Jo 11.1-45
O relato feito por João da morte e
ressurreição de Lázaro tem servido para que muitos creiam no Senhor, como o
filho de Deus vindo em carne, e, também, na doutrina da ressurreição dos
mortos. Este texto nos fala da onisciência de Cristo, fala-nos de seu poder
sobre a morte, mesmo num caso como o de Lázaro - após 4 dias e já em estado de
decomposição. Quando lemos este texto podemos perceber um turbilhão de
sentimentos. O desespero das irmãs Marta e Maria, sua sensação de incapacidade
diante da enfermidade, a desconfiança nos médicos que nada podiam fazer, a
esperança e o envio de um pedido de socorro através de amigos para buscarem
Jesus, o desejo dos amigos de ajudarem correndo até onde Jesus estava, a
atitude tranquila de Jesus e o estranhamento por parte dos discípulos pelo fato
de Jesus não ir imediatamente.
Dois dias depois Jesus resolve ir,
e, a caminho, demora mais algum tempo. Se levarmos em conta o tempo que os
amigos de Marta e Maria gastaram para chegar até Jesus, sua permanência por
mais dois dias e, finalmente, a viagem sem pressa até Betânia, nas proximidades
de Jerusalém, teremos, então, os 4 dias de Lázaro no túmulo.
Neste contexto quero considerar
com vocês o tempo da ação de Deus em resposta às expectativas humanas.
DEUS NÃO TEM QUE AGIR PARA ATENDER OS ANSEIOS
IMEDIATOS DOS HOMENS E SEUS PEDIDOS FÚTEIS
Chamo a primeira forma de querer
que Deus aja de imediatismo, isto é, o desejo de ver as coisas acontecendo
rapidamente, instantaneamente. Embora não gostemos, acabamos nos acostumando
com comida instantânea. Uma das maiores redes de lanches do mundo tornou-se um
colosso pela rapidez e não pelo sabor ou pelo valor nutritivo de seus
alimentos. As empresas de tecnologia investem cada vez mais para que os
consumidores gastem cada vez mais em equipamentos que, no final de um dia, lhes
darão uma economia de alguns minutos. Tudo é instantâneo, imediatista, urgente.
A sociedade moderna sofre da síndrome do coelho de Lewis Carol (Alice no País das
Maravilhas).
MARTA E MARIA
Certamente a expectativa de Marta
e Maria era que Jesus agisse imediatamente. Elas sabiam que tanto Jesus poderia
dirigir-se até lá, como fez quando da ressurreição da filha de Jairo ou do
filho da viúva de Naim como poderia simplesmente ordenar e tudo se resolveria
mesmo à distância, como fez no caso da mulher de Tiro cuja filha estava
endemoninhada, ou do servo do centurião que estava enfermo.
OS AMIGOS DE LÁZARO
Com certeza a expectativa daqueles
que foram procurar Jesus era de que ele deixasse tudo o que estava fazendo e se
dirigisse imediatamente para Betânia, para cuidar de Lázaro e consolar as
irmãs. Eles demonstram esta expectativa e até uma certa pressão adjetivando
Lázaro de “aquele a quem amas”, algo como se nós disséssemos “corra, afinal,
ele é seu amigão”. É o que todos esperamos, quando há alguém enfermo e vamos à
procura de uma pessoa capacitada para cuidar dele, queremos que as coisas
aconteçam rapidamente, imediatamente. E é necessário que seja assim, muitas vezes
apenas um minuto pode fazer a diferença entre a vida e a morte de uma pessoa.
OS DISCÍPULOS
A expectativa dos discípulos
também era semelhante, mas ao mesmo tempo tinham seu próprio entendimento do
motivo pelo qual Jesus não foi imediatamente: era de conhecimento público (e
Jesus já havia feito esta denúncia) que os judeus queriam mata-lo, e voltar
para a Judéia, especialmente Betânia, muito próxima de Jerusalém, era um risco
muito grande. Eles sentem-se mais calmos quando Jesus diz que a enfermidade de Lázaro
promoverá a glória de Deus e que o próprio Jesus seria glorificado. Finalmente,
à seu próprio modo, compreendem o motivo de Jesus não ter pressa: Lázaro estava
apenas adormecido, e Jesus iria despertá-lo. Sequer questionam porque Jesus
iria despertá-lo, e não outra pessoa qualquer? Marta e Maria não estavam lá,
não eram suas irmãs e não podiam cuidar dele?
O texto nos diz que Jesus dissipa
lhes as dúvidas ao afirmar: Lázaro morreu (v. 14), mas que eles não deveriam se
preocupar, apenas crer, porque este era o propósito de Deus naquele momento. A
reação dos discípulos, dentre eles Tomé, é de desânimo diante de um quadro
desalentador: voltar para a Judéia, com os líderes judeus desejosos de matar a
Jesus, entrar em Betânia após ter feito pouco caso da doença de Lázaro e,
certamente, ter perdido o apoio dos poucos amigos que ainda confiavam nele
significava a morte. E ele se resigna: vamos juntos, e também morreremos.
FRUSTRAÇÃO DE ANSEIOS IMEDIATISTAS
Quando os anseios imediatistas são
frustrados, muitos se sentem frustrados também. E não é pequeno o número de
pessoas que se frustram com Jesus porque ele não lhes atende de acordo com a
agenda pessoal do homem. As palavras de Tomé (que, à semelhança dos judeus,
tinham a expectativa messiânica de um reino terreno) indicam que ele havia
desanimado, desistido, mas, que ainda assim, por consideração, acompanharia
Jesus até o martírio.
O IMEDIATISMO NA IGREJA MODERNA
Constantemente vemos ou tomamos
conhecimento de pessoas que pretendem serem ouvidas por Deus imediatamente. Dão
ordens, exigem, determinam. E tem que ser para já, para hoje, para agora.
Amarram e expulsam com a mesma desenvoltura, e, pior, dizem a Deus o que ele
deve fazer, e, não apenas o que deve, mas quando e como. Lamentavelmente se
esquecem que Deus é o Senhor, o todo-poderoso, e o homem apenas o vermezinho de
Jacó (Is 41.14: Não temas, ó vermezinho de Jacó, povozinho de Israel; eu te
ajudo, diz o SENHOR, e o teu Redentor é o Santo de Israel) e querem dar ordens
a Deus, e, infelizmente, o desconhecimento de Deus (mesmo que tenham alguma
forma de conhecimento teórico das Escrituras) tem levado multidões a ofenderem
a Deus em sua ignorância de quem é Deus. Isaias, ao conhecer um pouco mais
sobre Deus viu-se impelido a uma única atitude: prostrar-se.
DEUS NÃO DEIXOU DE AGIR SÓ PORQUE OS HOMENS ACHAM QUE A OPORTUNIDADE
PASSOU
Outra forma de reagir à ação de
Deus é o que vou denominar de visão condicional da graça de Deus. Esta visão é
expressa tanto nas palavras de Marta quanto de Maria. Quatro dias depois da
morte de Jesus (e elas certamente sabiam dos dois casos de ressurreição já
mencionados anteriormente, ambos antes do sepultamento e imediatamente após a
morte dos personagens) já não havia mais esperança.
MARTA E MARIA, DIFERENTES, MAS IGUAIS
Esta forma de ver as coisas é
comum a Marta e a Maria - mulheres de temperamento diferente. Maria era contemplativa,
gostava de ouvir o Senhor Jesus, observar o que ele fazia e dizia. Marta,
porém, era mais ativa, mais dinâmica. Não pretendemos julgá-las, apenas
observamos seu modo de ser.
Marta toma uma atitude imediata -
assim que soube que Jesus estava se aproximando, correu ao seu encontro e
expressa seu ponto de vista, sua maneira de crer. Ela diz a Jesus que não
deixou de crer nele, não deixou de amá-lo, e que entende que já é tarde demais.
Ela diz: “Jesus, se o Senhor estivesse aqui ele não teria morrido”.
MARTA, UMA MULHER PRÁTICA
É a atitude natural de uma pessoa
que quer ver as coisas acontecerem, e acontecerem rápido. Marta é o tipo de
pessoa que, se as coisas demoram a acontecer, vai e faz. Sua praticidade faz
com que ela veja as coisas como são, como se tornaram. E diz a Jesus que
entende e aceita, mas que as coisas poderiam ter sido diferente se Jesus
tivesse agido antes. Sua praticidade permite-lhe apenas fazer uma súplica
velada, uma oração muito parecida com muitas que são feitas, confundindo
conhecimento da doutrina da soberania de Deus com pedido sem veemência.
Marta sabia que, se Jesus
quisesse, qualquer coisa poderia acontecer, inclusive a ressurreição de Lázaro,
mas ela não ousa pedir. Ela permanece no pretérito condicional. Após conversar
com Jesus ela vai chamar sua irmã, Maria - não sabemos o que lhe ia no coração,
mas talvez a prática Marta esperasse uma atitude mais devocional, uma oração
mais direta, mais “poderosa’ de Maria. Talvez esperássemos uma ação diferente,
já que Maria era diferente de Marta. Era mais contemplativa, havia se dedicado
mais a ouvir os ensinamentos de Jesus. Ela sabia mais, ela dedicara mais tempo,
chegara mesmo a se humilhar publicamente, demonstrando seu carinho por Jesus
lavando-lhes os pés com suas próprias lágrimas, e enxugando-o com seus cabelos
quando ele fora “destratado” pelo fariseu Simão, que não lhe honrara quando de
sua visita.
MARIA, UMA MULHER CONTEMPLATIVA
Mas Maria age da mesma maneira que
Marta, da mesma maneira que as pessoas que estavam perto – todas desconsoladas,
chorosas. Todas acreditando que se Jesus tivesse chegado antes Lázaro não teria
morrido. É possível que alguns tenham esperado até o último minuto, antes de
fechar a sepultura, pela chegada de Jesus, afinal, ele ressuscitara o filho da
viúva de Naim a caminho do cemitério (Jo 11.37: Mas alguns objetaram: Não podia
ele, que abriu os olhos ao cego, fazer que este não morresse?). Mas tal não
aconteceu. E Maria também não tinha mais esperanças.
CRENTES, MAS NÃO A PONTO DE PEDIREM O IMPOSSÍVEL
É curioso que, embora dissessem
crer no poder de Jesus para fazer qualquer coisa, até mesmo fazer Lázaro
ressurgir dos mortos, nenhum deles ousa pedir isso a Jesus. Criam mais no impossível
[afinal, Lázaro já havia sido sepultado há 4 dias, já cheirava mal e estava em
decomposição). Mesmo diante do Deus dos impossíveis continuavam olhando para o
que era impossível aos homens (Lc 18.27: Mas ele respondeu: Os impossíveis dos
homens são possíveis para Deus). Preferem a certeza do “se tivesse sido” às
promessas certeiras contidas nas palavras claras do Senhor Jesus: “Teu irmão há
de ressurgir”. Não podemos nos esquecer que ele já dissera aos discípulos que a
enfermidade de Lázaro, com sua consequente morte, era para a glória de Deus e
de seu filho, diante dos homens.
OS CRISTÃOS NÃO CREEM MAIS NO DEUS DO IMPOSSÍVEL?
É muito comum percebermos que
muitos cristãos não esperam qualquer forma de ação imediata de Deus em suas vidas.
É como se o Deus que falou ao coração de Davi (Sl 27.8: Ao meu coração me
ocorre: Buscai a minha presença; buscarei, pois, SENHOR, a tua presença) não
falasse mais ao coração de seus outros filhos e não mais desejasse ser buscado.
O mesmo Deus que abriu o mar para seu povo passar, que destruiu o exército de
Faraó, derrubou as muralhas de Jericó e fez o sol parar ainda ama o seu povo,
ainda age no meio do seu povo, ainda faz milagres extraordinários todos os dias
– mas muitos incrédulos, membros da Igreja visível, acham que Deus agia, fazia,
falava. Não pense assim de Deus, você não está fazendo justiça ao Deus imutável
(Hb 13.8: Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre).
DEUS
NÃO DEIXARÁ DE AGIR SÓ PORQUE OS HOMENS NÃO ESPERAM VER SUA AÇÃO
É outra forma de incredulidade, ou
de manifestação da pequena fé. Tanto o imediatismo quanto deixar apenas no passado
a possibilidade da ação do Senhor são erros que não andam sozinhos. Há um
terceiro erro que chamo de incerteza utópica. A incerteza utópica é só uma
máscara para a incredulidade pois não crê na ação do Senhor no tempo presente,
não acredita que pode acontecer o impossível diante dos próprios olhos. Sob a
alegação de que a fé é a certeza de algo ainda não concretizado (Hb 11.1: Ora,
a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem)
pode-se perfeitamente jogar a expectativa da realização de algo tão longe no
futuro que seja impossível ver - e foi o que Marta e Maria mostraram.
A RESSURREIÇÃO COMO FONTE DE ESPERANÇA E DESÂNIMO
Elas criam na ressurreição - e
estavam certas quanto a isto (I. Co 6.14: Deus ressuscitou o Senhor e também
nos ressuscitará a nós pelo seu poder), porque, sem esta fé, nem mesmo poderiam
ter o mínimo consolo a respeito da morte de seu irmão (I Co 15.19: Se a nossa
esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de
todos os homens). Mas elas acreditavam na ressurreição, na benção futura, no
dia glorioso do retorno do grande rei.
CREMOS QUE ELE VOLTARÁ
Isto não quer dizer que não
creiamos neste grande dia. Na verdade ele é a grande expectativa de cada
cristão verdadeiro, que tem em suas orações o anseio pela volta do seu Senhor. Mas
colocar a esperança apenas no futuro não traz benefícios para o tempo presente.
O reino já chegou, o crente já tem o paracleto, o consolador já guia os crentes
rumo à verdade, hoje, agora. Já somos cidadãos do reino, o crente já pode dizer
que Cristo vive nele (Gl 2.20: …logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive
em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus,
que me amou e a si mesmo se entregou por mim).
A FALTA DE FÉ E O POLITICAMENTE CORRETO
Marta e Maria, num ambiente
“eclesiástico” foram politicamente corretas. Diziam crer nas promessas, crer
numa realização futura de seus anseios de reverem o irmão, mas não ousavam
dizer a Jesus, com todas as letras, o que todos ali pensavam, e que lhes
ocupava a mente e lhes fazia doer o coração: “O Senhor não veio, Jesus. O
Senhor demorou e ele morreu. Agora nem o Senhor conserta isso - já é tarde
demais e nós já aceitamos conviver com esta perda - agora só na eternidade”.
A FÉ E O PRESENTE
Somente quando Jesus chama a
atenção para os fatos presentes, para vivenciar a fé sem tirar os olhos de
Jesus, mas no dia-a-dia, é que Marta, novamente, na sua praticidade, diz: “Não
adianta, ele já está em decomposição, já cheira mal, deixa pra lá... Vamos
voltar pra casa e chorar a nossa dor”. Os amigos de Jairo fizeram a mesma
coisa, disseram-lhe para não incomodar mais a Jesus (Mc 5.35: Falava ele ainda,
quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha
já morreu; por que ainda incomodas o Mestre?).
A FÉ DEIXADA NO PASSADO
A fé que só serve para o passado é
inócua, não honra o poder nem a presença de Jesus Cristo. A fé que se limita a
esta vida não é fé, é apenas utilitarismo, emocionalismo e moralismo. A fé que
não se firma nos fatos do passado, não serve para o tempo presente mas se
limita à uma expectativa futura se esquece da promessa da presença constante de
Jesus com seus discípulos (Mt 28.20: …ensinando-os a guardar todas as coisas
que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação
do século) e com todos os que viessem a crer (Jo 17.20: Não rogo somente por
estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua
palavra).
A FÉ É FONTE DE CERTEZAS ETERNAS
A verdadeira fé não se limita a
espaços temporais, ela é eterna, alicerçada no que Deus fez e prometeu,
vivenciada no presente e cheia de esperanças para o futuro, mas muitos cristãos
modernos não acreditam mais na ação de Deus, e, para não admitirem, colocam as
suas afirmativas sempre no futuro: Jesus virá, Jesus fará, quando Jesus vier. E
se esquecem que aquele que fez está presente e faz. Não precisamos esperar as
portas da eternidade se abrirem para termos a certeza do senhorio de Cristo
sobre todas as coisas (Sl 8.6: Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e
sob seus pés tudo lhe puseste). É fundamental que o coração do crente esteja
repleto de fé no seu Senhor e salvador, que tanto pode agir de maneira
extraordinária, imediata, como ensinar lembrando a história dos feitos de Deus
ou, ainda, mostrando-lhes a necessidade de uma confiança simples, mas verdadeira
(Mt 18.3: E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos
tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus).
A
FÉ VIVA E VIVENCIADA NO DIA-A-DIA
Diante destas diversas
manifestações de uma fé apenas aparente mas que, na verdade, são meras
manifestações disfarçadas de incredulidade, Jesus chama, de maneira prática, tanto
os seus discípulos (aos quais já advertira que a enfermidade de Lázaro era para
que Deus e o próprio Cristo fossem glorificados), como de Maria e Marta (às
quais já havia dito mais de uma vez que seu irmão ressurgiria dos mortos) e dos
demais judeus (que duvidavam de seu poder em ressuscitar Lázaro, apesar de já
ter curado um cego de nascença, algo nunca antes visto (Jo 9.32: Desde que há
mundo, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença),
para a vivência da fé de maneira real, diária.
A FÉ É PARA SER VIVIDA NO TEMPO PRESENTE
Diante da percepção que Jesus
possui da natureza do homem (Jo 2.25: E não precisava de que alguém lhe desse testemunho
a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana) e de
seus corações (Lc 5.22: Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes:
Que arrazoais em vosso coração?) chama-os para fixarem sua atenção na maneira
como deveriam crer, no momento presente e pergunta-lhes: "Onde Lázaro
está?". Libertos de seu torpor atemporal, eles respondem: "Vem e
vê".
A FÉ NÃO ESTÁ PRESA ÀS EXPERIÊNCIAS DO PRESENTE
Quando chegam diante do sepulcro,
mesmo depois de 4 dias, Jesus ordena-lhes que abram o túmulo, que eles removam
a pedra do lugar onde haviam disposto, após aguardar até o último instante, a
sua expectativa de uma ação de Deus. Para eles não havia mais nada a fazer. Não
esperavam que Jesus fizesse mais nada, queriam apenas lamentar as suas dores –
e certamente os inimigos de Jesus se alegravam com aquele ambiente, pois já
haviam decidido matar Jesus e quanto menos apoio popular ele tivesse, mais
fácil se tornaria sua tarefa.
A FÉ SUPLANTA O DESESPERO
Quantas esperanças foram
abandonadas, quantas vezes os sonhos são esquecidos simplesmente pelo fato de
não se acreditar no poder de Deus. Mesmo diante da presença de Jesus, e da sua
ordem para retirar a pedra, ainda assim oferecem objeções que justifiquem esta
incredulidade. O problema não está, em absoluto, no que Jesus pode fazer – mas no
que os pseudo crentes esperam que Jesus faça (ou não).
A FÉ SUPLANTA A INCREDULIDADE DOS CRENTES
Quantos simplesmente escondem a
sua incredulidade dizendo que esperarão o agir de Deus no futuro, num
"lindo porvir" que, na verdade, não esperam vir coisa nenhuma. Ser
crente correto não é ser politicamente correto. Para não assumirem a sua incredulidade
muitos dizem esperar que aconteça, mas vivem como se as promessas de Deus nunca
viriam a se realizar. No fim das contas, vivem como se Cristo não voltasse, não
podem afirmar que Cristo vive neles, nem podem exclamar "Maranata, vem
Senhor Jesus Cristo". Mas, aqueles que observavam as ações de Jesus,
ouvindo as ordens do mestre, mesmo vacilando, obedecem ao mandato de Jesus e o
Senhor e abrem o túmulo. Contrariados, confrontados com sua incredulidade, incomodados
com o olor que provinha do túmulo que abrigava um corpo em decomposição. Mas
eles precisavam obedecer, pois somente através da obediência eles poderiam ver
a glória de Deus.
OS FEITOS SURPREENDENTES DE JESUS ALICERÇAM NOSSA FÉ
Quando ninguém mais esperava
qualquer ação da parte de Jesus, ele mostra que o imediatismo não reflete o
tempo de Deus agir. Ele mostra também que, mesmo tendo agido no passado, ainda
age. Seu poder não diminuiu. Aquele que é o alfa e o ômega não sofre alteração.
Aquele que é o princípio, a origem e a causa, e o término, a razão e a
finalidade de todas as coisas porventura deixaria de ter poder de causar ou
levar a cabo suas intenções? Aquele que é o mesmo, ontem, hoje e eternamente
não pode, então, sofrer qualquer forma de variação ou sombra de mudança (Tg
1.17: Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das
luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança). Da mesma forma
que agiu antes, curando o cego de nascença, ressuscitando o filho da viúva de
Naim, ou a filha de Jairo, Jesus mostra-lhes que ainda é o mesmo, ainda tem o mesmo
poder, ainda tem o mesmo amor e interesse pelas ovelhas que lhe foram
confiadas. Antes de qualquer outra coisa Jesus glorifica o pai, demonstra o
propósito daquele momento, apesar de toda a dor que Marta, Maria e familiares
tiveram que passar, era que cressem que ele era o enviado de Deus.
O PODER DE JESUS ALIMENTA A FÉ INDEPENDENTE DO TEMPO
Então, clama para que Lázaro saia
do túmulo. Era mais uma das muitas frases "estranhas" de Jesus. Jesus
disse a uma mulher que chorava a perda do único filho para que não chorasse –
diz a mortos para que se levantem, como se mortos pudessem ouvir. E, nesta fala
estranha, inesperada, Jesus demonstra o poder de Deus, a graça do Senhor da
vida, capaz de levantar mortos, não importando quanto tempo a morte tivesse
atingido o homem. Jesus coloca no coração dos seus discípulos, e dos que creram
que, para Deus, nada é impossível, mesmo que o homem pense assim. E Lázaro,
para surpresa de todos, mesmo depois de 4 dias, mesmo amarrado, pés e mãos, sai
do túmulo. Lázaro, de pé, é a maior testemunha que aqueles homens podiam ter do
poder de Deus e da intimidade de Jesus com o Pai. À partir deste testemunho
vivo, ou melhor, revivido, alguns creram em Jesus. Vão tirar as ataduras de
Lázaro, percebem que Jesus de fato era o enviado de Deus. Nem no passado, nem no
futuro. A fé tem influência na vida do crente no presente, aguardando
pacientemente o tempo e o modo de agir do Senhor.
A FÉ PRODUZ DIFERENTES REAÇÕES
João continua tratando da história
da ressurreição de Lázaro e diz que alguns creram – não diz quantos, mas parece
ter sido um número significativo. Mas também, outros, a despeito do que Jesus
fez, de terem visto o mais absolutamente inesperado acontecer, mesmo sendo
testemunhas oculares, preferiram rejeitá-lo ainda mais. Foram falar para
aqueles que haviam decidido matar Jesus que se apressassem em fazer o que
queriam fazer.
QUAL
É A SUA REAÇÃO DIANTE DA VERDADE?
Duas reações possíveis. Alguns
creram, outros odiaram Jesus. Você que está diante desta mensagem tem que tomar
um posicionamento. Ou você crê, ou você o rejeita. Ou torna-se partidário
daqueles que creram no Senhor Jesus ou posicionasse ao lado daqueles que não
creram, apesar do testemunho eloquente da ressurreição de Lázaro. Não há jeito
de você continuar a sua vida sem se posicionar em relação a Jesus, porque esta
mensagem é um desafio a você, ao seu coração, para tomar um posicionamento a
respeito de sua vida, de como você olha para Jesus. Discípulo ou opositor – o
que você é, afinal?
Separe um tempo agora para colocar
seu coração diante de Deus, peça para Deus sondar o seu coração – a Palavra de Deus
diz que o coração do homem é enganoso e corrupto, impossível de ser conhecido
pelo próprio homem, mas ele pode ser esquadrinhado por Deus, quebrado,
transformado, restaurado e renovado. Mas peça para Deus lhe dar um novo
coração. Para lhe dar uma nova perspectiva a respeito de Jesus, aquele a quem
ele enviou. Creia, porque, se você crer, você receberá de Deus a maior das
recompensas: a salvação de sua alma (At 16.31: Responderam-lhe: Crê no Senhor
Jesus e serás salvo, tu e tua casa).
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