quinta-feira, 31 de março de 2016

PARA ONDE OLHAR


DE ONDE ME VIRÁ O SOCORRO?

Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro?

Sl 121.1

Sim, vivemos dias difíceis. Quando olhamos para o planalto é possível sentir um amargo gosto de desesperança. Eu não diria de desapontamento porque, com exceção de quem acreditava em um messias sindicalista [muito embora alguns ainda não tenham acordado do sonho que, para a maioria dos brasileiros, se tornou em um enorme pesadelo vermelho].

De nenhum dos palácios de Brasília vem algum sinal que possa dar alguma esperança aos brasileiros de viverem dias melhores. Como dizia uma música de algumas décadas atrás - no congresso, no senado, sujeira para todo lado. Rotos e esfarrapados se acusam mutuamente, e fica difícil saber quem tem mais razão. Não ouso nem mesmo desacreditar de algum deles - ao menos quando falam mal uns dos outros. Diante de cada nova acusação, diante de cada nova delação minha primeira atitude é aguardar, porque sei que virão novas e escabrosas revelações.

Me pergunto: teremos impeachment? Teremos cassação de mandatos, quem sabe às dezenas? Teremos deposição tripla (ou quádrupla] de presidentes (Dilma, Renan, Cunha e Temer), todos eles eleitos tanto por voto popular ou por voto representativo, no caso da presidência da câmara e do senado?

Creio, espero e confio que a redenção é possível. O salmista que se pergunta: de onde me virá o socorro tem uma resposta para nós. E a resposta não é Temer, ou Serra, ou Aécio, ou Marina - a resposta é: “o meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra” (Sl 121.2). Não há outra possibilidade de redenção, devemos esperar confiantemente no Senhor, e, antes de encerrar, quero lembrar a parábola do espinheiro, contada por Jotão e registrada no livro dos juízes (Jz 9).

Cremos absolutamente na soberania de Deus e no seu governo sobre as nações, mesmo numa nação que não o teme, mas não devemos nos esquecer da responsabilidade que temos em não sermos tolos como as árvores do bosque alegoricamente citadas por Jotão, para denunciar a ímpia escolha de Abimeleque e seus aliados levianos e atrevidos, homens que nada produziam além de conflitos e mortes (Jz 9.4-5). Que o Senhor nos livre de homens como Abimeleque nos governando, e nos dê governantes segundo o seu coração.

terça-feira, 29 de março de 2016

CONTRAGOLPE CONTRA O GOLPE: PRESUMINDO A INOCÊNCIA DE DILMA

Tudo bem. Vamos dar a Dilma o que o PT nunca deu a nenhum político seu opositor – nem mesmo nestes dias (como vemos na lista de mais de duzentos políticos – lista esta que não estava no setor de propinas da Odebrecht, o agora notório Setor de Operações Estruturadas).
O que eles pedem para Dilma (e Pimentel, e Lula, e Delcídio, e Genoíno, e Dirceu, e Edinho Silva, e… a lista é enorme) negaram a Collor, negaram a Fernando Henrique, negaram e negam a Alkmin, a Serra (que chegou a ser investigado ilegalmente no escândalo dos aloprados e na quebra do sigilo fiscal dele e de familiares) e a Aécio, negaram a Kassab e a Maluf: presunção de inocência (por mim, todos os que são objeto de acusações fundadas devem ser investigados e, em caso de condenação, cassados e presos, independente de qual seja o partido político). Vamos supor com uma enorme boa vontade, que ela, sua campanha e o PT sejam inocentes – embora inocentes não sejam.
Sendo inocente, e sendo injustificado o impeachment, então, qual seria o roteiro democrático a ser seguido:
i.                    Denúncia na câmara dos deputados – já há pelo várias. Ok, está dentro do jogo, é da lei – e a presidente ainda não é considerada culpada;
ii.                 Escolha de uma comissão de deputados que avalia se a denúncia é procedente ou não (o STF regulamentou esta escolha, portanto, ela é legal, ou, então, o STF estaria regulamentando um golpe contra a Constituição). Caso seja, a comissão encaminha um relatório ao plenário da câmara. Caso não seja procedente, a comissão encaminha um relatório ao plenário da câmara – em qualquer dos casos, a presidente ainda não é considerada culpada – ela é, presumivelmente, inocente;
iii.               O plenário da câmara aprova ou não qualquer um dos relatórios. Se a abertura do processo de impeachment não é aprovado por dois terços dos deputados isto significa que eles consideraram não haver elementos que justifiquem o impeachment (e outros pedidos podem ser encaminhados, desde que com elementos diferentes do que foi rejeitado). Se, entretanto, a abertura do processo de impeachment é aprovado, isto ainda não significa que Dilma seja culpada – presumivelmente, todo mundo, inclusive Dilma, é inocente até que se prove sua culpabilidade. Significa apenas que o processo é admissível;
iv.               O processo é remetido ao Senado, que, então, pode ou não dar abertura ao processo de impeachment (embora a lei afirme que ele “daria início ao processo” entendimento do Supremo é de que o Senado pode negar-se a abrir o processo). Se o senado admitir o processo, a presidente é afastada do cargo para se defender, embora ainda não seja considerada culpada e uma comissão é nomeada para apresentar parecer contrário ou favorável à cassação – continuamos presumindo sua inocência. Entretanto, é afastada de suas funções e o vice-presidente assume interinamente. Se o senado não admitir o processo, isto significa que ele julgou que não há elementos que justifiquem o impeachment;
v.                 Após o período regimental a comissão apresenta relatório, a presidente se manifesta em sua defesa e o senado finalmente julga a ação. Somente aí, em caso de condenação, a presidente é considerada culpada e deposta. Somente neste caso podemos afirmar: é incabível a presunção de inocência.
Qual o problema em seguir a lei? A presidente sempre pode provar que é inocente em qualquer destes momentos. Ou, ainda, pode conseguir convencer deputados e senadores que, embora tenha pedalado e cometido outros atos de desrespeito à lei, eles não configuram em crimes SUFICIENTES para resultarem em impeachment.
Em resumo:
a.      O processo de denúncia não é ilegal, portanto não é golpe;
b.     O recebimento pela câmara não é ilegal, portanto não é golpe;
c.      O envio do processo ao senado não é ilegal, portanto não é golpe;
d.     Uma eventual condenação e deposição não é ilegal, portanto, não é golpe.
O que não faz sentido é tentar impedir que um processo seja protocolado. Isso sim é golpe contra o direito de peticionar. O que não faz sentido é negar aos deputados o direito de votarem segundo suas consciências (se eles as tiverem) ou de acordo com seus interesses (o que é mais certo). Isso sim é golpe contra o estado democrático de direito. O que não faz sentido é negar-se ao cumprimento da lei. E, acima de tudo, o que não faz sentido é negar aos brasileiros o direito de terem esperanças de dias melhores, saindo deste marasmo econômico e da lama política que tem caracterizado este país.
Por fim, não adianta esperarmos salvação através do PSDB de Aécio e Serra, ou da Rede de Marina Silva, ou ainda do PMDB de Michel Temer, ou qualquer outro partido político. A salvação e um governo justo só vem da cruz, do alto e sublime trono do Senhor Jesus.

segunda-feira, 28 de março de 2016

NEEMIAS: UM HOMEM DE PRINCÍPIOS ATUANDO NA OBRA DO SENHOR

Mensagem dominical na Igreja Presbiteriana de Xinguara
27 de março de 2016

Nosso tema, ao abordar o livro de Neemias, é: quais os princípios que devem nortear nossa atuação no reino de Deus?
Para responder esta pergunta, precisamos, antes de mais nada, definir o que são princípios. Princípios são as inclinações fundamentais que norteiam o comportamento de uma pessoa, que influenciam seu modo interpretar o mundo e reagir às suas influências, de modo que pessoas de princípios diferentes agem de maneira diferente em situações diferentes.
Sabemos que não existem pessoas sem princípios – embora haja pessoas sem princípios cristãos (mesmo denominando-se cristãos), ou sem princípios éticos considerados adequados em determinado grupo social e acabam sendo chamados de “sem princípios” – mas elas não são, de fato, sem princípios. Possuem princípios ofensivos ao contexto em que estão inseridos, mas os possuem. Um homem bomba, um radical islâmico como os que realizaram atentados nos Estados Unidos ou Paris, por exemplo, possui princípios férreos, tão profundamente arraigados a ponto de tirar a sua própria vida (e a de muitos que nenhum mal lhe fizeram) motivado por eles.
Uma mulher que assassina o próprio filho em seu ventre também tem seus princípios que a levou a tomar tal decisão. Não os justificamos, são princípios errados, mas eles existem. Um invasor de terras, um ladrão, que se apropria do alheio também tem seus princípios governantes internos – tortos, mas tem. Quando os judeus começaram a planejar a morte de Jesus, a mesma coisa acontecia. Eles tinham princípios – e desejavam praticá-los: seu princípio era fazer a vontade de seu pai, satanás, homicida desde o princípio.
A bíblia trata disto, embora sem usar esta palavra, quando diz que, assim como um homem imagina em sua alma, assim ele é (Pv 23:7). Nós estamos falando de valores – valores que influenciam decisões e ações. Agora vamos conhecer um pouco dos valores desse homem de Deus chamado Neemias e como isto influenciou suas ações.

NEEMIAS: SERVO DE DEUS EM TERRA ESTRANHA

Há alguns anos escrevi um artigo intitulado “férias de Deus”, lembrando o perigo que muitos cristãos correm ao estarem longe de Deus quando estão longe da sua cidade ou até mesmo quando estão fora do alcance dos olhos e ouvidos dos demais membros da Igreja. Não precisamos ir muito longe, basta imaginarmos as conversas nos corredores da escola ou em outros lugares onde, muitas vezes, o assunto “espiritualidade” é um verdadeiro tabu.
Neemias fez parte de uma rara estirpe de homens (e mulheres) de Deus: aqueles que serviram ao Senhor mesmo em terras estranhas e em contextos amplamente desfavoráveis. Entre estes podemos citar José (Gn 39:9). Antes de Neemias também é necessário destacar uma menina levada cativa por Naamã, de nome desconhecido e fidelidade invejável (II Rs 5.2-3).
Como esquecer o profeta Micaías, único a ter coragem de anunciar o desígnio de Deus a reis poderosos como Acabe e Josafá (I Rs 22:14) quando quatro centenas de outros (I Rs 22:6) disseram apenas o que os reis queriam ouvir (I Rs 22:13). Não podemos nos esquecer de Daniel e seus três amigos, Hananias, Misael e Azarias, conhecidos na corte babilônica como Sadraque, Mesaque e Abede-Nego (Dn 1:7) mas mais conhecidos ainda por terem decidido não se contaminar com as finas iguarias do rei.
Décadas depois destes crentes piedosos a fé ainda encontra espaço no coração de alguns homens – dentre eles, Neemias (Sl 137:1). Em Susã, na fortaleza de verão do império babilônico, servindo ao rei persa Artaxerxes, Neemias não abandonava sua fé nem seu amor pela terra que fora dada por Deus a seus pais sob juramento (Dt 34:4). Neemias também não abandona sua confiança no Deus que, tendo prometido, não deixa de cumprir as suas promessas. Quero destacar três características deste piedoso servo de Deus que deveriam servir de princípios norteadores para todos os cristãos – em qualquer lugar e época, em circunstâncias favoráveis ou adversas:

VERDADEIRO INTERESSE PELO POVO DE DEUS [1.1-4]

Neemias se encontrava em uma posição invejável na corte do rei Artaxerxes: ele era o copeiro do rei. Era um dos poucos homens que tinham acesso ao rei durante todo o dia. Não lhe faltava alimento, nem teto, nem segurança. Com certeza tinha uma série de confortos que muitos não possuíam.
Mas, mesmo em Susã, mesmo no palácio de verão do rei, Neemias ainda demonstra um profundo interesse pela terra de seus pais, e pelo estado de seus irmãos. Quando encontra alguns judeus que não foram tomados durante o exilio e que, portanto, podiam viajar entre a Babilônia e Jerusalém, procura saber qual o estado da “província”, na verdade, de parte da província Transeufratiana, como a região era conhecida.
E o quadro era desolador – parecia que o exílio tinha apenas começado: grande miséria, isto é, não havia recursos financeiros, não havia produção de riqueza. Havia também grande desprezo – os demais povos que foram colocados no entorno de Jerusalém os desprezavam e maltratavam. A cidade praticamente não existia, não passava de um monte de escombros, sem muros, sem portas.
Não havia nenhuma das instituições que caracterizavam um estado – não havia trono, não havia templo, não havia território. Só restava uma coisa: o povo. Miserável e desprezado, ainda era o povo de Deus. Mas não pensemos que eles estavam naquele estado por causa da maldade dos babilônicos – o que lhes sobreveio foi por causa de sua própria maldade (Is 1.19-20).
Mas é este mesmo povo, oprimido e desprezado, que é amado por Deus. Certamente Neemias se lembrou da oração de Salomão ao inaugurar o templo (I Rs 8.46-50) e foi fazer a única coisa que lhe competia fazer: chorou e lamentou o estado de Israel, chorou e lamentou o estado em que Israel havia se colocado, chorou e lamentou a incapacidade de Israel de sair de seu estado de miséria – mas não deixou de orar e jejuar, pedindo a compaixão de Deus por seu povo, porque certamente Deus amava mais Israel do que o próprio Neemias.

CONSCIÊNCIA DE DEPENDÊNCIA DE DEUS [1.4-11]

Se humilhar, orar, jejuar, confessar os pecados e, então, suplicar o favor do altíssimo. É esta a sequência de ações de Neemias, sequência prevista pelo Senhor (II Cr 7:14). Não havia outra coisa a fazer. Neemias tinha plena consciência de que o exilio fora ação de Deus para disciplinar Israel e só Deus podia acabar com ele (Is 45:7).
Neemias servia a Deus. Neemias conhecia o Deus a quem servia. Neemias tinha intimidade com Deus e conhecia a sua aliança, inclusive as condições de bênção e maldição, bem como as cláusulas de restauração (Sl 25:14). Nessa mesma babilônia outros servos do Senhor disseram confiar em Deus em quaisquer circunstancias, tanto para viver quanto para morrer (Dn 3.17-18).
O que Neemias poderia fazer em favor de seu povo? Nada. Nem mesmo ir a Jerusalém ele podia. Não podia reconstruir o templo. Não podia reconstituir o trono. Não podia restaurar os muros nem a soberania de Israel. Era só o copeiro do rei, um dos mais importantes escravos do rei, mas nada além de um escravo. Mas ele sabia que servia um rei maior do que Artaxerxes, como Daniel servia a um rei maior do que Nabucodonosor (Dn 6:26). Ele servia ao Deus dos céus – e é ao Deus dos céus que ele vai suplicar o favor.
Mas há uma coisa impressionante na oração de Neemias – ele demonstra depender de Deus e confiar na ação de Deus segundo o verdadeiro conhecimento de Deus. Ele não demonstra querer que as coisas sejam feitas do seu jeito e no seu tempo. Ele quer o favor do Rei dos céus que poderia, facilmente, inclinar o coração do rei da Babilônia (Pv 21:1) – e é este o seu pedido: que Deus lhe conceda mercê perante Artaxerxes.

DISPOSIÇÃO PARA AGIR PARA GLÓRIA DE DEUS [2.1-5]

Uma terceira característica importante em Neemias que precisamos observar é que ele não se limitava a compadecer-se do povo que sofria em Israel. Sim, ele se identificava com aquele povo, era o seu povo, era o povo do seu Deus, era a herança do Senhor que estava humilhada e em opróbrio. Ele também era um homem que tinha profunda convicção de que seu Deus é o Senhor do céu e da terra, e, por isso, se entregava a ele em completa dependência. Mas, se pararmos aqui, se alguém parar aqui será simplesmente ineficiente. A Palavra de Deus nos diz para entregarmos o nosso caminho ao Senhor – e não para nos entregarmos e pararmos no caminho.
Neemias também estava disposto a entrar em ação. Seu contemporâneo, Esdras, também tinha esta mesma disposição para com Deus e sua vontade (Ed 7:10). Eram homens diferentes. Um era administrador e o outro era um sacerdote – mas ambos tinham disposição para o serviço do Senhor.
Após orar ao Senhor insistentemente por aproximadamente quatro meses – quisleu corresponde, mais ou menos, aos nossos meses de novembro/dezembro e nisã corresponde a março/abril, ele finalmente faz seu pedido ao rei a partir da inclinação do coração do próprio rei. Não foi Neemias quem tomou a iniciativa, mas Artaxerxes, dando a oportunidade para expor seu pedido: ir a Jerusalém para reedificar a cidade.
Observe um detalhe que passa quase despercebido: o rei lhe pergunta quanto tempo demoraria e ele já tinha uma resposta (Ne 2.6), o que implica em que, nestes quase quatro meses de oração ele planejava a obra que executaria… já trabalhava antes mesmo da resposta do rei. Andava por fé (II Co 5:7).
Não era uma tarefa simples. Havia uma enormidade de coisas a considerar para fazer a obra do Senhor. Havia perigos nas estradas. Havia perigo na província. Havia inimigos de Israel por todos os lados (Ne 2:19). Havia o próprio desânimo dos demais judeus que haviam ficado – todas as famílias nobres haviam sido levadas para o exílio. Havia uma tarefa enorme para fazer – reconstruir uma cidade da qual só restavam escombros… reconstruir uma economia totalmente arrasada. Reconstruir a identidade nacional arrasada e misturada em casamentos com gentios. Era preciso muita disposição – e isto, meus amados, Neemias tinha de sobra porque ele queria fazer a obra do Senhor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não há Igreja que não tenha dificuldade com “mão de obra”. Quase sempre são poucos servindo a muitos. Isto não é novidade alguma e aparentemente não deixará de ser uma constante. Existem princípios para se fazer a obra do Senhor, e nós vamos vê-los no livro de Neemias – mas não há como ser feita a obra do Senhor sem os trabalhadores da obra do Senhor (Êx 8:8).
Encontramos ainda hoje pessoas como Neemias, como Pedro e os demais apóstolos, servos de Deus prontos a devotarem-se ao Senhor e à sua obra (Mt 19:27) chegando ao ponto de abrir mão de suas aspirações mais profundas e conquistas mais relevantes (Fp 3:8) em nome do reino de Deus (Lc 12:31) porque sabem que o Senhor recompensa os seus (Mc 10:29).
Reflitamos um pouco: escravo, eunuco, morando a centenas de quilômetros de Jerusalém, cidade que sequer conhecia pois foram seus avós quem foram exilados ainda jovens. Por outro lado, funcionário do rei, tão apreciado que era a única pessoa em quem o rei confiava para não ser envenenado, só comia o que recebia de suas mãos, vivendo de palácio em palácio… na boa… você deixaria esta vida cômoda para enfrentar deserto, salteadores, inimigos, entulho e todo tipo de adversidade? Se você for alguém como Neemias, alguém que tem como principio cumprir a vontade de Deus, fazer a obra de Deus, com certeza deixaria. Não quero apresentar Neemias como um super-herói, um super-homem, porque ele não é. Ele é só não é preguiçoso, não é relaxado (Jr 48:10). Ele simplesmente sabe o que tem que fazer – e faz (Tg 4:17).
Pense mais um pouco. Você, morando perto da casa do Senhor, vivendo numa sociedade que tolera e considera até certo ponto desejável que você expresse a sua fé, com irmãos e amigos ao seu lado, com sua família a lhe apoiar – mesmo quando parte dela é incrédula… quanto você tem se envolvido com a obra do Senhor? Você tem os mesmos princípios de Neemias? Que palavras lhe diria o Senhor ao observar o seu grau de envolvimento com sua obra? Integral? Parcial? Esporádico? Nenhum?
Qual seria o julgamento de Deus em relação a isso? Te consideraria servo bom e fiel, como Neemias? Ou servo mau e negligente, como Demas? Que tipo de servo você é? E você, que está conhecendo a Igreja agora, que tipo de servo você deseja ser? Neemias não voltou sozinho - e a obra do Senhor foi feita, Jerusalém foi reedificada, o templo foi reconstruído e a nação estava pronta para… continuar a sua história como povo, com seus erros e acertos, mas acima de tudo com a esperança de que Deus cumprisse através deles a promessa messiânica, de que um dia, através deles, daria Jesus ao mundo (Jo 4:22).

domingo, 27 de março de 2016

ANTES DE DAR UM OVO DE PÁSCOA PARA UMA CRIANÇA

Antes de dar um ovo de páscoa para uma criança:
i.                    Diga-lhe que o ovo de chocolate é uma tradição comercial no qual pessoas inteligentes e ricas pagam de 5 a 10x mais do que o normal numa mesma porção de chocolate apenas porque ele é modelado como um ovo;
ii.                 Esclareça que você poderia dar o chocolate em qualquer forma (ovo, tablete, bola, tartaruga) e em qualquer época, mas que o impulso comercial e o costume te leva a torrar dinheiro que está sobrando;
iii.               Informe que o chocolate não era conhecido nem na primeira (no Egito) nem na última páscoa (na Palestina) e os elementos usados (carne de carneiro, ervas amargas, pão, vinho) nada tinham a ver com os consumidos hoje;
iv.               Lembre que o animal que tomava parte na páscoa era um cordeiro, de um ano, sem defeito, que será morto, e não um coelho, que, assim como o cordeiro, também não põe ovos;
v.                 A rigor, nem celebramos mais a páscoa, mas a nova aliança no sangue de Jesus, então, tanto faz gastar um monte de dinheiro em ovos de chocolate porque, afinal, não custa entrar no clima;
vi.               Não confunda a criança, diga-lhe que o verdadeiro cordeiro de Deus é Jesus, e que ele morreu na cruz numa sexta-feira, para que pecadores que nele cressem fossem libertos da morte eterna e do inferno;
vii.            Diga-lhe que ambos, você e a criança, são pecadores e que, mesmo comendo o ovo de chocolate, se não crerem neste Jesus que morreu e ressuscitou irão para o inferno, mas os que crerem viverão eternamente.
Parece trabalhoso demais? Então celebre a vitória de Jesus sobre a morte e pare de ensinar a seus filhos a entrarem no costume comercial, como, talvez, você tenha sido ensinado por seus pais e pelo marketing. Lembre-se: você não está apenas dando um agrado – você está educando.

sexta-feira, 25 de março de 2016

TETELESTAI - ESTÁ CONSUMADO

Você já parou para pensar o que Jesus quis dizer exatamente quando, no calvário, disse a frase de entrega e conclusão de seu ministério: está consumado? O que esta palavra, tetelestai, significa? O que está consumado, afinal?
É uma só palavra, apropriada para um grande grito, para um grande anúncio. Se fosse em português, talvez gritasse “feito”, ou “pronto”. Mas foi em grego - não em aramaico ou hebraico, um brado para todos os presentes entenderem facilmente, pois todos, judeus e gentios, compreendiam bem o grego koinê.
Uma só língua para anunciar que, afinal, tudo estava consumado, não haveria confusão de entendimento, como em babel. Aquele anúncio era para todos os povos, o mesmo anúncio, de uma vez por todas, como bem expressa o modo verbal [perfeito], indicativo de que tudo quanto era necessário para a solução de um conflito de séculos finalmente havia sido completado.
O que está consumado?

I. A SEMENTE DA MULHER QUE ESMAGA A CABEÇA DA SERPENTE

Está consumado, em primeiro lugar, a promessa feita no Éden à mulher, de que seu descendente esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3:15).
Eva esperava que, pela vontade dela e de seu marido, viesse o descendente prometido (Gn 4:1), e que Deus fosse um coadjuvante neste processo. Como bem sabemos, Caim seria um esmagador de cabeça, mas a única cabeça que ele pode ter esmagado foi a do próprio irmão, Abel (Gn 4:8).

II. A BENÇÃO PARA TODAS AS FAMÍLIAS DA TERRA É DERRAMADA PELO DESCENDENTE PROMETIDO

Ao chamar Abrão Deus disse-lhe que faria dele uma bênção para todas as famílias da terra (Gn 12.3) através de seu descendente (Gl 3:16).
Não havia mais ninguém a ser esperado - aquele que fora prometido a Abrão se revelava em plenitude diante de uma multidão atônita, que fora assistir a um espetáculo cruento e se tornou testemunha do maior ato de amor jamais visto (Rm 5:8).
Ninguém estava ali para torcer por Cristo, mas para vê-lo morrer - não sabiam que, provavelmente, em lugar (I Pe 3:18) e beneficio de muitos ali presentes (Hb 9:28).

III. O PROFETA A QUEM TODO HOMEM DEVE OUVIR ANUNCIA A MENSAGEM DA REDENÇÃO COMPLETADA

Está consumado significa também o fim da expectativa por aquele que foi anunciado por Moisés e que deveria ser ouvido por todos (Dt 18:15).
Por muitos séculos Deus enviou profetas (Jr 7:25) que foram rejeitados e mortos - até que, finalmente, enviou aquele que é maior que todos os profetas, o próprio filho (Hb 1:2).
Mesmo diante dos grandes profetas do passado Deus faz questão de mostrar a superioridade de Cristo sobre todos eles (Mt 17:5) como filho unigênito de Deus (Hb 1:13).

IV. O REI QUE ESTABELECE UMA NOVA LEGISLAÇÃO  MEDIANTE UMA NOVA ALIANÇA

Muitos não conseguem ver na cruz o rei em seu trono - e, de fato, seu trono é alto e sublime, como disse Isaías (Is 6:1 - No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo) segundo a interpretação inspirada do apóstolo João (Jo 12:41) que viu, também ele, a glória do unigênito do pai (Jo 1:14).
A aliança que Deus estabeleceu (Gn 9:9 - Eis que estabeleço a minha aliança convosco, e com a vossa descendência) e confirmou por estatuto perpétuo (Sl 105:10) só poderia ser mudada se fosse, antes, cumprida (Gl 3:17).
Somente com o cumprimento da promessa essa lei poderia ser, então, substituída através de um legislador com as mesmas prerrogativas e direitos do primeiro, e é justamente isto o que Cristo faz, sendo o próprio Deus (Cl 2:9 - ...porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade) estabeleceu uma nova aliança (I Co 11:25) a qual deve ser sempre anunciada (II Co 3:6).

V. O SACRIFÍCIO E SACERDOTE QUE PURIFICA SEU POVO DE UMA VEZ POR TODAS

Israel tinha que, continuamente, oferecer sacrifícios de animais ao Senhor. E o sacerdote tinha que fazê-lo diariamente, inclusive em favor de si mesmo (Hb 5:3). Cristo ofereceu a si mesmo, de uma vez por todas (Hb 7:27-28) cumprindo, assim, todas as exigências sacrificiais do Antigo Testamento e criando um novo povo, exclusivamente seu (Tt 2:14) que cumpririam zelosamente a sua vontade (Ef 2:10).
Em Israel houve sacerdotes, mas Cristo é mais que o que eles foram, ele é o sumo sacerdote perfeito, glorificado pelo pai (Hb 5:5), sacerdote para sempre (Hb 6:20) e que pode compadecer-se das nossas fraquezas (Hb 4:15) por isso tomou o nosso lugar e pagou o preço dos nossos pecados com um sacrifício propiciador (I Jo 4:10).

CONCLUSÃO

Tetelestai não quer dizer o fim, mas o cumprimento. Tetelestai não quer dizer o esquecimento, mas a lembrança da fidedignidade de Deus ao cumprir todas as suas promessas. Jesus não veio apagar nada do que Deus prometeu - veio e cumpriu perfeitamente a vontade do pai (Jo 4:34) buscando e salvando todos os perdidos (Lc 19:10) que lhe haviam sido dados pelo pai (Jo 17:12).
Tetelestai significa que o preço da transgressão que levou o homem para fora do paraíso foi pago - e ele agora pode retornar à casa do Pai, e ser recebido com festa (Lc 15:7).
Tetelestai significa que a maldição do domínio do diabo sobre o homem, inaugurado no paraíso quando a serpente enganou mãe Eva foi quebrado e Deus derramou sobre todas as famílias da terra a bênção da salvação libertadora (Cl 1:13).
Tetelestai significa que todo engano inaugurado pela serpente lançando dúvidas sobre a palavra de Deus foi finalmente removido e, ouvindo a Cristo, o homem tem sua mente iluminada e sua vida restaurada (Ef 1:18).
Tetelestai significa que a escravidão dos pecadores ao pecado foi definitivamente removida na cruz, não havendo mais escrito de dívida para ser cobrado pelo inimigo de nossas almas (Cl 2:14).
Tetelestai significa, em suma, que através do nosso sumo sacerdote temos acesso livre a Deus, sem qualquer temor de sermos rejeitados porque os nossos pecados foram pagos e as manchas removidas de nós (Hb 10.19-23).
Está consumado - e isto significa que Cristo satisfez o requerimento da santidade de Deus e seu povo deve viver o mesmo estilo de vida de seu mestre (Mt 10:25).
Está consumado indica que meu arrependimento alcança perdão. Minha conversão alcança misericórdia e descanso. Minha mortificação é fruto da ação de Deus em meu coração. Está consumado indica a capacitação para não mais sentir prazer no pecado e sentir alegria em cumprir a vontade de Deus. Está consumado significa que a inimizade contra Deus foi substituída por outra inimizade - contra o pecado. Está consumado significa que a comunhão com as trevas foi substituída pela comunhão com Deus e com os filhos de Deus.

domingo, 20 de março de 2016

FEMINISMO: IGUALDADE DE GÊNERO OU GUERRA CONTRA DEUS?


27  Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 28  E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. 
Gn 1.27-28

O FEMINISMO SEGUNDO O FEMINISMO[1]

Segundo o movimento feminista o feminismo é:
"um discurso intelectual, filosófico e político que tem como meta conquistar a igualdade de direitos entre homens e mulheres, isto é, garantir a participação da mulher na sociedade de forma equivalente à dos homens. Envolve diversos movimentos, teorias e filosofias advogando pela igualdade para homens e mulheres e a campanha pelos direitos das mulheres e seus interesses".

AS ETAPAS HISTÓRICAS DO MOVIMENTO FEMINISTA

Segundo intelectuais comprometidos com as bandeiras feministas, o movimento pode ser dividido em três etapas históricas:
i.                     Conquista do direito ao voto e divórcio pelas mulheres nos anos anteriores à década de 60;
ii.                   Movimento de liberação feminina, entre os anos 60 e 90 – com ênfase em novos direitos jurídicos e sociais, especialmente cuidados às parturientes, delegacias especializadas em atendimento a mulheres vítimas de violência, doméstica ou sexual – ênfase no igualitarismo;
iii.                 Complementação das "conquistas dos anos anteriores" com luta por "reparação social" (leia-se promoção de políticas sociais como quotas em favor das mulheres), direitos sobre o corpo (especialmente interrupção de gravidez) a partir dos anos 90 – ênfase também no racialismo e na necessidade de políticas socioeconômicas protecionistas.

O QUE O FEMINISMO DIZ QUERER

O movimento feminista historicamente tem advogado igualdade de oportunidades, direitos e reparações de injustiças históricas, com as seguintes premissas:
I.                    Fim do casamento tradicional entre o homem e a mulher – que na teoria feminista favorece o homem em sua opressão e exploração à mulher;
II.                  Fim da família tradicional em que os filhos são criados sob o amor cuidadoso da mãe e cuidado providente e amoroso dos pais, passando a serem apenas mantidos pelos pais e tutelados pelo estado ou, num estado ainda mais avançado, criados por “coletivos” como o do grupo “Fora do Eixo”;
III.               Fim do ensino sobre identidade sexual na família – não é o tamanho ou forma dos órgãos sexuais que determinariam a sexualidade das crianças, mas uma orientação para uma livre escolha, mesmo que estas escolhas sejam feitas em idade precoce;
IV.               Eliminação de termos que definam gênero como masculino ou feminino (marido/mulher; esposo/esposa; filho/filha; irmão/irmã; masculino/feminino) em documentos oficiais, sendo substituídos por termos neutros (bebê, criança, cônjuge, parentes, genitores);
V.                  Quotas de emprego igualitariamente divididas para ambos os sexos, independente de qualificação ou dificuldade (a ocupação de vagas seria por sexo – embora, contraditoriamente, haja a premissa do fim da definição de diferenças à partir de sexo – item III). Resultado: Exército composto por homens e mulheres; times de futebol mistos, cargos eletivos ou universitários ocupados por vagas, o que faria uma pessoa com menos votos tomar o lugar de outra com mais votos por causa do sexo, etc.
VI.               Direitos reprodutivos como política estatal, com livre acesso feminino a preservativos, métodos contraceptivos e até mesmo a interrupção da gravidez a qualquer tempo independente da vontade do pai da criança gestada como fruto do slogan “a mulher é senhora de seu próprio corpo”, mesmo que isto signifique a destruição de outro corpo;
VII.             Preferência pelo relacionamento homossexual ou multissexual, especialmente o feminino, tido como o meio mais rápido para pôr fim à propalada "opressão masculina" pois a mulher, mesmo homossexual, pode gerar filhos à partir de bancos genéticos existentes através de inseminação artificial – e as mulheres requerem sobre crianças assim gestadas os mesmos direitos de paternidade conferidos historicamente aos pais biológicos.
VIII.          Fim da religião tradicional, fim dos dogmas, fim dos métodos literais de interpretação e promoção de uma religiosidade de amor livre. Incentivo às comunidades inclusivas e total repúdio às religiões tidas como fundamentalistas e opressoras históricas do sexo feminino (catolicismo, protestantismo, evangelicalismo, ortodoxos, judeus, muçulmanos).
IX.                O feminismo conta com simpatizantes entre católicos e protestantes que identificam "problemas significativos” nas Escrituras (silêncio feminino na Igreja, proibição do ensino, exortação à submissão) e propõe uma redefinição na maneira de ler as Escrituras, abandonando a tradição das Escrituras quando não falarem de acordo com os anseios feministas, considerando tudo como uma questão de contextualização social.

A RELIGIÃO CRISTÃ (?) FEMINISTA

O movimento feminista propõe um abandono do cristianismo tradicional em prol de uma nova religiosidade, com as seguintes premissas:
I.                    Uma nova antropologia com o fim da dominação masculina e pautada pela reparação dos erros em relação às mulheres cometidos no passado;
II.                  Uma nova teontologia, tida como eminentemente masculina e que repudia o feminino, Deus passaria a ser chamado de Deus/A ou de Pai/Mãe;
III.               Uma nova hamartiologia (doutrina do pecado), mudando a compreensão de doutrinas como soteriologia, onde a redenção é a libertação para que cada um assuma o poder sobre a sua própria vida (Gn 3.5[2]).
IV.               Rejeição da cristologia tradicional, pois um salvador homem não pode salvar as mulheres. A adoração a uma figura masculina reforçaria o estereotipo de que as mulheres não podem ser pessoas completamente livres sem a intervenção de um relacionamento com um homem.

O QUE O FEMINISMO REALMENTE É

Segundo Sittema o feminismo é um movimento que tem como objetivo reescrever o plano divino para as relações humanas, a isto acrescento que esta nova relação afeta as relações humanas inclusive com o próprio Deus.
O feminismo nada mais é do que um novo aspecto da rebelião humana contra Deus, que sofre novas inclinações, assume novas formas e tendências, novas roupagens de folhas para uma mesma atitude: rebelião contra Deus (Rm 1.18-32[3]).

COMO ENFRENTAR O FEMINISMO

Sittema oferece quatro orientações para o enfrentamento bíblico, sem entrar nas provocações e reivindicações do movimento feminista, porque o debate não é situacional, é estrutural. Não é o que as circunstancias ditam, mas o conhecimento de qual o propósito de Deus desde a criação (Ef 3.10-12[4]):

O PADRÃO DE DEUS

i.               Sem exacerbação, mas com princípios bíblicos, mostre o padrão de justiça divina relativa ao relacionamento heterossexual:
a.       Deus criou homem e mulher (Gn 1.27[5]);
b.      Deus lhes deu regência e ordem procriativa (Gn 1.28[6]);
c.       Relacionamentos homossexuais são perversões (Rm 1.26-27[7]);
d.      Deus ordenou submissão (Gn 3.16[8]; Cl 3.18[9]);
e.       Deus ordenou o amor cuidadoso (I Pe 3.7[10]; Ef 5.25[11]).

CONHEÇA O OPOSITOR

ii.            Conheça o que o movimento é, esclareça os incautos sobre suas origens, métodos e objetivos – lembre-se que a premissa principal é a de rebelião contra Deus.
Lembre-se que sua luta não é contra aqueles que estão escravizados ao pecado, mas contra o seu escravizador (Ef 6.12[12]), embora as ideias defendidas por seus servos devam ser enfrentadas, vencidas e submetidas a Cristo (II Co 10.4-6[13]). O mal não deve ser tolerado, pois o que uma geração tolera, a próxima considera normal e pode tranquilamente abraçar seus postulados. Pessoas são vetores de ideias e transformam estas idéias em ações, mas a origem do mal está no senhor destas pessoas (Jo 8.44[14]).

O LUGAR E EXERCÍCIO DOS DONS

iii.          Reconheça o valor e o lugar para o exercício dos dons femininos na Igreja, sem, entretanto, usurpação de funções (normativo x situacional):
a.       Pastorado feminino (I Co 14.34[15]) e pregação (I Tm 2.12[16]) – o trabalho das mulheres com a primazia é visto, à luz das Escrituras, como uma disciplina sobre homens relapsos e medrosos, honrando as mulheres e sua disposição para o serviço do Senhor, mas, ao mesmo tempo, trazendo vergonha sobre os homens (Jz 4.9[17]);
b.      Deus, por sua vontade livre e soberana (ele podia ter feito de outro jeito, mas não quis, nem nos deixou instruções para mudar de acordo com as circunstâncias), estabeleceu ofícios (I Tm 3.12[18]; Tt 1.5-6[19]) e funções (I Co 11.3[20]; Ef 5.23[21]) e o exercício dos dons, inclusive pelas mulheres, deve de acordo com a vontade de Deus (I Tm 2.12[22]), sob a orientação amorosa de oficiais. Não se trata de defender costumes, mas de observar que há instruções claras nas Escrituras a este respeito;

O LUGAR DA HONRA FEMININA

iv.          Honra às mulheres naquilo que Deus lhes ordenou – sua submissão não é impositiva, mas é atitude de adoração ao Senhor (Ef 5.22[23]), vendo a mulher cheia de virtude (Pv 12:4)[24]:
a.       Como esposa um dom de Deus, uma parceira no trabalho no reino de Deus (Sl 128:3[25]);
b.       Como mãe um instrumento precioso para criar e formar a próxima geração de servos de Deus – cada um em sua função e sem a influência do feminismo cada vez mais forte entre os homens (I Tm 2:15[26]);
c.       Como parceira, cuidando dos negócios do lar e até extra-lar (Pv 31.11-22[27]) sem, todavia, usurparem as funções sociais e eclesiásticas do esposo (Pv 31:23[28]).
Lembremos que ser 'juiz' na terra era uma função sócio-eclesiástica na sociedade hebraica antiga, e nas comunidades havia conselhos de anciãos, nunca de anciãs.
É forçoso admitir que as sociedades mudaram e continuarão mudando circunstancialmente no decorrer dos séculos, mas, se somos forçados a tal admissão, seríamos, também, forçados a admitir que o que Deus estabeleceu como estrutural também precisa mudar (Ml 3:6[29])? Mas se retirarmos os fundamentos, o que sobra (Sl 11:3[30])? De que maneira alguém poderá saber qual é a vontade de Deus para sua vida em uma determinada época se os fundamentos estabelecidos por Deus para todas as épocas forem removidos (Pv 22.28[31]) ou alterados de acordo com as circunstâncias culturais vigentes. Devemos imaginar que aquilo que Deus estabeleceu como perpétuo só era perpétuo em uma determinada sociedade e época (Is 46:10[32])?
A grande pergunta é: nós, homens e mulheres do séc. XXI, devemos adaptar nossos pensamentos aos pensamentos de Deus ou devemos adaptar Deus às demandas de uma nova cultura, da cultura do momento, como esta do feminismo (Rm 12.2[33])?
A grande resposta é: em muitos casos já agimos assim – já fomos moldados pela cultura de nossa época, pelos valores reinantes em nosso tempo e já adaptamos nossos pensamentos ao nosso século. E, mesmo ouvindo a demanda das Escrituras preferimos rejeitar a verdade e permanecer no que acreditamos ser as nossas próprias verdades e é tudo o que temos a transmitir para os nossos filhos (Os 4:6[34]) como uma herança desejada, amada, cultivada mas maldita.
O grande desafio é: submeter as nossas premissas, as nossas idéias, ao escrutínio das Escrituras. Se estiver de acordo com o ensino das Escrituras corretamente interpretadas, então, é impositivo – se não, deve ser, de pronto, descartado em prol do ensino claro e simples das Escrituras (Is 8.20[35]).


[1] A primeira parte deste estudo é uma adaptação do cap. 8 do livro "Coração de Pastor", John Sittema, Editora Cultura Cristã.
[2] Gn 3. 5 Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.
[3] Rm 1.18-32 A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro. E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem.
[4] Ef 3.10-12 …para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais, segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor, pelo qual temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé nele.
[5] Gn 1.27 Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
[6] Gn 1.28 E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.
[7] Rm 1.26-27 Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro.
[8] Gn 3.16 E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará.
[9] Cl 3.18 Esposas, sede submissas ao próprio marido, como convém no Senhor.
[10] I Pe 3.7 Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações.
[11] Ef 5.25 Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela.
[12] Ef 6:12 …porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.
[13] II Co 10.4-6 Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas 5 e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo, 6 e estando prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa submissão.
[14] Jo 8:44 Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.
[15] I Co 14.34 …conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina.
[16] I Tm 2.12 E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio.
[17] Jz 4.9 Ela respondeu: Certamente, irei contigo, porém não será tua a honra da investida que empreendes; pois às mãos de uma mulher o SENHOR entregará a Sísera. E saiu Débora e se foi com Baraque para Quedes.
[18] I Tm 3.12 O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa.
[19] Tt 1.5-6 Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados.
[20] I Co 11.3 Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo.
[21] Ef 5.23 …porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo.
[22] I Tm 2.12 E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio.
[23] Ef 5.22 As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor.
[24] Pv 12:4 A mulher virtuosa é a coroa do seu marido, mas a que procede vergonhosamente é como podridão nos seus ossos.
[25] Sl 128:3 Tua esposa, no interior de tua casa, será como a videira frutífera; teus filhos, como rebentos da oliveira, à roda da tua mesa.
[26] I Tm 2:15 Todavia, será preservada através de sua missão de mãe, se ela permanece em fé, e amor, e santificação, com bom senso.
[27] Pv 31.11-22 O coração do seu marido confia nela, e não haverá falta de ganho. Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida. Busca lã e linho e de bom grado trabalha com as mãos. É como o navio mercante: de longe traz o seu pão. É ainda noite, e já se levanta, e dá mantimento à sua casa e a tarefa às suas servas. Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com as rendas do seu trabalho. Cinge os lombos de força e fortalece os braços. Ela percebe que o seu ganho é bom; a sua lâmpada não se apaga de noite. Estende as mãos ao fuso, mãos que pegam na roca. Abre a mão ao aflito; e ainda a estende ao necessitado. No tocante à sua casa, não teme a neve, pois todos andam vestidos de lã escarlate. Faz para si cobertas, veste-se de linho fino e de púrpura.
[28] Pv 31:23 Seu marido é estimado entre os juízes, quando se assenta com os anciãos da terra.
[29] Ml 3:6 Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.
[30] Sl 11:3 Ora, destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?
[31] Pv 22:28 Não removas os marcos antigos que puseram teus pais.
[32] Is 46:10 …que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade.
[33] Rm 12:2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
[34] Os 4:6 O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.
[35] Is 8:20 À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva.

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