sábado, 19 de março de 2016

TEMPOS CRÍTICOS

Não há dúvida que estamos vivendo dias que fogem à normalidade na história de nossa nação. Não há como ficar indiferente ao espetáculo lamentável que se desenrola nos palácios e gabinetes dos governantes eleitos pelo povo. Não ouso chamá-los de representantes do povo porque eles representam a si mesmos e a interesses que, na grande maioria dos casos, passa longe de serem os interesses do povo [que às vezes são beneficiados no meio do caminho].
Utilizando uma fórmula que já virou bordão de mau gosto, nunca antes na história deste país tivemos um presidente que não preside, e tudo que faz dá errado, numa absoluta prova de, com muita boa vontade, incompetência [já comprovada] e até envolvimento em crimes [obstrução da justiça, crimes fiscais e eleitorais], se não for coisa pior; um ex-presidente que preside mas que tenta se esconder num cargo para não ser preso por robustos indícios de diversos crimes, que vão desde favorecimento a empresas, enriquecimento ilícito, ocultação de patrimônio e obstrução da justiça - corroborados por gravações telefônicas autorizadas pela justiça federal; presidentes da câmara e do senado envolvidos em uma série de escândalos, um deles já indiciado mas ambos alvos de delações criminais.
Sim, vivemos dias de convulsão social - milhões enfrentam pacificamente poucos milhares [não tão pacíficos assim] nas ruas, os gritos de impeachment, renúncia e #foradilma, #forapt e #foralula se avolumam e ecoam pela nação. Por outro lado os milhares de peões [nas palavras do líder supremo] gritam que não haverá golpe em troca de lanche [sim, foram milhões, cerca de 12 vezes mais em contraste contra milhares]. 
Sim, vivemos dias de convulsão econômica. O país está em crise econômica, com impostos escorchantes e com viés de aumento, em franca recessão há três anos e sem perspectiva de melhora a curto prazo, e a percepção é que, da forma que está sendo governado, a situação venha a piorar ainda mais, especialmente se o ex-presidente passar a governar efetivamente em nome da sua preposta.
De fato  vivemos dias em que aqueles que deveriam zelar pelo bom andamento da coisa pública, até porque são eleitos e pagos para isso, se revoltam muito mais com a divulgação de malfeitos do que, propriamente, com os mal feitos divulgados, invertendo totalmente os valores.
Este ano teremos eleições - e os mesmos atores tentarão representar os mesmos papéis, alguns com máscaras novas, mas todos se apresentando como mais honestos [ou, como já virou praxe entre as esquerdas - não tão honestos assim, como todos os outros, mas, pelo menos, preocupados com o social]. Prefeitos e vereadores serão eleitos com vistas ao apoio a deputados, governadores e senadores daqui a dois anos. O que será plantado este ano será colhido por anos. Prefeitos e vereadores se tornarão cabos eleitorais daqueles que irão para Brasília nos próximos 4 ou 8 anos.
Sei que este espaço no boletim deve ser usado para edificação do povo de Deus, e é para isto que ele está sendo usado. Neste contexto em que estamos inseridos, somos cidadãos brasileiros, embora a nossa pátria final não seja aqui, esteja nos céus. Mas, como peregrinos que somos, temos que obedecer as leis, viver piedosamente e anunciar o reino. O que fazer num momento de convulsão como este que vivemos.
Alguns defendem o comodismo, como se a submissão às autoridades nos tirassem o direito de, legalmente, contestá-las. E as leis de nosso país nos dão o direito de contestá-las, caso estejam equivocadas. O que o cristão deve fazer?
O exemplo nos foi dado por homens de Deus, como Moisés, que enfrentou Faraó a mando de Deus. Elias e Eliseu, que não se calaram mesmo quando achavam que estavam sozinhos. João, o batista, que literalmente perdeu a cabeça por anunciar o julgamento de Deus sobre governantes ímpios. Lutero, Zwínglio e Calvino também caminharam nesta mesma senda e anunciavam o dever do povo de Deus se humilhar perante Deus, não perante a impiedade, orar, buscá-lo, convertendo-se de seus maus caminhos para que o Senhor lhes ouça a oração, lhes perdoe os pecados, e lhes sare a terra.
O governante é ímpio? Ore a Deus por ele, para que se arrependa, como aconteceu com Manassés, ou para que caia, como como Acaz e Herodes. Mas não se omita - ore a Deus, sem, entretanto, deixar de reprovar as suas obras más. Não tem, o cristão, o direito de apoiar governantes ímpios, porque isto é compactuar com as obras infrutíferas das trevas, e elas devem ser reprovadas.

Nenhum comentário:

FAÇA DESTE BLOG SUA PÁGINA INICIAL