Enquanto todos, tanto os acusadores quanto a mulher e mesmo os ouvintes de Jesus esperavam que ele respondesse: "Cumpra-se a lei!"... Jesus os ouve e, então, começa a escrever na terra, com o dedo. Não ouso, como já tive oportunidade de ouvir, afirmar que Jesus escrevia sobre os pecados dos presentes. Diante da insistência, diz-lhes que eles podem apedrejá-la [cumpra-se a lei], todavia, somente deveriam iniciar a execução se estivessem sem pecado. Sabemos que não há homem que não peque, nem sequer um [Ec 7.20 - Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque]. E aqueles que estavam ali eram hipócritas, não estavam interessados em aprender de Jesus, manso e humilde instrutor [Mt 11.29- Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma].
Pelo contrário, já de há muito que decidiram que Jesus era seu inimigo, desde que o mestre expôs seu status de mercadejadores da fé ao expulsar os cambistas e vendedores de animais do templo. O intento do seu coração era conhecido de Jesus: eles queriam mata-lo [Jo 7.1 - Passadas estas coisas, Jesus andava pela Galiléia, porque não desejava percorrer a Judéia, visto que os judeus procuravam matá-lo], e chegaram a mandar guardas prendê-lo [Jo 7.30 - Então, procuravam prendê-lo; mas ninguém lhe pôs a mão, porque ainda não era chegada a sua hora]. A graça de Deus manifestada naquele momento mostra-lhes o seu próprio coração e a sua consciência culpada os acusa: eram assassinos em potencial. O privilegio de dirigir a religião de Israel era conquistada não por um chamado divino, não por sua piedade pessoal, mas pelas vultosas propinas que eram pagas aos governadores romanos.
Ali, naquela parte do templo, superabundava o pecado. Dos religiosos, da mulher pecadora, talvez dos espectadores. Todos ali eram igualmente pecadores. O desafio proposto por Jesus desnuda sua pecaminosidade e faz com que eles possam se enxergar exatamente como eram. Conhecedores do Antigo Testamento, sabiam que sua justiça própria era o mesmo que trapos do imundo [Is 64.6 - Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam]. Todos eles deveriam fazer suas as palavras de Daniel [Dn 9.18 - Inclina, ó Deus meu, os ouvidos e ouve; abre os olhos e olha para a nossa desolação e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias].
Envergonhados, os mais jovens veem os mais velhos irem se afastando, e eles próprios sabiam que não eram diferentes. Todos os acusadores da mulher se retiram. Sabiam que estavam fazendo uma obra que servia apenas aos interesses do diabo, seu pai [Jo 8.44 - Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira].
À pergunta de Jesus, se ninguém a condenara, a mulher responde, ainda temerosa [Jesus era santo, era sem pecado, poderia atirar a primeira pedra] que ninguém a condenara. Não havia ninguém a segurá-la, a prendê-la, exceto o seu pecado. Mas Jesus é a manifestação encarnada da graça de Deus, e ele, que já perdoara os pecados de um paralítico [Mt 9.6 - Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados—disse, então, ao paralítico: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa] também perdoa-lhe os pecados. Mas a graça de Deus não significa liberdade para cair na libertinagem [Jd 1.4 – Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo].
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