Era uma vez…
Espere, como assim era uma vez? A história não acabou. Embora
um escrito de filosofia histórica do cientista político nipo-estadunidense Francis
Fukuyama tenha decretado o fim da história em 1989, ele próprio foi obrigado a,
23 anos depois, admitir que a história o vencera – seu artigo era obsoleto,
embora, com sua tese, ele houvesse entrado para a história que ele julgara
morta.
O fim da história seria, também, o fim da narrativa, o fim
da opinião, seria o estabilishment definitivo da censura porque ninguém mais
poderia dizer nada – não haveria mais nada a ser dito, apenas a obediência a um
sistema cíclico e viciosamente autossustentável.
Não acredito no fim da história, não acredito na censura, não
concordo com um mundo onde as opiniões sejam pesadas por outros que possam dizer
isso pode ou isso não pode. É impossível admitirmos que, numa democracia, haja
quem queira impor ao outro a ditadura do discurso unificado – pode tudo a
favor, mesmo que seja um discurso fabricado, e nada contra, mesmo que apenas catalogue
e relate os fatos, pura e simplesmente.
Acredito num mundo onde você e eu podemos divergir
radicalmente e, nesta divergência trocando opiniões, ambos crescerem em seus
argumentos, e depois, ainda assim assentarmos à mesma mesa. Mas, no fim, se eu não
gostar da sua opinião, posso, simplesmente, não mais perder tempo com ela,
investi-lo em coisas que me interessem mais – mas ainda assim você terá pleno
direito a defendê-la e, sabe de uma coisa, por discordar da censura, sempre
defenderei o seu direito de expressá-la. Este é o mais sublime direito que você
e eu temos: o de, simplesmente, ter opinião.
Nenhum comentário:
Postar um comentário