segunda-feira, 7 de março de 2016

RAZÕES (ÍMPIAS) PARA (NÃO) HONRAR A DEUS

Antes de dar os meus primeiros passos na Igreja eu ouvia falar de uma tal de lei de crente – e isto só aumentava o meu preconceito em relação aos crentes, em parte motivada pelo meu ateísmo e as inúmeras e frustradas tentativas de “me converterem a qualquer custo” e também pelo estereótipo que eu bem conhecia: homens sempre sisudos, com vestes sociais, dados a pouca conversa a não ser sobre coisas da Igreja, sempre carregando uma bíblia debaixo do braço, meninas proibidas se arrumarem, cortar cabelo ou usarem batom, proibidas de namorar e sempre de roupas absurdamente compridas para o calor da Bahia… já os rapazes também eram proibidos de jogar futebol ou até mesmo ir para a praia principal da cidade – iam ao rio, mas em lugares mais afastados, como eu pude constatar depois.
Pelo que eu via eu pensava: não quero ser assim. Não quero ser crente. Não tem alegria, não tem diversão, não tem festa, não tem carnaval nem futebol… e eu dizia pra mim mesmo: nunca vou passar pra essa tal lei de crente porque, como eu a conhecia, ela, de fato, era opressiva e não libertadora. E muito do que eu via não passava de ordenanças institucionais, exigidas por instituições mas que não tinham origem em Deus – eram meros costumes, meros mandamentos de homens. Ainda sem conhecer as Escrituras havia um pouco de bom senso em minha rebeldia e incredulidade (Is 29:13 - O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu).
Apesar disso tinha amigos cristãos, presbiterianos, batistas, assembleianos – e curiosamente quem mais me falava de Deus era um jovem que havia abandonado a sua denominação, também ela cheia de mandamentos humanos e legalismo. Eu lia a bíblia constantemente e não encontrava explicação para muitos dos não pode que havia nas Igrejas – e aparentemente a nova geração de pastores destas denominações também não encontraram, tanto que muitas foram sendo abolidas. Mas o fato é que naquela religião, na tal da lei de crente não me parecia possível ter prazer na lei de Deus.
Mas nos dias de Malaquias o povo também não tinha prazer em Deus – e colocava a culpa no próprio Deus, em sua lei que, para os verdadeiros crentes, é mais doce que o mel e o destilar dos favos (Sl 19.9-10 - O temor do SENHOR é límpido e permanece para sempre; os juízos do SENHOR são verdadeiros e todos igualmente, justos. 10 São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos).
Vamos conhecer mais uma razão (ímpia) para (não) honrar a Deus. Eles desprezavam a Deus e menosprezavam as suas coisas. Antes de prosseguirmos para a leitura do texto sagrado, é preciso que você tenha em mente qual era o sentimento que Deus diz haver no coração do seu povo em relação a ele.
Desprezo, ou menosprezo, é um sentimento muito forte de desrespeito e antipatia, muito semelhante ao ódio com a diferença de conter um elemento de pretensa superioridade, considerando a pessoa desprezada como indigna e contra quem sente alguma forma de amargura. O desprezo também traz a convicção de que o que é desprezado é inútil em todos os aspectos que puderem ser considerados.
Vamos ao texto de Malaquias, então:
6 O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? —diz o SENHOR dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome?
7 Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e ainda perguntais: Em que te havemos profanado? Nisto, que pensais: A mesa do SENHOR é desprezível.
8 Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador; acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? —diz o SENHOR dos Exércitos.
9 Agora, pois, suplicai o favor de Deus, que nos conceda a sua graça; mas, com tais ofertas nas vossas mãos, aceitará ele a vossa pessoa? —diz o SENHOR dos Exércitos.
10 Tomara houvesse entre vós quem feche as portas, para que não acendêsseis, debalde, o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oferta.
11 Mas, desde o nascente do sol até ao poente, é grande entre as nações o meu nome; e em todo lugar lhe é queimado incenso e trazidas ofertas puras, porque o meu nome é grande entre as nações, diz o SENHOR dos Exércitos.
12 Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do SENHOR é imunda, e o que nela se oferece, isto é, a sua comida, é desprezível.
13 E dizeis ainda: Que canseira! E me desprezais, diz o SENHOR dos Exércitos; vós ofereceis o dilacerado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta. Aceitaria eu isso da vossa mão? —diz o SENHOR.
14 Pois maldito seja o enganador, que, tendo um animal sadio no seu rebanho, promete e oferece ao SENHOR um defeituoso; porque eu sou grande Rei, diz o SENHOR dos Exércitos, o meu nome é terrível entre as nações.
Ml 1.6-14

DESPREZO POR DEUS

6 O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? — diz o SENHOR dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome?
O primeiro problema constatado – e que, como já vimos, refletia na maneira como Israel cultuava a Deus – é que Deus era desprezado. Sempre ouvimos falar que os judeus tinham um grande cuidado com a pronuncia do nome santo do Senhor, e que este cuidado foi levado tão a sério e tão supersticiosamente que eles acabaram perdendo a pronúncia correta, sobrando apenas as quatro letras do tetragrama sagrado, IHvH, acrescidas das vogais do nome ADONAI com a contração das duas últimas letras. Assim, quando um judeu ia ler o nome sagrado, lia Adonai… quando iam escrever o nome usavam um instrumento dourado especial, evitando usar o mesmo instrumento que era usado para outros nomes.
Tudo para não tomar o nome do Senhor em vão (Êx 20:7 - Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão) mas este formalismo não passava de ritualismo. Diziam terem temor do Senhor em seus corações mas, na verdade, o Senhor lhes diz que eles o desprezavam, não lhe davam o valor, a honra que lhe era devida e ainda diziam que Deus não sabia de nada, que o julgamento de Deus a respeito deles era equivocado e ousam questionar quando Deus lhes diz que eles o desprezavam – e, evidentemente, somente por julgarem Deus como um inferior ousavam fazer tal coisa, de modo que, fazendo-o, evidenciavam ainda mais os eu desprezo (Sl 50:21 - Tens feito estas coisas, e eu me calei; pensavas que eu era teu igual; mas eu te arguirei e porei tudo à tua vista).
Rapidamente nos voltamos contra os israelitas e dizemos: povo de coração duro, povo de dura cerviz (At 7:51 - Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis). E eram mesmo. Deus diz que eles eram assim. Não honravam ao Senhor. Não o respeitavam. Como podiam? Como eles podiam? COMO ELES PODIAM?!, gritamos indignados num assomo de desprezo por eles…
Espere um pouco, não seja tão duro com eles… pense um pouco nos crentes do sec. XXI, mesmo depois da mais que abundante graça de Deus (Rm 5:20 - Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça) demonstrada e provada por intermédio de Cristo Jesus (Rm 5:8 - Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores). Eles também dão ao nome do Senhor o mesmo valor? O que tem a primazia em suas vidas, em seus corações? Quais as coisas pelas quais mais anseiam? O anseio fundamental é por estar na presença de Deus, na casa de Deus, tanto quanto os guardas ansiavam pelo romper da manhã (Sl 130:6 - A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã. Mais do que os guardas pelo romper da manhã)… suspiram pela presença de Deus tanto quanto as corças pelas correntes de águas (Sl 42:1 - Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma)?
É, não são, nem serão, nem jamais seremos em nada melhores do que os judeus dos dias de Malaquias se Deus não for a mais absoluta prioridade em suas vidas (Mt 6:33 - …buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas). E, por favor, não diga que a fala de Malaquias era dirigida apenas aos sacerdotes porque os cristãos foram feitos um povo de sacerdotes para louvor de sua glória (I Pe 2:9 - Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz).

MENOSPREZO PELAS COISAS DE DEUS

7 Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e ainda perguntais: Em que te havemos profanado? Nisto, que pensais: A mesa do SENHOR é desprezível.
8 Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador; acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? —diz o SENHOR dos Exércitos.
Se o próprio Deus é desprezado não deveríamos esperar maiores considerações pelas coisas de Deus. Os judeus que voltaram com Esdras e Neemias, que tiveram como profetas do retorno Ageu e Zacarias esperavam grande prosperidade. Construíram um novo templo, sem a suntuosidade que havia caracterizado o templo de Salomão, mas que servia para a adoração dos que retornaram.
Mas o tempo passava e a tão almejada prosperidade não chegava, os inimigos ameaçavam de todos os lados e logo começaram a culpar Deus que não os abençoava apesar de sua piedade, apesar de estarem no templo constantemente e de não deixarem que os sacrifícios parassem de ser oferecidos. Malaquias lhes diz que eles viam a questão de uma maneira equivocada. As adversidades que recaiam sobre eles não era apesar de sua piedade, mas, pelo contrário, justamente por causa de sua hipocrisia: uma adoração hipócrita, desleixo para com a casa do Senhor e ofertas inaceitáveis.
O desprezo por Deus acabava se manifestando no menosprezo pelas coisas de Deus. Não honrar a Deus como pai, como era dever sagrado para os judeus, refletia-se na sua dureza de coração ao tratar das coisas que eram devidas a um pai, especialmente ao respeito. Não temer ao Senhor resultava em servos que não serviam, servos rebeldes e desobedientes mas que se julgavam dignos de recompensa mesmo detestando o serviço por detestarem o Senhor (Mt 25:24-26 -  Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, 25 receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. 26 Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei?)           .
Sua atitude de desprezo interior pelas coisas de Deus torna-se em menosprezo explícito quando iam aos átrios do Senhor por obrigação exatamente como aqueles que foram enviados para o exilio (Is 1:12 - Quando vindes para comparecer perante mim, quem vos requereu o só pisardes os meus átrios?). Malaquias diz ao Israel de seus dias que eles eram iguais aos que foram exilados e que Deus não se agrada de seu culto meramente formal (Is 29:13 - O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu). Se os primeiros mereceram o exilio, os segundos não mereciam ter voltado pois todos eram igualmente pecadores (Rm 3:23 - …pois todos pecaram e carecem da glória de Deus).
Iam para o culto com o coração indisposto – fosse qual fosse o motivo o desejo mais profundo não era o de agradar a Deus com um culto espiritual, integral e verdadeiro (Rm 12:1 - Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional). Se não amavam a Deus, se o detestavam e consideravam seu jugo pesado (e isto era assim porque quando iam oferecer seu culto de qualquer jeito cultuavam a si mesmos num evento social que era abominável aos olhos do Senhor - Ml 1:10 - Tomara houvesse entre vós quem feche as portas, para que não acendêsseis, debalde, o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oferta) bem diferente do que é o jugo do Senhor (Mt 11:30 - Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve).
Se não ofereciam o coração, como poderiam oferecer também o bolso? Se não amavam a Deus como poderiam oferecer o melhor pão? Se não tinham prazer diante do Senhor porque oferecer o novilho perfeito como mandava a lei (veja Lv 1:3 - Se a sua oferta for holocausto de gado, trará macho sem defeito; à porta da tenda da congregação o trará, para que o homem seja aceito perante o SENHOR. E ainda: Lv 1:10 - Se a sua oferta for de gado miúdo, de carneiros ou de cabritos, para holocausto, trará macho sem defeito. E também: Lv 3:1 - Se a oferta de alguém for sacrifício pacífico, se a fizer de gado, seja macho ou fêmea, oferecê-la-á sem defeito diante do SENHOR)?
A impressão que temos é que, quando iam oferecer seus animais impuros eles sequer ficavam no templo até o fim (Ml 1.12 - Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do SENHOR é imunda, e o que nela se oferece, isto é, a sua comida, é desprezível) para não terem que comer da oferta (Dt 14:23 - E, perante o SENHOR, teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu cereal, do teu vinho, do teu azeite e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer o SENHOR, teu Deus, todos os dias). Quem não tem prazer em Deus não tem prazer nas coisas de Deus e não cumpre sequer a obrigação.

O JUIZO DE DEUS

8 Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador; acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? - diz o SENHOR dos Exércitos.
9 Agora, pois, suplicai o favor de Deus, que nos conceda a sua graça; mas, com tais ofertas nas vossas mãos, aceitará ele a vossa pessoa? - diz o SENHOR dos Exércitos.
10 Tomara houvesse entre vós quem feche as portas, para que não acendêsseis, debalde, o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oferta.
11 Mas, desde o nascente do sol até ao poente, é grande entre as nações o meu nome; e em todo lugar lhe é queimado incenso e trazidas ofertas puras, porque o meu nome é grande entre as nações, diz o SENHOR dos Exércitos.
12 Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do SENHOR é imunda, e o que nela se oferece, isto é, a sua comida, é desprezível.
13 E dizeis ainda: Que canseira! E me desprezais, diz o SENHOR dos Exércitos; vós ofereceis o dilacerado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta. Aceitaria eu isso da vossa mão? - diz o SENHOR.
Deus nos convida para fazermos uma reflexão sobre o nosso culto, sobre o nosso estilo de vida diante dele, e, mais especificamente, sobre a nossa adoração. Ela é integral? É de todo o coração? De toda a força? De todo o entendimento? Ou é meramente formal? Deus chama Israel para fazer um teste e lhes pergunta: se você tivesse que oferecer um animal ao governador (provavelmente um sátrapa babilônico) ofereceria um igual ao que está oferecendo ao Senhor? Se você tivesse que fazer um investimento do qual poderia ter o retorno que “resolveria sua vida” você colocaria o mesmo empenho que tem colocado nas coisas do Senhor?
Você teria a mesma disposição para encontrar-se com os poderosos desta terra que tem para colocar-se diante do Senhor de toda a terra? Se teu chefe te convocasse 30 vezes num mês para reunir-se com ele, mesmo que fosse para dar-te mais trabalho, você iria? Se o governante da vez (ao menos um por quem você ainda tenha alguma consideração) te convocasse para uma audiência, você iria? Se o juiz de direito da comarca te intimasse, comparecerias? Mas e para aquele que trabalha por seus servos, que te chama para dar-te alívio e repouso, quantas de suas convocações tem sido rejeitadas (Mt 11:28 - Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei).
A verdade é que com o coração longe de Deus ele não tem a menor inclinação em atender, aliás, ele dá o pago segundo tais inclinações pecaminosas (Sl 28:4 - Paga-lhes segundo as suas obras, segundo a malícia dos seus atos; dá-lhes conforme a obra de suas mãos, retribui-lhes o que merecem). De que adianta suplicar o favor de Deus, orar pedindo a graça de Deus se, quando estendeis as mãos, ele olha e vê nelas sangue que representa rebeldia e desobediência (Is 1:15 - Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue).
É triste pensar que quando os membros da Igreja Presbiteriana se reúnem Deus pode estar olhando e dizendo: preferia as portas fechadas para estes… talvez não todos, pois embora todos sejam pecadores nem todos devem, necessariamente, estar oferecendo um culto hipócrita – mas o fato é que Deus não deseja ofertas (inclusive culto, e não apenas dinheiro) que não sejam fruto de um coração contrito (Sl 51:17 - Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus).
Se você pensar que pode cair no absurdo de dizer que “se eu não fizer, então, quem vai fazer? É melhor Deus receber o que tenho do que ficar sem” já nos dias de Malaquias Deus afirma que não precisava da adoração de nenhum judeu hipócrita, como não precisa da adoração de nenhum crente hipócrita – seu nome é grande, independente de mim e de você. Seu nome é exaltado entre as nações – e é justamente este nome santo que vinha sendo profanado com um culto “mais ou menos”, “de qualquer jeito”, “ritualístico” e não espiritual. Por melhor que seja a oferta, se o coração não for sincero, Deus não aceita – e o hipócrita só oferece o que não precisa mais, porque julga as coisas do Senhor desprezíveis.
Se seu culto não for espiritual, se não fruto da gratidão ao Senhor que te livrou do império das trevas (Cl 1:13 - Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor) então ele não passará de canseira e enfado para você (v. 13 E dizeis ainda: Que canseira! E me desprezais, diz o SENHOR dos Exércitos; vós ofereceis o dilacerado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta. Aceitaria eu isso da vossa mão? —diz o SENHOR).

A RECOMPENSA DIVINA

14 Pois maldito seja o enganador, que, tendo um animal sadio no seu rebanho, promete e oferece ao SENHOR um defeituoso; porque eu sou grande Rei, diz o SENHOR dos Exércitos, o meu nome é terrível entre as nações.
Você já se perguntou como é que Deus se sente quando vê alguém que tão somente “pisa nos átrios” e não passa disso? Como será que Deus julga alguém que, embora com os lábios louve, tenha o coração, isto é, o centro de sua vida, a sua razão de viver, as suas motivações mais interiores bem distantes dele? Aqui temos uma resposta simples, clara e objetiva de Deus. Ele diz: “Maldito seja o enganador”… mas não pense que alguém assim é chamado de enganador porque esteja enganando Deus. Ananias e Safira tentaram enganar o Senhor e o resultado foi a morte imediata (At 5:4 - Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus).
Como enganar àquele diante de quem as trevas não são escuras (Sl 139:12 - …até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa)? Como achar que pode enganar aquele que vê em secreto – geralmente só lembramos disso quando pensamos em bênção, não é (Mt 6:6 - Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará)?
Uma vida que pretende ser cristã mas que se resume a oferecer o tempo que sobra, a energia que sobra, a ocupar os bancos da Igreja uma ou duas vezes por semana, oferecer o dinheiro que (nunca) sobra então, não estamos diante de um cristão, mas de um enganador, de alguém que se julga crente mas que, no fim, não possui aquilo que o Senhor chama de piedade sábia e conhecimento de Deus, isto é, não possui o temor do Senhor (Pv 9:10 - O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é prudência).
Uma vida assim é sempre vazia. Sempre falta algo. Sempre é correr atrás de algo que, quando alcançado, se revela nada menos que insatisfatório… sim, é correr atrás do vento… é vaidade… e, pior, é frustração. E é frustração não porque as coisas que se pode alcançar sejam ruins em si mesmas, mas porque nada pode satisfazer o anseio do coração do homem pelo paraíso, por estar prazerosamente na presença de Deus. Fomos criados para isso – e essa é uma bênção que Deus dá aqueles que vivem em aliança com ele (Sl 25:14 - A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança).
Qualquer coisa menos que isso é absolutamente insatisfatória, é maldição. Não ter Deus é pior que não ter absolutamente nada. Não ter Deus como amigo é tê-lo como adversário, como inimigo. Não estar sob a bênção de Deus é estar sob sua maldição. Não ter prazer na presença de Deus é ser expulso de sua presença – e de nada adiantará clamar quando o juízo estiver estabelecido (Mq 3:4 - Então, chamarão ao SENHOR, mas não os ouvirá; antes, esconderá deles a sua face, naquele tempo, visto que eles fizeram mal nas suas obras).
Não se deixe enganar – de Deus não se zomba (Gl 6:7 - Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará). Do reto juiz a única coisa que podemos esperar é a aplicação da reta justiça, pois ele é o juiz de toda a terra (Gn 18:25 - Longe de ti o fazeres tal coisa, matares o justo com o ímpio, como se o justo fosse igual ao ímpio; longe de ti. Não fará justiça o Juiz de toda a terra?), e, no tempo aprazado, teremos a oportunidade de ver a diferença entre os que o temem e os que agiram perversamente (Ml 3:18 - Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve) mesmo que joio e trigo sejam muito parecidos, mesmo que tenham sido plantados juntos, mesmo que cresçam juntos e permaneçam juntos por um bom tempo, no dia do juízo uns e outros serão colhidos, o joio para o fogo e o trigo para os celeiros (Mt 13:30 - Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro).

CONSELHOS FINAIS PARA VERDADEIROS CRENTES

Uma das práticas comuns dos muito religiosos e pouco piedosos judeus era atribuir as suas mazelas aos seus antepassados (Ez 18:2 - Que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram?). Esta prática foi absorvida e divulgada pela psicologia e está presente na cosmovisão do homem moderno.
Não está fazendo direito? Culpe o sistema educacional. Não está dando certo? Culpe o sistema político. Não está sobrando dinheiro? Culpe o sistema econômico. Não está adorando direito? Culpe o sistema eclesiástico, a frieza da Igreja. Não tem ânimo para cultuar? Culpe o sistema litúrgico, o pastor, os presbíteros, a equipe de louvor, a família… ache alguém, ou alguma coisa, e tire a responsabilidade de seus ombros.
Agora, quer fazer um exercício de honestidade? Separe um tempo para você e Deus. Pegue um papel, uma caneta, ore ao Senhor para dar a você o discernimento para inquirir seu próprio coração e depois tente responder a esta simples pergunta: “porque eu não adoro a Deus como ele quer que eu o adore?” Tente ser absolutamente sincero e anotar onde você está falhando, sem pensar nas causas de suas falhas. Tarefa cumprida? Ainda não… tente agora achar os responsáveis por suas falhas… seu emprego que toma tempo demais? Sua família que não te ajuda? Seu salário que é muito pequeno? Sua saúde que não é a melhor? Mora longe? Chove? Faz sol?
Tarefa pronta? Ainda não… continue neste exercício de sinceridade diante do Senhor e responda a mais uma pergunta: você tem realmente prazer em Deus e nas coisas de Deus? Abriria mão de algumas destas coisas ou superaria estes obstáculos simplesmente para estar na presença do Senhor Deus na casa do Senhor Deus (Sl 84:10 - Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade)? E se você tivesse o mundo inteiro, alguma coisa mudaria em seu coração ou investiria ainda mais tempo e esforço na administração deste seu mundo (Lc 9:25 - Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo?).
Quer continuar?… olhe para dentro de si mesmo, para o mais profundo de sua alma no espelho da Palavra de Deus… se estas coisas que você julga serem impedimentos desaparecessem, você realmente agiria diferente? Olhe seu reflexo segundo a Palavra de Deus: quem você vê? Talvez você vá encontrar, neste reflexo, alguém que já teve tudo ou que tentou de tudo e agora, assentado, trabalhando, insatisfeito consigo mesmo e com tudo e sozinho, anseia por retornar para a casa do pai… levante-se… vá ter com o pai… peça-lhe para restaurar seu coração, sua alma, sua vida…
Pronto… você encontrou o responsável. Alguém que não tem prazer em Deus nem nas coisas de Deus. E agora? Só lhe resta dizer: “Pai, pequei”… “Senhor, salva-me”… só resta pedir restauração ao Senhor (Is 38:16 - Senhor, por estas disposições tuas vivem os homens, e inteiramente delas depende o meu espírito; portanto, restaura-me a saúde e faze-me viver).

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