BOBAGENS E HERESIAS - Ou: Jogando alfarrobas aos porcos.
Recebi um texto de um pastor (pastor? Será mesmo?! Graças a Deus não preciso chamá-lo de colega, não é presbiteriano mesmo!) que afirmava ser desnecessário o arrependimento para que alguém seja aceito por Deus. A primeira reação foi pensar em deixar de ler imediatamente o resto do texto (e era apenas o primeiro parágrafo). Mas (ossos do ofício) tenho que conhecer os hereges e suas heresias, os tolos e suas tolices, até para proteger o rebanho dos lobos e seus cachorrinhos (também se aplica este termo aos filhotes de lobos).
A idéia básica do tolo (ou herege, se preferirem) era que o arrependimento é fruto da ação única de Deus e que, portanto, cada um pode ir a Deus sem que se arrependa de seus pecados. Não quero entrar aqui em detalhes da ordo salutis (ordem dos eventos salvíficos), mas por diversos textos fica evidente que o pecador, avisado de seus pecados, resolve abandoná-los (ajudado pela ação de Deus) mas só depois do arrependimento ele vai a Deus. Ninguém vai a Deus sem arrependimento, porque, se isso fosse possível, as Escrituras o ensinariam, mas o ensino escriturístico é bem outro.
Vejamos apenas alguns exemplos: é exigido que o transgressor não encubra seus pecados, mas os confesse e deixe para que possa alcançar misericórdia (Pv 28.13). O apóstolo Paulo faz um breve resumo de sua pregação dizendo que "anunciou... que se arrependessem, convertessem a Deus e praticassem obras dignas de arrependimento" (At 26.20). O arrependimento é mostrado como conditio sine qua non (condição essencial, sem a qual não é possível) para que o pecador se aproxime de Deus.
Qual o resultado de uma pregação tão absurda, tão humanista, tão centrada no pecador e sem qualquer espécie de confronto com o pecado? O pregador ousa afirmar que a pregação do evangelho (ou do que ele chama de evangelho) é como um cheque, preferencialmente em branco. Se o ouvinte não o recebe e não o preenche, ele não vale nada e não tem efeito prático algum e, ainda, sem que haja qualquer menção a arrependimento, a abandono de pecado, ou qualquer coisa semelhante. Voltando à metáfora do cheque, é como se recebesse tal cheque sem que fosse apresentada qualquer condição – o que Deus nunca fez. Um exemplo é a pregação de Isaias (Is 1.19-20). O conteúdo é um só: venha como você está, continue como você está (não precisa mudar nada, nem antes, nem durante – e deixe o depois com o Deus que, neste processo, é feito um mero auxiliar, um servo, ou um doador ultra-benevolente), e decida o que será da sua vida. Parece que Cristo é só uma chave, que o homem usa quando, como e onde bem entende, pois a mensagem é voltada principalmente para o sucesso (familiar, profissional, emocional, etc.). O pouco que se diz de espiritualidade parece muito mais com auto-ajuda, prosperismo, do que com evangelho.
Podemos afirmar que uma pregação que não traz ao pecador a denúncia do seu pecado e um chamado ao arrependimento, que o faz sentir-se confortável em seus pecados, em seu estilo de vida, mesmo que contrário ao que é exigido por Deus e sua palavra vai dar uma falsa sensação de segurança – e quando chegar a hora do juízo divino muitos dos seguidores de tais pregadores vão clamar contra seus líderes, mas terão que ouvir o justo juiz dizer-lhes que eles nada mais fizeram do que dar atenção à "coceira de seus próprios ouvidos" (Ii Tm 4.3) e "desejos de seus ventres" (Fp 3.19).
Sem dúvida que aqueles que se dizem anunciadores do Reino de Deus mas que vivem com os olhos exclusivamente na terra (ou mais especificamente nos bens terrenos e nas coisas que há no mundo – I Jo 2.15) nunca verão de fato o reino de Deus porque nunca nasceram de novo – e quem os segue está na mesma condição do passageiro que toma o ônibus errado – pode estar confortavelmente sentado, mas está indo pro lugar errado.
Todos, proclamadores de bobagens e seguidores de bobagens hão de prestar contas. Uns por proclamarem-nas (distribuindo as alfarrobas, próprias para engordar porcos para abate), outros por desejarem-nas e receberem-nas a ponto de se fartarem delas, mas ambos por rejeitarem o puro evangelho de Jesus Cristo, que afirma que veio chamar "pecadores ao arrependimento" (Lc 5.32) e não se importar com hipócritas (aqueles que têm de si mesmos conceito superior ao que na verdade são) que se consideram justos (Mt 23.28) quando a Escritura afirma que não há nem um só justo sobre a terra (Rm 3.10), a menos que sejam declarados justificados por Deus, mas nunca por suas próprias obras (Rm 3.12).
Ainda é tempo para que olhos se abram, ouvidos ouçam, corações se arrependam de seus pecados e busquem a Deus que não despreza um coração contrito (Sl 51.17). A quem você tem seguido? Aos seus próprios interesses, a pregadores que oferecem métodos de prosperidade, alguns até bem elaborados e encenados (afinal, são elaborados por profissionais do marketing). Não se engane nem se deixe enganar, não foi o seu (falso) pastor quem criou tais pantominas: elas vieram diretamente de grandes centros, pensadas para enganar multidões como fazem os vendedores de cigarros (que te oferecem a liberdade de adquirir um câncer) ou bebidas (que te vendem a falsa alegria da cirrose e do alcoolismo).
A diferença fundamental é que câncer e cirrose ou alcoolismo em alguns casos ainda podem ser tratados, mas após o dia do juízo não haverá segunda oportunidade, nem purgatório, nem reencarnação, nem batismo por mortos, nem missas, nada disso. Vai ser a hora da prestação de contas – e seu bilhete te levará exatamente aonde você não quer ir, mas fez todo o possível para evitar o caminho correto.
Recebi um texto de um pastor (pastor? Será mesmo?! Graças a Deus não preciso chamá-lo de colega, não é presbiteriano mesmo!) que afirmava ser desnecessário o arrependimento para que alguém seja aceito por Deus. A primeira reação foi pensar em deixar de ler imediatamente o resto do texto (e era apenas o primeiro parágrafo). Mas (ossos do ofício) tenho que conhecer os hereges e suas heresias, os tolos e suas tolices, até para proteger o rebanho dos lobos e seus cachorrinhos (também se aplica este termo aos filhotes de lobos).
A idéia básica do tolo (ou herege, se preferirem) era que o arrependimento é fruto da ação única de Deus e que, portanto, cada um pode ir a Deus sem que se arrependa de seus pecados. Não quero entrar aqui em detalhes da ordo salutis (ordem dos eventos salvíficos), mas por diversos textos fica evidente que o pecador, avisado de seus pecados, resolve abandoná-los (ajudado pela ação de Deus) mas só depois do arrependimento ele vai a Deus. Ninguém vai a Deus sem arrependimento, porque, se isso fosse possível, as Escrituras o ensinariam, mas o ensino escriturístico é bem outro.
Vejamos apenas alguns exemplos: é exigido que o transgressor não encubra seus pecados, mas os confesse e deixe para que possa alcançar misericórdia (Pv 28.13). O apóstolo Paulo faz um breve resumo de sua pregação dizendo que "anunciou... que se arrependessem, convertessem a Deus e praticassem obras dignas de arrependimento" (At 26.20). O arrependimento é mostrado como conditio sine qua non (condição essencial, sem a qual não é possível) para que o pecador se aproxime de Deus.
Qual o resultado de uma pregação tão absurda, tão humanista, tão centrada no pecador e sem qualquer espécie de confronto com o pecado? O pregador ousa afirmar que a pregação do evangelho (ou do que ele chama de evangelho) é como um cheque, preferencialmente em branco. Se o ouvinte não o recebe e não o preenche, ele não vale nada e não tem efeito prático algum e, ainda, sem que haja qualquer menção a arrependimento, a abandono de pecado, ou qualquer coisa semelhante. Voltando à metáfora do cheque, é como se recebesse tal cheque sem que fosse apresentada qualquer condição – o que Deus nunca fez. Um exemplo é a pregação de Isaias (Is 1.19-20). O conteúdo é um só: venha como você está, continue como você está (não precisa mudar nada, nem antes, nem durante – e deixe o depois com o Deus que, neste processo, é feito um mero auxiliar, um servo, ou um doador ultra-benevolente), e decida o que será da sua vida. Parece que Cristo é só uma chave, que o homem usa quando, como e onde bem entende, pois a mensagem é voltada principalmente para o sucesso (familiar, profissional, emocional, etc.). O pouco que se diz de espiritualidade parece muito mais com auto-ajuda, prosperismo, do que com evangelho.
Podemos afirmar que uma pregação que não traz ao pecador a denúncia do seu pecado e um chamado ao arrependimento, que o faz sentir-se confortável em seus pecados, em seu estilo de vida, mesmo que contrário ao que é exigido por Deus e sua palavra vai dar uma falsa sensação de segurança – e quando chegar a hora do juízo divino muitos dos seguidores de tais pregadores vão clamar contra seus líderes, mas terão que ouvir o justo juiz dizer-lhes que eles nada mais fizeram do que dar atenção à "coceira de seus próprios ouvidos" (Ii Tm 4.3) e "desejos de seus ventres" (Fp 3.19).
Sem dúvida que aqueles que se dizem anunciadores do Reino de Deus mas que vivem com os olhos exclusivamente na terra (ou mais especificamente nos bens terrenos e nas coisas que há no mundo – I Jo 2.15) nunca verão de fato o reino de Deus porque nunca nasceram de novo – e quem os segue está na mesma condição do passageiro que toma o ônibus errado – pode estar confortavelmente sentado, mas está indo pro lugar errado.
Todos, proclamadores de bobagens e seguidores de bobagens hão de prestar contas. Uns por proclamarem-nas (distribuindo as alfarrobas, próprias para engordar porcos para abate), outros por desejarem-nas e receberem-nas a ponto de se fartarem delas, mas ambos por rejeitarem o puro evangelho de Jesus Cristo, que afirma que veio chamar "pecadores ao arrependimento" (Lc 5.32) e não se importar com hipócritas (aqueles que têm de si mesmos conceito superior ao que na verdade são) que se consideram justos (Mt 23.28) quando a Escritura afirma que não há nem um só justo sobre a terra (Rm 3.10), a menos que sejam declarados justificados por Deus, mas nunca por suas próprias obras (Rm 3.12).
Ainda é tempo para que olhos se abram, ouvidos ouçam, corações se arrependam de seus pecados e busquem a Deus que não despreza um coração contrito (Sl 51.17). A quem você tem seguido? Aos seus próprios interesses, a pregadores que oferecem métodos de prosperidade, alguns até bem elaborados e encenados (afinal, são elaborados por profissionais do marketing). Não se engane nem se deixe enganar, não foi o seu (falso) pastor quem criou tais pantominas: elas vieram diretamente de grandes centros, pensadas para enganar multidões como fazem os vendedores de cigarros (que te oferecem a liberdade de adquirir um câncer) ou bebidas (que te vendem a falsa alegria da cirrose e do alcoolismo).
A diferença fundamental é que câncer e cirrose ou alcoolismo em alguns casos ainda podem ser tratados, mas após o dia do juízo não haverá segunda oportunidade, nem purgatório, nem reencarnação, nem batismo por mortos, nem missas, nada disso. Vai ser a hora da prestação de contas – e seu bilhete te levará exatamente aonde você não quer ir, mas fez todo o possível para evitar o caminho correto.
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