Mensagem dominical na Igreja Presbiteriana de Paragominas, 01 de abril de 2018
Esta
semana foi a semana da páscoa. Muita festa, muita decoração nas lojas, muito
chocolate. Grande parte da sociedade ocidental cristã celebra a páscoa. Para
alguns é apenas um feriadão prolongado com viagens à praia, fazenda, visitar
familiares e amigos. Também é uma excelente oportunidade para se deliciar com maravilhosos
doces de chocolate geralmente em forma de ovo ou coelho. Teve até decoração em
parque ambiental em uma capital do país – soltaram coelhinhos para lembrar aos
visitantes que era época de páscoa. Vi muitos cristãos com talentos culinários
oferecendo o resultado de seus dotes – ovo disto, ovo daquilo, ovo de colher,
só faltou ovo de cobra... meu filho fez uma colagem para uma tarefa da escola
e, dos 7 símbolos que disseram ser relativos à pascoa somente 2 eram bíblicos.
Sabemos
que satanás é o pai da mentira (Jo 8:44) e nunca se firmou na verdade. Suas primeiras ações
mentem sobre o caráter de Deus e sobre o destino do ser humano (Gn 3:4),
e ele continua agindo da mesma maneira, com a mesma metodologia, buscando
enganar os incautos. Sua luta contra a fé cristã é ferrenha, e ele sempre usou
a artimanha da mentira, da enganação, do engodo, para tentar afastar os crentes
do Senhor Jesus. Ele é tão hábil que chega a usar a própria religião, o anseio
próprio do ser humano de adorar ao criador (sêmen religionis) para afastar o
homem de Deus (Mc 13:22).
Desde
a prisão de Jesus a páscoa é uma época em que muitas mentiras são contadas a
respeito de Jesus. Sua prisão foi baseada em testemunhas que reinterpretaram as
palavras de Jesus para ter do que acusá-lo (Mt 26:60-61). Sua ressurreição foi escondida do povo judeu durante séculos com
mais uma mentira (Mt 28:11-15 ).
Como
se não fosse suficiente as mentiras dos judeus, logo surgiram mentiras entre
cristãos-judeus que não romperam com todos os laços do judaísmo e negavam a
suficiência de Cristo, exigindo dos cristãos gentios que guardassem os
rudimentos da lei, tais como o sábado e a circuncisão, acusando Paulo de
apostasia (At 21:20-21) e por causa disso
aconteceu o primeiro concílio da Igreja Cristã, em Jerusalém.
Ainda
na segunda metade do primeiro século de sua história a Igreja teve que lidar
com duas heresias perigosíssimas, ao lado da negação judaizante da divindade de
Jesus Cristo logo apareceram os que negavam a sua humanidade. E ambos negavam
um ponto crucial da história de Cristo: a sua ressurreição. Por um lado uns
diziam que Cristo permaneceu morto, sendo apenas o mais importante dos profetas
ou até um ser de outra natureza, e foram combatidos pelo apóstolo Paulo, por
outro havia os que negavam a sua ressurreição corpórea, e suas aparições eram
de sua natureza angélica, nada tendo mais a ver com os homens, e João foi um dos
seus principais adversários – embora ambos tenham falado contra os dois tipos
de erros. De qualquer forma, mais uma mentira se apresentava para fazer
esquecer o valor dos fatos que ocorreram naquela páscoa: Jesus ressuscitou (1Co 15.12-17 ).
Vamos
fazer um rápido passeio pela historia para conhecer diferentes formas de
negação do sentido pleno da páscoa para os cristãos, negando ou a divindade ou
a humanidade de Cristo.
No séc. II Cerinto
afirmava que Jesus era um homem normal, filho de Jose e Maria, que diferia dos
demais homens por sua sabedoria e justiça. O Cristo celestial seria
identificado como o Espírito Santo que desceu sobre este Jesus no batismo na
forma de uma pomba, enviado pelo Pai, e ali ele foi ungido com o oficio
messiânico. Mas este Cristo abandonou o homem Jesus antes de sua crucificação
de modo que foi somente Jesus, o homem, quem sofreu e ressuscitou.
O docetismo
caminhou em direção inversa, afirmando que Jesus apenas aparentava ser humano,
mas não era um verdadeiro homem. Sua influência gnóstica faz-se sentir ao
afirmar que o Espírito eterno não poderia jamais tornar-se matéria, carne
e afirmava que o corpo de Cristo era um fantasma e seus sofrimentos e mortes
foram apenas aparentes. Se ele sofria, não poderia ser Deus, se fosse
verdadeiramente não poderia sofrer.
O gnosticismo
(uma filosofia altamente especulativa e sincrética do sec. II que reuniu
elementos mitológicos, helenísticos, cristãos, persas e outros)
representou uma séria ameaça ao cristianismo no primeiro séculoafirmando que a matéria é essencialmente má,
que Jesus não tinha um corpo real, sendo uma espécie de fantasma, sem carne e
sangue reais, uma ilusão: parecia homem mas não era. O Filho de Deus, que era
real, usava o Jesus humano como meio de expressão; a encarnação era apenas uma
ilusão.
A morte física de Jesus não teria importância alguma porque o físico não era de
nenhum proveito, era apenas matéria.
O adocionismo
de Hermas
jamais fala de Jesus Cristo, ou logos, mas unicamente do Filho de Deus, como o
Espírito Santo habitou na carne humana, de modo que a natureza humana é filha
adotiva de Deus, e ainda apresenta o Filho de Deus como anjo supremo, preposto
a seis outros.
Os ebionitas, com suas raízes
hebraicas, prosseguiram como continuadores dos oponentes judaizantes de Paulo com
sua forte ênfase no monoteísmo e negavam a divindade de Cristo.
Eles consideravam Cristo como um homem simples e comum, justificado apenas por
seus progressos na virtude, segundo Eusébio de Cesaréia.
Os ebionitas reconheciam o fato histórico da vida e do ministério de Jesus,
desde o seu nascimento até a morte na cruz. Aceitavam Jesus como o messias
prometido nos Escrituras do Antigo Testamento, mas negavam que Jesus era o
Filho de Deus segundo a sua natureza, isto é, o Deus encarnado, fundamento
essencial da cristologia bíblica.
Outra forma de negação da pessoa de Cristo foi o monarquianismo em duas formas
distintas: o modalista e o dinâmico.
O monarquianismo modalista ensinava que o Pai e o Filho eram uma só pessoa,
quando um agia o outro não existia. Para o modalismo o Deus que se revelou no
Antigo Testamento era o mesmo revelado em Jesus Cristo.
O monarquianismo
dinâmico, tem origem em um comerciante de couro chamado Teódoto de Bizâncio
que dizia que “...até
seu batismo, Jesus viveu como um homem comum, com a diferença de ter sido
extremamente virtuoso. O Espírito, ou Cristo, desceu então sobre ele, e à
partir daquele momento ele passou a operar milagres, sem, contudo, tornar-se
divino – outros da mesma escola admitiam sua deificação após a ressurreição”.
Paulo
de Samosata, bispo de Antioquia da Síria por volta de 260 d.C.
deu prosseguimento a este tipo de entendimento, recusando-se a crer na plena
divindade de Jesus Cristo, reconhecendo-o apenas como um homem comum, nascido
naturalmente de Maria e José e o poder que habitava em Jesus Cristo não era
fruto de uma possível divindade, mas do Logos que residiu nele à partir do seu
batismo no Jordão capacitando a atos memoráveis e vida irrepreensível.
O arianismo começou com Ário, presbítero de grande prestigio e popularidade no final do
sec. III
que sofreu a influência do subordinacionismo através de Luciano de Antioquia.
Paul Tillich entende que, no
pensamento de Ário, somente Deus Pai seria eterno e não gerado. O Logos, o
Cristo preexistente, seria mera criatura. Criado à partir do nada nem sempre
existira.
O problema não acabou com os grandes concílios
(Nicéia, em 325, Constantinopla em 381, Éfeso em 431, e Calcedônia em 451). Nem
mesmo as Confissões de Fé e os Catecismos que surgiram durante o periodo da
reforma deram fim à negação do pleno significado daquela páscoa em Jerusalém na
primeira metade do séc. I.
Durante a reforma surgiram posicionamentos que
negavam algum ponto cristológico importante, como os adeptos de um movimento
chamado de Reforma Radical que
negava a plena humanidade de Jesus afirmando que ele teria trazido consigo seu
próprio corpo do céu. Menno Simons
ensinava que o Cristo humano não era um homem terreno. O tristemente famoso
Miguel de Serveto, morto em Genebra, era adepto de uma forma de unitarismo
modalista.
No periodo moderno o iluminismo questiona os dogmas da fé cristã negando-lhe qualquer
aspecto espiritual deixando apenas significados morais e vê Jesus apenas como um
mestre cujos ensinamentos são determinantes somente quando estivesse de acordo
com os valores iluministas.
Imanuel
Kant ensinava que nada que é metafísico é possível de
ser conhecido, de modo que Deus não se relaciona com a história humana real e
Jesus não poder ser o Deus do universo que se fez carne no tempo e no espaço. Cristo
é apenas um ideal abstrato, e a Igreja deve crer neste ideal e não em uma
pessoa real, divina e humana.
Friedrich
Schleiermacher nega o Cristo da mesma substancia com o Pai e
apresenta um Jesus humano com consciência de Deus (e não de ser Deus), uma
consciência de total dependência filial.
Ritschl nega a necessidade de duas
naturezas do redentor. Adolf von Harnack
entendia que Jesus foi apenas um homem e considerava a doutrina do Logos como
uma invasão da filosofia grega no cristianismo, que deformou e desfigurou o
verdadeiro homem que foi Cristo.
Rudolf
Bultmann admitia o que a Igreja anunciava sobre a
existência e ressurreição de Cristo como um conto ilustrativo, uma
representação mítica de sua vitória sobre uma vida sem autenticidade, negando tudo
o que se refere à sua preexistência, filiação eterna, encarnação, nascimento
virginal e a cruz como um sacrifício vicário ou a ressurreição pessoal.
Para completar o quadro, basta observamos duas
coisas: a maioria das formas de negação do Cristo das Escrituras continuam
presentes em nossos dias, e, também, veja como a páscoa é lembrada hoje no país que tem mais cristãos no mundo.
Tem de tudo, mas cada vez menos de Cristo. E a páscoa do mundo, com muito
chocolate, coelho, um pouco de peixe aqui ou ali, mas cada vez mais longe da
verdade evangélica, cada vez mais a cruz vai sendo esquecida. E mesmo entre os
que se lembram da cruz, e, devo admitir, são muito bons ensinando, ainda há
aqueles que querem que a páscoa (junto com o natal e outras festas cristãs)
sejam esquecidas para sempre.
É por isso que nós, cristãos, precisamos nos
lembrar, e só assim lembrar ao mundo, três verdades fundamentais que não podem
ser esquecidas por nenhum de nós, em dia nenhum, e muito mais especialmente
nestes dias. Vamos ler uma pequena porção da Palavra de Deus e ver o que ela
nos ensina sobre a verdadeira páscoa.
1 Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que
estão em Cristo Jesus.
2 Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus,
te livrou da lei do pecado e da morte.
3 Porquanto o que fora impossível à lei, no que
estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em
semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou
Deus, na carne, o pecado,
4 a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós,
que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.
Rm 8:1-4
2 Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus,
te livrou da lei do pecado e da morte.
A primeira verdade que certamente você já ouviu
muitas e muitas vezes é que Cristo ressuscitou. Você só está aqui porque ele
ressuscitou. Talvez você esteja questionando: porque começar a falar à partir
da ressurreição? Por um motivo muito simples: sem a ressurreição nossa pregação
seria vã e mentirosa. Sem a ressurreição ainda estaríamos condenados por causa
dos nossos pecados. Sem a ressurreição não teríamos qualquer esperança de
perdão e paz com Deus (1Co 15.12-17). É preciso anunciar que
a morte não foi capaz de vencê-lo. A ressurreição pressupõe a morte de Cristo,
e é por ela, por sua morte substitutiva e sua ressurreição gloriosa que podemos
receber os dons que Ele veio nos dar, dons que nenhum homem poderia alcançar
porque para ele a morte não era o fim, mas era o cumprimento de um propósito
eterno e sua ressurreição garante a aprovação de Deus que dá, por meio dele, ao
pecador a verdadeira vida.
A ressurreição de Jesus é, antes de qualquer outra
coisa, a garantia de nossa própria ressurreição (1Co
15:20) pois Cristo é o
primeiro, é o primogênito entre muitos irmãos (Rm
8:29). Se Cristo não houvesse ressuscitado
nenhum de nós teria qualquer razão para esperar algo além da morte – e das
consequências eternas dela.
A ressurreição de Jesus é, também, um atestado de
que ele é Senhor da história e sua Palavra é verdadeira, é uma grande motivação
para seus discípulos que podem confiar em sua Palavra, pois ele jamais deixou
de cumpri-la, e assim como ele não apenas falou sobre sua morte como garantiu a
sua própria ressurreição (Jo 2:22)
também prometeu um lugar na casa do Pai para os seus, bem como voltar para
buscá-los (Jo 14:2-3).
A ressurreição de Jesus faz parte de uma série de
fatos históricos (At 2:32)
que não puderam ser contestados por ninguém no séc. I (1Co 15:6)
com exceção dos judeus que pagaram aos soldados para mentirem a respeito da
ausência do corpo do mestre no túmulo (Mt 28:11-15).
Ninguém se levantou para contestar a ressurreição de Jesus, não há documentos
da época dizendo que os discípulos estavam mentindo, eles não foram perseguidos
por serem mentirosos, mas porque não queriam abrir mão da verdade e, mais ainda,
a própria disposição dos discípulos de morrerem por esta verdade mostra que
eles tinham plena convicção daquilo que anunciavam, porque a fé que uma pessoa
tem pode ser medida não pelo que ela ganha por crer, mas pelo que ela está
disposta a perder para manter sua firmeza.
Falar da ressurreição de Jesus é necessário porque
nós sabemos que ele é o autor da vida (At 3:15), aquele que criou todas
as coisas e por meio de quem todas as coisas vieram a existir, e, por isso,
tinha autoridade para dar a sua vida (você pode dizer, isto qualquer um pode
fazer) mas também para retomá-la (não te aconselho a fazer o teste deste
quesito). Só ele pôde dizer e fazer isto (Jo 10:18) e disto somos comissionados como suas testemunhas
(At 3:15).
Falar da ressurreição de Jesus é falar de
esperança, porque somente por causa da ressurreição de Jesus Pedro pôde
advertir os judeus do que eles fizeram sem, no entanto, fazer apenas uma
acusação, verdadeira (At 5:30) – pelo contrário, fez um chamado ao
arrependimento, ao perdão e à vida (At 2:38) por intermédio de Jesus Cristo. Não podemos nos
esquecer que fomos exortados a dar a todos a razão da esperança que temos (1Pe 3:15). Agora que aprendemos
que Cristo ressuscitou, precisamos lembrar que isso só foi possível porque ele
se fez homem justamente para morrer. Porque?
3 Porquanto o que fora impossível à lei, no que
estava enferma pela carne, isso fez Deus
enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante
ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado,
Eu sei que você já ouviu isto antes, e certamente
muitas vezes, mas aquilo que é bom pode e deve ser revisitado muitas e muitas
vezes. Você sabe que, num monte escalvado chamado gólgota (o monte da caveira,
um nome bem sugestivo para designar o lugar de suplício de condenados à morte
na cruz) três homens foram crucificados numa certa sexta-feira sem qualquer
outro significado além de ser o dia da preparação dos judeus para o dia que
realmente importava, o grande sábado pascal. Você já parou para pensar que foi
a ressurreição de Cristo só foi possível porque houve este momento? Você já
parou para pensar que a ressurreição de Cristo só aconteceu porque ele, muitos
anos antes, nasceu numa vila da Judéia chamada Belém. Ali o Verbo Eterno de
Deus, o unigênito do Pai se fez carne (Jo 1:14)
com o propósito de viver uma vida semelhante às nossas, com as mesmas
experiências (Fp 2:7-8).
Mas quem é este Jesus de quem tanto falamos? O que
ele é? Se quisermos, de fato, ter uma correta compreensão do significado dos
eventos daquela semana pascoal precisamos conhecer algumas verdades a respeito
de Cristo.
Pode parecer desnecessário lembrar isto, mas Jesus
é o cumprimento de todas as profecias messiânicas, desde a primeira, quando
Deus prometeu que enviaria um da “semente da mulher” para esmagar a cabeça da
serpente (Gl 3:16). Este descendente, diz a Escritura, é o
Senhor Jesus que veio e, de uma vez por todas, derrotou o diabo e o expôs
publicamente ao ridículo como um inimigo derrotado e incapaz de levantar-se (Cl 2:1).
Jesus se fez homem, nasceu de uma mulher (Is 7:14),
veio cumprir a profecia de Isaías a respeito de um menino que era, ao mesmo
tempo, pai da eternidade e príncipe da paz. Jesus é o descendente de Davi que
se assenta no trono eterno de Deus, cujo reino não tem fim (2Pe 1:11)
e é capaz de dar ao seu povo uma paz que não pode ser encontrada no mundo (Jo 14:27),
paz que pode ser sentida e vivenciada mesmo em meio à mais terrível guerra (Sl 27:3).
Israel carregava como uma de suas principais
bandeiras a esperança de que o escolhido de Deus, o ungido do Senhor, viesse
para inaugurar o seu reino. Esta esperança messiânica foi deturpada ao longo da
história, e, quando ele veio para o que era seu, mas eles não o receberam (Jo 1:11) mas nem por isso ele deixou de redimir o seu
povo, e àqueles que o receberam deu-lhes a bênção maravilhosa de serem tornados
filhos de seu Pai (Jo 1:12)
pelo contrário, ele criou um povo que aguarda a manifestação de sua glória e é exclusivamente
e obedientemente seu (Tt 2:14), sua propriedade exclusiva (1Pe 2:9),
uma nação que não podia ser limitada às fronteiras geopolíticas com o propósito
de desempenhar uma missão mundial: serem suas testemunhas em todas as nações (Is 43:12) como uma grande nação de embaixadores
chamando os homens a se reconciliarem com Deus.
Em dias de grande popularidade do Lepus cuniculus, embora eu não tenha
achado nenhuma espécie que coloque ovos feitos de chocolate, é importante que
lembremos de um dos símbolos mais singelos do Cristo: o cordeiro de Deus, o
cordeiro sem defeito que tira os pecados do mundo (Jo 1:29). Todo o
simbolismo dos sacrifícios do judaísmo apontavam para Jesus, o cordeiro de
Deus, morto antes da fundação do mundo por cujo sangue cada pecador que foi
salvo foi remido dos seus pecados (1Pe 1:18-21).
Não podemos nos esquecer que foi por causa do
penoso trabalho de sua alma (Rm 5:6-8) que o pai lhe deu a muitos como despojo,
isto é, foi na cruz que, já sendo detentor de glória desde o princípio (Jo 17:5) Cristo fez-se propiciação pelos pecados de pecadores indignos (Rm 3:25), inimigos dele próprio. Este mesmo Jesus
que veio em humilhação voltará revestido de glória, para julgar vivos e mortos,
e retribuir a cada um segundo as suas ações (Ap 22:12),
podendo destinar a quem quiser tanto para a vida quanto para a morte eterna (Mt 25:41).
3 Porquanto o que fora impossível à lei, no que
estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em
semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado,
Você já ouviu esta noite que Jesus ressuscitou. E é
claro que você também já ouviu que Jesus Cristo morreu. E também já deve ter
ouvido que ele morreu em lugar de pecadores. Não é demais lembrar que Cristo
morreu da maneira que era devida a cada homem em virtude do pecado – mas Ele
não tinha que morrer. Thomas Watson afirmou que Jesus foi com mais boa vontade
para a cruz do que o pecador vai ao trono de graça. Sua oração no monte
Calvário fala do seu maior desejo: cumprir a vontade de seu Pai (Mt 26:39) e a vontade de seu Pai era que ele
salvasse todos o que o Pai lhe deu (Jo 17:12)
e por amor ele não voltaria atrás, ele prosseguiria dando a sua vida em favor
dos seus amados (Jo 15:13)
não importando o custo que isto representasse (Jo 13:1).
A morte de Jesus foi decretada na eternidade,
anunciada no seu nascimento e não ocorreu antes do momento exato e nas
circunstâncias precisas determinadas por Deus. A Palavra de Deus afirma que a
morte de Jesus não foi, em momento algum, um acidente. Já mencionamos que Ele é
o cordeiro de Deus morto antes da fundação do mundo.
Assim que o menino nasceu o seu destino foi
lembrado (Lc 2:34-35), para que se manifestem os pensamentos de
muitos corações), e o próprio Jesus disse que veio a mundo para
dar a sua vida em resgate de pecadores (Mc 10:45).
Mas a morte de Jesus não aconteceria no momento
desejado pelos homens (Jo 7:30),
mas somente quando sua hora realmente houvesse chegado (Mt 26:45). Mesmo que os povos acreditassem que poderiam
fazer algo contra o ungido do Senhor (Sl 2:1-3)
eles nada poderiam fazer antes daquela páscoa, e dois dias antes dela Jesus
lembrou que era chegado o momento dele ser entregue (Mt 26:) por desígnio e
presciência de Deus (At 2:23) – porque só naquela
páscoa o Senhor entregar-se-ia à mão dos pecadores (Jo 13:1)
que, à semelhança de satanás contra Jó, só poderiam fazer o que a autoridade do
Senhor lhes permitisse (Jo 19:11).
Depois de tudo o que já disse anteriormente vale a
pena insistir em um ponto: a morte de Jesus aconteceu para que o pecador
pudesse, por meio dele, apresentar-se diante de Deus, pois seu sangue foi o que
proporcionou este acesso ao Deus santo (1Jo 4:10).
Para entendermos o que isto significa, precisamos lembrar das ordens de Deus a Moisés,
para fazer a arca e o propiciatório (Êx 25:17-21) que ficaria
sobre a arca da aliança e sobre o qual o sangue de um animal deveria ser
derramado como elemento que substituía o sangue devido, que era o do homem,
quando este se aproximava do local onde Deus falava com seu servo Moisés (Êx 25:22), mostrando que para que
o pecador tivesse acesso a Deus um sangue deveria ser interposto entre ele e o
Deus santo – e o sangue dos novilhos apenas tipificava o sacrifício de Cristo,
único meio pelo qual o pecador pode achegar-se a Deus (Hb 10:20).
Qual é o significado da páscoa então? Para os
judeus ela lembrava libertação da escravidão e a saída do Egito, para os
cristãos ela tipificava a libertação da escravidão do pecado e a liberdade para
servir a Deus. Os hebreus celebravam a páscoa olhando para trás, os cristãos
entenderam a páscoa como uma preparação didática para a vinda do Cordeiro.
Jesus uniu estas duas coisas ao celebrar a última páscoa (Lc 22:15) e ser ele próprio o sacrifício que
inaugurou uma nova aliança, mediante o seu sangue remidor (Lc 22:20).
Quero concluir para que você saia daqui sabendo três verdades fundamentais a
respeito da nova aliança instituída por meio de Jesus Cristo.
Quando
Cristo instituiu a nova aliança, através do seu sangue, ele o fez pensando em
cada tribo, língua, povo e nação espalhada pelos cantos da terra. Desde
Jerusalém, onde a última páscoa foi celebrada, e a Ceia com ele foi
estabelecida como uma ordenança para seus discípulos (Lc 22:19) até os confins da terra o
Senhor tem aqueles que o Pai lhe deu e que a Igreja deve chamar (At 2:39). Quando Cristo ceou a ceia
ele estava pensando em gente como a gente, gente da nossa terra, gente que
convive com a gente e que também precisa de um salvador, como a gente um dia
precisou. Ele pensava no povo que, do ponto de vista de um judeu do séc. I,
estava, geograficamente, muito além dos confins da terra. Mas Cristo via mais
alto, via mais longe, e, do alto da cruz, via o fruto do penoso trabalho de sua
alma (Is 53:11) reunido aqui, neste lugar,
agora, para ouvir falar que ele morreu para salvar pecadores, entregou-se para
estabelecer uma nova aliança no seu sangue, que ele derramou o seu precioso
sangue (1Pe 1:19) para salvar aquele que,
por ser pecador, carregava em suas mãos a sua própria condenação (Os 14:).
Do mesmo
modo que a nova aliança deve ser proclamada para todos, para que todos se
posicionem em relação a ela, se recebem o Messias e com ele a salvação, ou se o
rejeitam, não recebendo nada além do que já possuem, isto é, permanecendo sob a
ira de Deus, temos que afirmar que a aliança não é para qualquer um. Não há, é
verdade, distinção de classe social, ou econômica, ou cultural, ou etnológica.
Ricos, pobres, homens, mulheres, com a pele mais clara ou mais escura, na
verdade não há distinção de espécie alguma (Cl 3:11) e todos podem entrar no reino dos céus – mas a
nova aliança é somente para os discípulos de Jesus, somente para aqueles que o
confessam como o Filho de Deus, privilégio que é dado somente àqueles que o
recebem como seu Senhor e Salvador. A nova aliança não é para aqueles que
rejeitam Cristo. Não é para quem o consideram um salvador ineficiente, um
mestre de justiça, um teólogo da igualdade e da fraternidade, um homem muito
elevado ou um anjo glorificado. A nova aliança é somente para aqueles que
confessam a Jesus como seu salvador pessoal, seu mestre, seu Senhor, seu Deus.
A nova aliança é para aqueles que entendem que, por seus pecados, toda a
humanidade estava condenada e era necessário que Jesus morresse naquela cruz
horrenda – para tirar os pecados do mundo.
Por
fim, quero concluir com um oferecimento na forma de perguntas. Se você já
compreendeu que a antiga páscoa deu lugar à nova aliança por intermédio de
Jesus, eu preciso lhe perguntar: você já o recebeu? Você já foi feito filho de
Deus? Você já passou da morte para a vida? Você já confessou Jesus como seu
Senhor e salvador? Já o adorou como o seu Deus? Estes são fatos que ocorrem na
vida daqueles que são o alvo da missão de Jesus, que veio para buscar e salvar
o perdido. Estes fatos já são uma realidade em sua vida? Como você pode provar
que Jesus é o seu Senhor, e que o ama? Como você pode provar que é um discípulo
de Jesus? Segundo o Senhor Jesus você é amado de Deus e prova isto se o ama, e
se obedece os seus mandamentos, se ama e caminha junto com seus irmãos, se
transformações radicais ocorreram em sua vida a ponto de o pecado que lhe era
fonte de prazer e alvo diário se torna repulsivo e você não deseja nem
mencionar mais (2Co 4:2),
se o velho homem foi destronado e você foi revestido do novo homem que se refaz
para o pleno conhecimento de Deus (Cl 3:9-10). Você sabe que naquela
cruz tudo foi consumado, seu pecado foi pago, nada mais precisa ser feito para
que você possa ser salvo, e ainda assim você sabe você precisa entregar tudo
porque foi salvo, que precisa fazer tudo mesmo sabendo que seu tudo não pode te
manter salvo, que sua salvação, sua perseverança e seu destino final foram
selados naquela páscoa que deu lugar a uma nova aliança mediante a morte do
testador (Hb 9:16).
Como participar dela? Basta crer na obra perfeita e vicária do Senhor Jesus, o
justo que morreu pelos injustos. Basta se lembrar e confessar que o que precisa
ser lembrado não é a páscoa dos judeus (Jo 11:55),
nem o coelho e o chocolate, mas o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo,
o seu pecado, para você ter vida, eterna e abundante.