A primeira coisa que aprendemos é que o passado, como categoria temporal, existe apenas na nossa memoria. Na realidade o passado inexiste. Ele é o tempo que já não é. Sei que à primeira vista isto parece meio confuso, mas o passado já foi, já passou, já não é e jamais voltará a ser. Não há como muda-lo, consertá-lo, melhorá-lo. Não há como experimentá-lo novamente, por melhor que tenha sido. É esta justamente a angústia do ser humano: não poder retornar ao que já foi, para corrigir, melhorar ou simplesmente deliciar-se no que já não é.
É exatamente isto o que Paulo afirma quando diz que prossegue para o alvo esquecendo-se das coisas que para trás ficam. Não quer ele dizer com isso que não se lembra das pessoas, dos eventos que lhe sucederam, pelo contrário, sua memoria é excelente [II Co 11 - São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez].
Entretanto, o que Paulo afirma é que os pecados cometidos foram deixados ao tornar-se nova criatura. O passado, embora com lições preciosas, não é mais uma fonte de preocupação ou de angústia porque nada pode nos ensinar à parte da graça de Deus. Mesmo ele, Paulo, que fora blasfemo, e insolente, e perseguidor, via no grande poder de Deus a libertação destas coisas e glorifica a Deus pela oportunidade de ter sido liberto [I Tm 1.12-16 - Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna].
Não acredite que estou te dizendo para simplesmente esquecer o que você fez. Isto é impossível. Não acredite em quem lhe diz que o que você fez já não importa. Importa muitíssimo. Mas também não acredita que você não pode fazer mais nada para mudar sua situação por causa do que você fez. Pois você pode. Você pode buscar a mesma ajuda que Paulo buscou. Você pode experimentar o mesmo perdão que Paulo experimentou. Você pode depor sua carga pesada aos pés daquele que levou sobre si as nossas dores [Is 53.5 - Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados]. Você não precisa mais carrega-los. Entregue-os aos pés daquele que diz aos cansados e sobrecarregados que lhes dará descanso e alívio [Mt 11.28 - Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei].
Você não precisa do seu passado. É uma carga. Você não precisa viver escravizado ao passado. O passado já passou. Largue essa carga aos pés de Jesus, e tome uma nova atitude.
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