domingo, 23 de outubro de 2011

COMO SUPERAR O PASSADO

Este e os próximos 5 posts compõem a mensagem "Como superar o passado", entregue ao povo de Deus pela primeira vez na Igreja Presbiteriana em Jacundá. Meu desejo é que sejas grandemente abençoado ao ler. Se tiver observações para edificar a minha vida e a dos meus leitores, basta clicar aqui e terei imenso prazer em ler, avaliar e, se necessário, publicar ou comentar. Do contrário, não tente destruir o que não teve trabalho algum para edificar.

Soli Deo gloria.

Não há nada que escravize mais o homem do que a sua memória. A memória é como uma terrível cadeia que o homem que se sente culpado por ter feito ou deixado de fazer. Há alguns anos, no Paraná, conheci um homem que havia participado da disputa por terras com os indígenas na região de Pitanga, Turvo, Boaventura do São Roque, Nova Tebas, Roncador e região, nas primeiras décadas do séc. XX. Idoso já, mandou chamar um pastor porque queria conversar sobre algo muito importante. Encontrei-o no leito, respirando com um pouco de dificuldade, mas que não impedia-me de entender o que ele falava com forte sotaque gaúcho. Resumindo a sua historia: ele havia participado de várias chacinas de pequenos aldeamentos indígenas. Os invasores cercavam as aldeias, capturavam os índios, faziam os adultos e as crianças de alvo para suas balas e depois de abusarem das mulheres, matavam-nas também com requintes de crueldade indignas de serem sequer lembrados aqui. E onde entra o pastor nesta historia? Ele simplesmente não queria morrer carregando aquilo na sua memória sem confessar seus crimes. Não tinha coragem de contar para as suas filhas. Mas sentia-se preso, escravizado, precisava libertar-se. Sua memoria era sua prisão.

Contou-me sua historia com uma riqueza de detalhes impressionante para um homem com a sua idade. Ao sair, perguntou-me o que devia fazer. Perante a justiça dos homens seu crime havia prescrito. Mas ele ainda era prisioneiro de sua culpa. Seu passado o atormentava. Limitei-me a lembrar-lhe as palavras do apóstolo [I Jo 1.9 – Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça] e dizer-lhe que aquele que está em Cristo é nova criatura [II Co 5.17 - E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas]. Perguntei-lhe se queria ser tornado nova criatura. Com a rudeza que havia caracterizado seu passado, ele apenas me disse: "Agora que já contei minha história, não pesa mais. Quero apenas morrer e descansar. Isso me basta".

Por outro lado há aqueles que desejam superar o passado procurando aconselhamento profissional, e encontram psicólogos dispostos a ouvirem sua historia e aplicarem alguns tipos de medicamentos emocionais, como a sublimação [explicar os eventos em função de desejos e anseios sem qualquer relação com a culpa que a pessoa eventualmente possa sentir, desqualificando a seriedade dos atos cometidos] ou a terceirização da culpa, isto é, atribuir a outras pessoas ou ao meio a responsabilidade pelos atos cometidos, que passam a ser tidos como apenas reflexos condicionados pelas pressões sofridas.

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