Naquele momento, quando aquela mulher era apresentada diante do público, ninguém esperava outra coisa que não fosse a condenação daquela pecadora. Todos eram conhecedores da lei mosaica [Dt 22.22-24 - Se um homem for achado deitado com uma mulher que tem marido, então, ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher e a mulher; assim, eliminarás o mal de Israel. Se houver moça virgem, desposada, e um homem a achar na cidade e se deitar com ela, então, trareis ambos à porta daquela cidade e os apedrejareis até que morram; a moça, porque não gritou na cidade, e o homem, porque humilhou a mulher do seu próximo; assim, eliminarás o mal do meio de ti] que dizia de maneira muito clara que ela deveria ser imediatamente apedrejada. Na verdade, ninguém esperava um julgamento. Aquela mulher já estava julgada. Ela era uma adúltera, fora flagrada em adultério. Esperava-se somente uma sentença: culpada Como já vimos o objetivo dos religiosos era colocar Jesus numa situação constrangedora. Eles, em absoluto, não desejavam que ali Cristo manifestasse sua já conhecida graça, interpretando a lei mosaica como um aio para fazer bem aos pecadores arrependidos e não para a satisfação de juízes de corações endurecidos. Naquele momento a manifestação de qualquer espécie de bondade era absolutamente indesejada por aqueles acusadores. Todos tinham certeza que aquela mulher era culpada. Ela era digna de ser execrada publicamente. Ser arrastada pela cidade, malvestida, injuriada. Ela é exposta publicamente, colocada diante do mais famoso rabi do seu tempo, diante de uma multidão que o ouvia. Todos em Jerusalém saberiam sua historia, o que fizera, e com quem fizera. Aliás, esta é uma questão que ficou em aberto: se ela fora surpreendida em adultério, onde está o homem com quem ela estava, já que a lei mandava que os dois fossem apedrejados publicamente?
Sei o que significa ver a graça de Deus ser manifestada onde não era desejada. Eu era ateu, do pior tipo, o ateu filosófico, que juntava argumentos de todas as fontes na vã tentativa de mostrar a outras pessoas que tentavam me levar ao conhecimento de Deus que seu trabalho era inútil, pois, afirmava então, Deus não existia. Lia muito na busca de fortalecer cada vez meus argumentos. Até que uma noite me vi em uma dura luta que, hoje sei, eu só poderia vencer se me rendesse. E a luta iniciou-se às 21.00h e estendeu-se até as 5.00h do dia seguinte. E não me restou outra alternativa ante a manifestação da graça de Deus onde ela era realmente indesejada. Dizer-lhe: "Se tu me queres, se vira comigo à partir de agora"... foi a minha oração. E o ateu tornou-se pregador da palavra. Batizado num domingo, já pregava na quarta-feira imediatamente posterior.
Naquela situação, no templo, em Jerusalém, ninguém desejava a manifestação da graça de Deus, nem mesmo aquela mulher pecadora – à semelhança de tantos outros pecadores atualmente, que são alcançados pela graça de Deus quando prefeririam qualquer outra coisa.
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