sábado, 23 de agosto de 2008

MERCADO DE VOTOS - QUEM QUER MAIS

MERCADO DE VOTOS
Ou "Porque você não deve vender seu voto"
Primeiro, deixe-me definir o que é a venda do voto: é o compromisso de digitar determinado número na urna eletrônica no dia 05 de outubro tendo recebido (ou com a promessa de receber) algum benefício (presente ou futuro), nem sempre financeiro. Este post nasce de um documento oficial, que parte do palácio do planalto (ministro da (in) Justiça, Tarso Genro, e das Relações Institucionais, José Múcio). Este documento contém uma verdade e uma mentira. Vamos a elas: os ministros admitem a existência de um "mercado de votos" no qual o apoio ao governo custa a liberação de recursos e nomeação para cargos públicos e que, por conta das normas em vigor para as eleições proporcionais, o Congresso de hoje não reflete a vontade do eleitor.
A mentira contida no documento é que o "congresso de hoje não reflete a vontade do eleitor". Entendo que reflete. O povo tem o governante que merece – note que não afirmo que tenha o governante que precisa, mas que temos os governantes que o nosso povo merece, isto é inequívoco. Não adianta reclamar do congresso, composto por deputados que trocam o apoio ao governo por práticas mensalistas (2005) ou mercantilistas, trocando o seu voto pela liberação de verbas para suas bases eleitorais, especialmente neste ano (basta ver que os partidos que apóiam oficialmente o mandatário maior tiveram mais de 75% das verbas que foram liberadas este ano). Ora, não adianta reclamar, eles fazem no congresso exatamente o que os eleitores fazem nas ruas – trocam o seu voto por algum benefício particular, mesmo sabendo que este benefício não chegará à comunidade (não vou sequer nominar que tipos de benefícios, pois não há a necessidade, cada leitor sabe do que se trata).
A verdade, a triste verdade contida no documento, é que para existir um "mercado de votos" é necessário a existência de quatro personagens: o objeto a ser vendido, recursos para adquirir o objeto, o vendedor e, obviamente, o comprador. Sem estes personagens não há mercado. É interessante que tal documento parta do ministro encarregado de coordenar a relação do governo com (não se assustem) o congresso. É o próprio encarregado de negociar (talvez um quinto personagem, o "atravessador" com os partidos e deputados o apoio a propostas do governo. Mas vamos agora nominar os personagens.
O primeiro, o objeto a ser vendido, é o voto dos deputados e senadores. É triste falar de uma opinião de um representante do povo como um objeto de negociatas, mas é o que o documento (e a prática constante) tem demonstrado. Os votos dos eleitores, vendidos tão barato nas esquinas das nossas cidades, são revendidos a peso de ouro para garantir mais votos e mais negociatas no futuro.
O segundo elemento, também importante, são os recursos para comprar os votos saem dos cofres públicos, resta dizer, do bolso da população. Ao vender o voto por uma bagatela o eleitor vai ter que pagá-lo muitas vezes mais caro, mas de forma indireta, através do desvio de dinheiro de seus impostos que deveria lhe ser devolvido na forma de saúde, educação, transporte de qualidade, segurança, etc. É você que, ao vender seu voto, proporciona tais negociatas, porque os compradores desejarão receber de volta o que investiram.
O terceiro elemento, o vendedor, são deputados e senadores inescrupulosos que foram eleitos fazendo favores, distribuindo "benefícios" com seu próprio dinheiro ou com o fruto das negociatas com o estado. É por isto que afirmo que o povo tem os governantes que merece. Se elegeu um comprador de votos (apesar de a lei proibir tal prática), se vendeu o seu voto, teria ele o direito de reclamar do político que o revende? Não, não tem.
O quarto elemento é o comprador. Só que há aqui um desvirtuamento da lei do mercado. Um compra o apoio político (no caso, o governante) e outro paga. Outro quem? Você e eu, brasileiros que estudam, trabalham, vão ao mercado e pagam regularmente os seus impostos. Querendo ou não, todo brasileiro paga imposto, e muito imposto, nunca menos do que 40%. Quando você compra R$ 10,00 de mercadoria, no mínimo R$ 4,00 vai para as mãos do estado – e o seu dinheiro será usado para comprar o apoio político, que por sua vez (uma parte ao menos) será usada para comprar votos nas próximas eleições.
Se você vende o seu voto, não reclame do que dizem os ministros – eles sabem o que fazem. Estão acostumados a comprar votos no congresso. Não venda o seu! Nem por dinheiro, nem por favores, ou, então, não reclame se por um pé de bota você tomar um pé...

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