UMA IGREJA ATENTA AO MUNDO, MAS NÃO ADEPTA DO MUNDANISMO
Por volta do último quarto do séc. I os cristãos eram duramente perseguidos pelas forças do império romano. Muitos morreram [segundo a tradição, os apóstolos Pedro e Paulo sofreram o martírio neste período]. O imperador Nero iluminou os jardins de seu palácio com o martírio de centenas de cristãos. Logo depois Roma teve que enfrentar uma crise sanitária. A peste, transmitida por ratos, tomou conta da cidade e milhares de pessoas caíram doentes. Os nobres rapidamente juntaram seus pertences e foram para suas “vilas”, em locais menos insalubres do que a região de Roma, com ruelas estreitíssimas, casas amontoadas e lixo por todo o lado, muito semelhantes às favelas brasileiras. Os doentes e mortos estavam por toda a parte, inclusive no meio das ruas. Embora ainda não houvesse uma instituição semelhante à Cruz Vermelha, os cristãos permaneceram em Roma, cuidando de seus enfermos e dos enfermos não cristãos, a ponto de um ácido inimigo dos cristãos exclamar: “Como amam estes “ateus”*! Apesar de perseguida, a Igreja cristã não assumiu os valores do mundo - poderia cuidar dos seus, apenas, e ninguém a acusaria de desamor. Mas, expressando o mesmo sentimento que houve em Cristo, a igreja fez o bem, por toda a parte, testemunhando o amor de Deus através de ações concretas. Não sabemos se e quantos pagãos que tenham recebido os cuidados dos cristãos tenham abraçado a fé. Não que isto importe. O que importa é o cumprimento da missão da igreja, cuidando dos que tem necessidades. O Senhor Jesus afirmou que sempre haveria pessoas com necessidades, e por isso a missão diacônica da igreja ainda não está completa. A igreja deve ensinar, pregar, testemunhar e comungar - mas deve, também, exercer a diaconia. Desde o princípio a igreja cuidava para que não houvesse nenhum necessitado entre eles.
A igreja presbiteriana, sem incorrer numa teologia utilitarista, também está atenta para as necessidades do seu próximo. Cabe a cada membro, como parte do corpo de Cristo, buscar atender às necessidades do seu próximo. Estar atenta às necessidades do mundo não quer dizer tomar a forma do mundo, isto é, a igreja não precisa fazer as mesmas coisas que o mundo faz - mas precisa ser diferente, agir diferente, fazer diferença. Estar no mundo não significa mundanismo. Você, cristão, não precisa ser um mundano, ter os mesmos valores do mundo. Perseguido, humilhado ou mesmo honrado, continue sendo o que foi chamado para ser: um discípulo de Cristo, comissionado para testemunhar do seu imenso amor aos pecadores e sofredores. Ame ao próximo como a ti mesmo.
* Os pagãos do I Séc., achavam que os cristãos eram ateus porque não possuíam ídolos ou templos. Um cristão não podia fazer como um pagão, e responder à pergunta: “O teu Deus, onde está?” simplesmente apontando para um lugar ou estátua qualquer. O Deus dos cristãos só podia ser visto "pela fé".
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