e de voz maviosa, capaz de enfeitiçar os homens com seu canto. Entretanto, sua beleza escondia um coração maligno, pois arrastavam os marinheiros para recifes perigosos, destruindo navios e ceifando vidas. Raramente se via qualquer relato sobre estes seres que não envolvesse um naufrágio [e é provável que muitos capitães de navio se utilizassem das lendas para justificar sua imperícia em alguma ocasião].

Por trás desta lenda há o que há muito se sabe: o homem é biológica, neurológica e hormonalmente predisposto a admirar a beleza feminina e, admirando-a, sentir-se atraído por ela – não que eles não possuam outros valores na hora de avaliar uma mulher, especialmente aquela que querem por companheira. As mulheres possuíam outras prioridades, avaliavam [quando podiam, o que era raro] outras qualidades. Mas esta curva se tornou mais acentuada, e já não é possível afirmar mais a existência de tal paralelismo, os caminhos se cruzam. E a aparência se torna cada vez mais determinante – mas nem sempre, como podemos ver pela histeria que toma conta de algumas mulheres diante de cantores ou atletas reconhecidamente dotados de pouca ou nenhuma beleza que não a fama e a fortuna [são atraídas pelo que sabem que poderão ver, não pelo que veem – mesmo sem perceber, ainda buscam o provedor, pois, quanto mais rico, maior a histeria].

Há alguns dias vi um artigo que mostrava um homem, em uma igreja, e à sua frente uma mulher quase vestida. Minissaia baixa, colada, parte da sua roupa íntima aparecendo enquanto a mesma erguia as suas mãos em "louvor". Não há aqui o propósito de questionar o que a mulher sentia neste louvor – o problema que quero abordar é diferente: a influência danosa que ela [conscientemente ou não] estava exercendo sobre aquele homem.

Sabe-se que os homens são atraídos pelo olhar. Os homens são facilmente provocados e se sentem excitados em instantes apenas por olhar para o corpo feminino, especialmente quando provocantemente vestidos [ou semidespidos]. A indústria da moda feminina sabe disso, e investe pesadamente nisto. A indústria de lingeries também conhece este aspecto da psique masculina. E a indústria erótica também se aproveita deste fato para faturar bilhões anualmente. Mas tem dois outros personagens que também sabem disso: as mulheres e o diabo.

pregacaoNão pare de ler, não estou defendendo aqui, como os medievalistas, que as mulheres sejam agentes do diabo na tarefa de desvirtuar os homens. Homens e mulheres são igualmente pecadores – cada um com sua própria constituição mental e hormonal. Mas ambos são conhecedores deste aspecto do homem, que resumindo e colocando de uma forma mais direta, é o que se segue: o homem é facilmente tentado por aquilo que vê [e pelo que, em decorrência, deseja ver, tocar, etc.].

Não olhemos para os homens como se os mesmos fossem fracos, inconsequentes, incorrigíveis ou maníacos – não se trata disso. A questão é que sua constituição física e hormonal, estabelecida por Deus, predispõe para uma que o mesmo sinta desejo por aspectos externos – a biologia feminina dispensa em parte este aspecto imediato e é mais trabalhada por fatores emocionais e ambientais, caracterizado por um desejo mais íntimo que superficial. É óbvio que as influências culturais atuais, extremamente permissivas e danosas, tendem a descaracterizar este quadro – mas, passado o período aventuroso, as necessidades femininas permanecem no mesmo patamar.

Dadas as características do nosso século, sabemos ser realmente impossível aos homens não estarem expostos a este tipo de perigo. Ele está, literalmente, exposto em todos os cantos, esquinas, ruas, avenidas, lojas e repartições por onde andarmos. É um perigo, literalmente, à vista. Entendo que não é impossível resistir – não há nenhum determinismo entre ver e partir, desesperadamente, à caça. O ser humano não é um amontoado de instintos [apesar de tê-los e eles serem muito fortes]. Há outros fatores, como formação moral, espiritual, familiar, que influenciarão a decisão de controlar ou não os olhos e pensamentos, como demonstra o patriarca Jó [Jó 31.1: Fiz aliança com meus olhos; como, pois, os fixaria eu numa donzela?]. Os olhos, janela da alma, permitem a entrada somente daquilo que seu dono permitir e acalentar no coração [Sl 119.11: Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti].

Infelizmente um grande número de homens e mulheres não percebem este perigo que está tão à vista. Muitos, infelizes e insatisfeitos em seus relacionamentos, não veem nada de mais em "dar uma olhadinha"... e muitas, inconsequente ou inconscientemente [embora eu creia que, dado o tempo que as mulheres costumam gastar, em média, ao se arrumar, não haja muito de inconsciente] querem receber estas olhadinhas "que não tira pedaço", porque, segundo o ditado, "o que é bonito é pra ser mostrado". Os homens responsabilizam as mulheres por mostrarem, as mulheres se esquivam dizendo que "olha porque quer". Na verdade, a responsabilidade [ou a irresponsabilidade] é dos dois.

Entendo que há alguns parâmetros no vestir, parâmetros que levam em conta aspectos pessoais e sociais, como conforto, decoro, conveniência, ambiente. Por exemplo, não é de se esperar que alguém vá à praia ou campo de futebol de terno, gravata e sapato social. Da mesma maneira que não se espera que se vá a uma repartição pública, fórum ou, mais importante, ao púlpito de uma igreja, de biquínis, shorts e camiseta. Infelizmente, se o terno não vai à praia, o estilo "semidespido" tem entrado na Igreja. E observe que o fator preponderante é a moda, e não o conforto, pois não consigo conceber conforto em determinadas roupas que para sentar tem que ser esticadas e seguradas, e para levantar tem que ser puxadas e rearranjadas, em situações verdadeiramente constrangedoras.

Este estilo, diferente do que seria esperado, não é apenas de solteiros e solteiras, especialmente jovens. Esta "moda" mundana tem afetado o vestir de senhoras, casadas, avós até, que, não sei por que motivos, se vestem provocantemente, constrangendo a si mesmas, aos seus cônjuges e muitos à sua volta. Em algumas situações beiraria o ridículo, não fosse trágico. Porque buscar o olhar de voyeur, e não o do esposo no leito do matrimonio ou em situações íntimas do casal?

Seria interessante que pais e esposos realmente opinassem sobre o que sua esposa e filha veste. Não apenas aquela olhada protocolar, e, dada a presa para evitar o atraso, emitir um rápido: "está bom". Muitas vezes não está bom, mas, para evitar o conflito, o silêncio – e uma exposição inadequada e demasiadamente sexy, com roupas que salientam indevidamente partes do corpo, mostram demasiadamente outras ao menor movimento, mostrando como que numa vitrine o que não deveria ser oferecido, transmitindo uma mensagem de disponibilidade e vulgaridade que não deveria ser, de maneira alguma, passada adiante.

Repito, é lamentável, mas este estilo adentrou às Igrejas. Usa-se hoje, no dia a dia e especialmente em "eventos sociais" e até nos cultos roupas semelhantes às usadas pelas prostitutas de algumas décadas atrás [compare com o filme "Taxi Driver", por exemplo]. Recentemente me senti envergonhado pelo que senhoras cristãs [?] usavam em um evento cristão. O evento era, a programação foi idealizada para glorificar a Deus, mas o estilo de alguns era mais apropriado para outros ambientes menos santos.

O problema se agrava porque, pais e esposos ficam ofendidos caso suas "jovens" sejam repreendidas por roupas que, noutros tempos, seriam consideradas, para dizer o mínimo, escandalosas, curtas demais, justas demais, excessivamente inapropriadas para estarem em corpos santos, pertencentes a Cristo [I Co 6.19-20]. Um não cristão usá-las para ir a uma igreja é admissível, até que se converta e comece a sentir os efeitos santificadores do Espírito Santo – efeitos estes não vistos em determinadas situações.

É sabido de pastores que desceram do púlpito para repreender ou cobrir vestes de jovens e senhoras assentadas nos primeiros bancos, atraindo a atenção daquele que, à frente da comunidade, deveria ter olhos somente para a glória de Cristo. Lembremos, amados: mesmo os dirigentes litúrgicos e pregadores são homens, são santos, mas são homens. Pior se torna o problema quando são os próprios dirigentes que se vestem inapropriadamente, com microssaias ou microvestidos.

Lembremos que o homem é estimulado pelo que vê – e isto mais rapidamente do que é possível controlar, aliás, determinadas situações é virtualmente controlar. O pecado é do homem, sem dúvida, mas a culpa recai sobre quem oferece a oportunidade do pecar, ainda que apenas com os olhos e pensamentos, num adultério emocional, como define o Senhor Jesus [Mt 5.28]. Seria bom as senhoras e senhoritas pensarem nisso, refletirem que estão induzindo homens a pecarem.

bs_newA bíblia orienta que o adorno da mulher cristã deve ser interior, e não ostentação exterior [I Pe 3.3-6]. Mulheres que se exibem demasiadamente estão mostrando que, em seu interior, ainda não há um coração totalmente convertido ao Senhor, o Espírito ainda não fez a obra de santificação – talvez em muitos casos seja mesmo a evidência de que não fez nem mesmo a obra de regeneração.

A vulgarização da mulher tem atingido níveis tais que muitas se sentem bem quando são comparadas apenas animais [cachorras, vacas, piranhas] a produtos para serem consumidos [melancia, jaca, pera], como se fossem meros pedaços de carne [filé] ou coisas semelhantes, de consumo rápido e rapidamente descartáveis. E produtos para consumo devem ser expostos, é a lógica do mercado. Mas seria admissível isso na Igreja? Na casa de Deus, nos muros santos? As jovens e senhoras, algumas até idosas, não deveriam se expor desta maneira, não estão em vitrine, não são consumíveis, não são descartáveis.

Quem se exibe, quer ser visto, e se tal exposição é carnal, é porque quer dar vazão às obras da carne. E para tanto somos lembrados pelo apóstolo Tiago que as obras da carne são geradoras de morte, e não de vida [Tg 1.14-15]. Toda mulher, verdadeiramente cristã, já tem sobre si todos os olhos e olhares de que precisa: dos filhos e do seu esposo [Pv 31.28-30] e do seu Deus [Sl 113.5-6]. Já tem todo o amor deles e, mais especialmente, o amor de Deus derramado em seu coração. Não precisa ser admirada por olhares estranhos. Não precisa se oferecer a olhares estranhos.

Às vezes fico imaginando a relação entre o folclórico tempo investido pelas mulheres ao se prepararem para sair e o resultado final e não consigo entender o resultado. Se metade do tempo gasto fosse investido em leitura da palavra e oração teríamos Igrejas mais santas, casais mais amorosos, famílias mais estáveis. Mas não é o que se vê. Creio que uma pessoa verdadeiramente cheia do Espírito não intentará induzir outros a pecarem, refreará sua vaidade e, embora seja, dentro dos nossos costumes e sociedade tão permissiva, ser lícito usar vertes que mais mostram que escondem, saberá que nem tudo que é lícito é conveniente, edificante ou santo.  A pergunta não deve ser quantos centímetros acima do joelho deve estar o comprimento das roupas.. nem quantos centímetros abaixo do pescoço. A pergunta deve ser sempre: o meu vestir escandaliza? Não importa a idade, jovem ou madura, é inaceitável uma cristã se vestir como se fosse uma prostituta, como muitas mulheres querem ser vistas. As mulheres cristãs devem se portar como damas, não como mulheres-damas. Devem ser exemplos de vida, não parecer com “mulheres da vida”.

Pastores não determinam tamanho de vestes, não devem se preocupar em dizer a mulheres que não as de sua casa, esposa e filha quantos centímetros a mais devem ter suas roupas. Mas apresento princípios que cada mulher deveria verificar antes de sair de uma loja [é isso mesmo, antes de comprar] – porque, se não tem no armário não vestirá:

i. A roupa é confortável, isto é, permite que se movimente normalmente sem estar presa ou exposta, tendo que segurá-la o tempo todo para não mostrar o que, na prática, já está sendo insinuado?

ii. A roupa é sóbria, isto é, embora possa ser bonita, evidencia mais o caráter que atributos físicos?

iii. A roupa é discreta, isto é, será a pessoa que a usa que será notada, e não a maior quantidade de adereços e menor extensão do tecido que será notada?

iv. A roupa é apropriada para ir ao encontro do Senhor? Se fosse para entrar na glória, ele te receberia com aprovação?

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