Antes de dar os meus primeiros passos na Igreja eu ouvia
falar de uma tal de lei de crente – e isto só aumentava o meu preconceito em
relação aos crentes, em parte motivada pelo meu ateísmo e as inúmeras e
frustradas tentativas de “me converterem a qualquer custo” e também pelo
estereótipo que eu bem conhecia: homens sempre sisudos, com vestes sociais,
dados a pouca conversa a não ser sobre coisas da Igreja, sempre carregando uma
bíblia debaixo do braço, meninas proibidas se arrumarem, cortar cabelo ou
usarem batom, proibidas de namorar e sempre de roupas absurdamente compridas para
o calor da Bahia… já os rapazes também eram proibidos de jogar futebol ou até
mesmo ir para a praia principal da cidade – iam ao rio, mas em lugares mais
afastados, como eu pude constatar depois.
Pelo que eu via eu pensava: não quero ser assim. Não quero
ser crente. Não tem alegria, não tem diversão, não tem festa, não tem carnaval
nem futebol… e eu dizia pra mim mesmo: nunca vou passar pra essa tal lei de
crente porque, como eu a conhecia, ela, de fato, era opressiva e não
libertadora. E muito do que eu via não passava de ordenanças institucionais,
exigidas por instituições mas que não tinham origem em Deus – eram meros
costumes, meros mandamentos de homens. Ainda sem conhecer as Escrituras havia
um pouco de bom senso em minha rebeldia e incredulidade (Is 29:13 - O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de
mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está
longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens,
que maquinalmente aprendeu).
Apesar disso tinha amigos cristãos, presbiterianos, batistas,
assembleianos – e curiosamente quem mais me falava de Deus era um jovem que
havia abandonado a sua denominação, também ela cheia de mandamentos humanos e
legalismo. Eu lia a bíblia constantemente e não encontrava explicação para
muitos dos não pode que havia nas
Igrejas – e aparentemente a nova geração de pastores destas denominações também
não encontraram, tanto que muitas foram sendo abolidas. Mas o fato é que
naquela religião, na tal da lei de crente não me parecia possível ter prazer na
lei de Deus.
Mas nos dias de Malaquias o povo também não tinha prazer em
Deus – e colocava a culpa no próprio Deus, em sua lei que, para os verdadeiros
crentes, é mais doce que o mel e o destilar dos favos (Sl 19.9-10 - O temor do SENHOR é límpido e permanece para
sempre; os juízos do SENHOR são verdadeiros e todos igualmente, justos. 10
São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais
doces do que o mel e o destilar dos favos).
Vamos conhecer mais uma razão (ímpia) para (não) honrar a
Deus. Eles desprezavam a Deus e menosprezavam as suas coisas. Antes de
prosseguirmos para a leitura do texto sagrado, é preciso que você tenha em
mente qual era o sentimento que Deus diz haver no coração do seu povo em
relação a ele.
Desprezo, ou menosprezo, é um sentimento muito forte de
desrespeito e antipatia, muito semelhante ao ódio com a diferença de conter um
elemento de pretensa superioridade, considerando a pessoa desprezada como
indigna e contra quem sente alguma forma de amargura. O desprezo também traz a
convicção de que o que é desprezado é inútil em todos os aspectos que puderem
ser considerados.
Vamos ao texto de Malaquias, então:
6 O
filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a
minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? —diz
o SENHOR dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu
nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome?
7
Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e ainda perguntais: Em que te havemos profanado?
Nisto, que pensais: A mesa do SENHOR é desprezível.
8
Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando
trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu
governador; acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? —diz o SENHOR dos
Exércitos.
9
Agora, pois, suplicai o favor de Deus, que nos conceda a sua graça; mas, com
tais ofertas nas vossas mãos, aceitará ele a vossa pessoa? —diz o SENHOR dos
Exércitos.
10
Tomara houvesse entre vós quem feche as portas, para que não acendêsseis,
debalde, o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos
Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oferta.
11
Mas, desde o nascente do sol até ao poente, é grande entre as nações o meu
nome; e em todo lugar lhe é queimado incenso e trazidas ofertas puras, porque o
meu nome é grande entre as nações, diz o SENHOR dos Exércitos.
12
Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do SENHOR é imunda, e o que nela se
oferece, isto é, a sua comida, é desprezível.
13 E
dizeis ainda: Que canseira! E me desprezais, diz o SENHOR dos Exércitos; vós
ofereceis o dilacerado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta. Aceitaria
eu isso da vossa mão? —diz o SENHOR.
14
Pois maldito seja o enganador, que, tendo um animal sadio no seu rebanho,
promete e oferece ao SENHOR um defeituoso; porque eu sou grande Rei, diz o
SENHOR dos Exércitos, o meu nome é terrível entre as nações.
Ml 1.6-14
DESPREZO POR DEUS
6 O
filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha
honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? — diz o SENHOR
dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis:
Em que desprezamos nós o teu nome?
O primeiro problema constatado – e que, como já vimos,
refletia na maneira como Israel cultuava a Deus – é que Deus era desprezado.
Sempre ouvimos falar que os judeus tinham um grande cuidado com a pronuncia do
nome santo do Senhor, e que este cuidado foi levado tão a sério e tão
supersticiosamente que eles acabaram perdendo a pronúncia correta, sobrando
apenas as quatro letras do tetragrama sagrado, IHvH,
acrescidas das vogais do nome ADONAI com a contração das duas últimas letras.
Assim, quando um judeu ia ler o nome sagrado, lia Adonai… quando iam escrever o
nome usavam um instrumento dourado especial, evitando usar o mesmo instrumento
que era usado para outros nomes.
Tudo para não tomar o nome do Senhor em vão (Êx 20:7 - Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão,
porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão) mas este
formalismo não passava de ritualismo. Diziam terem temor do Senhor em seus
corações mas, na verdade, o Senhor lhes diz que eles o desprezavam, não lhe
davam o valor, a honra que lhe era devida e ainda diziam que Deus não sabia de
nada, que o julgamento de Deus a respeito deles era equivocado e ousam
questionar quando Deus lhes diz que eles o desprezavam – e, evidentemente,
somente por julgarem Deus como um inferior ousavam fazer tal coisa, de modo
que, fazendo-o, evidenciavam ainda mais os eu desprezo (Sl 50:21 - Tens feito estas coisas, e eu me calei; pensavas
que eu era teu igual; mas eu te arguirei e porei tudo à tua vista).
Rapidamente nos voltamos contra os israelitas e dizemos: povo
de coração duro, povo de dura cerviz (At 7:51 -
Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre
resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis). E eram
mesmo. Deus diz que eles eram assim. Não honravam ao Senhor. Não o respeitavam.
Como podiam? Como eles podiam? COMO ELES PODIAM?!, gritamos indignados num assomo
de desprezo por eles…
Espere um pouco, não seja tão duro com eles… pense um pouco
nos crentes do sec. XXI, mesmo depois da mais que abundante graça de Deus (Rm 5:20 - Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas
onde abundou o pecado, superabundou a graça)
demonstrada e provada por intermédio de Cristo Jesus (Rm 5:8 - Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo
fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores). Eles
também dão ao nome do Senhor o mesmo valor? O que tem a primazia em suas vidas,
em seus corações? Quais as coisas pelas quais mais anseiam? O anseio
fundamental é por estar na presença de Deus, na casa de Deus, tanto quanto os
guardas ansiavam pelo romper da manhã (Sl 130:6 -
A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã.
Mais do que os guardas pelo romper da manhã)… suspiram
pela presença de Deus tanto quanto as corças pelas correntes de águas (Sl 42:1 - Como suspira a corça pelas correntes das águas,
assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma)?
É, não são, nem serão, nem jamais seremos em nada melhores do
que os judeus dos dias de Malaquias se Deus não for a mais absoluta prioridade
em suas vidas (Mt 6:33 - …buscai, pois, em
primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas). E, por favor, não diga que a fala de Malaquias era
dirigida apenas aos sacerdotes porque os cristãos foram feitos um povo de
sacerdotes para louvor de sua glória (I Pe 2:9 -
Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade
exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das
trevas para a sua maravilhosa luz).
MENOSPREZO PELAS COISAS DE DEUS
7
Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e ainda perguntais: Em que te havemos
profanado? Nisto, que pensais: A mesa do SENHOR é desprezível.
8
Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando
trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu
governador; acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? —diz o SENHOR dos
Exércitos.
Se o próprio Deus é desprezado não deveríamos esperar maiores
considerações pelas coisas de Deus. Os judeus que voltaram com Esdras e
Neemias, que tiveram como profetas do retorno Ageu e Zacarias esperavam grande
prosperidade. Construíram um novo templo, sem a suntuosidade que havia
caracterizado o templo de Salomão, mas que servia para a adoração dos que
retornaram.
Mas o tempo passava e a tão almejada prosperidade não
chegava, os inimigos ameaçavam de todos os lados e logo começaram a culpar Deus
que não os abençoava apesar de sua piedade, apesar de estarem no templo
constantemente e de não deixarem que os sacrifícios parassem de ser oferecidos.
Malaquias lhes diz que eles viam a questão de uma maneira equivocada. As
adversidades que recaiam sobre eles não era apesar de sua piedade, mas, pelo
contrário, justamente por causa de sua hipocrisia: uma adoração hipócrita,
desleixo para com a casa do Senhor e ofertas inaceitáveis.
O desprezo por Deus acabava se manifestando no menosprezo
pelas coisas de Deus. Não honrar a Deus como pai, como era dever sagrado para
os judeus, refletia-se na sua dureza de coração ao tratar das coisas que eram
devidas a um pai, especialmente ao respeito. Não temer ao Senhor resultava em
servos que não serviam, servos rebeldes e desobedientes mas que se julgavam
dignos de recompensa mesmo detestando o serviço por detestarem o Senhor (Mt 25:24-26 -
Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que
és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, 25
receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. 26
Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde
não semeei e ajunto onde não espalhei?) .
Sua atitude de desprezo interior pelas coisas de Deus
torna-se em menosprezo explícito quando iam aos átrios do Senhor por obrigação
exatamente como aqueles que foram enviados para o exilio (Is 1:12 - Quando vindes para comparecer perante mim, quem vos
requereu o só pisardes os meus átrios?). Malaquias diz ao Israel
de seus dias que eles eram iguais aos que foram exilados e que Deus não se
agrada de seu culto meramente formal (Is 29:13 -
O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com
os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor
para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu). Se os
primeiros mereceram o exilio, os segundos não mereciam ter voltado pois todos
eram igualmente pecadores (Rm 3:23 - …pois todos
pecaram e carecem da glória de Deus).
Iam para o culto com o coração indisposto – fosse qual fosse
o motivo o desejo mais profundo não era o de agradar a Deus com um culto
espiritual, integral e verdadeiro (Rm 12:1 -
Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo
por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional). Se não
amavam a Deus, se o detestavam e consideravam seu jugo pesado (e isto era assim
porque quando iam oferecer seu culto de qualquer jeito cultuavam a si mesmos
num evento social que era abominável aos olhos do Senhor - Ml 1:10 - Tomara houvesse entre vós quem feche as portas,
para que não acendêsseis, debalde, o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em
vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oferta) bem
diferente do que é o jugo do Senhor (Mt 11:30 -
Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve).
Se não ofereciam o coração, como poderiam oferecer também o
bolso? Se não amavam a Deus como poderiam oferecer o melhor pão? Se não tinham
prazer diante do Senhor porque oferecer o novilho perfeito como mandava a lei
(veja Lv 1:3 - Se a sua oferta for holocausto de gado, trará
macho sem defeito; à porta da tenda da congregação o trará, para que o homem
seja aceito perante o SENHOR. E ainda: Lv 1:10 - Se a sua oferta
for de gado miúdo, de carneiros ou de cabritos, para holocausto, trará macho
sem defeito. E também: Lv 3:1 - Se a oferta de alguém for sacrifício pacífico, se a
fizer de gado, seja macho ou fêmea, oferecê-la-á sem defeito diante do SENHOR)?
A impressão que temos é que, quando iam oferecer seus animais
impuros eles sequer ficavam no templo até o fim (Ml 1.12 -
Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do SENHOR é imunda, e o que nela se
oferece, isto é, a sua comida, é desprezível) para não
terem que comer da oferta (Dt 14:23 - E, perante o
SENHOR, teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome,
comerás os dízimos do teu cereal, do teu vinho, do teu azeite e os primogênitos
das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer o SENHOR, teu
Deus, todos os dias). Quem não tem prazer em Deus não tem prazer nas
coisas de Deus e não cumpre sequer a obrigação.
O JUIZO DE DEUS
8
Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando
trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu
governador; acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? - diz o SENHOR
dos Exércitos.
9
Agora, pois, suplicai o favor de Deus, que nos conceda a sua graça; mas, com
tais ofertas nas vossas mãos, aceitará ele a vossa pessoa? - diz o SENHOR dos
Exércitos.
10
Tomara houvesse entre vós quem feche as portas, para que não acendêsseis,
debalde, o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos
Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oferta.
11
Mas, desde o nascente do sol até ao poente, é grande entre as nações o meu
nome; e em todo lugar lhe é queimado incenso e trazidas ofertas puras, porque o
meu nome é grande entre as nações, diz o SENHOR dos Exércitos.
12
Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do SENHOR é imunda, e o que nela se
oferece, isto é, a sua comida, é desprezível.
13 E
dizeis ainda: Que canseira! E me desprezais, diz o SENHOR dos Exércitos; vós
ofereceis o dilacerado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta. Aceitaria
eu isso da vossa mão? - diz o SENHOR.
Deus nos convida para fazermos uma reflexão sobre o nosso
culto, sobre o nosso estilo de vida diante dele, e, mais especificamente, sobre
a nossa adoração. Ela é integral? É de todo o coração? De toda a força? De todo
o entendimento? Ou é meramente formal? Deus chama Israel para fazer um teste e
lhes pergunta: se você tivesse que oferecer um animal ao governador
(provavelmente um sátrapa babilônico) ofereceria um igual ao que está
oferecendo ao Senhor? Se você tivesse que fazer um investimento do qual poderia
ter o retorno que “resolveria sua vida” você colocaria o mesmo empenho que tem
colocado nas coisas do Senhor?
Você teria a mesma disposição para encontrar-se com os
poderosos desta terra que tem para colocar-se diante do Senhor de toda a terra?
Se teu chefe te convocasse 30 vezes num mês para reunir-se com ele, mesmo que
fosse para dar-te mais trabalho, você iria? Se o governante da vez (ao menos um
por quem você ainda tenha alguma consideração) te convocasse para uma audiência,
você iria? Se o juiz de direito da comarca te intimasse, comparecerias? Mas e
para aquele que trabalha por seus servos, que te chama para dar-te alívio e
repouso, quantas de suas convocações tem sido rejeitadas (Mt 11:28 - Vinde a mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei).
A verdade é que com o coração longe de Deus ele não tem a
menor inclinação em atender, aliás, ele dá o pago segundo tais inclinações
pecaminosas (Sl 28:4 - Paga-lhes segundo as suas
obras, segundo a malícia dos seus atos; dá-lhes conforme a obra de suas mãos,
retribui-lhes o que merecem). De que adianta suplicar o favor
de Deus, orar pedindo a graça de Deus se, quando estendeis as mãos, ele olha e
vê nelas sangue que representa rebeldia e desobediência (Is 1:15 - Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós
os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as
vossas mãos estão cheias de sangue).
É triste pensar que quando os membros da Igreja Presbiteriana
se reúnem Deus pode estar olhando e dizendo: preferia as portas fechadas para
estes… talvez não todos, pois embora todos sejam pecadores nem todos devem,
necessariamente, estar oferecendo um culto hipócrita – mas o fato é que Deus
não deseja ofertas (inclusive culto, e não apenas dinheiro) que não sejam fruto
de um coração contrito (Sl 51:17 - Sacrifícios
agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito,
não o desprezarás, ó Deus).
Se você pensar que pode cair no absurdo de dizer que “se eu
não fizer, então, quem vai fazer? É melhor Deus receber o que tenho do que
ficar sem” já nos dias de Malaquias Deus afirma que não precisava da adoração
de nenhum judeu hipócrita, como não precisa da adoração de nenhum crente
hipócrita – seu nome é grande, independente de mim e de você. Seu nome é
exaltado entre as nações – e é justamente este nome santo que vinha sendo
profanado com um culto “mais ou menos”, “de qualquer jeito”, “ritualístico” e não
espiritual. Por melhor que seja a oferta, se o coração não for sincero, Deus
não aceita – e o hipócrita só oferece o que não precisa mais, porque julga as
coisas do Senhor desprezíveis.
Se seu culto não for espiritual, se não fruto da gratidão ao
Senhor que te livrou do império das trevas (Cl 1:13 -
Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho
do seu amor) então ele não passará de canseira e enfado para você (v. 13 E dizeis ainda: Que canseira! E me desprezais, diz o SENHOR
dos Exércitos; vós ofereceis o dilacerado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis
a oferta. Aceitaria eu isso da vossa mão? —diz o SENHOR).
A RECOMPENSA DIVINA
14
Pois maldito seja o enganador, que, tendo um animal sadio no seu rebanho,
promete e oferece ao SENHOR um defeituoso; porque eu sou grande Rei, diz o
SENHOR dos Exércitos, o meu nome é terrível entre as nações.
Você já se perguntou como é que Deus se sente quando vê
alguém que tão somente “pisa nos átrios” e não passa disso? Como será que Deus
julga alguém que, embora com os lábios louve, tenha o coração, isto é, o centro
de sua vida, a sua razão de viver, as suas motivações mais interiores bem
distantes dele? Aqui temos uma resposta simples, clara e objetiva de Deus. Ele
diz: “Maldito seja o enganador”… mas não pense que alguém assim é chamado de
enganador porque esteja enganando Deus. Ananias e Safira tentaram enganar o
Senhor e o resultado foi a morte imediata (At 5:4 -
Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder?
Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a
Deus).
Como enganar àquele diante de quem as trevas não são escuras
(Sl 139:12 - …até as próprias trevas não te serão
escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa)? Como
achar que pode enganar aquele que vê em secreto – geralmente só lembramos disso
quando pensamos em bênção, não é (Mt 6:6 -
Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu
Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará)?
Uma vida que pretende ser cristã mas que se resume a oferecer
o tempo que sobra, a energia que sobra, a ocupar os bancos da Igreja uma ou
duas vezes por semana, oferecer o dinheiro que (nunca) sobra então, não estamos
diante de um cristão, mas de um enganador, de alguém que se julga crente mas
que, no fim, não possui aquilo que o Senhor chama de piedade sábia e
conhecimento de Deus, isto é, não possui o temor do Senhor (Pv 9:10 - O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, e o
conhecimento do Santo é prudência).
Uma vida assim é sempre vazia. Sempre falta algo. Sempre é
correr atrás de algo que, quando alcançado, se revela nada menos que
insatisfatório… sim, é correr atrás do vento… é vaidade… e, pior, é frustração.
E é frustração não porque as coisas que se pode alcançar sejam ruins em si
mesmas, mas porque nada pode satisfazer o anseio do coração do homem pelo
paraíso, por estar prazerosamente na presença de Deus. Fomos criados para isso
– e essa é uma bênção que Deus dá aqueles que vivem em aliança com ele (Sl 25:14 - A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos
quais ele dará a conhecer a sua aliança).
Qualquer coisa menos que isso é absolutamente insatisfatória,
é maldição. Não ter Deus é pior que não ter absolutamente nada. Não ter Deus
como amigo é tê-lo como adversário, como inimigo. Não estar sob a bênção de
Deus é estar sob sua maldição. Não ter prazer na presença de Deus é ser expulso
de sua presença – e de nada adiantará clamar quando o juízo estiver
estabelecido (Mq 3:4 - Então, chamarão ao SENHOR,
mas não os ouvirá; antes, esconderá deles a sua face, naquele tempo, visto que
eles fizeram mal nas suas obras).
Não se deixe enganar – de Deus não se zomba (Gl 6:7 - Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo
que o homem semear, isso também ceifará). Do reto juiz a única
coisa que podemos esperar é a aplicação da reta justiça, pois ele é o juiz de
toda a terra (Gn 18:25 - Longe de ti o fazeres
tal coisa, matares o justo com o ímpio, como se o justo fosse igual ao ímpio;
longe de ti. Não fará justiça o Juiz de toda a terra?), e, no
tempo aprazado, teremos a oportunidade de ver a diferença entre os que o temem
e os que agiram perversamente (Ml 3:18 -
Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que
serve a Deus e o que não o serve) mesmo que joio e trigo sejam
muito parecidos, mesmo que tenham sido plantados juntos, mesmo que cresçam
juntos e permaneçam juntos por um bom tempo, no dia do juízo uns e outros serão
colhidos, o joio para o fogo e o trigo para os celeiros (Mt 13:30 - Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no
tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em
feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro).
CONSELHOS FINAIS PARA VERDADEIROS CRENTES
Uma das práticas comuns dos muito religiosos e pouco piedosos
judeus era atribuir as suas mazelas aos seus antepassados (Ez 18:2 - Que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel,
proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes
dos filhos é que se embotaram?). Esta prática foi absorvida e
divulgada pela psicologia e está presente na cosmovisão do homem moderno.
Não está fazendo direito? Culpe o sistema educacional. Não
está dando certo? Culpe o sistema político. Não está sobrando dinheiro? Culpe o
sistema econômico. Não está adorando direito? Culpe o sistema eclesiástico, a
frieza da Igreja. Não tem ânimo para cultuar? Culpe o sistema litúrgico, o
pastor, os presbíteros, a equipe de louvor, a família… ache alguém, ou alguma
coisa, e tire a responsabilidade de seus ombros.
Agora, quer fazer um exercício de honestidade? Separe um
tempo para você e Deus. Pegue um papel, uma caneta, ore ao Senhor para dar a
você o discernimento para inquirir seu próprio coração e depois tente responder
a esta simples pergunta: “porque eu não adoro a Deus como ele quer que eu o adore?”
Tente ser absolutamente sincero e anotar onde você está falhando, sem pensar
nas causas de suas falhas. Tarefa cumprida? Ainda não… tente agora achar os responsáveis
por suas falhas… seu emprego que toma tempo demais? Sua família que não te
ajuda? Seu salário que é muito pequeno? Sua saúde que não é a melhor? Mora
longe? Chove? Faz sol?
Tarefa pronta? Ainda não… continue neste exercício de
sinceridade diante do Senhor e responda a mais uma pergunta: você tem realmente
prazer em Deus e nas coisas de Deus? Abriria mão de algumas destas coisas ou
superaria estes obstáculos simplesmente para estar na presença do Senhor Deus
na casa do Senhor Deus (Sl 84:10 - Pois um dia nos
teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a
permanecer nas tendas da perversidade)? E se você tivesse o mundo
inteiro, alguma coisa mudaria em seu coração ou investiria ainda mais tempo e
esforço na administração deste seu mundo (Lc 9:25 -
Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar
dano a si mesmo?).
Quer continuar?… olhe para dentro de si mesmo, para o mais
profundo de sua alma no espelho da Palavra de Deus… se estas coisas que você
julga serem impedimentos desaparecessem, você realmente agiria diferente? Olhe
seu reflexo segundo a Palavra de Deus: quem você vê? Talvez você vá encontrar,
neste reflexo, alguém que já teve tudo ou que tentou de tudo e agora,
assentado, trabalhando, insatisfeito consigo mesmo e com tudo e sozinho, anseia
por retornar para a casa do pai… levante-se… vá ter com o pai… peça-lhe para
restaurar seu coração, sua alma, sua vida…
Pronto… você encontrou o responsável. Alguém que não tem
prazer em Deus nem nas coisas de Deus. E agora? Só lhe resta dizer: “Pai,
pequei”… “Senhor, salva-me”… só resta pedir restauração ao Senhor (Is 38:16 - Senhor, por estas disposições tuas vivem os
homens, e inteiramente delas depende o meu espírito; portanto, restaura-me a
saúde e faze-me viver).
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