sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O AMBIENTE MUNDANO NÃO DETERMINA OS LIMITES DA LIBERDADE CRISTÃ

ajudarApós descrever os cristãos como tendo sido lavados no sangue do cordeiro [At 22.16] e libertos dos seus pecados por este sangue [Ap 1.5] e selados publicamente através do batismo, santificados pela obra de Cristo [Ap 7.14] aplicada aos eleitos mediante o Espírito Santo que os selou e declarou definitivamente que eles pertenciam a Deus, e, finalmente declarados justos quando o Senhor bradou na cruz: "está consumado", tendo sido, então, considerados justos, absolvidos de seus pecados anteriores e definitivamente elevados a uma nova categoria de homens: aqueles que foram comprados do pecado e tornados servos do Senhor Jesus, a quem receberam como Senhor e salvador. O fato de terem sido justificados, retirados do estado de condenação, frutifica em uma vida santa e pura. E era isto o que Paulo queria ressaltar como a meta que deveria estar no coração dos coríntios.

Mas como ter uma vida pura? E se estiver exatamente em meio a uma luta entre a santidade e o pecado, como a que Paulo enfrentou e descreve em Rm 7? Paulo apresenta duas atitudes possíveis. A primeira, é comum aos não regenerados, não justificados, não lavados nem santificados: é entregar-se ao desespero, é desistir da única luta que realmente vale a pena. A segunda, mais difícil porque significa lutar contra si mesmo, contra as próprias inclinações carnais e naturais do ser, é aceder ao chamado do Espírito Santo e clamar por aquele que nos dá a vitória, por aquele que justifica, santifica e lava de todo pecado: o Senhor Jesus Cristo mediante o Espírito Santo de Deus. É deste nome santo, deste nome poderoso, que nos vem a vitória. Não adianta tentarmos vencer a carne com armas carnais [ambos perdem], porque a nossa luta não carnal, é espiritual. Partindo do principio de que os coríntios enfrentavam diversos problemas, e que a licenciosidade carnal era muito comum ali, e que todos os demais problemas da Igreja pareciam decorrer do partidarismo em torno de um ou mais licenciosos, mas, certamente, carnais, Paulo passa a tratar de um princípio que pode ajudar a comunidade cristã a enfrentar a luta contra a carnalidade e sair vitorioso – apesar de não ser uma luta fácil, se lutamos em Cristo e com Cristo a vitória é certa e retumbante [Rm 8.37], mas se a luta é contra Cristo, a certeza da derrota é plena [At 26.14].

Decorrente de uma deturpação do ensino de Paulo [Fp 4.13] associada a uma visão epicurista mundana prevalecente em Corinto [carpe diem] surgiu em Corinto um cristianismo epicurista, que afirmava que o cristão pode fazer tudo o que quiser, desde que não seja ilegal. Clamavam a plenos pulmões: "Todas as coisas me são lícitas", e com este brado chegaram ao ponto em que chegaram. A pergunta que os cristãos deviam fazer é: dentre todas as coisas que são lícitas, que não são ilegais, o que, de fato, é permitido a um cristão. Podemos citar alguns exemplos em relação à licitude em nosso país: é lícito fumar, é lícito embriagar-se, é lícito entrar num prostíbulo, é lícito namorados terem relacionamentos íntimos pré-maritais, fazerem um test drive [é bom ressaltar que carro de test drive, quando é vendido, é vendido com ressalvas documentais e por um valor muito inferior aos demais, porque é carro usado por muitos], é lícito ter relacionamentos homossexuais, é lícito mentir, desde que não sejas testemunha num processo, é lícito adorar imagens... há uma enorme lista de licitudes que, certamente, muitos cristãos verdadeiros dirão: "Está errado, pastor, isto não é lícito". Repito, pela lei é. Mas para o coração de um cristão é repulsivo.

Então, com base nas inspiradas palavras do apóstolo Paulo, perguntamos, o que é, de fato, lícito a um cristão?

12 Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. 13 Os alimentos são para o estômago, e o estômago, para os alimentos; mas Deus destruirá tanto estes como aquele. Porém o corpo não é para a impureza, mas, para o Senhor, e o Senhor, para o corpo. 14 Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará a nós pelo seu poder. 15 Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. 16 Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne. 17 Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele. 18 Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo. 19 Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? 20 Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.

I Co 6.12-20

Para demonstrar qual o princípio que deve nortear o cristão, Paulo faz uso de uma das práticas mais comuns entre os coríntios: a prostituição, que tinha fortes aspectos religiosos e econômicos, além de culturais. Calcula-se que havia, no mínimo, 1000 prostitutas cultuais – além, é claro, de um número desconhecido daquelas que não estavam nos templos. Esta prostituição cultual em honra à Afrodite gerava enorme lucro para uma cidade portuária como Corinto, para onde afluíam pessoas de todos os cantos do mundo greco-romano. Definindo como se relacionar com a prostituição, um dos pecados relacionados à impureza, Paulo podia estabelecer o princípio para os cristãos coríntios resolverem as suas dúvidas em todas as demais áreas. Se não lhes era permitido participar de um conluio impuro, o mesmo se dava em relação à bebedice, à maledicência e a todos os demais pecados tidos como normais e culturalmente aceitos na cidade onde residiam – e este princípio vale não apenas para Corinto, mas para todas as localidades onde os cristãos tenham que se posicionar em relação às obras da carne. Paulo estabelece três princípios para serem observados pelos cristãos, e nós devemos nos ater cuidadosamente a cada um deles:

É CONVENIENTE

12 Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.

Todos sabem quais são as convenções que regem a sociedade em que vivem. Mais ou menos rígidas, toda sociedade tem suas convenções, suas regras, suas normas para definir o que é lícito, aceitável e praticável à vista [ou ao menos com o conhecimento e sem a repulsa] de todos. Cada cidadão é, desde os seus primeiros dias, orientado por seus pais, familiares, colegas e professores, grupos sociais como clube e, em casos menos numerosos, pela Igreja. Não é à toa que uma das primeiras palavras que uma criança aprende é "não". E quando não é a palavra, aprende a balançar a cabeça de um lado para o outro, em sinal de negativa. Ela foi ensinada que há regras – e desde muito cedo começa a estabelecer as suas próprias regras. A religiosidade pagã desconhece a verdadeira graça, e coloca a salvação, iluminação ou crescimento em termos de conquista, de mérito através de obras morais ou materiais, mas sempre por mérito. Paulo havia ensinado isto aos coríntios, e eles estavam levando esta ideia adiante do que lhes fora ensinado. Leis quanto a alimentação, a casamento, a vestes são comuns em toda religião cunhada pelos homens – e abster-se de determinadas coisas era um sinal de sacrifício da vontade para conseguir o favor das divindades.

Como era corrente em Corinto uma ideia dualista de que matéria era ruim, má ou, no mínimo, desprezível, e que o Espírito era bom e impoluto, para defender suas ideias permissivas alguns cristãos certamente argumentavam que não importava o que se fazia com o corpo, o que importava era o que se acreditava [foi para a liberdade que]. Confundiam liberdade em Cristo com libertinagem coríntia [Jd 1.4], dando, assim, ocasião à carne [Gl 5.13] e suas concupiscências [Rm 13.14]. É claro que o cristianismo não é composto de regras, mas também, não é, por outro lado, a ausência de normas de conduta resultantes da habitação do Espírito Santo na vida do cristão. Mas a obediência a tais normas é fruto, não a razão da salvação [andássemos nelas]. Sob um argumento de que "tanto faz" o que se faz com o corpo, como, por exemplo, já que podemos comer de tudo – e Paulo vai tratar disso especificamente adiante – podemos usar o corpo para qualquer outra coisa também. E nesta lista de outra coisa estava, obviamente, a imoralidade [lembremos que havia este problema no seio da Igreja, um caso de incesto que escandalizava até mesmo os gentios – havia cristãos que achavam que não tinha nada de mais porque eles eram superiores, mais fortes, livres].

Mas agir assim era conveniente? A questão não é propriamente religiosa, mas moral e ética. Nem todas as coisas são uteis ou dignas de serem ensinadas ou ensinadas aos cristãos. Há coisas que, embora sejam permitidas pelos costumes, trazem resultados que devem ser evitados pelos cristãos. "Todo mundo faz" não deve, ser, jamais, o padrão para o julgamento do cristão. O padrão precisa ser: "Isto é aconselhável"? "Que resultados morais e espirituais serão colhidos"? que leitura de minha vida e de minha fé a "numerosa nuvem de testemunhas" [Hb 12.1] fará por causa das atitudes que estou tendo? Um pai teria coragem de ensinar seus filhos a fazer as mesmas coisas que faz sob o pretexto da liberdade total? É possível a um cristão verdadeiro ter a ousadia para agir de maneira licenciosa sabedor que os olhos do Senhor estão sobre o que fazem os filhos dos homens e a cada um retribui segundo as suas obras [Jó 34.11]? É bom lembrar que havia já pessoas que questionavam a validade do Antigo Testamento para a Igreja neotestamentária, logo, rejeitavam a ideia de uma disciplina divina sobre os pecadores [a ponto de logo no início do séc. II surgir um movimento muito forte rejeitando todo o Antigo Testamento e muitas partes do Novo Testamento, o gnosticismo cristão, do qual Marcião de Sinope foi um dos mais destacados].

Um cristão podia e pode comer de tudo. Mas pode cometer excessos no comer? Mesmo o comer, que é lícito, requer regras ou terá consequências danosas. Assim como comer, as relações sexuais são parte das necessidades naturais do ser humano. O ser humano foi criado sexuado, o homem para a mulher, a mulher para o homem. Só que as consequências morais e até mesmo espirituais de um comer desregrado não são equiparadas às decorrentes da impureza sexual. Da mesma maneira que um homem podia ir no mercado e escolher sua comida, na sociedade coríntia, podia procurar uma prostituta [e também um prostituto] cultual e isto seria visto como normal e até honroso pela sociedade. Mas isto arruinaria seu testemunho como cristão, ele seria visto como um pagão, ou, talvez ainda pior, como um falso cristão. Ele se tornaria repreensível, pois se ousasse falar da transformação moral e espiritual que o Espírito Santo faz alguém poderia dizer que não via esta transformação nele. Paulo questiona o sofisma levantado pelos coríntios de que tudo é normal e aceitável. Embora admita como natural, ele diz que o estômago [funções digestivas] e alimento não tem tanta importância que a pureza com a qual o cristão deve resguardar seu corpo porque ele é, como já havia afirmado antes, santuário de Deus, instrumento no qual e pelo qual Deus se manifesta naqueles que são tornados sal e luz. A habitação do Espírito, hoje, ainda está em processo de aperfeiçoamento, mas já é a morada do Espírito, o tabernáculo do Deus vivo [em vós habita]. O corpo do cristão é parte de um corpo maior, o corpo de Cristo, não lhe cabendo usar desonrosamente aquilo que deve ser honrado pois é do Senhor.

É FRUTO DA LIBERDADE EM CRISTO

12 Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.

O segundo principio proposto por Paulo para o agir do cristão é se suas ações são conduzidas pela liberdade que ele recebeu em Cristo Jesus. À afirmação dos coríntios: todas as coisas são lícitas Paulo orienta-os a questionarem se é algo que pode ou não tornar-se dominante nas decisões do cristão. Não é apenas bebidas e drogas que dominam a vida das pessoas. Escolhas erradas podem ocasionar uma sequencia de novas decisões irreversíveis. Há pessoas viciadas em cigarros, outros são viciados em trabalho... existem muitas formas de dependência que não são, necessariamente, causadas por tóxicos. Há situações onde a dependência é moral, e até espiritual. Paulo adverte os coríntios que eles foram chamados para serem livres, eram escravos do pecado, escravos de satanás, e, por causa da graça de Cristo, foram libertos. Quando Paulo os convoca para se perguntarem se aquilo que é lícito pode ou não ser danoso, assumindo o controle de suas vidas ele está lhes lembrando que são servos do Senhor, que seu corpo e sua vida pertencem ao Senhor e que eles só devem fazer aquilo que glorifica ao seu Senhor [Rm 6.12-14] e isso só é possível porque o corpo do cristão, sua vida, é habitação do Espírito Santo [Rm 8.11].

O cristão verdadeiro não deve se importar se o mundo todo vai acha-lo estranho, deslocado, desorientado. Também não deve estranhar ser por ele perseguido, pois o seu Senhor também o foi [Jo 15.20] e é uma honra, não motivo de tristeza, ser chamado a participar dos sofrimentos de Cristo [I Pe 4.13] porque esta perseguição é um atestado de que o cristão, com sua vida e testemunho, denuncia os pecados reinantes do mundo [[Mt 5.11-12]. É sal e luz, chamando à vista de todos a odiosidade do pecado e da rebeldia contra Deus. O que não é admissível é alguém esconder-se atrás da cruz para não sofrer por ser ladrão ou bandido [I Pe 4.15].

Ainda usando como ilustração o relacionamento sexual, Paulo lembra que um homem e uma mulher se tornam um – e este fato faz com que um e outro não mais se dominem, mas se entreguem, se misturem. Paulo faz com que os coríntios pensem: com quem estão realmente unidos? Com Cristo, o Senhor, ou com a imoralidade, com o pecado? Não há como honrar a Cristo usando parte do seu corpo para a imoralidade. Não há como honrar a Cristo dizendo que aqueles por quem ele morreu para santificar podem continuar livremente na prática de imoralidades. Foi para a santidade que os cristãos foram chamados, para viverem uma vida santa, justa, piedosa no meio de uma sociedade pagã, ímpia e adúltera. Não há meio termo. Não há acordo. Não pode haver duplicidade de caminhos para o cristão. A santidade e a licenciosidade são caminhos que começam em um mesmo lugar – mas que se dirigem a lugares radicalmente diferentes. Não pode haver dois senhores no coração do cristão, não pode haver duas regras dominantes: ou se deixa conduzir pelo Espírito, ou será, inevitavelmente, conduzido pela carne e suas paixões.

A difícil escolha a ser feita é: servir a Cristo, o Senhor, ou servir ao pecado imaginando que está sendo independente, dono de si mesmo [Lc 17.33]? A palavra de Deus nos diz que alguns podem até parecer servos de Cristo, mas, em vindo a prova, em vindo os cuidados do mundo – e parece ser exatamente este o problema da Igreja em Corinto – deixam-se seduzir e dominar. Estes cuidados que lhes tomavam a atenção e a devoção eram sociais, culturais, pessoais, familiares. É por este motivo que o Senhor Jesus afirma que qualquer que não amá-lo mais do que a qualquer outra coisa não é digno dele [Lc 14.26]. A exortação para lembrar da mulher de Ló [Lc 17.32-33] refere-se ao fato dela ter olhado para Sodoma lamentando o que deixava para trás, ela queria preservar sua "vida" antiga porque sua cobiça e posses dominavam-na. Muitos hebreus não entraram na terra prometida porque se recusaram a olhar confiantemente para frente, em obediência ao que Deus lhes dizia deverem fazer, e passaram a olhar para trás, para o Egito [Nm 14.3] e sua relativa fartura de comida, e assim pereceram no deserto.

O fruto do Espírito apresenta o autodomínio como uma de suas características – não podemos falar de partes porque é um fruto apenas [Gl 5.22-23], e cada uma destas características está tão intimamente relacionada que fraciona-lo seria o mesmo que diminui-lo. Por outro lado, a bíblia também apresenta os injustos como desprovidos de domínio próprio [II Tm 3.1-7], isto é, dominados por agentes externos pecaminosos [II Pe 2.19]. O cristão foi chamado para ter um Senhor apenas [dois senhores]. Foi arregimentado para o exército do Senhor, e, como tal, não tem outra obrigação ou direito além de fazer a vontade do seu Senhor [II Tm 2.4], só sendo digno de galardão se cumpri-la integralmente, ou, do contrário, será digno de disciplina [Lc 12.48].

É EXPRESSÃO DE SERVIÇO AO SENHOR

19 Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? 20 Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.

O terceiro princípio é encontrado nos versos 19 e 20. Paulo afirma que ele pertence ao Senhor, por isso submete-se ao seu julgamento [I Co 4.4], ao mesmo tempo, coloca todos os demais cristãos na mesma categoria, ao afirmar que eles possuem o Espírito que o sela como propriedade de Deus [II Tm 2.19]. O cristão é um paradoxo espiritual. É carne, mas não é carnal. É espiritual, mas não é espírito. É santificado, mas tem que santificar-se. É um ser estranho porque vê dentro de si duas leis a se confrontarem [Rm 7.25], possui duas naturezas, é carnal e é também espiritual. Passa por uma transformação radical e total [Jo 5.24], entretanto esta transformação se manifesta paulatinamente, e às vezes, em altos e baixos, com avanços e retrocessos [I Jo 2.1]. A vontade é transformada, mas ainda assim enfrenta uma luta incessante contra si mesma, num estranho desejo de dizer não ao que se deseja [Rm 7.15]. Este estranho ser é chamado para ser livre, mas ao mesmo tempo em que é liberto de um impiedoso Senhor [II Tm 2.26] toma para si um Senhor, entregando-se totalmente em suas mãos [Sl 37.5] buscando, então, fazer sempre a vontade deste senhor, mesmo que ao fazer isso suprima sua própria vontade [Gl 5.17] – ou, o que é muito melhor, tenha sua vontade moldada pela vontade deste Senhor sempre bondoso e misericordioso [Rm 12.2].

O verdadeiro cristão sabe que foi comprado por um preço muito, muito alto [I Co 7.23 ], preço que nenhum homem conseguiria pagar [Sl 49.7-8]. Sabe que este preço foi o sangue do cordeiro de Deus, o sangue do próprio Cristo [Hb 10.10] que entregou-se a si mesmo na cruz do calvário, para remover a condenação que pairava sobre os seus [Jo 3.36] e exclamou que a divida estava, definitiva e totalmente paga [Jo 19.30], exultando no resultado do penoso trabalho de sua alma [Is 53.11]. Esta entrega confiante leva o cristão a servir a Cristo com alegria [Sl 100.2], sabedor que, agradando ao seu Senhor terá, também muitos motivos para alegrar-se [Ne 8.10] e, mesmo que as circunstâncias não sejam agradáveis, ainda assim poderá confiar na bondade e misericórdia do Senhor [Lm 3.22] que no seu tempo e a seu modo demonstra a diferença entre quem teme ao Senhor e quem não o teme [Ml 3.18].

O homem está sempre a serviço de alguém. Mesmo quando é libertado, é libertado para tornar-se servo. É livre para fazer o bem, é livre para alegrar-se no Senhor [Sl 32.11], é livre para louvar a Deus [Jr 20.13], é livre para resistir ao diabo [Tg 4.7], é livre para amar a todos, os da família da fé [Gl 6.10] e até os inimigos [Lc 6.27]. Comprados por preço altíssimo, o sangue do próprio filho de Deus [Hb 9.11-12], somos chamados para viver a seu serviço, para adorá-lo e segui-lo como seus discípulos [Jo 15.14] e seremos conhecidos como tais [Jo 13.35] se fizermos a mais importante de todas as ações: nos amarmos [I Co 13.1-3]. Não há cristianismo sem amor. Sem amor é só barulho, é só hipocrisia, e só fachada. Cristianismo sem amor é mera religião, é formalismo e prática da carne por pessoas carnais [Jo 3.6] sem quaisquer efeitos espirituais [I Co 2.14] porque a justiça do homem não tem valor algum diante da santidade de Deus [Is 64.6].

CONCLUSÃO

Destas três verdades fundamentais que devem nortear a vida do cristão, ficam lições preciosas para a Igreja do Senhor de todas as épocas:

i. Qualquer ação da Igreja deve ser movida pelo amor a Deus, ao próximo e a si mesmo tendo como norma prioritária sua utilidade, conveniência e poder para edificar. Qualquer ação da Igreja deve ser motivada pelo exercício dos dons espirituais com o dedicado amor fraternal [Ef 4.12]. Cada membro tem uma função, um é mão, outro pé, outro junta [Ef 4.16].

ii. Qualquer ação da Igreja deve ser fruto da liberdade que Cristo deu a cada um dos seus amigos para se desvencilharem do odioso fardo do pecado [Mt 11.28-30] e viverem uma nova vida, sabedores que todas as coisas velhas que os prendiam foram despedaçadas, tudo se fez novo [II Co 5.17], foram refeitos em Cristo [Cl 3.10].

iii. Qualquer ação da Igreja deve ter como alvo a glória de Cristo. E a glória de Cristo é ver seus discípulos, aqueles que comprou pagando tão algo preço, vivendo justa, santa, reta e piedosamente [Tt 2.11-14] mesmo que assediados constantemente por ataques de uma geração má e adúltera.

A lógica conclusão de Jesus é que todas as nossas ações devem ter como alvo final vivermos a vida de Cristo em nós [Gl 2.20], crescendo diariamente até atingirmos a estatura de varão perfeito. Assim, conclamo cada cristão genuíno, cada cristão verdadeiro, cada lavado, remido no sangue de Cristo Jesus a, à partir de hoje e de agora, buscarem viver esta nova vida, numa consagração ou reconsagração de vida ao Senhor. Em nome do Senhor Jesus vamos viver usando nossos dons e talentos para edificação do corpo de Cristo, para demonstrar que a liberdade que temos no Senhor é instrumento poderoso de bênção mútua e glorifica ao nosso Senhor.

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