A
vida de Abraão e Sara é, em muitos aspectos, uma fonte de valiosa instrução
para o povo de Deus em todas as épocas e em todas as circunstâncias, não sendo
sem razão que Abraão é chamado de “pai dos que creem” (Gl 3:7 - Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de
Abraão).
Todavia,
nem Abraão nem Sara ou qualquer outro dos patriarcas chegaram à “perfeita
varonilidade”, alvo de todos os cristãos (Ef
4:13 - Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho
de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo). Também eles
estavam incluídos na lista dos pecadores da humanidade (Ec 7:20 - Não há homem justo sobre a terra que faça o bem
e que não peque).
Houve momentos em que Abraão e Sara poderiam ter deixado de ser o canal de
bênção de Deus para todas as famílias da terra - isso se a execução do plano de
Deus dependesse da vontade do homem.
ANSIEDADE PELA PATERNIDADE
Abraão
já tinha 75 anos e Sara 65. Ansiavam pela paternidade em um mundo no qual a
esterilidade era vista como uma maldição, a ponto de tornar aceitável o repúdio
à mulher se a mesma não concebesse após 10 anos de matrimônio. Imagine o
tamanho da ansiedade no coração deste casal ao ser informado que seriam pais de
uma grande nação. Este quadro é agravado pelo fato de que Sara só conceberia
após Abraão estar amortecido (Hb
11:12 - Por isso, também de um, aliás já amortecido, saiu uma posteridade tão
numerosa como as estrelas do céu e inumerável como a areia que está na praia do
mar)
e Sara há muito entrado na menopausa (Gn
18:11 - Abraão e Sara eram já velhos, avançados em idade; e a Sara já lhe havia
cessado o costume das mulheres).
ANSIEDADE GERA ATITUDES INSENSATAS
Ansiosa para ver cumprido o
anúncio de Deus, e, querendo tomar parte ativa Sara oferece a Abraão sua serva,
Hagar, para que ele tivesse um filho com ela. Isto não significa que ela se
sentisse excluída da promessa, pois de acordo o costume da época um filho assim
gerado seria considerado filho de Sara (Gn 16:2 - …disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar
à luz filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por
meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai). A ansiedade foi uma
preocupação exagerada de Sara, causada pelo medo de que a promessa de Deus
falhasse, que nos diz para não andarmos ansiosos de coisa alguma (Fp 4:6 - Não andeis ansiosos de coisa alguma; em
tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração
e pela súplica, com ações de graças). O resultado deste ato muito pensado e, ao
mesmo tempo, insensato de Sara foi o nascimento de Ismael (Gn 16:4 - Ele a possuiu, e ela concebeu. Vendo
ela que havia concebido, foi sua senhora por ela desprezada), angústia dentro do lar (Gn 16:5 - Disse Sarai a Abrão: Seja sobre ti a
afronta que se me faz a mim. Eu te dei a minha serva para a possuíres; ela,
porém, vendo que concebeu, desprezou-me. Julgue o SENHOR entre mim e ti) e dor no coração de
Abraão (Gn 21. 10 - …disse a
Abraão: Rejeita essa escrava e seu filho; porque o filho dessa escrava não será
herdeiro com Isaque, meu filho. 11 Pareceu isso mui penoso aos olhos de Abraão,
por causa de seu filho)
e guerras que perduram até hoje à partir do oriente médio, com os descendentes
de Ismael (árabes, palestinos, etc..) odiando fortemente os descendentes de
Isaque (israelitas).
ANSIEDADE, INIMIGO SILENCIOSO
A ansiedade já foi descrita como excesso de futuro, na verdade, de um futuro que ainda não chegou e que pode jamais chegar (veja Lc 12.24-27). Uma pessoa ansiosa não consegue vivenciar o que tem de bom ao seu redor porque está preocupada demais com o que pode chegar – e que muitas vezes jamais chega – ou com o que deseja alcançar – e que quase sempre jamais alcançará.
A
ansiedade levou Sara a influenciar seu marido e ambos tomaram uma atitude
insensata. Muitos cristãos estão vivendo de maneira insensata no lar
(distanciando-se de seus cônjuges, filhos ou pais) numa busca insana por,
curiosamente, dar a estes mesmos familiares o melhor – e negam-lhes a si mesmos
e destroçando os laços familiares.
Cristãos não deveriam viver
desta maneira pois são chamados para viver em total confiança na soberania e
sabedoria providente de Deus, se se deixarem escravizar pela ansiedade (I Pe 5.6 -
Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em
tempo oportuno, vos exalte, 7 lançando
sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós).
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