Após ouvir o evangelho e aceitá-lo como verdade de Deus, o convertido tem uma obrigação inescapável. Observe que esta é uma obrigação do convertido. O não convertido, o simpatizante, o amigo da igreja não tem esta obrigação, ainda que, muitos apresentem sinais exteriores que se pareçam, e muito, com a santificação. Mas aparência de piedade não tem proveito espiritual. Algumas vezes o não convertido aparenta maior dedicação – entretanto, podemos classificar esta "aparente santificação" sempre de um ponto de vista de negativas. Para o não convertido que se aproxima da Igreja a vida cristã é composta de regras, de nãos. É por isso que, para muitos, ser crente é caracterizado muito mais por renúncias, não pode isto ou aquilo. O cristianismo do não convertido é caracterizado pela escravidão a regras, leis e mandamentos de homens que se sujeitam a ordenanças, tais como Paulo lembra aos crentes da cidade de Colossos [Cl 2.21-23 - ...não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem. Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade]. E como é, então, o cristianismo verdadeiro? Se ele não é composto por regras, do que ele é feito, afinal?
A primeira pergunta que se coloca é: se o cristianismo não é regras, então ele não tem limites? O cristão é livre para fazer o que quiser [Gl 5.1 - Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão]? Podemos responder de duas maneiras que não são, em absoluto, contraditórias. Podemos afirmar que o cristão é absolutamente livre para fazer tudo quanto quiser, entretanto, o verdadeiro cristão tem sua vontade moldada pela do seu Senhor, e, pode, então, afirmar como Paulo, que dizia não ser mais ele a viver, mas Cristo viver nele [Gl 2.20 - ...logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim] que agora possuía a mente de Cristo [I Co 2.16 - Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo]. Sua vontade, moldada pela vontade de Cristo, é fazer a vontade daquele que o arregimentou [II Tm 2.4 - Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou]. Ele sabe que foi comprado por preço altíssimo [I Co 6.20 - Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo] para fazer parte de um novo povo, o povo de Deus [Tt 2.14 – ... o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras].
Por outro lado, podemos afirmar que o cristão não pode fazer tudo o que pode vir a desejar, tendo a obrigação de rejeitar as inclinações naturais da carne para o pecado. Neste sentido o cristão deve buscar a santificação e esta é, também, não confundir a liberdade que Cristo lhe conquistou por uma libertinagem sem qualquer proveito [Jd 1.4 - Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo]. O cristão sabe que nele superabundou a graça onde antes o pecado era abundante [Rm 5.20 – Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça]. Sabe que era filho da ira e foi transformado em filho de Deus. Sabe que em sua carne há uma lei que o chama para pecar, mas não pode se entregar a esta lei, e, quando não mais conseguir resistir, clamar a Cristo para livrar-se de sua desventura [Rm 7. 24-25 - Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado] e ser transformado segundo a vontade de Deus [I Ts 4.3 - Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição].
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