domingo, 23 de outubro de 2011

COMO SUPERAR O PASSADO: INTRODUÇÃO

Mas será que isto realmente funciona? O simples desabafo ou o auxilio de profissionais da mente é suficiente para livrar a pessoa do fardo que carrega? Seria suficiente para aliviar a dor de uma mulher que cometeu um aborto? Ou do homem que violentou uma jovem? Ou do empresário que sonegou impostos? Ou do filho que desprezou seus pais? Ou do aluno que colou na prova? Ou do motorista que passou o sinal vermelho? Ou da criança que roubou uma manga? Ou do casal de namorados que ultrapassou os limites de um namoro santo?

Tudo isto se chama pecado, palavra desagradável que preferimos trocar por outras menos sonoras, como erro, descuido, falha. Mas trocar o nome de uma coisa não muda a sua essência. Psicólogos chamam estas coisas de diversos nomes, mas eles não conseguem mudar duas coisas: a natureza do pecado cometido e a sensação de um consciência acusadora. Podem ajudar a pessoa a racionalizar, sublimar, terceirizar a culpa sentida – mas ainda o pecado continuará lá, como uma mão a escrever na parede, acusador, presente. Com se livrar desta sensação? O que fazer para obter a liberdade desta opressiva presença?

Creio que as respostas podem ser encontradas na vida, exemplo e lutas de um campeão da fé, o apóstolo Paulo. Escrevendo aos romanos ele lembra que, sozinho, é um pobre e miserável homem, um desventurado escravo do pecado [de novo esta palavrinha desagradável]. Pode até desejar fazer o bem, mas não consegue. Pode até lutar para não fazer o mal, mas também é por ele vencido. Vive, mas sente-se morto [Rm 7:24 - Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?]. É um cidadão romano, livre, mas sente-se escravo [Rm 7:14 - Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado.]

Entretanto, este mesmo Paulo, atribulado, perplexo e abatido pelo poder do pecado, ao mesmo tempo é o Paulo que clama por socorro, não se angustia nem se desanima, e torna-se mais que vencedor, não se deixando destruir [II Co 4.8-9 - Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos]. Sua vitória não é a da razão, da psicologia, mas a da fé [Rm 7.25 - Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado. - e 8.1 - Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus].

O que Paulo tem a nos ensinar sobre o passado? Para isso precisamos recorrer a uma de suas cartas, escrita aos crentes da cidade de Filipos [Fp 3:12-14: Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus].

O ser humano é, essencialmente, um ser temporal e espacial. Ele existe no tempo e só consegue pensar de acordo com o tempo e o espaço que ocupa. Nosso raciocínio é, sempre, feito em termos do que foi, do que é e do que será – por isso não conseguimos entender a eternidade. E mesmo quando tentamos entende-la queremos pensa-la como um tempo sem fim. Nossa mente sempre se volta para três categorias temporais: o passado, o presente e o futuro. Há como fugir disso? Não, até que experimentemos a eternidade. O que, então, podemos fazer para nos livrar do passado, aqui entendido como a "nossa história de realizações que funcionam como uma cadeia a prender-nos e angustiar-nos?"

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