quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

PRA VOCÊ QUE QUER FAZER CARNAVAL PARA JESUS

CARNAGOSPEL – SERIA RIDÍCULO SE NÃO FOSSE LAMENTÁVEL
Alguns anos atrás alguns anúncios publicitários me chamaram a atenção: em Tucuruí, o carnagospel. Em Jacundá, o grande culto do Carnaval de Jesus. O primeiro era pretensamente promovido por todas as Igrejas evangélicas de Tucuruí (o que, rapidamente, constatei ser uma mentira, pois Igrejas sérias não estavam participando do evento promovido pelo conselho de pastores daquela cidade – certamente sem o apoio e a despeito do conselho de alguns pastores sérios - ou seriam estes pastores verdadeiramente comprometidos com a verdade?). O segundo promovido pela Igreja romana de Jacundá.
Conversando com um jovem missionário, ele lembrou-me da etimologia das duas palavras que daria origem ao carnagospel. Carnevale, festa carnal, onde os excessos eram permitidos (originários dos cultos orgíacos bacanais) e God spell – a fala de Deus, iluminação. Assim, teríamos como conceito do carnagospel: festa carnal iluminada por Deus. Conceito interessante para os carnais, mas de modo algum aceitável pelos verdadeiros cristãos, que tem uma vida sólida com Deus, com intimidade e obediência, que sabem discernir o que é modismo, imitação do mundo, impureza do que é eterno e santo.
Uma breve olhada nas Escrituras sagradas, que para os cristãos é verdadeira palavra de Deus, e deve ser crida e obedecida, demonstra que o verdadeiro cristão nada deve dispor para a carne. Escrevendo aos Romanos, no capítulo 13, o verdadeiro apóstolo Paulo (porque muitos falsos apóstolos têm saído pelo mundo) lembra-lhes que é dever do cristão andar dignamente como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas revestidos do Senhor Jesus Cristo e nada dispondo para a carne no tocante às suas concupiscências.
Só isso já seria suficiente para mostrar que o carnagospel é uma invenção de satanás e seus verdadeiros seguidores, mas que se afirmam (enganados ou enganando – ou as duas coisas) seguidores de Cristo, vivendo em cegueira e mentira, mas com o objetivo de enganar os incautos, usando em vão o nome do Senhor Jesus (II Co 11.13-15): Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras.
Entretanto, suas ações nada mais são do que blasfêmias contra o nome do santo Senhor, mas, repito, seu fim será conforme as suas obras, porque o apóstolo João afirma enfaticamente que não se deve amar o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente. Se o que faz a vontade de Deus permanece eternamente, é óbvio que o contrário também é verdadeiro, isto é, o que não faz a vontade de Deus, evidenciando isto através das conhecidas obras da carne não permanecerão: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam).

Não permanecerão, muito pelo contrário, serão lançados para longe da presença bondosa do Senhor, como ele mesmo afirma no evangelho de Mateus, capítulo 7.23: Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade. O que o cristão deve fazer, então? Fugir de Babilônia (pseudo-evangélica ou não) e dirigir-se ao Senhor, buscando comunhão com a verdadeira Igreja do Senhor, que se afasta das obras da carne e procura viver segundo o fruto do Espírito, que é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.

CONSELHOS PARA VOCÊ PULAR O CARNAVAL

Quem assiste um mínimo que seja de televisão, em qualquer horário, mas mais especialmente nas manhãs, com certeza já deve ter observado uma série de conselhos dados por especialistas nas mais diversas áreas, como saúde, bebidas, segurança pessoal, trânsito, etc.
Sem querer ser repetitivo, vamos a alguns destes conselhos.
BEBIDAS E ENTORPECENTES
A primeira recomendação que os especialistas dão, em relação à bebida (inclua mentalmente os acompanhamento ilícitos tais como LSD, maconha, cocaína, ecstasy, crack, lança-perfume e tantos outros), é que o consumo não ultrapasse alguns limites para evitar situações de risco como coma alcoólico. Colocando de forma simples e direta, a recomendação é: esqueça a recomendação de beber com moderação, tome todas que aguentar beber, uma bebedeira de vez em quando não é problema, mas respeite os limites de seu corpo.
SEGURANÇA NO TRÂNSITO
Quanto à segurança no trânsito, os órgãos oficiais dizem: se for dirigir, não beba. Dito de outra maneira, já que você vai se embriagar mesmo, então, encontre alguém que possa te acompanhar e que não beba. Se não encontrar, siga o conselho daquela cantora e apresentadora: vá de táxi.
PROMISCUIDADE SEXUAL
Como ébrio é mesmo sem limite, e durante o carnaval o que os foliões menos querem é ter limites, especialmente limites morais e comportamentais, tem-se uma busca frenética por parceiros e parceiras sexuais, e os órgãos governamentais, especialmente o ministério da saúde, recomendam que esta irresponsabilidade sexual seja vivida de maneira responsável, como o uso de preventivos e preservativos. Não importa com quem, dizem os especialistas, proteja-se. Quem vê cara não vê exames, esta é a ideia.
Mas, qual é conselho que o pastor daria para pular o carnaval? É simples. Não preciso ser especialista em saúde pública, nem em segurança, nem em medicina para te dar o seguinte conselho: pule o carnaval. Pule no sentido de evitar, de não participar, de dizer não à concupiscência da carne, dos olhos e do mundo (Rm 13.14: ...mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências).
Não entregue seu corpo ao meretrício, à devassidão e à loucura da luxúria, mesmo que seus amigos insistam (I Pe 4.4: Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão). Faça como o salmista: faça aliança com Deus, e não peque contra o Senhor, lembrando-se que seu corpo é santuário do Espírito (I Co 6.19: Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?) e pertence a Cristo (I Co 6.15: Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não).

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

COMO NÃO SER UMA IGREJA QUE DIZ: "EU NÃO QUERO FAZER"

Texto do boletim da Igreja Presbiteriana em Xinguara, 2014, Fev, 23
O livro de Atos dos Apóstolos nos apresenta uma abordagem da história da Igreja que passa, da promessa do Senhor de fazer de seus discípulos suas testemunhas, mediante a capacitação do Espírito Santo, até a chegada do evangelho na capital do império romano, o lugar considerado mais difícil para o evangelho, algo que poderia ser qualificado de “os confins da terra”. Como um grupo de 120 discípulos conseguiu esta proeza em menos de 4 décadas? Como se transformaram num grupo tão numeroso que chegou a incomodar os césares? A resposta passa por seis características desta Igreja que nunca dizia, na prática, “eu não quero fazer’. Eis as características desta Igreja:
Ela era uma Igreja obediente (v. 1)
O Senhor havia ordenado que seus discípulos voltassem para Jerusalém (Lc 24.49) e lá aguardassem o cumprimento da promessa que dele haviam ouvido, isto é, que o Espírito seria derramado sobre eles. Não era uma promessa nova, pois já havia sido anunciada séculos antes pelo profeta Joel - e o fato de não ser nova apenas corrobora a natureza do propósito imutável de Deus na vida de seu povo.
Ela experimenta o cumprimento da promessa que o Senhor lhe fez (v. 2-4)
A Igreja estava, unida, em Jerusalém, aguardando o cumprimento da promessa que o Senhor lhes fizera. Eles não buscavam outras coisas, nem ouro, nem prata, mas queriam ver a vontade de Deus ser cumprida em suas vidas, em seus dias.
Ela testemunha o que viu e ouviu (v. 5-35)
Por terem recebido a capacitação do Espírito Santo, esta Igreja está habilitada a anunciar todas as coisas, e, sem medo, sai às ruas e anuncia de maneira inteligível (exatamente o contrário das modernas línguas que ninguém entende) a todos os homens que estavam em Jerusalém as coisas concernentes a Jesus, os fatos e promessas do Antigo Testamento, seu cumprimento exclusivamente na pessoa de Jesus Cristo.
Ela exorta os pecadores a se arrependerem de seus pecados (v. 36).
Ela adverte os pecadores para que não cometam o erro de rejeitarem o messias. A Igreja Primitiva disse aos judeus que eles haviam rejeitado o messias, e, não apenas rejeitando-o, mas, também, haviam matando-o. Todavia, isto não era o fim porque Deus havia feito dele Senhor e Cristo, diante de quem todo joelho deve se dobrar - mesmo os joelhos daqueles que o crucificaram usando a mão dos gentios.
Ela colhe os frutos da sua fidelidade (v. 37-40)
Por causa da pregação de Pedro e dos demais discípulos esta Igreja viu uma multidão buscar saber mais sobre o que haviam feito, sobre as consequências de seus pecados e o meio de se livrar da ira de Deus. Diz-nos o texto que eles ficaram de coração compungido, isto é, sentiram verdadeira dor pelo que fizeram, e, então, se arrependem, recebem a remissão de seus pecados e a dom do Espírito que lhes garante a salvação.
Ela se alegra com os resultados (v. 41)
Num único dia a Igreja cresce impressionantes 2500%, e, certamente, goza de grande alegria por causa disso. Sabemos que por um pecador que se arrepende há festa nos céus, imagine então a festa por uma multidão de pecadores que são salvos.
Não devemos os perguntar como fazer parte de uma Igreja como esta. Devemos nos esforçar para sermos uma Igreja assim. E que Deus nos abençoe.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

SÉRIE PERSONAGENS. NINRODE: SEU NOME É REBELIÃO

NINRODE


A Palavra de Deus afirma que o Senhor  é Deus misericordioso, mas que, também, mantém a sua Palavra de julgamento sobre os filhos da desobediência (Nm 14.18: O SENHOR é longânimo e grande em misericórdia, que perdoa a iniqüidade e a transgressão, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta gerações).
Após a inadvertida ação de Cam e a consequente maldição sobre ele e sua descendência (Gn 9.24-27: Despertando Noé do seu vinho, soube o que lhe fizera o filho mais moço e disse: Maldito seja Canaã; seja servo dos servos a seus irmãos. E ajuntou: Bendito seja o SENHOR, Deus de Sem; e Canaã lhe seja servo. Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de Sem; e Canaã lhe seja servo), Cam gerou quatro filhos, sendo que seu primogênito, Cuxe, gerou a Ninrode (seu nome significa rebelde). E é sobre os atos e fatos a respeito deste homem que conseguiu seu intento de tornar-se inesquecível que nos deteremos um pouco mais.
Os descendentes de Noé ainda tinham a obrigação de povoar a terra (Gn 9.1: Abençoou Deus a Noé e a seus filhos e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra) e o fizeram, dividindo entre si as terras, dando origem a nações que, ainda, tinham em comum a mesma língua.
Os homens se multiplicaram rapidamente - não nos esqueçamos que eles viviam várias centenas de anos, gerando filhos e filhas e estes dando origem a novas famílias. E eis que, entre estes bisnetos de Noé, surge Ninrode. A descrição que dele é feita sugere uma pessoa impetuosa, de personalidade forte e impactante, que atrai admiração. Em outras palavras, uma pessoa popular, ou populista (Gn 10.8-9: Cuxe gerou a Ninrode, o qual começou a ser poderoso na terra. Foi valente caçador diante do SENHOR; daí dizer-se: Como Ninrode, poderoso caçador diante do SENHOR). Com suas habilidades tornou-se alguém poderoso (roBig = guerreiro, homem de agressão - o que está de acordo com a histórica ferocidade assíria) e alcançou seguidores. E aqui começam os problemas. Os canaanitas deveriam submeter-se aos seus irmãos, e não liderarem-nos. Ninrode deveria servir, e não ser servido.
Dele diz Flávio Josefo, obviamente citando a tradição rabínica judaica:
“Pouco a pouco, transformou o estado de coisas numa tirania, sustentando que a única maneira de afastar os homens do temor a Deus era fazê-los continuamente dependentes do seu próprio poder. Ele ameaçou vingar-se de Deus, se Este quisesse novamente inundar a terra; porque construiria uma torre mais alta do que poderia ser atingida pela água e vingaria a destruição dos seus antepassados. O povo estava ansioso de seguir este conselho, achando ser escravidão submeter-se a Deus; de modo que empreenderam construir a torre [...] e ela subiu com rapidez além de todas as expectativas." Antiguidades Judaicas, I, 114, 115 (iv, 2, 3)
A tendência natural de pessoas como Ninrode é se apegarem ao poder, e desejarem cada vez mais poder. E, no desejo de livrar-se de Deus, os homens escravizam-se mutuamente.
A história está cheia de homens assim, como Alexandre, o grande, Gêngis Khan, Adolf Hitler - e podemos observar exemplos menores em nosso tempo. Ninrode percebeu que as distancias entre as pessoas estavam ficando maiores, e ele precisava de algo que centralizasse as pessoas em torno de algo comum, como, mais tarde, também perceberiam Jeroboão (I Rs 12.27: Se este povo subir para fazer sacrifícios na Casa do SENHOR, em Jerusalém, o coração dele se tornará a seu senhor, a Roboão, rei de Judá; e me matarão e tornarão a ele, ao rei de Judá) e Constantino, ao usar o cristianismo como “o cimento o império”.
A atitude de Jeroboão foi classificada por Deus como pecado (I Rs  12.30: E isso se tornou em pecado, pois que o povo ia até Dã, cada um para adorar o bezerro) e maldição sobre sua casa (I Rs 13.34: Isso se tornou em pecado à casa de Jeroboão, para destruí-la e extingui-la da terra).
O mesmo se deu sobre o ímpio Ninrode. A torre que ele intentou construir chamava-se zigurate, sendo, na verdade, um templo. Seu objetivo era instituir um lugar de culto para todos os descendentes de Noé, obviamente sob seu controle. A religião de Ninrode era utilitarista e mundana - não levava em consideração a vontade de Deus em sua vida nem tampouco tinha por objetivo glorificar a Deus (Gn 11:4  Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra).
Objetivos mundanos, religião mundana. O que resultaria da edificação desta torre seria uma religião de interesses políticos facilitada pelo fato de todos falarem uma mesma língua - algo parecido (sem o aspecto) com o pan-americanismo, o bolivarianismo sul-americano, o pan-islamismo árabe, etc...
É impossível saber o tamanho da torre proposta, mas deveria ser algo que impactasse a vista dos seus frequentadores (alguma diferença no propósito com o “templo do Salomão” sem sabedoria proposto pela IURD?) e eles sentisse, observando de baixo, que seus sacrifícios tocassem o céu. Como o coração de Ninrode era rebelde, como fora o de Caim e dos seus antepassados, ele não obteve a aprovação de Deus para seu intento. Seu objetivo não era glorificar a Deus, seu propósito era a sua própria gloria e isto Deus não admite (Is 42.8: Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura).
O sinal mais evidente da desaprovação de Deus sobre este intento foi que Deus lançou confusão sobre os edificadores (Gn 11.5-7: Então, desceu o SENHOR para ver a cidade e a torre, que os filhos dos homens edificavam; e o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer. Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro) e fez ruir seu propósito de uma religião universal. Ninrode queria edificar uma religião através da qual o homem alcançasse o céu. Suas ideias se espalharam junto com aquelas pessoas confusas, mas permanecem presentes em toda e qualquer religião que não se atenha à obediência à Palavra de Deus. Esta cidade, embora sem a relevância pretendida por Ninrode, se tornaria Babilônia, sempre identificada com idolatria, com rebelião contra Deus e símbolo de religião desprezível.
A proposta de Ninrode era um mundo onde:
i. Um homem (ele) fosse o centro. Se Deus disse para enchermos a terra, nós nos tornaremos poderosos permanecendo juntos;
ii. Um lugar (a torre) fosse o centro da comunhão do povo. Babel era mais que um prédio, era uma filosofia de vida: vivamos por nós mesmos, não precisamos de Deus;
iii. Uma instituição (a cidade de Babel) fornecesse a identidade para o povo. Não precisamos do céu, ou do paraíso. Queremos a felicidade aqui, na terra.
A tentativa de reedificar Babel, religiosa e ideologicamente, continua. Blocos econômicos, culturais, religiosos - tudo isto sob a um guarda-chuva pretensamente piedoso de uma filosofia chamada ecumenismo. Não devemos nos deixar enganar - nem todos os caminhos levam a Deus, aliás, só Jesus leva a Deus (Jo 14.6: Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim). Os demais são caminhos de morte (Pv 14.12: Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte).
É facilmente perceptível a confusão que reina no mundo, em todas as áreas, e no contexto religioso, por causa da multidão de vozes cada vez mais confusas de edificadores de torres. Cabe-nos encerrar com uma palavra, a do Senhor Deus a respeito do único que tem o direito de chamar-nos a si: Jesus (Mc 9.7: A seguir, veio uma nuvem que os envolveu; e dela uma voz dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi). Não é uma torre a ser levantada, nem um templo, mas o Filho do homem (Jo 12.32: E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo) que já foi levantado e deve ser seguido. 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

SÉRIE PERSONAGENS: NOÉ E SEUS FILHOS

Quando um justo "faz o que todo mundo faz" as consequências podem ser trágicas.
A arca era um ambiente seguro - mas cumpria apenas um propósito. E, depois de cumprido, era necessário que fosse abandonada. 
Noé não tinha coração idólatra, não tinha interesse em guardar relíquias - e logo que saiu da arca usou parte dela para fazer um sacrifício ao Senhor.
O patriarca tomou alguns cuidados: construiu um altar, ofereceu animais “limpos” a Deus. Antes mesmo da lei ele já sabia o que seria aceitável ou não como sacrifício ao Senhor. Que tipo de sacrifício foi este?
Embora alguns queiram entender o sacrifício de Noé como uma confissão que era pecador e não merecia ter sobrevivido isto não se adequa ao contexto, que indica muito mais uma oferta pacífica, um culto de gratidão ao Senhor pelos benefícios feitos (Ex 20.24). Isto não significa, entretanto, que Noé não tivesse consciência de quem ele era - um pecador.
UM PROPÓSITO IMUTÁVEL
Mesmo depois do dilúvio o eterno propósito de Deus permaneceu inalterável. Os filhos de Adão ainda tinham incumbências a cumprir, e Noé os abençoa e eles são instruídos acerca da obrigação de encher a terra (Gn 9.1).
Como no Éden, foi-lhes dado domínio sobre a criação, com duas alterações fundamentais: a criação, embora sujeita, teria o homem como motivo de pavor e medo (v. 2) porque passaria a ser não apenas governada mas explorada (v. 3) como fonte de alimento, com a restrição referente ao sangue.
Deus mostra a necessidade de respeitar a “imago Dei” ainda presente no homem: decaída, deformada, em alguns quase imperceptível, mas, mesmo o pior dos seres humanos ainda guarda algo da imagem de Deus, cuja vida deve ser valorizada - a ponto de a punição para uma afronta à mesma ser a pena máxima, a pena de morte, instituída pelo próprio Deus (v. 6).
UM DESCUIDO IRREPARÁVEL
Alguns anos depois [houve tempo para Noé plantar uma vinha, colher uvas, fazer vinho) Noé comete um erro que resultou em danos para sua família: entregou-se ao vinho. Não há reprovação ao plantio da vinha ou fabricação de vinho, entretanto, nem tudo que é lícito é conveniente, e temos uma clara demonstração de que a embriaguez pode causar danos irreparáveis a uma família. Certamente Noé não foi o primeiro a embriagar-se (Lc 17.27), o que nos alerta para o enorme perigo espiritual de “fazer o que todo mundo faz” que pode trazer consequências sobre nós e sobre aqueles que estiverem próximo de nós. A bebedice do patriarca trouxe grande tristeza sobre sua descendência por causa da irreverência de seu filho, Cam, que acabou amaldiçoado, junto com seus descendentes.
CONSEQUÊNCIAS TERRÍVEIS
Ébrio, Noé deixou-se cair bêbado em sua tenda, e seu filho, Cam, não apenas viu a sua nudez de seu pai como não teve o cuidado que deveria ter tido (v. 22), deixando de dar-lhe a honra devida (Ex 20.12). Por  causa de  sua irreverência, contratada com o respeito demonstrado por seus irmãos (v. 23), Cam foi amaldiçoado pelo próprio pai - era seu dever, como sacerdote da família. Cam e seus descendentes se tornariam servos de seus próprios irmãos por seu patriarca não ter dominado sua vontade eles teriam sua vontade sujeita aos demais.
Não é correto, mais do que isso, é uma tolice afirmar que o sofrimento dos palestinos seja fruto da maldição sobre Cam, uma vez que eles são descendentes de Sem (são filhos de Ismael, filhos de Abraão, portanto). De Cam saíram nações etíopes, egípcias, persas e canaanitas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Algumas breves considerações sobre esta triste passagem a respeito do patriarca Noé.
Deus não desistiu de contar-nos a história de Noé apenas porque ele cometeu um erro - ela nos foi contada apesar do erro que ele cometeu, o que nos serve de instrução (Rm 15.4) e corrobora a verdade bíblica que não há quem não peque (Ec 7.20), mesmo um homem que o próprio Deus considerou justo e íntegro (Gn 6.9). Lembre-se: acertos passados não equilibram erros presentes (Tg 2.10).
Deus não desistiu de seu propósito por causa da infidelidade dos homens, nem mesmo de seus mais dedicados servos (II Tm 2.13). Todas as exigências feitas a Adão, todas as determinações originais permaneciam sobre os homens, mesmo depois da queda, por isso o alto valor que Deus dá aos seres humanos (Gn 9.6).
Ser como todo mundo, como Noé foi, ainda que por pouco tempo, pode trazer consequências irreparáveis, danosas para si mesmo e para o próximo (Rm 2.24). Nem sempre é suficiente não fazer o que Deus proíbe, mas o ideal é só fazer o que Deus manda (Sl 119.4). Fazer a vontade de Deus já ocupa tempo suficiente, e, na dúvida, o ideal é fazer como no trânsito, não ultrapassar nem pegar desvios (Dt 5.32).

Geralmente, além de nós mesmos (Pv 8.36) quem mais sofre com nossos erros são aqueles a quem amamos - ou aqueles que nos amam.

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